sexta-feira, 22 de setembro de 2023

OH, JERUSALÉM, JERUSALÉM...

"Subindo e descendo aos encontrões a Rua do Rei David, do nascer ao pôr-do-sol, a multidão continua a ser uma imagem fiel do 'Oriente', ainda imune à onda de fatos e óculos de tartaruga. Aí vem o árabe do deserto, com seu bigode desmesurado, que passa majestosamente de vestes volumosas de lá de camelo, bordadas a ouro; a mulher árabe, de face tatuada e vestido bordado, com um cesto à cabeça; o sacerdote islâmico, de barba aparada e perfeito turbante branco em volta do fez; o judeu ortodoxo, com seus cachos de cabelo, chapéu de pêlo de castor e sobrecasaca preta; o sacerdote e os monges gregos, de barba e cabelo apanhado em puxo sob altos camelaucos pretos; sacerdotes e monges do Egipto, da Abissína e da Arménia; o padre latino, de hábito castanho e capacete colonial branco; a mulher de Belém, com seu penteado caído para trás e coberto com um véu branco, que se diz ser um legado do reino normando; e no meio de toda esta gente, como pano de fundo do imprescindível lugar-comum, o fato ocasional, o vestido de cretone, o turista de máquina fotográfica pendurada ao pescoço".

O Médio Oriente em poucas palavras, num excerto de "A estrada para Oxiana", de Robert Byron. Texto de arranque da próxima aula. Vá lá que os meus alunos não passam pelo blogue 😊...

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