quinta-feira, 10 de julho de 2014

LUZ NA ÁGUA

Canto dos Espíritos sobre as ÁguasA alma do homem 
É como a água: 
Do céu vem, 
Ao céu sobe, 
E de novo tem 
Que descer à terra, 
Em mudança eterna. 

Corre do alto 
Rochedo a pino 
O veio puro, 
Então em belo 
Pó de ondas de névoa 
Desce à rocha liza, 
E acolhido de manso 
Vai, tudo velando, 
Em baixo murmúrio, 
Lá para as profundas. 

Erguem-se penhascos 
De encontro à queda, 
— Vai, 'spúmando em raiva, 
Degrau em degrau 
Para o abismo. 

No leito baixo 
Desliza ao longo do vale relvado, 
E no lago manso 
Pascem seu rosto 
Os astros todos. 

Vento é da vaga 
O belo amante; 
Vento mistura do fundo ao cimo 
Ondas 'spumantes. 

Alma do Homem, 
És bem como a água! 
Destino do homem, 
És bem como o vento! 

Johann Wolfgang von Goethe (t
radução de Paulo Quintela)

Fotografia de Yasuhiro Ishimoto

A água depois da água e a seguir ao aniversário da "Água Castello". Um dos recursos de Moura feito poema. Duas vezes.

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