segunda-feira, 7 de abril de 2014

FEDON E O MEDITERRÂNEO




(...) nós outros, moradores da região que vai do Fásis às Colunas da Hércules, ocupamos uma porção insignificante da terra, em torno do mar à feição de formigas e rãs na beira de um charco. (...)

É, seguramente, uma das passagens mais citadas de Platão. A imagem é poética, precisa e anti-etnocêntrica. Ainda assim, é o Mediterrâneo que está no centro do nosso mundo, que nos dá sentido e nos conforta. Os alemães e os ingleses sabem isso de há muito. Por isso, pintores como Leo Von Klenze pintaram a Acrópole, idealizando-a. Contraponha-se isso, já agora, com a javardice racista de Auberon Waugh, que tinha dificuldade em aceitar a identidade antiga do Mediterrâneo. Leia-se o que escreveu sobre os gregos (ficando-nos a dúvida sobre o tipo de indagações que a criatura fez sobre homens de pernas peludas...), num célebre texto publicado no Spectator

The modern inhabitants of the Peloponnese bear no relation at all to the Athenians of Pericles’ time. If Mr. Norman St John-Stevas, Mr. Taki Theodoracopulos and Miss Christina Onassis took their clothes off and stood beside the Elgin Marbles, we would see immediately from their short, hairy legs and low-slung bottoms that they are an entirely different race — descended from Bulgars, Turks, Macedonians, Albanians and possibly also from those small, almost tailless black mountain goats one sees in Montenegro. They are no more Greek than Mrs Thatcher. (8/1/1983)


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