A recente exposição da Gulbenkian é o ponto de partida para uma série de postagens sobre naturezas mortas e poemas sobre a passagem do tempo. Sem grandes justificações ou explicações. Primeiro painel: o britânico Ben Nicholson e o português Nuno Júdice.
Gosto das mulheres que envelhecem,
com a pressa das suas rugas, os cabelos
caidos pelos ombros negros do vestido,
o olhar que se perde na tristeza
dos reposteiros. Essas mulheres sentam-se
nos cantos das salas, olham para fora,
para o átrio que não vejo, de onde estou,
embora adivinhe aí a presença de
outras mulheres, sentadas em bancos
de madeira, folheando revistas
baratas. As mulheres que envelhecem
sentem que as olho, que admiro os seus gestos
lentos, que amo o trabalho subterrâneo
do tempo nos seus seios. Por isso esperam
que o dia corra nesta sala sem luz,
evitam sair para a rua, e dizem baixo,
por vezes, essa elegia que só os seus lábios
podem cantar.
com a pressa das suas rugas, os cabelos
caidos pelos ombros negros do vestido,
o olhar que se perde na tristeza
dos reposteiros. Essas mulheres sentam-se
nos cantos das salas, olham para fora,
para o átrio que não vejo, de onde estou,
embora adivinhe aí a presença de
outras mulheres, sentadas em bancos
de madeira, folheando revistas
baratas. As mulheres que envelhecem
sentem que as olho, que admiro os seus gestos
lentos, que amo o trabalho subterrâneo
do tempo nos seus seios. Por isso esperam
que o dia corra nesta sala sem luz,
evitam sair para a rua, e dizem baixo,
por vezes, essa elegia que só os seus lábios
podem cantar.
Tenho 48 anos (49 em fevereiro) e sou muito feliz.Não tenho medo de envelhecer porque sei que é um processo natural e irreversível. Sei também que posso viver momentos muito agradáveis que não ficarão a dever nada ao tempo de minha juventude.Como você sabe, o Brasil é um país de muito calor e luz. Solidão é somente para aqueles que desistem. Envelhecer sim, mas com saúde, otimismo e muito amor.
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