sexta-feira, 31 de agosto de 2018

NA PONTA DOS DEDOS

Sempre me habituei a ver o Luís Pavão "olhando à distância". Mesmo os retratos eram marcados pela circunspeção. Poucas pessoas usam, na minha opinião, a grande angular de modo tão inteligente. Só trabalhámos juntos uma vez, no livro "Mértola", editado em 1997. Confirmei nessa altura tudo o que pensava da genialidade do Luís.

Para além do génio, sobra-lhe um humor desconcertante. A uma amiga minha, que recolhia autógrafos dos autores de Mértola, o António Cunha escreveu "para fulana de tal, com um abraço". Na caligrafia rápida do Cunha, o Luís leu "um almoço". Escreveu por baixo, "para fulana de tal, com um jantar". Fiquei roído de inveja, com a banalidade das dedicatórias a que tive direito.

Encontrei-o no outro dia no Arquivo Fotográfico. Disse-me algo como "tens de ir ver o que está no Padrão dos Descobrimentos, é um trabalho meu". Fui, claro. Para ver outra dimensão das coisas. O que está longe, fica-nos perto. O que era pequeno, aparece enorme, e em close-up. Mesmo usando a grande angular. Pecado meu, gostava de Leopoldo de Almeida. Agora ainda gosto mais.

Na ponta dos dedos conta o processo de recuperação do monumento. A ver, até 30 de setembro.

Sites:
http://www.padraodosdescobrimentos.pt/pt/

https://www.lupa.com.pt/site/index2.php

Sem comentários:

Enviar um comentário