Homenagem aos mineiros do Chile
que dormem, singelo,
pelo sistema de "a cama quente"
Quando se volta, nem se tiram os coturnos.
Bebido o café negro e trincado o casqueiro,
joga-se o corpo ao sono, mas primeiro,
joga-se o corpo ao sono, mas primeiro,
enxota-se o camarada da cama ainda quente,
que não há camas, no Chile, pra toda a gente.
que não há camas, no Chile, pra toda a gente.
Do calor que sobrou o nosso se acrescenta
pra dar calor ao próximo que entra.
pra dar calor ao próximo que entra.
Vós, que dormis em camas, como reis,
tantas horas por dia, não sabeis
tantas horas por dia, não sabeis
como é bom dormir ao calor de um irmão
que saiu ao nitrato ou ao carvão
que saiu ao nitrato ou ao carvão
e despertar ao abanão (é o contrato!)
de um que chega do carvão ou do nitrato!
de um que chega do carvão ou do nitrato!
É este sistema, minha gente,
que se chama no Chile "a cama quente"...
Não precisamos de evocar o Chile ou este poema de O'Neill. O Chile veio para cá. Publicação no "Jornal de Notícias":
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