quinta-feira, 30 de maio de 2019

O VINHO DA AMIZADE - uma história amarelejense

Aconteceu há uns meses e não identificarei a pessoa em causa, porque não tenho a certeza que lhe agradasse essa "exposição". O telefonema, no final do ano, deixara-me surpreendido e intrigado. Era de uma pessoa com quem não tinha falado assim tantas vezes quanto isso. Um senhor mais velho, de gestos suaves e de grande cordialidade. Uma pessoa "à antiga", se assim se pode dizer. Queria oferecer-me um par de garrafas da sua produção. Fiquei sensibilizado mas, sobretudo, enormemente surpreendido.

Algum tempo depois, passei pela Amareleja. Levava alguns dos meus livros, para um intercâmbio, que se revelou ainda mais desequilibrado do que eu imaginava. É que o par de garrafas eram umas caixas... Vinho forte, denso, encorpado e saboroso mas, sobretudo, temperado pela amizade.

De cada vez que abro uma garrafa, penso no que me diz uma velha amiga, sobre a não-política depois da política. Que são gestos assim que marcam, porque alguma coisa ficou na relação entre as pessoas. Entre algumas pessoas, melhor dizendo. Muito para lá de um voto, de um cargo e de um mandato. Isso conta, o resto conta muito menos.



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