domingo, 29 de janeiro de 2012

COMPRAR CARRO

Comprar carro é uma das tarefas mais complicadas e absurdas a que um ser humano se dedica. Um carro é um amontoado de latas e plástico cujo valor disparatado cai para metade logo que saimos com ele do stand. Por causa da desvalorização. Quando precisamos de outro, o que tinhamos não vale um chavo e temos de nos enterrar em dívidas para comprar um novo. Que desvaloriza logo que sai do stand. E por aí fora. O Duarte está sempre a dizer-me que devia comprar carros em segunda mão. São muito mais vantajosos em termos financeiros. Estou sempre de acordo com o Duarte. E acabo sempre comprando carros novos.

O primeiro foi um Golf. Porque o João teve, durante mais de 20 anos, um Carocha e eu achei que um Volkswagen era para sempre. O Golf queimou a junta da cabeça com 60.000 kms. A junta da cabeça é, ao que parece, qualquer coisa do motor. Ao que parece, não se deve queimar. Fiquei chateado à brava e acabei por trocar de carro uns meses depois. Como não tinha dinheiro para mais e detesto ficar encalacrado, seguiu-se um Hyundai Accent. Quando falei no assunto lá em casa, a Isabel ficou desconfiada sobre o preço, relativamente baixo, da carripana. Respondi, de mau humor, que era muito mais barato porque só tinha três rodas e a conversa deu, rapidamente, para o torto. 

Tive mais dois Accent. São carros de conforto mais que duvidoso, de insonorização inexistente e estética neutra. Ainda assim, de mecânica fiável e manutenção barata. Quando a coluna vertebral me começou a incomodar e as hérnias discais começaram a cobrar juros de tantos anos de asneiras tive de arranjar uma coisa minimamente confortável. 

Comprei as revistas da praxe, comparei preços e apreciações técnicas. Na parte que entendo: conforto, segurança, potência, consumo aos 100 e dimensão da bagageira. O resto, rotações, caixa de velocidades, travões, palavras bizarras como “cremalheira”, “pinhão”, “McPherson” etc. não sei o que são (o que diabo será, por exemplo, um alternador?) e jamais procurarei saber. E, na hora da decisão, falei com a Isabel. 

Não se esqueçam, claro, que é sempre fascinante ouvir uma mulher dar opiniões sobre o carro que quer (e bem podem mandar esta croniqueta para a UMAR, o MDM e a MouraSalúquia, que é para o lado que durmo melhor…). O que é que uma mulher quer num carro? Que seja barato, giro, económico no consumo e nas revisões, que seja muito pequeno e que tenha uma bagageira gigantesca, um híbrido entre o Smart e o camião TIR. A última asneira que fiz foi comprar uma station. Pensando, pobre ingénuo, que deixaria de ter problemas com a bagagem. Ai de mim. Depois da última ida à aldeia e da mala do carro ficar atafulhada com couves (que dariam para abastecer o MARL) ouvi a frase fatal “esta bagageira é pequena”. 

Eis, enfim, o ponto da situação: 22  anos depois de tirar a carta, 800.000 kms mais tarde, continuo sem ter o carro ideal. Pode ser que um dia lá chegue. Ainda não perdi a esperança. Enquanto esse momento não chega desejo aos leitores da Planície um bom ano de 2012.



Crónica publicada em A Planície de dia 1.1.2012

11 comentários:

  1. É assim mesmo que compramos carros. Eu prefiro cores claras(sou morena). Mas estou atenta aos preços e a qualidade. Não tenho preferência por marcas nem compro carros de luxo. Nunca ,em quase vinte anos, nenhum dos meus carros quebrou. Mantenho as revisões em dia e troco por novo a cada 3 anos. É uma maneira de evitar problemas maiores e tentar compensar o valor para venda.

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  2. Caro SM, deixa-me discordar relativamente aos Hyundais. São carros com grande potencial. A parte da suspensão e que não são muito confortáveis tem a ver com a tua idade e não com a qualidade da viatura. Tenho um Hyundai Atos, com uma óptima bagageira e capaz de fazer o mesmo ou mais que uma Mercedes Sprinter 315 ou um Mercedes Atego 1828...

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  3. ...encalacrado...ah...ah...ah...
    gosto dessa palavra!

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  4. Embora os eus proprietários teimem em compará-los,e até atribuir-lhes algumas qualidades, a verdade é que nenhum carro coreano possui qualidades que o torne comparavél com qualquer carro europeu.
    Estas marcas apenas fabricam simples veiculos de locomoção categoria na qual se englobam Hyundai,Daweoo(Atual Chevrolet), FIAT (não compreendo porque é que alguém compra um Fiat), SEAT,Nissan, Mitsubishi, Rover,Lancia etc.
    Existem depois algumas marcas que fabricam modelos de grande qualidade aos quais podemos chamar "carros" tais como: Ford, Peugeot, Renault, Citroen,Opel, Alfa Romeu, Toyota, Honda, Mazda, VW, Audi, Skoda, Volvo. Por fim numa catecoria à parte encontram-se a Mercedes e a BMW estes sim verdadeiros fabricantes de automóveis.
    Comparar um carro coreano a um Mercedes é quase tão grave como comparar qualquer marca de computador com um APPLE.
    É certo que nem todos podemos ter um automóvel por isso é que a maior parte de nós anda de carro,como é o meu caso.

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  5. eh eh eh de carro é que não!

    Proponho a seguinte solução:
    http://youtu.be/-LGdPiWtEg0

    A bebidinha pro teletransporte e os comprimidinhos pra bagagem. Quem é amigo que é?
    2012 poizé!

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  6. 2012, I beg your pardon...
    Não percebi nada.

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  7. Olhe que sim. Olhe que sim. E mais alguém deve perceber também :))
    O teletransporte deve ser a solução. Zus, Zás, Trás e encurtam-se as distâncias.
    Só um conselho amigo, não leve couves, não se vá dar o caso que se estraguem pelo caminho... :)

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  8. Carros, politica e futebol sao temas que têm sempre muitos comentaristas : ))

    Que nao saibas o que é o "McPershon" admito. Mas sabes quem é a "MacPershon" espero ? : )))

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  9. ... e ainda há outra categoria que não foi falada, refiro-me então aos Ferrari, não são veiculos de locomoção, nem carros e nem automóveis, são simplesmente Ferrari's. Mas um Hyundai Atos verde é feio c'ma porra, não acham?

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  10. Hyundai Atos verde é feio?? Mas quem é capaz de dizer isso?? Deve ser algum equivoco!!

    É um verdadeiro clássico!

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  11. Com as caracteristicas pretendidas sugiro um verdadeiro automóvel, o Mercedes Benz R350 Cdi 4matic.

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