segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O VIAJANTE DA SERRA

Era um homem já de alguma idade, baixo, magro, sempre de chapéu e roupa escura. Cruzei-me com ele dezenas de vezes na Serra de Serpa. Via-o sempre de passo estugado, acenando cada vez que nos cruzávamos. Ora ía no sentido de Santa Iria, ora no da Mina. Não queria boleia. Limitava-se a ir, cumprimentando alegremente os automobilistas.

Já por várias vezes estive tentado a parar neste café da serra, o mesmo onde o João parou, em plena N 265, numa vinda de Paymogo, em 1972 ou 1973. Para perguntar se sabem o que é feito do viajante da serra. E, talvez, para um copo de vinho de branco, daqueles pequeninos, acompanhado por uma rodela de ovo cozido. O ovo era cortado às fatias por uma maquineta metálica, objeto que nunca vira e que me causou verdadeiro fascínio. Talvez a maquineta ainda exista. E talvez esteja, ao balcão, o viajante da serra. Quem sabe?

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