quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

COMO (QUASE) FIZ O MESTRADO EM HISTÓRIA MEDIEVAL NA OURIVESARIA PIMENTA

Já passaram muitos anos. Duas dúzias deles, na realidade. Inscrevera-me no Mestrado  em História Medieval da Universidade Nova. Havia 10 vagas. Houve 10 inscritos. "Menos mal", pensei. Como não tinha sido aluno da casa tive de me submeter a um exame de admissão. No dia marcado, vi-me sozinho na sala. "Os outros candidatos são da Nova?", atrevi-me a perguntar à Profª Iria Gonçalves. Respondeu-me que toda a gente tinha desistido. O mestrado não vai abrir, pensei. Para minha surpresa, abriu. Com um aluno. Que pagava 1.200$00 de propinas por ano (algo como 5,98 €). Tinha aulas (ou explicações, se preferirem) no gabinete dos professores. Durante dois anos tive o privilégio de ter um excecional grupo de docentes a apaparicar-me: José Mattoso, Oliveira Marques, Luís Krus, Adelaide Miranda, Ângela Beirante e a minha diretora de tese, Iria Gonçalves, a quem devo mais do que algum dia lhe poderia pagar... Só havia dois seminários por ano e mais uma disciplina optativa. Um modelo útil e que nunca deveria ter sido abandonado.

Ia a aventura a meio (só defendi a tese em 21 de junho de 1995) quando o meu amigo Sérgio Matos, então um jovem assistente da Faculdade de Letras de Lisboa, me observou "esse teu mestrado tem um ratio impressionante professores/aluno; a tese devia ser posta à venda na Ourivesaria Pimenta".

Bem vistas as coisas, o Sérgio tinha razão. Três anos de propinas x 5,98€ dá 17,94€... A faculdade pagou muito, muito mais aos profs. Histórias possíveis noutro tempo, quando vivíamos noutro país.

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