O sítio fez-me lembrar as fotografias de Thomas Weinberger. Só que aqui havia fábricas e agora já não há. A mudança está a ser extremamente rápida. Deixa marcas sem retorno. Agora há empresas e muito dinheiro estrangeiro. A igreja de um antigo convento agora é um cenário operático. Um toque de irrealidade passa pela Lisboa Oriental. Álvaro de Campos anda por ali.
ODE TRIUNFAL
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
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