segunda-feira, 24 de setembro de 2012

38º NORTE 9º OESTE



Lisboa com suas casas 
De várias cores, 
Lisboa com suas casas 
De várias cores, 
Lisboa com suas casas 
De várias cores... 
À força de diferente, isto é monótono. 
Como à força de sentir, fico só a pensar. 

Se, de noite, deitado mas desperto, 
Na lucidez inútil de não poder dormir, 
Quero imaginar qualquer coisa 
E surge sempre outra (porque há sono, 
E, porque há sono, um bocado de sonho), 
Quero alongar a vista com que imagino 
Por grandes palmares fantásticos, 
Mas não vejo mais, 
Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras, 
Que Lisboa com suas casas 
De várias cores. 

Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa. 
A força de monótono, é diferente. 
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo. 

Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo, 
Lisboa com suas casas 
De várias cores.



Lisboa, com suas casas de várias cores, por Álvaro de Campos, por Tomás de Mello (Tom) e por Gimba. A cidade que fica 38º a norte e 9º a oeste. Uma cidade alegre e triste. Agora que a primavera está quase a chegar. Juro que está.

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