segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

JASPER JONHS - FALSE START & BED

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Jasper Johns (n. 1930) é o décimo pintor mais caro de sempre. É, também, o único que está vivo neste top ten. O seu quadro False start, de 1959, está em décimo sexto lugar na lista das obras mais caras. Foi vendido em 2006 por 80 milhões de dólares e está numa colecção particular. Artista importante na afirmação da arte americana dos anos 50 Johns é muitas vezes incluído no grupo da Pop Art, corrente com a qual tem pontos de ligação, mas de cuja corrente principal não fez parte. Mais do que False start ou Flag, talvez a sua obra mais conhecida, a minha obra preferida na obra de Jasper Johns é Bed, de 1955. O prof. Rio-Carvalho chamava-nos sempre a atenção para a atitude, simultaneamente de compromisso e de ruptura, do artista ao conceber esta obra, entre a escultura e a pintura. Ou um ready-made um pouco às avessas.
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Leia-se, mais abaixo, o poema de Carlos Drummond de Andrade. Porque a palavra chave é a que remete para a obra de Johns. Porque Drummond de Andrade bebeu, com prazer, a vida até à última gota.
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O que se Passa na Cama
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O que se passa na cama
é segredo de quem ama.

É segredo de quem ama
não conhecer pela rama
gozo que seja profundo,
elaborado na terra
e tão fora deste mundo
que o corpo, encontrando o corpo
e por ele navegando,
atinge a paz de outro horto,
noutro mundo: paz de morto,
nirvana, sono do pénis.

Ai, cama, canção de cuna,
dorme, menina, nanana,
dorme a onça suçuarana,
dorme a cândida vagina,
dorme a última sirena
ou a penúltima... O pénis
dorme, puma, americana
fera exausta. Dorme, fulva
grinalda de tua vulva.
E silenciem os que amam,
entre lençol e cortina
ainda húmidos de sémen,
estes segredos de cama.

Carlos Drummond de Andrade in O Amor Natural

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