Peço desculpa por, uma vez mais, tornar a temas que têm sido
mais que conversados e que, pensava eu, estavam arrumados. Não estão, porque há
quem pense que uma mentira muitas vezes repetida pode tornar-se verdade. Não é
assim, como facilmente veremos.
Num muito recente artigo de opinião, decidiu o Presidente da
Câmara de Moura atacar o seu antecessor. Que é o autor deste artigo. O tempo
passa e a obsessão mantém-se. Já lá vão 570 dias desde que deixei funções. Nem
assim Álvaro Azedo sossega. Ele lá saberá porquê…
Não me merecem comentários frases de Álvaro Azedo, a meu
respeito, como “suspendeu um mandato (…) porque tinha de tratar da sua vidinha”
ou “se acha tão melhor que os outros ao ponto do seu partido lhe ter virado as
costas”. Não há resposta para este nível de escrita.
Mais complicado é Álvaro Azedo continuar a insistir na
mentira de “os executivos CDU nunca honraram o compromisso de pagar a água que
compraram à AGDA e venderam à população”. Vou voltar a repetir números e
factos, para que não restem dúvidas. Foi feito um acordo para pagamento da
dívida, votado em 2014 pela Câmara Municipal e pela Assembleia Municipal, e que
contou com os votos favoráveis do PS. A Câmara Municipal pagou, entre 2015 e
2017, um total de 3.578.000 euros à AGDA. Quando deixei de ser Presidente da
Câmara, a dívida ainda existente era de 1.163.000 euros. Em 31 de dezembro de
2018 era de 1.708.000 euros. Sob a gestão de Álvaro Azedo a dívida aumentou
545.000 euros. Estes são os números oficiais e não vale a pena andar com
malabarismos.
Descabidas são as afirmações a propósito da Torre do Relógio
da Amareleja. Custa a crer que o projeto tenha sido “feito contra a vontade do
povo”, como escreve Álvaro Azedo. Muito pior é dizer, a meu respeito: “conseguiu
assinar dois protocolos distintos com dois párocos da Amareleja” e “aproveitou
as férias de um para assinar um novo protocolo com outro, alterando o
compromisso que tinha com a Fábrica da Igreja da Amareleja”. Ou seja,
atribui-me a infame atitude de, à socapa, andar a modificar documentos para
enganar pessoas.
Existem, efetivamente, dois protocolos, porque o primeiro
documento não era totalmente adequado às condições exigidas para a candidatura
a apresentar aos fundos comunitários, tendo em vista o financiamento da obra.
Só assim se entende que os dois protocolos (o de 2015 e o de 2016) tenham sido
aprovados por unanimidade (votos da CDU e do PS) nas reuniões de câmara.
Facto fundamental, conseguimos um apoio para a concretização
da obra na ordem dos 85%, pagando a Câmara apenas os 15% remanescentes. A única
alteração relevante no segundo documento é a diminuição do direito de
superfície (ou seja, da posse do edifício) de 30 para 12 anos. Ou seja, a
Fábrica da Igreja recupera a posse plena da Torre 18 anos antes do que estava
previsto. Estiveram, em todo este processo, subjacentes princípios de boa fé e
de lealdade, que são devidos à Fábrica da Igreja da Amareleja, o que fica claro
não só porque tem de volta o edifício completamente recuperado muito antes do
que estava previsto, como pelo facto (e isso ficou escrito no segundo
documento) de ser a Fábrica da Igreja “a única usufrutuária do espaço da Igreja
do Relógio da Amareleja” (cláusula sexta). Ou seja, em que é que enganei as
pessoas, sr. Álvaro Azedo?
Dediquei 24 anos de vida ao concelho (12 na Assembleia
Municipal, dos quais 4 como presidente; 12 na Câmara, dos quais 4 como
presidente). Entendo os lugares autárquicos como sítios de honra. A forma como
Álvaro Azedo pretende atingir-me – querendo lançar sobre mim lama e suspeições
– não é séria nem decente.
Mal conheço o Santiago, sei que é um historiador e intelectual, penso que é uma pessoa decente e com bom nível.
ResponderEliminarNão conheço o atual presidente da CMM para fazer qualquer consideração séria.
Mas penso que o Alentejo precisa de nós todos, não me parece que o confronto e a desconsideração sejam a melhor via para as soluções dos problemas que a região tem.
Que tristeza teres de enfrentar tudo isso, caro Santiago!
ResponderEliminarMas a tua única consolação reside no facto do povo da tua terra se lembrar seguramente sempre de ti e do teu esforço. O resto,
são os cães a ladrar...