Esta placa resistiu até hoje. Está em frente à antiga Fábrica da Pólvora, em Barcarena. Fica na bifurcação das Estradas das Fontaínhas e do Cacém. Há 50 anos, toda esta zona era um vasto deserto. Hoje já não é bem assim.
A estação de caminhos de ferro que assinala é a de Barcarena. Que não fica a dois quilómetros, mas sim umas centenas de metros antes. Mas nesta altura dois queria dizer "mais-ou-menos-dois".
Barcarena era a estação entre o Cacém e Queluz-Belas. Foi esta que Fernando Pessoa imortalizou:
No comboio descendente
No comboio descendente
Vinha tudo à gargalhada,
Uns por verem rir os outros
E os outros sem ser por nada —
No comboio descendente
De Queluz à Cruz Quebrada...
No comboio descendente
Vinham todos à janela,
Uns calados para os outros
E os outros a dar-lhes trela —
No comboio descendente
Da Cruz Quebrada a Palmela...
No comboio descendente
Mas que grande reinação!
Uns dormindo, outros com sono,
E os outros nem sim nem não —
No comboio descendente
De Palmela a Portimão...
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