domingo, 16 de janeiro de 2011

RACHID AL-GNANNOUCHI

.
Tunísia: islâmicos querem tomar o poder após o caos. O Diário de Notícias estampava hoje o disparate, na primeira página. Na realidade, o que se queria dizer é que os islamitas querem tomar o poder. A cara da notícia é o quase septuagenário Rachid al-Ghannouchi,ou Rāshid al-Ghannūshī, líder do Ḥizb al‐Nahḍah, o Partido do Renascimento. Está há longos anos no exílio e já veio declarar a meio da semana que está disponível para liderar um governo de unidade nacional.
.
O Magrebe é uma região de fragilíssimos equilíbrios. Ben Ali que, tal como o seu antecessor Bourguiba, nunca pactou com os religiosos radicais, sucumbiu ao poder da rua. Das duas, uma: ou o novo poder consegue ultrapassar rapidamente o clima de caos que se vive ou os islamitas, longamente ostracizados, ganharão rapidamente terreno.
.
Curiosamente, nada disto parece interessar os jornalistas, como hoje assinalava Ferreira Fernandes, ou preocupar os políticos em Portugal. Saberão onde fica a Tunísia?

4 comentários:

  1. A Tunisia nao...mas Djerba ou Hammamet é provavél : )

    "Só há uma treva: a ignorância." (William Shakespeare)

    ResponderEliminar
  2. Tenho gratas recordações da Tunísia, onde estive há uns anos. Gostei de quase tudo e principalmente de um jantar em casa do chefe da polícia de Medjez el Bab, com muita gente à volta de uma mesa recheada de delícias e de algumas coisas intragáveis. Estava lá o "maire", o representante religioso, alguns comerciantes, universitários, etc. Falou-se de tudo, com uma liberdade que eu não suspeitava. 15 anos depois, reconheço na televisão, emocionadamente, alguns lugares de Tunes - nomeadamente a magnífica avenida Habib Bourguiba, que fotografei até se acabarem as pilhas. Gostava de lá
    voltar agora, até para me distanciar fisicamente dos "jornalistas" de todos os DN do país, da Europa, do mundo, que confundem tudo. Agora é islâmicos/islamitas, mas já ouvi na televisão um responsável político referir-se aos iranianos como "árabes". Presente, Ângelo Correia corrigiu-o: os iranianos são persas, não árabes. A ignorância involuntária ainda vai alimentando fantasmas e equívocos. A voluntária provoca guerras, destruição e fome.
    Recomenda-se o filme de Abdellatif Kechiche - que é franco-tunisino - "La Graine et le Mulet", em português o Segredo do Cus-Cus.Para reflectirmos sobre a Tunísia, mas, e sobretudo, sobre nós próprios e sobre a "nossa europa".
    JCL

    ResponderEliminar
  3. João (The Artist Formely Known as Papideu)21 de janeiro de 2011 às 14:25

    Pois.... temia também isto. Na linha de sugestões cinematográficas do Anónimo JCL, deixo:

    "Syrianna" de Stephen Gaghan

    "Silent Waters" de Sabiha Sumar

    "Persepolis" de Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi

    ResponderEliminar
  4. João (The Artist Formely Known as Papideu)21 de janeiro de 2011 às 14:28

    Naquele edifício governamental da Bourguiba em Tunis que apareceu ontem nos telejornais, estive eu em 2004 a falar com os responsáveis do Instituto do Património Tunisino, para me transferirem de uma escavação inexistente em Gafsa para grandes campanhas que ainda hoje devem estar a decorrer (pois que eu saiba ainda não saiu nada publicado) em Mahdia. A mesma Mahdia onde morreram há dias os 40 prisioneiros no motim da cadeia.

    ResponderEliminar