sexta-feira, 30 de junho de 2023

IGUAIS NA DIFERENÇA

A exposição itinerante “Iguais na Diferença” resulta de uma iniciativa do Metropolitano de Lisboa E.P.E. em parceria com a IPSS Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM Lisboa).

Tem como objetivo sensibilizar e mobilizar esforços coletivos para uma sociedade mais inclusiva e igualitária, dando a conhecer através de fotografias, as histórias de jovens que integram a APPACDM.

Com o objetivo de contribuir para a sociedade, na dimensão da diversidade, equidade e inclusão, o Panteão Nacional associa-se ao Metro de Lisboa na divulgação da exposição “ Iguais na Diferença” que estará patente na Nave Central entre 27 de junho e 10 de setembro de 2023.


quinta-feira, 29 de junho de 2023

CAMPO MAIOR, NO SÁBADO

Duarte Darmas vespertino. Às 17 horas abre a exposição na bonita vila de Campo Maior. É mais um ponto no percurso iniciado em 27.10.2022: Évora - Castelo de Vide - Lisboa - Moura - Serpa - Mértola - Elvas - Alandroal - Campo Maior... Segue-se Monforte, a partir de 21 de julho.





CASTELO DE VIDE, NO SÁBADO

Duarte Darmas matutino. A presença do desenhador em Castelo de Vide será o tema.

Um momento especial, o da participação neste 1 de julho, data do nascimento do cap. Salgueiro Maia. Rendamos homenagem a quem a merece.

quarta-feira, 28 de junho de 2023

ISTO É DE LÁ!

Devo ter tido televisão em casa a partir de finais de 1968, talvez. Teria já uns 5 anos quando o aparelho passou a ocupar a esquina da sala de estar da casa da Rua Nova da Estação, em Moura.

Os televisores eram pouco fiáveis, levavam tempo a aquecer, a imagem não aparecia logo (não se riam, por favor) e, por vezes, o ecrã era um padrão de listas diagonais - a preto e branco, claro - fazendo lembrar gravatas fora de moda.

Às vezes a imagem desaparecia de todo e um dos mais velhos lá de casa começava a dar umas pancadinhas na parte lateral do televisor - um "sofisticado" método de reparação - até sentenciar "isto é de lá!", ou seja, a avaria residia em Lisboa.

Depois lá aparecia o aviso "pedimos desculpa, etc...".

Porque me lembrei disto? Porque ontem fui jantar com um amigo e rimos parvamente quando nos lembrámos do "isto é de lá", frase já desaparecida do quotidiano e que nos fez recuar no tempo.


terça-feira, 27 de junho de 2023

STARDUST MEMORIES Nº. 69: TÂNGER, 1999

De novo, o relógio do tempo. Há muitos anos que não me cruzava com Abdelaziz El-Idrissi. Mais de 20, seguramente. Tirando o cabelo branco, estava igual. Ele, a Conceição Amaral, o Francisco Veiga, o autor do blogue e mais um belo grupo (Cláudio Torres, João Gabriel Isidoro, Pedro Moreira, Rui Patarrana, Jorge Murteira, Ana Maria Rodrigues, João Soeiro de Carvalho, António Borges Coelho, Maria da Conceição Lopes, Luís Campos, Isabel Cristina Fernandes, José Alberto Alegria...) fomos os reponsáveis por "Portugal-Marrocos: portas do Mediterrâneo", uma exposição inaugurada em Tânger em setembro de 1999. Faz para o ano um quarto de século.

Encontrar ontem, ao final da tarde, o Abdelaziz foi uma magnífica surpresa. Clio irá tomar conta de nós.


segunda-feira, 26 de junho de 2023

MARROCOS EM LISBOA

Vai ficar até 24 de setembro. A ida ao Museu Nacional de Arte Contemporânea trouxe(-me) várias surpresas. Uma delas: rever um pintor muito inovador, muito preso às suas raízes, e não sei se muito conhecido deste lado do Estreito. Ahmed Cherkaoui faleceu em 1967, aos 33 anos. Esta tela, que não está no MNAC, data de 1965, e intitula-se al-mulk (o império). Outra: encontrar Abdelaziz El-Idrissi, o curador da exposição, um velho amigo dos dias de Tânger, em 1999. Há finais de tarde felizes. Este foi um deles.


PANTEÃO NACIONAL NA SOCIEDADE CIVIL

Hoje, a partir das 14 horas, na RTP2.

Neste primeiro programa estaremos, para além do jornalista Luís Castro, o deputado Pedro Delgado Alves, o professor catedrático Carlos Reis e eu, na qualidade de diretor do monumento.

domingo, 25 de junho de 2023

OS SANTOS POPULARES SÃO QUANDO UM HOMEM QUISER...

Jean Depara (1928-1997) e Malick Sidibé (1936-2016). Dois registos festivos de África. O primeiro "4 amis autour du Solex" data de 1955-1965. O segundo é da noite de Natal, em Bamako, em 1963.

Pretexto para recordar fotografias de que gosto.











sábado, 24 de junho de 2023

DUARTE DARMAS, AMANHÃ NA TSF

Amanhã, depois do noticiário das 9, na TSF, estarei à conversa com Miguel Gomes Martins, com Mário Barroca e com Manuel Vilas-Boas, para tentar descodificar um pouco mais a extraordinária obra de Duate Darmas. Gostei da gravação. Espero que os ouvintes sejam da mesma opinião.

RAMAL DE SUESTE

Ao chegar, há pouco, à Buraca, cruzei-me com um autocarro 711 (o 11 de outros tempos, acrescentaram o 7 nunca percebi para quê...). Lia-se SUL E SUESTE no painel de destino. Ou seja, a estação dos barcos do Terreiro do Paço. Sueste, porquê? Porque era esse o nome oficial do Ramal de Moura, Ramal de Sueste. Mandado fechar por um Governo de Cavaco Silva. Porque os governos, esse e todos os outros, amam a zona raiana, mas apenas teoricamente. Platonicamente.


MÁRIO LAGINHA FOI ASSIM

Foi um momento especial. Verdadeiramente único. Uma iniciativa conjunta da Biblioteca do Exército, que celebra os seus 187 anos, e do Panteão Nacional. Mário Laginha deu voz ao piano e entusiasmou as mais de duas centenas de pessoas que enchiam o corpo central do monumento.

"Caminante no hay camino, se hace camino al andar / Golpe a golpe, verso a verso", para citar um poema muito conhecido. A caminhada já vai longa, 814 dias à frente do Panteão. A programação de concertos e de exposições continua, a investigação também, tal como as edições. O público dá resposta positiva.


sexta-feira, 23 de junho de 2023

LUÍS PAVÃO SOBRE A SUA FOTOGRAFIA

Amanhã, às 10h 30, Luís Pavão estará no Panteão Nacional para falar desta sua fotografia, feita há 23 anos. Um momento verdadeiramente único.


GO WEST REDUX

The song's title is attributed to the 19th-century quote "Go West, young man" commonly attributed to Horace Greeley, a rallying cry for the colonization of the American West, but also an invitation to pursue one's own dreams and individuality.

Isto é tirado da wikipedia (estou sempre a dizer aos meus alunos para não a usarem, mas isso só é válido para os trabalhos da faculdade...), mas achei bem começar o dia assim. We'll find (we'll find) our promised land, é isso mesmo.


quinta-feira, 22 de junho de 2023

GRANDE REPORTAGEM: MUSEU DAS DESCOBERTAS

Hoje e amanhã, no final do "Jornal da Noite", haverá "Grande Reportagem" sobre o Museu das Descobertas ou Museu dos Descobrimentos. Um projeto que capotou por variadíssimas razões. Quando estive na Câmara de Lisboa, entre abril de 2018 e dezembro de 2019, tive esse dossiê em mãos. A partir de determinada altura, percebi que não iria em frente. E não foi.

Quando a jornalista Amélia Moura Ramos me contactou, no início, a minha surpresa foi enorme. Queriam falar comigo no âmbito de um programa (este) a propósito do projeto do museu. Serão pequenos excertos dessa conversa que irão para o ar hoje e/ou amanhã.


quarta-feira, 21 de junho de 2023

E O POVO, PÁ?

Fazemos o percurso entre Cacilhas e o Campus do Monte da Caparica em 20 minutos. O metro é rápido, agradável e limpo. Quando regressamos e entramos no cacilheiro, só pensamos "oh, diabo". Para quem é, bacalhau basta? Não sei se o escalão financeiro dos utentes determina a atenção dada aos equipamentos, mas o ar do "SINTRENSE" (era o nome do barco) era decrépito. O casco ferrugento e com mau ar, os bancos escavacados, os vidros baços e antigos, o pavimento com falhas... Fazendo funcionar a máquina do tempo, só me recordei do velhíssimo ferry grego em que, em tempos, fiz o percurso de Bissau para Bolama.

Vamos à net e o processo de modernização dos barcos da SOFLUSA é um daqueles enredos linha-do-horizonte.

E o povo, pá? Ora, ora...


terça-feira, 20 de junho de 2023

HOJE, GRAVANDO NA TSF

Encontros com o Património, na TSF, na excelente companhia de Manuel Vilas-Boas, de Miguel Gomes Martins e de (nos estúdios do Porto) Mário Barroca. Difusão já no próximo domingo.

Tema? Duarte Darmas! A "saga" continua.


segunda-feira, 19 de junho de 2023

MÁRIO LAGINHA NO PANTEÃO NACIONAL - 23.06.2023

Um concerto que é fruto da excelente relação mantida com o Exército. Festejemos em conjunto, com a Direção de História e Cultura Militar, os 187 anos da Biblioteca do Exército.

Uma forma especial de celebrar também a chegada do verão.

NO CORAÇÃO DA TERRA

A autora da fotografia é a historiadora Maryelle Bertrand (1948-2007). Deu-ma quando, no meio de uma "devaneio jornalístico" fiz um trabalho para a "Grande Reportagem" (publicada no nº. 69, de dezembro de 1996).

Contei com a ajuda da Teresa de Castro Martínez, que tinha familiares em Benalúa de Guadix e me conduziu, durante aqueles dias, pelas grutas da região.

Guadix era/é zona de "habitats troglodíticos" (um nome pouco simpático), muitos deles hoje convertidos em hotéis. Um dos pedreiros que trabalhava nestas estruturas dizia-me que Guadix podia ser a St. Tropez das Cavernas...

A Maryelle fez a sua tese sobre este tema. A fotografia é de um sítio já desaparecido: o Cortijo del Conejo de Fonelas, 10 kms. a norte de Guadix. Era a sumptuosa entrada da gruta onde morava um proprietário da região.

A Grande Reportagem encerrou há muitos anos.

Maryelle Bertrand faleceu prematuramente.

A Teresa emigrou para a Australia, onde foi trabalhar nos arquivos de uma comunidade beneditina.

O António Cunha, companheiro de viagem, continua a fotografar.

Não voltei a Benalúa.



 

FAZENDO O OUTING DAS CAVERNAS ONDE TÊM ANDADO ESCONDIDOS...

Um anúncio da PSP com um polícia negro deu origem aos mais descabelados, rascas e anónimos (pois claro...) comentários racistas. Já só falta aparecerem os Saudosistas do Império. Que os cavernícolas mais básicos começam a mostrar-se.

O polícia parece designado, em várias notícias, como "afro-português", o que tenho como outra designação absurda. É português, ponto.




domingo, 18 de junho de 2023

NA NOITE UM CAVALO DANÇA

"[...] a obra de Moita Macedo, quer poética quer plástica, apresenta o maior interesse como documento e reflexo de um tempo de efervescência criativa nos planos artístico e social, revistando permanentemente temas comuns à plástica da época e oposições muito marcantes do seu tempo, entre o individual e o coletivo, a natureza e a cidade, a sôfrega ânsia da liberdade individual e a preocupação pela justiça social".

(texto de Joaquim Oliveira Caetano, responsável pela exposição)

Galeria Municipal Vieira da Silva, Loures (até 14 de outubro)


CIDADÃO PELO PATRIMÓNIO: VOTAR EM CLÁUDIO TORRES

Ora aqui vai. Depois do prémio atribuído pelo júri, há a votação do público. O percurso ímpar e a personalidade de Cláudio Torres merecem o nosso voto (eu já votei nele, claro, e só se pode votar uma vez).

Faço esta campanha pelo voto em Cláudio Torres com toda a convicção. E com conhecimento de causa. Partilhámos o mesmo espaço de trabalho entre 1991 e 2005. Foram 14 anos de colaboração próxima. Foi, para mim, uma enorme aprendizagem, científica e cívica.

Se há alguém que merece reconhecimento é, justamente, Cláudio Torres.

Para votar: https://vote.europanostra.org

sábado, 17 de junho de 2023

GERACANTE: JUVENTUDE E TRADIÇÃO

Final de tarde, em S. Pedro de Alcântara. Uma paisagem habitual na minha vida de há quatro décadas. Quando cruzava o Bairro Alto, duas vezes por semana, para ir à Rua de São Boaventura.

Mas ontem aproveitei o final de tarde para ver e ouvir o grupo de miúdos da Escola da Porta Nova (Moura) cantar e para ver a atuação conjunta com uma das Orquestra Geração.

Foi um grande momento. A única coisa que pude dizer aos responsáveis é o que local que dirijo tem sempre as portas abertas para estas iniciativas.


sexta-feira, 16 de junho de 2023

JOÃO HOGAN

Faz hoje 35 anos que faleceu João Hogan. Um pintor importante, e que, por vezes, dá a sensação de estar um pouco esquecido. Admito que possa ser distração da minha parte.

Este quadro data de 1959. É certamente do período em que Hogan esteve em Paris. Um mundo palpável que, aos poucos, dará lugar a outras representações.


quinta-feira, 15 de junho de 2023

O CASO DA SEMANA

Devia ter sido, mas não é, a notícia da semana. Falo da história (difícil de imaginar) dos jovens reduzidos a uma quase escravidão, numa "academia de desporto". A notícia já quase desapareceu, submergida pela TAP e por outros temas.

Transcrevo do Público: "Pela BSports [...] têm passado jovens, entre os 13 e os 22 anos, de diferentes geografias, desde a Colômbia ao Peru, passando por Moçambique ou Guiné". Será a origem geográfica dos moços o motivo do desinteresse editorial?

Como é possível que estas coisas aconteçam?

https://www.publico.pt/2023/06/14/sociedade/noticia/bsports-portoes-fechados-chave-avaliacoes-forcadas-achei-esquisito-2053330

quarta-feira, 14 de junho de 2023

ECOS DA CIDADE DOS MORTOS

Um magnífico documentário. Claro, acessível e muito expressivo. A explicação de como a História pode ser explicada sem folclore nem um discurso hermético.

Ao longo de 50 minutos viajamos pela Lisboa Romana, revisitando os seus mortos e os gestos do quotidiano. Boa investigação, bom cinema e boa comunicação.

Há já um par de anos que não ía ao S. Jorge. Uma bonita sala, ao serviço da Cultura.


terça-feira, 13 de junho de 2023

EUROPA NOSTRA

Do Público, há poucos minutos:

Prémios Europa Nostra distinguem Cláudio Torres como paladino do património
Os Prémios do Património Cultural Europeu, anunciados manhã, consagraram o arqueólogo Cláudio Torres como “champion” (defensor ou paladino, em tradução portuguesa) do património, tendo ainda atribuído mais três distinções a Portugal, valorizando o restauro dos tectos em estilo mudéjar da Sé Catedral do Funchal; a salvaguarda da arte xávega, uma técnica de pesca artesanal, na praia da Tocha, em Cantanhede; e ainda o projecto multidisciplinar Almada, que recorre a novas técnicas de imagem e outros recursos científicos recentes para investigar e divulgar a arte mural de José de Almada Negreiros,

https://www.publico.pt/2023/06/13/culturaipsilon/noticia/premios-europa-nostra-distinguem-claudio-torres-paladino-patrimonio-2053107



MENSAGEM PARA O LINO PINTO E PARA OS FESTEIROS 2022

A história é inacreditável, mas verdadeira.
No final de festa do ano passado, a empresa que deveria ter garantido o controle de entradas no recinto da Festa de Nossa Senhora do Carmo não assegurou o serviço, à última hora. O Lino Pinto era um dos festeiros, fazendo, como outros festeiros ao longo de décadas, um trabalho em prol da comunidade. Sem receber um tostão por esse trabalho. E sacrificando-se para que Moura tenha as festas que me merece.
Resultado, e na narrativa do próprio Lino:
"Vais parar a tribunal e é proposto para não ires a julgamento que a associação pague 2000€, eu como presidente 1200€ os 2 amigos da associação 900€ cada um, mais 900€ a outro elemento da direção escolhido aleatoriamente entre os outros presentes pelo agente [da PSP] que se deslocou de Faro demonstrando um zelo de louvar por um crime tão grave para a sociedade".
Espero que o bom senso prevaleça e que isto não dê em nada. Para já, liguei ao Lino e ofereci-me como testemunha.
E tenho a firme convicção que, se isto não correr bem, teremos de, entre todos, suportar as despesas que o processo vier a comportar. O Lino e os demais festeiros não vão ficar sozinhos.

Declaração de interesses: sou amigo do Lino há 50 anos.

CUMPRIR E FAZER CUMPRIR A CONSTITUIÇÃO

O repto é simples mas necessário. O que diz o texto do manifesto:

A Constituição da República Portuguesa aprovada em 2 de Abril de 1976 constitui o registo da vontade do Povo português manifestada na primeira eleição verdadeiramente democrática realizada em Portugal, por sufrágio direto e universal, e que contou com a participação de 5 711829 dos 6 231372 cidadãos eleitores inscritos para votar. Vontade interpretada de forma sublime pelos deputados constituintes e que é, de entre as Constituições aprovadas em Assembleia Constituinte, a mais duradoura da História Constitucional Portuguesa.

Ver: https://manifesto-cumprir-constituicao.pt/


segunda-feira, 12 de junho de 2023

FAZ AGORA 10 ANOS

Um telefonema recebido hoje às 13:07 trouxe-me à memória um filme concluído há 10 anos.

Frequentei, em 1980/81, um curso de cinema ministrado num clube que existia na Av. Columbano Bordalo Pinheiro: o Clube Micro-Cine. Uma das tarefas obrigatórias do curso de cinema era, naturalmente, fazer um filme.

Lancei-me na tarefa de rodar um documentário em super-8. Para quem nasceu no mundo contemporâneo esclareço que se trata de um tipo de película com 8 mm de largura (os filmes projetados no cinema têm, por norma, 35 mm). Usei uma bobina com pista de som (gravação em som direto, com um delay de três segundos), e várias outras em que fui registando coisas, de acordo com um argumento e uma narrativa, com registo de segundos, sequências de imagens etc. Um trabalho algo primitivo, que só a impetuosidade e o descaramento dos 17 anos permitem,

Fiz a montagem com uma moviola emprestada pelo clube e depois pronto. Ficou por terminar. Não cheguei a sonorizar a minha grande obra - apesar de ter procedido à respetiva pistagem - nem a mostrá-la a ninguém. Ficou, até novembro de 2012, nas bobinas finais.

Uma primeira tentativa de a passar a formato digital não acabou bem. Pedi então ajuda ao Jorge Murteira. Sempre solidário, tratou-me da montagem e fez das bobinas algo de minimamente visível.

O pintor que era protagonista do documentário, Moita Macedo, falecera há muito. Isso levou-me a acrescentar um minuto final ao filme. Às músicas que antes previra, dos Telectu e de Ravi Shankar acrescentei uma, de Toumani Diabaté. A leitura de dois poemas, gravados por Rosa Lobato de Faria, facilitou-me a tarefa. No meio de uma saga com contornos wellesianos tinham desaparecido duas cassetes com gravações de poemas, do programa "Música, músicas", de Paulo Coelho...

O filme ficou concluído por esta altura. No dia 14 de julho de 2013 entreguei a versão final ao filho do pintor. Por razões autorais não há versões disponíveis com as músicas que acima indiquei.



domingo, 11 de junho de 2023

FUTEBOL: FLOP TRANSALPINO

Vi dois dos jogos. O de ontem não. O fracasso italiano foi total: nem Roma, nem Fiorentina nem Inter. Do Lácio à Lombardia, não se aproveitou nada. A começar pela qualidade do jogo. E a acabar em certas atitudes.

Última vitória italiana na Liga Europa (ainda assim não se chamava): Parma, 1999

Última vitória italiana na Liga dos Campeões: Inter, 2010

Há um tal José Mourinho ligado a duas das últimas vitórias.


sábado, 10 de junho de 2023

CASA DO ALENTEJO - 100 ANOS

A Casa do Alentejo cumpre, hoje, 100 anos. Uma instituição que é de todos nós, alentejanos. Um palácio de grande beleza, onde já estive vezes sem conta. Razões pessoais impediram-me de estar presente na sessão comemorativa que hoje teve lugar. Estarei seguramente, na sessão de apresentação do livro que celebra este centenário. E para o qual tiveram a simpatia de me convidar para ser o prefaciador.

Viva a nossa CASA DO ALENTEJO!


SOCIEDADE CIVIL

Dias 26, 27 e 28 deste mês o Panteão Nacional é o sujeito da notícia no programa Sociedade Civil. Os programas foram gravados no dia 5. O cenário preparado transformou o interior do monumento, dando-lhe outra cor. Vão ser três horas de difusão do nosso património.


sexta-feira, 9 de junho de 2023

τέλος - O PENÚLTIMO LIVRO DO ANO

Télos, diz-se em grego. Fim. Foi essa a palavra que disse às 19:53 do passado dia 7. Chegava ao fim, depois de uma longa e conturbada produção, um livro sobre património. Falta a impressão e decidir o formato de lançamento. Isso é o menos, digo eu agora.

Faço uma pausa até dia 18 e depois lanço-me no próximo, que já tem algum tempo de atraso. E que será o último deste ano de 2023.


quarta-feira, 7 de junho de 2023

DIÁLOGOS IMPROVÁVEIS - 20.9.2023

É um momento habitual no calendário do Panteão. Este ano, como sempre, teremos "Diálogos improváveis". Setembro é mês de recomeço, mas não para o monumento, que vive um calendário sem interrupções.

Imagem retirada do catálogo da temporada 2023/2024 da Fundação Calouste Gulbenkian.



terça-feira, 6 de junho de 2023

EVENTO SOCIAL

Nunca tinha visto uma coisa assim. Já nem falo da chuva, que não impediu que a corrida se "realizasse". Não foi um aguaceiro momentâneo, mas sim chuva a sério. Enquanto via que o espetáculo continuava só me lembrava da morte do cavaleiro Quim Zé Correia (1945-1966), cuja morte se deveu ao piso escorregadio da praça do Campo Pequeno, empapado depois de uma tarde de chuva.

Surpreendente mesmo foi constatar que uma parte do público estava lá para se ver e não para assistir à corrida. Enquanto decorriam as cortesias, imensa gente estava de costas (!) para a arena, beijinho para aqui, beijinho para ali, ignorando por completo forcados, bandarilheiros e cavaleiros. Começou a chover antes de sair o primeiro touro. A chuva engrossou e quase toda a gente foi para debaixo das bancadas. Ali continuou o momento social. Já se estava no terceiro touro quando voltei ao lugar. Fiquei de pé. A chuva continuava. O desconforto era total e as condições para o espetáculo prosseguir com dignidade absolutamente nulas.

Nunca gostei de coisas sem qualidade nem dignidade. A meio saí. Não vinha irritado nem exaltado nem nada semelhante. Apenas triste, por constatar que são coisas assim que fragilizam um espetáculo cultural com raízes históricas. Imagino que quem foi para estar num evento social tenha ficado de alma cheia. Viram-se todos uns aos outros...

segunda-feira, 5 de junho de 2023

MONSARAZ EM LISBOA

Reedição da tese de Ana Paula Amendoeira sobre Monsaraz e sessão de apresentação do livro, com a sala da Casa do Alentejo a abarrotar. Foi uma sessão importante, em particular pelos alertas feitos quanto às múltiplas ameças que pairam (e vão cair) sobre os equipamentos culturais. E sobre a Cultura. A extinção das Direções Regionais são mais uma machadada em tudo o que não é Lisboa. A Paula deixou isso muito claro. Foi um importante final de tarde.


COM O SNOOP DOGG...

Ninguém perguntou, mas se me perguntassem "das pessoas que não conheces pessoalmente, com quem gostarias de ter bebido um copo no dia do teu aniversário?", eu responderia "com o Snoop Dogg".

domingo, 4 de junho de 2023

NUNCA MAIS APRENDO...

Pensava que ia ser mais fácil e atirei-me de cabeça. Um "clássico pessoal", a que se segue sempre o "nunca mais aprendo"... Um trabalho difícil e cheio de armadilhas, o das vias medievais. O texto ficou terminado às 10:21 de ontem. Depois mandei um mail ao Patrice Cressier, garantindo que a tradução estava "en cours de révision". Quando fizer a revisão de provas terei de alterar coisas mínimas (deixei um par de fichas de leitura em Moura, que ainda me fazem falta).

Tema do trabalho? VIAS, CAMINHOS e TOPONÍMIA NO GHARB AL-ANDALUS: NOVAS HIPÓTESES. A toponímia dá muitas vezes direito a astracanadas, e a pouco risco. Às propostas já defendidas de Halq az-Zawiya e de Kanisat al-Gurab junto agora as de Ukasha e de Sharish. Vão chover pedras 😁😁😁.


HIPERREALISMO ALFACINHA

À hora do almoço de dia 31 de maio a sombra de Richard Estes passou pela Rua da Verónica.


sábado, 3 de junho de 2023

YA RAYAH

Hoje é dia de recordar um velho (de 1973) êxito de Dahmane El Harrachi, aqui na inesquecível versão de Rachid Taha. Ya Rayah (يا رايح,) quer dizer algo como "tu, que partes". Esse sentimento de perda, que é comum a todos os que deixámos um sítio, ao qual queremos voltar. Como Tânger ou Tombuctu ou o Tarrafal. Ou Mértola e Moura. E aos quais seguramente voltaremos um dia.

Ya rayah...


MAIS UM DIA DE VIDA

Lembrei-me do livro de Kapuściński quando estava a escrever esta nota. Questionei uma vez uma senhora que viveu toda a vida em Luanda acerca de nomes e locais mencionados no livro "Mais um dia de vida". Ela não se lembrava de um só. A minha "fé" em Kapuściński/repórter já não era muita. Foi diminuindo ainda mais, com o tempo.

À maneira de Henri Charrière, Kapuściński incorpora outras narrativas e inventa realidades. Que eram metáforas, dizia ele. Seriam tudo isso e muito mais. Reportagens é que não eram.

Em todo o caso, e para o que der e vier, hoje é mais um dia de vida.




sexta-feira, 2 de junho de 2023

LX - CRÓNICAS OLISIPONENSES: ESSA COISA DO ÂRSECUEIQUE

Vou descendo a rua em direção ao Panteão e dou com isto: Earthquake Tourism. Podia dar-lhes para pior. Curiosamente, não há informação. Nem telefone, nem mail, nem site. Estranha forma de fazer turismo...


quinta-feira, 1 de junho de 2023

DUARTE DARMAS EM NÚMEROS E EM TEMPO DE BALANÇO

Com o projeto quase terminado, chega a altura dos balanços.

Acessos ao site www.duartedarmas.com: 43.500

Descarregamentos gratuitos do livro a partir do site: 8.500

Visualizações do filme em https://www.youtube.com/watch?v=5OZoMTDVFUA: 2.270

Um projeto duro e trabalhoso. Mas que me deu prazer fazer. O passar do tempo dá-nos a precisa medida de que há coisas que não voltaremos a concretizar.

LÍNGUA DE SANGUE

Foi toda a parede da capela. Toda à volta. Só Deus e a mulher, e o marido, saberão a razão da promessa. Mas a mulher lambeu a cal da parede, até a língua ficar em sangue. Havia uma procissão e havia uma banda que ia tocar na procissão. Mas enquanto isso não acontecia, a mulher começou a lamber a parede de cal. A língua começou a sangrar. Foi deixando um rasto de sangue ao longo das quatro paredes exteriores da capela. Quando deixava algum pedacinho limpo e sem sangue, o marido chamava-a e fazia-a voltar atrás. A promessa prosseguiu até uma linha de sangue ser visível ao longo das quatro paredes. Custa-me imaginar a dor e a superação.

Ouvi esta história passada há cerca de 40 anos, com um torpor difícil de explicar. Imaginei aquele percurso, à volta da capela, como se de um filme se tratasse. Aquela promessa faz parte de um mundo antigo, marcado pela violência do quotidiano. A língua de sangue na capela é a égua a ser morta à facada em “La família de Pascual Duarte”, de Camilo José Cela, são as cabeças das galinhas arrancadas à mão pelos cavaleiros lançados a galope no filme “Las hurdes”, de Luís Buñuel, é um mundo bruto, com pouca lei e nenhuma ordem. Aquela mulher à volta da capela, com a língua esfolada, fazendo um acordo com Deus – eu dou-te o meu sangue, tu dás-me aquilo que eu preciso – faz parte de um mundo irreal e mágico. Esta relação mágica com entre Deus está explicada no filme “Nostalgia”, de Andrei Tarkovsky. Ao longo de mais de nove minutos de um plano-sequência com poucos paralelos na História do Cinema, um homem transporta uma vela. A vela tem de estar acesa no final do percurso, para que o desígnio se cumpra. Quando a vela se apaga, o homem volta para trás, para refazer o caminho e concluir o gesto. Tem de ser assim. Tal como a linha de sangue tem de cingir toda a brancura dos quatro muros. Sem o percurso estar terminado e fechado, não haverá diálogo com Deus. A magia triunfa, os cânones ficam dentro de livros encadernados.

Comentei com a amiga que me contou esta história quase irreal o meu misto de espanto e de inveja, por não ter lá estado. E não pude deixar de pensar na América do Sul. E em quantas vezes Gabriel García Márquez terá assistido e vivido coisas assim. “Vivir para contarla”, diria e escreveria ele mais tarde.

A história da língua de sangue aconteceu há 40 anos no norte de Portugal. Num país que já não existe e do qual poucos falam.

Crónica em "A Planície". O fotograma é do filme "Nostalgia".