Aquele início de 2006 foi tudo menos pacífico. Foi, na verdade, um autêntico caos pessoal. Por isso, a preparação da viagem à Grécia sofreu inúmeros percalços e a escolha de sítios e percursos fazia lembrar vagamente uma prova de ski alpino. Quando se tratou de marcar o hotel em Atenas optei pela zona de Omonia. Por ser central. Só no combóio entre o aeroporto e a cidade abri o guia da Lonely Planet. Tive um calafrio ao ler:
Chic is not a word that springs readily to mind when describing the
district of Omonia, north of Syntagma. Once one of the city´s smarter
areas, Omonia has gone to the dogs in recent years and is better known
for its pickpockets and prostitutes than its architecture.
Não tive margem para desapontamentos. À saída do metro estava um mocetona nua (repito, nua), com uma espécie de rede de pesca a "tapá-la" e um triângulo de tecido a cobrir a zona púbica. O chulo, um negro imenso, de cabeça rapada e longo rabo de cavalo, discutia com ela. O queixo do Manuel, então com 12 anos, descaiu. A Luísa, com 9, perguntou "porque é que a senhora está despida?". Depois de uns momentos difíceis com a família, tudo estabilizou. O bairro era tranquilo e as trabalhadoras e os clientes ignoraram-nos. Havia menos turistas que noutras zonas da cidade, claro. No essencial, era uma zona residencial, tranquila e sem nada de mais.
Não se se algum dia voltarei a Atenas. Se voltar, escolherei de novo Omonia. Estes bairros têm sempre mais graça que os outros.
A Praça Omonia, nos dias de glória
Pois, pois... "Graça"
ResponderEliminarSim, sim... graça!
ResponderEliminar