Faleceu esta manhã o Professor José Mattoso.
Quando o vi, no passado dia 27 de janeiro, pressenti que seria a última vez. As visitas de pessoas fora do círculo familiar eram espaçadas e pouco frequentes. Aos 90 anos, tinha a cabeça a funcionar com a lucidez de sempre.
Foi um extraordinário privilégio ter sido seu aluno, no ano letivo de 1990/91. Aquilo que sempre ouvi a seu respeito tornou-se verdade, no seu gabinete de trabalho e naquelas sessões do Mestrado em História Medieval. José Mattoso era/é sinónimo de rigor, ponderação, sapiência profunda e sentido de justiça. As avaliações e os comentários aos trabalhos eram um momento de pedagogia. Analisava cada frase de forma cirúrgica, explicando conceitos e obrigando-nos a refletir sobre o que tínhamos escrito.
Os seus textos estão entre as melhores páginas de Historia Medieval jamais escritas. Aí, há claramente um antes e um depois de José Mattoso. Deu aulas mas, sobretudo, fez escola. A legião de amigos e de admiradores que deixou fala por si.
Teve papel decisivo nos arquivos, em Portugal e em Timor. E um longo e invulgar currículo não cabem numa simples nota.
Doou a sua extraordinária biblioteca ao Campo Arqueológico de Mértola.
Quem pôde conhecer e conviver com o Professor José Mattoso pode agradecer aos deuses tamanha graça.
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