História verídica:
Depois da procissão de sexta-feira santa, a Comissão de Festas promoveu um jantar, para o qual convidou o padre, um conhecido franciscano.
Pudicamente, na sala ao lado havia presunto e enchidos. Longe da vista da mesa oficial. Ao padre, bon vivant, não escapou a agitação da improvisada copa. Às tantas dirigiu-se para lá, apontou para um pratinho cheio de bom presunto e pediu a um dos moços da Comissão "passa-me aí o peixe!". O rapaz, atarantado, ainda argumentou, "mas isto não é peixe, senhor padre". A resposta causou um arraial de gargalhadas e a insistência do padre "deixa-te de coisas e passa para cá o peixe".
Aquele peixe era ótimo, posso garantir.
Pois hoje também estive a petiscar uma cabecinha de bor... de garoupa antes de almoço. Estava óptima!!
ResponderEliminar"cheira-me" a melícias e a safara. não sei porquê!
ResponderEliminarboa páscoa com muito "peixe" de preferência de "barbatana" preta...
"tu quoque, brute?"ótimo e não óptimo porquê? "maria vais com as outras" sem qualquer ofensa, claro!
ResponderEliminarO meu avô sempre escreveu "pharmácia"... ele também não queria ser uma "Maria vais com as outras"!... Mas eu, como sou mais moderno sempre optei pela forma moderna: "farmácia"(se o meu avô fosse vivo teria agora 106 anos: n28.10.1904, m.02.03.1995), .
ResponderEliminarO meu avô nunca admitiu que houvesse outra forma correcta de escrever além da dele...
O meu avô paterno Manuel Caeiro dos Santos (1881-1956) se fosse vivo faria 130 anos e escrevia e pensava muitíssimo bem! O que tem? ou adianta? Quanto a ser moderno!Ser moderno hoje para alguns curiosos é endeusar esta cultura de massas, a que a maior parte da população pertence e a que menos valores culturais detém. Quanto ao acordo ortográfico aqui deixo a petição apresentada na Assembleia da República para se perceber como estas coisa não são sempre como nós pensamos ou queremos: 1 – O uso oral e escrito da língua portuguesa degradou-se a um ponto de aviltamento inaceitável, porque fere irremediavelmente a nossa identidade multissecular e o riquíssimo legado civilizacional e histórico que recebemos e nos cumpre transmitir aos vindouros. Por culpa dos que a falam e escrevem, em particular os meios de comunicação social; mas ao Estado incumbem as maiores responsabilidades porque desagregou o sistema educacional, hoje sem qualidade, nomeadamente impondo programas da disciplina de Português nos graus básico e secundário sem valor científico nem pedagógico e desprezando o valor da História.
ResponderEliminarSe queremos um Portugal condigno no difícil mundo de hoje, impõe-se que para o seu desenvolvimento sob todos os aspectos se ponha termo a esta situação com a maior urgência e lucidez.
2 – A agravar esta situação, sob o falso pretexto pedagógico de que a simplificação e uniformização linguística favoreceriam o combate ao analfabetismo (o que é historicamente errado), e estreitariam os laços culturais (nada o demonstra), lançou-se o chamado Acordo Ortográfico, pretendendo impor uma reforma da maneira de escrever mal concebida, desconchavada, sem critério de rigor, e nas suas prescrições atentatória da essência da língua e do nosso modelo de cultura. Reforma não só desnecessária mas perniciosa e de custos financeiros não calculados. Quando o que se impunha era recompor essa herança e enriquecê-la, atendendo ao princípio da diversidade, um dos vectores da União Europeia.
Lamenta-se que as entidades que assim se arrogam autoridade para manipular a língua (sem que para tal gozem de legitimidade ou tenham competência) não tenham ponderado cuidadosamente os pareceres científicos e técnicos, como, por exemplo, o do Prof. Óscar Lopes, e avancem atabalhoadamente sem consultar escritores, cientistas, historiadores e organizações de criação cultural e investigação científica. Não há uma instituição única que possa substituir-se a toda esta comunidade, e só ampla discussão pública poderia justificar a aprovação de orientações a sugerir aos povos de língua portuguesa.(segue a IIparte em próxima "posta").
( da "posta" anterior) 3 – O Ministério da Educação, porque organiza os diferentes graus de ensino, adopta programas das matérias, forma os professores, não pode limitar-se a aceitar injunções sem legitimidade, baseadas em “acordos” mais do que contestáveis. Tem de assumir uma posição clara de respeito pelas correntes de pensamento que representam a continuidade de um património de tanto valor e para ele contribuam com o progresso da língua dentro dos padrões da lógica, da instrumentalidade e do bom gosto. Sem delongas deve repor o estudo da literatura portuguesa na sua dignidade formativa.
ResponderEliminarO Ministério da Cultura pode facilitar os encontros de escritores, linguistas, historiadores e outros criadores de cultura, e o trabalho de reflexão crítica e construtiva no sentido da maior eficácia instrumental e do aperfeiçoamento formal.
4 – O texto do chamado Acordo sofre de inúmeras imprecisões, erros e ambiguidades – não tem condições para servir de base a qualquer proposta normativa.
É inaceitável a supressão da acentuação, bem como das impropriamente chamadas consoantes “mudas” – muitas das quais se lêem ou têm valor etimológico indispensável à boa compreensão das palavras.
Não faz sentido o carácter facultativo que no texto do Acordo se prevê em numerosos casos, gerando-se a confusão.
Convém que se estudem regras claras para a integração das palavras de outras línguas dos PALOP, de Timor e de outras zonas do mundo onde se fala o Português, na grafia da língua portuguesa.
A transcrição de palavras de outras línguas e a sua eventual adaptação ao português devem fazer-se segundo as normas científicas internacionais (caso do árabe, por exemplo).
Recusamos deixar-nos enredar em jogos de interesses, que nada leva a crer de proveito para a língua portuguesa. Para o desenvolvimento civilizacional por que os nossos povos anseiam é imperativa a formação de ampla base cultural (e não apenas a erradicação do analfabetismo), solidamente assente na herança que nos coube e construída segundo as linhas mestras do pensamento científico e dos valores da cidadania.
Mais se poderia dizer ou escrever apresentando vários exemplos deste desastrado quanto pernicioso "acordo".
Caro Caetano
ResponderEliminarFranciscanos há muitos. E mais não digo.
A adoção (adopção?) do acordo ortográfico é uma medida pragmática. Nada mais. E não me tem sido fácil. Mesmo nada.
Caro Caetano, não deixo de lhe dar razão, mas o facto (o fato, se assim o preferir) é que iremos mudar. Há coisas mais importantes do que a forma como se escrevem as palavras.
ResponderEliminarAbraços,