sexta-feira, 23 de outubro de 2009

DOS GARDENIAS

O que me interessava não eram os boleros mas sim o cha-cha-cha. Foi quase por acaso que reparei naquele disco de um cantor que não conhecia, Antonio Machín, numa loja de saldos da Rua da Prata. Havia dois cha-cha-chas e o resto eram boleros. Foi aí que tive um coup de foudre com os boleros, que dura até hoje. Assim descobri Lucho Gatica, Los Panchos, Pedro Vargas e tantos outros.
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Antonio Machín (1903-1977) era cubano, mas passou a parte mais significativa da sua carreira em Espanha. Uma das suas mais conhecidas interpretações é este Dos gardenias, composto em 1947 pela cubana Isolina Carrillo (1907-1996). Outras canções dignas de registo e paixão são Amor, no me quieras tanto ou Toda una vida.
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Os boleros são fonte inesgotável de inspiração. Há histórias notáveis, como a da crise política ocorrida há 20 anos no Brasil quando dois ministros, Zélia Cardoso de Mello e Bernardo Cabral - ela solteirona, ele casado -, terminaram a noite dançando apaixonadamente o Besame mucho. Há outras histórias mais prosaicas mas não menos interessantes. Conheço, por exemplo, a de uma rapariga que se apaixonou por um rapaz meio tristonho ao som de confissões e de boleros antigos. Casaram e tiveram meninos. Talvez tenham sido felizes mas isso já não sei.

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