(...) nós outros, moradores da região que vai do Fásis às Colunas da Hércules, ocupamos uma porção insignificante da terra, em torno do mar à feição de formigas e rãs na beira de um charco. (...)
É, seguramente, uma das passagens mais citadas de Platão. A imagem é poética, precisa e anti-etnocêntrica. Ainda assim, é o Mediterrâneo que está no centro do nosso mundo, que nos dá sentido e nos conforta. Os alemães e os ingleses sabem isso de há muito. Por isso, pintores como Leo Von Klenze pintaram a Acrópole, idealizando-a. Contraponha-se isso, já agora, com a javardice racista de Auberon Waugh, que tinha dificuldade em aceitar a identidade antiga do Mediterrâneo. Leia-se o que escreveu sobre os gregos (ficando-nos a dúvida sobre o tipo de indagações que a criatura fez sobre homens de pernas peludas...), num célebre texto publicado no Spectator:
The modern inhabitants of the Peloponnese bear no relation at all to the Athenians of Pericles’ time. If Mr. Norman St John-Stevas, Mr. Taki Theodoracopulos and Miss Christina Onassis took their clothes off and stood beside the Elgin Marbles, we would see immediately from their short, hairy legs and low-slung bottoms that they are an entirely different race — descended from Bulgars, Turks, Macedonians, Albanians and possibly also from those small, almost tailless black mountain goats one sees in Montenegro. They are no more Greek than Mrs Thatcher. (8/1/1983)
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