Mudando de assunto
Entramos no inverno longo túnel
A noite cresce como a orla da maré
numa manhã de mar e de neblina
Nunca mais saberei quem passou no corredor
Estendo-te a mão por cima destes séculos agrippa d’aubigné
Se eu pudesse lutero fazer alguma coisa por ti
Assim recordo apenas múltiplas cadeiras onde me sentei
e aquelas coisas todas que esqueci
Alguém alguma vez pela vidraça de um café
me terá visto e terá querido ser quem sou?
Pintaria matisse a dança II
alguém leria a trilogia das barcas
«Foi assim que voltei para frança»
Para onde voltaste verdadeiramente erasmo?
Estou tanto na velhice como nestes dias
compro o meu sono em comprimidos na farmácia
juro que nunca vi a invencível explosão das folhas
e choro tudo o que passou só porque fui capaz
Eu não dispenso a morte eu quero morrer muito
levar de uma só vez aquilo que me leva
e ficar a esquecer no meu mais puro espanto
Não perguntem quem sou
neste momento em que recordo e escrevo
Alguma parte minha banha agora
o mar mediterrâneo do verão?
Farão ski em sesimbra ao fim da tarde
ou em vila do conde uma certa manhã?
E uns olhos azuis no comboio para versalhes?
E que fazer agora destas mãos
da cara que mostrar todos os anos par?
Entramos no inverno. Quantos são?
Tenho uma vasta obra publicada
e tenho a morte em preparação
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