Maria Vlachou, que se identifica como museóloga e gestora cultural, assinou um texto no "Público" que tem por título "O que podemos esperar de quem dirige um museu?".
Não perderei muito tempo com este assunto, aproveitando apenas para transcrever algumas afirmações da autora: "várias pessoas partilham da opinião de quem dirige um museu é um simples funcionário, que pode muito pouco", "a verdade é que esperamos pouco dos nossos colegas que ocupam estas posições", "é preciso identificarmos, formarmos, apoiarmos e colocarmos nas posições certas, colegas, que possam ser líderes no nosso sector", "desejamos (...) que quem dirige organizações culturais tenha a ambição e a competência para ser mais que um simples funcionário". A desqualificação de quem dirige os museus e os monumentos não podia ser mais completa. O desprezo por quem, no dia-a-dia, luta por instituições melhores, com enorme carência de meios, é total.
Tenho 38 anos de carreira profissional. Continuo com vontade de aprender e de melhorar. Faço-o, na minha área profissional com quem dirigiu museus ou monumentos, com quem escreveu artigos sobre coleções, com quem coordenou catálogos de exposições ou com quem as comissariou. Não com quem da prática tem vasta teoria e quer ensinar a fazer o que nunca fez.
Pergunto-me quais terão sido as razões que levaram Maria Vlachou a não concorrer aos recentes concursos para a direção de museus e de monumentos. Poderia, na prática e no mundo real, demonstrar como se faz.
Uma coisa tenho como certa: os "treinadores de bancada" nunca perdem jogos. Ganham-nos todos. Mas é só na bancada.
Penso que não seria preciso dizer que concordo, em absoluto, sobretudo com isso dos treinadores de bancada.
ResponderEliminarClaro que penso que o trabalho da Maria Vlachou, no que toca à chamar a atenção para a qualidade da comunicação dos/nos museus é relevante, e muito, quanto ao resto, realmente é verdade.... "só quem as passa é que sabe".
Abraço
E de facto impressionante a leveza e a pretensa autoridade de quem não faz nem fez.
ResponderEliminarSou diretora / coordenadora de museu há mais de 10 anos, mas considero-me e hei-de sê-lo sempre, uma funcionária ao serviço de outros e, especialmente, ao serviço do bem comum e do património.
Lídia
Completamente de acordo. Como escrevi num comentário ao texto do Luís, Maria Vlachou é um saco cheio de vento que se alimenta de migalhas que caem da mesa dos poderes. Abraço, José Maia Marques.
ResponderEliminarEu não estou a tentar ser consensual, nem politicamente correta. Não faz de todo o meu estilo. Pela mesma razão, não costumo fazer comentários públicos, embora quando sinto que vale a pena por boas razões, os faça em privado, com os próprios, sempre que possível. Mas esta questão incomoda-me demasiado para que fique calada: o "bem público" é uma coisa que me toca. Dou o corpo ao manifesto como funcionária pública, ainda que "contra tudo e contra todos", uma vez que ser funcionário público tem hoje uma conotação tão pejorativa. Dito isto, acho realmente piada à Maria Vlachou e gosto das "umas quantas coisas com recorte internacional, cavalgando aquilo que algumas audiências gostam de ouvir": precisamente porque, apesar de "cheias de palavras da moda", são "afinal inócuas para o Poder". Quem é que se dá ao luxo de dar nas vistas para intervir no espaço público com coisas que sabe serem inócuas para o Poder" [escrito com maiúscula, por Luís Raposo, note-se]? Gosto do Luís Raposo, precisamente pela sua capacidade de intervenção inteligente em espaço público, contra tudo e contra todos. E concordo geralmente com as suas posições, também - geralmente - controversas. Acredito e defendo que ambos têm - E DEVEM TER - um papel importante nesse espaço público: as razões por que o fazem - como a forma - podem ser discutíveis, mas era importante, para a manutenção da Democracia, que mais pessoas - eu própria não me dou a esse trabalho, na maior parte das vezes - o fizessem.
ResponderEliminarNeste caso, no entanto, acho que seria mais importante apoiar um dos poucos funcionários públicos que diz o que pensa, do que criticá-lo. Pode até haver quem faça melhor do que ele, mas "até ao lavar dos cestos é vindima". Concordo com o Santiago.