domingo, 3 de fevereiro de 2013

BUENA VISTA SOCIAL CLUB

É um filme muito bonito. Com um toque de nostalgia, sem cair na pieguice; com um registo rigoroso sobre cada um dos intervenentes, sem se tornar intrusivo; filmando Cuba e conseguindo ficar à margem do banal registo do "pró" ou "contra". Wim Wenders não teria feito o filme sem o papel decisivo que nele teve Ry Cooder. A quem os músicos cubanos ficaram a dever um reconhecimento planetário, que os lançou numa segunda, e tardia, fase das suas carreiras musicais.

Há coisas tipidamente wenderianas no filme - como o recurso à motorizada com o side-car -,  num estilo de abordagem que oscila entre o flamboyant e o intimista. As cenas de Buena Vista Social Club (1999) não costumam estar disponíveis na net. Mostro esta, que é uma das minhas favoritas. O diálogo entre os músicos beneficia bastante daquele movimento de câmara em círculo, muito ao jeito de Alan Tanner. Ah, e outra coisa, os raccords são perfeitos.

A rodagem do filme teve um remate absolutamente estúpido e pidesco: Ry Cooder viria a ser condenado pelas Finanças americanas a pagar 25.000 dólares. Porquê? Por ter gasto dinheiro em Cuba sem a autorização daquele organismo. Ainda bem que Ry Cooder foi a Cuba. Vejam porquê:



Duerme en mi jardin
las blancas azucenas, los nardos y las rosas
mi alma, muy triste y pesarosa
a las flores quiere ocultar su amargo dolor

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