quinta-feira, 21 de abril de 2011

PÁSCOA

História verídica:

Depois da procissão de sexta-feira santa, a Comissão de Festas promoveu um jantar, para o qual convidou o padre, um conhecido franciscano.

Pudicamente, na sala ao lado havia presunto e enchidos. Longe da vista da mesa oficial. Ao padre, bon vivant, não escapou a agitação da improvisada copa. Às tantas dirigiu-se para lá, apontou para um pratinho cheio de bom presunto e pediu a um dos moços da Comissão "passa-me aí o peixe!". O rapaz, atarantado, ainda argumentou, "mas isto não é peixe, senhor padre". A resposta causou um arraial de gargalhadas e a insistência do padre "deixa-te de coisas e passa para cá o peixe".

Aquele peixe era ótimo, posso garantir.

8 comentários:

  1. Pois hoje também estive a petiscar uma cabecinha de bor... de garoupa antes de almoço. Estava óptima!!

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  2. "cheira-me" a melícias e a safara. não sei porquê!

    boa páscoa com muito "peixe" de preferência de "barbatana" preta...

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  3. "tu quoque, brute?"ótimo e não óptimo porquê? "maria vais com as outras" sem qualquer ofensa, claro!

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  4. O meu avô sempre escreveu "pharmácia"... ele também não queria ser uma "Maria vais com as outras"!... Mas eu, como sou mais moderno sempre optei pela forma moderna: "farmácia"(se o meu avô fosse vivo teria agora 106 anos: n28.10.1904, m.02.03.1995), .

    O meu avô nunca admitiu que houvesse outra forma correcta de escrever além da dele...

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  5. O meu avô paterno Manuel Caeiro dos Santos (1881-1956) se fosse vivo faria 130 anos e escrevia e pensava muitíssimo bem! O que tem? ou adianta? Quanto a ser moderno!Ser moderno hoje para alguns curiosos é endeusar esta cultura de massas, a que a maior parte da população pertence e a que menos valores culturais detém. Quanto ao acordo ortográfico aqui deixo a petição apresentada na Assembleia da República para se perceber como estas coisa não são sempre como nós pensamos ou queremos: 1 – O uso oral e escrito da língua portuguesa degradou-se a um ponto de aviltamento inaceitável, porque fere irremediavelmente a nossa identidade multissecular e o riquíssimo legado civilizacional e histórico que recebemos e nos cumpre transmitir aos vindouros. Por culpa dos que a falam e escrevem, em particular os meios de comunicação social; mas ao Estado incumbem as maiores responsabilidades porque desagregou o sistema educacional, hoje sem qualidade, nomeadamente impondo programas da disciplina de Português nos graus básico e secundário sem valor científico nem pedagógico e desprezando o valor da História.
    Se queremos um Portugal condigno no difícil mundo de hoje, impõe-se que para o seu desenvolvimento sob todos os aspectos se ponha termo a esta situação com a maior urgência e lucidez.
    2 – A agravar esta situação, sob o falso pretexto pedagógico de que a simplificação e uniformização linguística favoreceriam o combate ao analfabetismo (o que é historicamente errado), e estreitariam os laços culturais (nada o demonstra), lançou-se o chamado Acordo Ortográfico, pretendendo impor uma reforma da maneira de escrever mal concebida, desconchavada, sem critério de rigor, e nas suas prescrições atentatória da essência da língua e do nosso modelo de cultura. Reforma não só desnecessária mas perniciosa e de custos financeiros não calculados. Quando o que se impunha era recompor essa herança e enriquecê-la, atendendo ao princípio da diversidade, um dos vectores da União Europeia.
    Lamenta-se que as entidades que assim se arrogam autoridade para manipular a língua (sem que para tal gozem de legitimidade ou tenham competência) não tenham ponderado cuidadosamente os pareceres científicos e técnicos, como, por exemplo, o do Prof. Óscar Lopes, e avancem atabalhoadamente sem consultar escritores, cientistas, historiadores e organizações de criação cultural e investigação científica. Não há uma instituição única que possa substituir-se a toda esta comunidade, e só ampla discussão pública poderia justificar a aprovação de orientações a sugerir aos povos de língua portuguesa.(segue a IIparte em próxima "posta").

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  6. ( da "posta" anterior) 3 – O Ministério da Educação, porque organiza os diferentes graus de ensino, adopta programas das matérias, forma os professores, não pode limitar-se a aceitar injunções sem legitimidade, baseadas em “acordos” mais do que contestáveis. Tem de assumir uma posição clara de respeito pelas correntes de pensamento que representam a continuidade de um património de tanto valor e para ele contribuam com o progresso da língua dentro dos padrões da lógica, da instrumentalidade e do bom gosto. Sem delongas deve repor o estudo da literatura portuguesa na sua dignidade formativa.
    O Ministério da Cultura pode facilitar os encontros de escritores, linguistas, historiadores e outros criadores de cultura, e o trabalho de reflexão crítica e construtiva no sentido da maior eficácia instrumental e do aperfeiçoamento formal.
    4 – O texto do chamado Acordo sofre de inúmeras imprecisões, erros e ambiguidades – não tem condições para servir de base a qualquer proposta normativa.
    É inaceitável a supressão da acentuação, bem como das impropriamente chamadas consoantes “mudas” – muitas das quais se lêem ou têm valor etimológico indispensável à boa compreensão das palavras.
    Não faz sentido o carácter facultativo que no texto do Acordo se prevê em numerosos casos, gerando-se a confusão.
    Convém que se estudem regras claras para a integração das palavras de outras línguas dos PALOP, de Timor e de outras zonas do mundo onde se fala o Português, na grafia da língua portuguesa.
    A transcrição de palavras de outras línguas e a sua eventual adaptação ao português devem fazer-se segundo as normas científicas internacionais (caso do árabe, por exemplo).

    Recusamos deixar-nos enredar em jogos de interesses, que nada leva a crer de proveito para a língua portuguesa. Para o desenvolvimento civilizacional por que os nossos povos anseiam é imperativa a formação de ampla base cultural (e não apenas a erradicação do analfabetismo), solidamente assente na herança que nos coube e construída segundo as linhas mestras do pensamento científico e dos valores da cidadania.
    Mais se poderia dizer ou escrever apresentando vários exemplos deste desastrado quanto pernicioso "acordo".

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  7. Caro Caetano

    Franciscanos há muitos. E mais não digo.

    A adoção (adopção?) do acordo ortográfico é uma medida pragmática. Nada mais. E não me tem sido fácil. Mesmo nada.

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  8. Caro Caetano, não deixo de lhe dar razão, mas o facto (o fato, se assim o preferir) é que iremos mudar. Há coisas mais importantes do que a forma como se escrevem as palavras.

    Abraços,

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