quarta-feira, 21 de novembro de 2012

NO REMATE DA MALHA URBANA CONSOLIDADA

Foi um dos momentos mais traumáticos do meu percurso de autarca. A apresentação de um determinado plano numa localidade do concelho de Moura ficou liquidada com aquela resposta. Um dos autores do trabalho, depois de embrulhar o discurso num powerpoint esotérico sobre unidades de execução e cronogramas, resolveu tirar as dúvidas a um munícipe, a propósito da localização de um determinado terreno proferindo esta frase hieroglífica: "esse terreno situa-se no remate da malha urbana consolidada". O ar esgazeado do meu amigo B., assim como dos outros habitantes, não me deixou a mais pequena dúvida. Ninguém mais iria colocar perguntas.


Vem isto a propósito de mais uma proposta, elaborada em 1928 e não concretizada, concebida para o remate da malha urbana consolidada da zona oriental de Moura. Uma área que, pelos vistos, espicaçou a curiosidade e o interesse de vários autores. Esta planta de Jorge Segurado, que devo ao José Francisco Finha, mostra-nos a abertura de uma arrojada Avenida de Salúquia, que iria unir a zona da estação dos caminhos de ferro à Rua Dr. Garcia Peres, passando por uma Praça da República. A avenida romperia parte do bairro da Porta Nova, o Fojo e o Curralinho. Interessante é a criação de uma Rua João de Morais, mestre construtor ativo em Moura no século XVII. Uma forma indireta de homenagear a sua profissão de arquiteto.


Jorge Segurado (1898-1990) foi um grande arquiteto e historiador da arquitetura. Foi ele o autor da bela monografia sobre a Igreja de S. João, editada em 1929. Do seu talento saiu também um dos mais notáveis projetos do modernismo: a Casa da Moeda, em Lisboa.


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