domingo, 14 de novembro de 2010

O NU, AS FOLHAS E O BUSTO

O quadro intitula-se Nu au Plateau de Sculpteur. Pablo Picasso pintou-o em 1932, aos 51 anos. A mulher era Marie Thérèse-Walter, a sua companheira de então. O quadro, de inspiração clássica e com alusões a um mundo onírico próximo de De Chirico, não é dos mais conhecidos do pintor. Foi vendido este ano por 106,5 milhões de euros. É o sétimo quadro mais caro de sempre.
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O tema da mulher nua evoca-me um poema de Juan Ramón Jiménez, presença regular aqui no blogue. O bucolismo das palavras não anda longe do ambiente onde a mulher repousa.
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LA MUJER DESNUDA

Humana fuente bella,
surtidor de delicia entre las cosas,
tierna, suave agua redonda,
mujer desnuda: ¿un día,
dejaré yo de verte;
te tendrás que quedar
sin estos asombrados ojos míos,
que completaban tu hermosura plena,
con la insaciable plenitud de su mirada?

(¡Estíos; verdes frondas,
aguas entre las flores,
lunas alegres sobre el cuerpo,
calor y amor, mujer desnuda!)

¡Límite exacto de la vida,
perfecto continente,
armonía formada, único fin,
definición real de la belleza,
mujer desnuda!: ¡un día,
se romperá mi línea de hombre,
me tendré que espandir
en la naturaleza abstracta;
no seré nada para ti,
árbol universal de hoja perene,
eternidad concreta!

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