Temos, em http://www.odiario.info, uma leitura lúcida e pertinente sobre o massacre de Paris. Aqui a deixo. São editores do site Filipe Diniz, José Paulo Gascão, Miguel Urbano Rodrigues e Rui Namorado Rosa.
Uma onda de emoção, solidariedade e repulsa corre pelo mundo levantada pela chacina de Paris.
É legítima. Doze pessoas foram assassinadas por um grupo terrorista na sede do semanário francês Charlie Hebdo. Entre elas o diretor, quatro cartoonistas e dois polícias.
O jornal, satírico, progressista, havia sido já alvo de atentados por ter publicado caricaturas do Profeta Maomé.
A dimensão, o motivo e a circunstância contribuem para a repercussão mundial do bárbaro crime.
O facto de os assaltantes terem gritado à saída «Alá é grande e o Profeta foi vingado!» funcionou como estímulo à islamofobia.
Na última semana, organizações de extrema-direita da Alemanha, dos EUA e da França promoveram manifestações racistas dirigidas contra as comunidades muçulmanas desses países. Tais iniciativas tendem agora a multiplicar-se.
O Presidente François Hollande, ao condenar o monstruoso atentado, afirmou que a França «está em choque». Chefes de estado e de governo de todo o mundo expressam solidariedade e horror.
É lamentável mas significativo que o discurso dos políticos e os comentários dos media sejam omissos quanto a uma questão fundamental. Responsabilizam o terrorismo, reafirmam a determinação de lhe dar combate onde quer que desenvolva a sua ação criminosa, mas abstêm-se de referências às causas do surto de barbárie terrorista.
Obama e os seus aliados europeus, sobretudo Hollande e Cameron, têm telhados de vidro. Não podem confessar que o terrorismo cresceu em escala mundial desde que o imperialismo norte-americano (com o apoio do estado fascista de Israel) iniciou agressões em serie a países muçulmanos.
A guerra do Golfo foi um prólogo. Mas foi após os atentados do 11 de Setembro de 2001, com a invasão e ocupação do Afeganistão, que essa estratégia assumiu, com Bush filho, caracter prioritário.
A segunda Guerra do Iraque, o reforço da presença no Afeganistão, a agressão à Líbia, o apoio na Síria a organizações terroristas configuram crimes contra a humanidade.
Invocando sempre como pretexto para guerras abjetas a democracia e a defesa dos direitos humanos, os EUA mataram centenas de milhares de muçulmanos, destruíram cidades, introduziram a tortura, semearam a miséria e a fome no Médio Oriente e na Ásia Central.
Nesta hora em que os franceses choram os mortos de Charlie Hebdo é necessário recordar que Sarkozy e Hollande foram cúmplices de muitos dos crimes do imperialismo norte-americano.
E indispensável lembrar que muitos dos assassinos do chamado Estado Islâmico foram treinados pela CIA e por militares dos EUA. Washington fomentou o terrorismo proclamando que o combatia.
OS EDITORES DE ODIARIO.INFO
Lamento, Santiago, mas estas são alturas para assumir valores e não para relativismos de conveniência, traduzidos no "pois, pois, mas..."
ResponderEliminarÉ que se aceitamos que as circunstâncias históricas justificam actos como estes, então não há actos que as circunstâncias históricas não justifiquem. E deixarás de ter argumentos para criticares aquilo que tanto gostas de criticar.
Esta 'análise' deixa-me de boquiaberto. Onde estão os factos para comprovar que o terrorismo é culpa do Ocidente e de Israel?
ResponderEliminarSe assim é, como justificar que as principais e mais numerosas vítimas dos jihadistas sejam os próprios muçulmanos como se pode confirmar aqui:
http://www.theguardian.com/world/2014/dec/11/jihadi-attacks-killed-more-than-5000-people-in-november-the-vast-majority-of-them-muslims
Não se trata de relativizar coisa alguma. Nem de desculpabilizar.
ResponderEliminarSugiro uma nova leitura do texto.
De resto, caro António, não crítico por gosto ou prazer.