sábado, 25 de novembro de 2017

ONDAS DO MAR DE SCHEVENINGEN

A jovem amiga a quem sugeri uma ida à praia olhou para mim como se eu precisasse de ser internado com urgência. Faz frio e chicoteia-nos o vento do norte. Fomos e foi agradável a tarde fria com uma luz mais limpa do que imaginaria. O azul trasnlúcido das telas de Salomon van Ruysdael (1602-1670) e de Willem van de Velde (1611-1693) apareceu inteiro, à minha frente. Há ondas. Lembro-me do poema de Martim Codax, mas prefiro usar outro, de Ricardo Reis.


Uma Após Uma as Ondas Apressadas

Uma Após Uma 
Uma após uma as ondas apressadas 
Enrolam o seu verde movimento 
E chiam a alva 'spuma 
No moreno das praias. 

Uma após uma as nuvens vagarosas 
Rasgam o seu redondo movimento 
E o sol aquece o 'spaço 
Do ar entre as nuvens 'scassas. 

Indiferente a mim e eu a ela, 
A natureza deste dia calmo 
Furta pouco ao meu senso 
De se esvair o tempo. 

Só uma vaga pena inconsequente 
Pára um momento à porta da minha alma 
E após fitar-me um pouco 
Passa, a sorrir de nada. 

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