sábado, 25 de novembro de 2017

FALHOU TUDO

Não sou, decerto, nada original. O grande tema de hoje são as cheias da noite de 25 para 26 de novembro de 1967. Recordo as reportagens da RTP, vistas na casa de um vizinho, por entre os comentários desalentados dos mais velhos.

Por entre a censura, escapavam-se números (400, 500, 700 mortos, nunca se chegará a saber o número preciso).

Falhou tudo.

A Proteção Civil.
As comunicações.
A capacidade de resposta das autoridades.
O planeamento, que não houve e que só veio agravar a noite de chuva imprevista e furiosa. Casas e barracas construídas em leitos de cheia foram levadas pelo mar de lama.

Gonçalo Ribeiro Telles explicou porque é que o improviso lusitano tudo agravara. Deixou indicações sábias e oportunas. Ninguém lhe passou cartão. No início dos anos 80 a cena repetiu-se, com consequências felizmente muito menos graves.

Em 2017, o fogo choveu em Portugal. Falhou tudo.

A Proteção Civil.
As comunicações.
A capacidade de resposta das autoridades.
O planeamento, que não houve e que só veio agravar a seca prolongada. Casas construídas no meio da floresta foram levadas pelo mar de fogo.

Portugal mudou muito em 50 anos? Mudou muito e para muito melhor. Onde continuamos a falhar? Na (in)capacidade de organizar as coisas essenciais, na visão de longo prazo, na falta de vontade ou de coragem em resistir aos "jeitinhos", aos "favorzinhos", às "coisas pequeninas" que é preciso ir resolvendo.

As coisas não acontecem por acaso. Continuaremos assim, porque assim somos. Entre muitas coisas positivas teve esta coisa terrível do improviso e da falta de capacidade de séria organização.




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