quinta-feira, 31 de outubro de 2024

EÇA DE QUEIROZ NO PANTEÃO NACIONAL - 8.1.2025

Aparentemente, a cerimónia terá lugar no próximo dia 8 de janeiro (quarta-feira). Será o final de um processo longo e algo complicado. Resta agora ser preparada a cerimónia, a cargo dos serviços da Assembleia da República. A sala tumular do torreão III, a única que resta para estas homenagens vai passar a ter visitantes a partir do mês de janeiro de 2025.



 

RUBEN AMORIM

Aparentemente, irá sair do Sporting e rumar a Inglaterra. Depois de uma carreira mediana como futebolista, lançou-se como treinador. Rapidamente, mostrou o que sabia.

Achei mais invulgar o primeiro título que conquistou (2020/21) do que o mais recente. Pela surpresa e pelo pragmatismo com que geriu a época e um plantel tido como pouco experiente.

Não comento a questão da saída nem os termos, porque só comento o que conheço. Há um dado que tenho como certo: o pouco salutar ambiente do futebol português tem muito a perder com a partida de Ruben Amorim. É raro ver um treinador resistir à gritaria e manter a calma e a compostura. Um homem com nível. Oxalá a aposta lhe corra bem.


quarta-feira, 30 de outubro de 2024

ÁFRICA(S)

Duas imagens da exposição do MAAT, Black Ancient Futures. Peças de leitura política, como a do zambiano Nolan Oswald Dennis ou a da dinamarquesa de origem caribenha Jeannette Ehlers, não foram suficientes para dissipar o meu ceticismo em tempos de engajamento político radical, mas inconsequente.






terça-feira, 29 de outubro de 2024

CATAVENTOS

Um belo final de tarde na Casa do Alentejo, onde fui convidado a apresentar "Cataventos do concelho de Moura", de Luís Filipe Maçarico e Ana Isabel Veiga. Uma mais que meritória iniciativa da ALDRABA. De levantamentos assim se faz a construção da memória coletiva. Como me sublinhava Cláudio Torres, há muitos anos, este é o "outro património", o que não é o das volutas, o de Veronese, que nao é nem apolíneo, nem de tapetes fofos. É o dos outros...

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

EL WILLIAM KLEIN

Há algum tempo que não via uma exposição com o prazer com que me cruzei com as imagens e os sons de  "O mundo inteiro é um palco". Uma evocação da obra de William Klein (1926-2022). O catálogo será lido mais tarde. Para já, fica a obra notável de um homem que passou pelo foto-jornalismo, pelo cinema, pela publicidade, pela pintura, pelo desenho...

O seu interesse pela vanguarda soviética (em baixo) terá tido reflexos numa obra de 1952 (em cima)? Parece-me que sim, mas eu não sou crítico de arte...


domingo, 27 de outubro de 2024

APOCALYPSE NOW - 45 ANOS SEM UMA RUGA. E CONTUDO...

São quatro longos minutos de silêncio e de som. De bem imaginados raccords, de música dos Doors, da memória de Joseph Conrad. Uma grande início para um dos melhores filmes de sempre. No outro dia mencionei Jim Morrison (1943-1971). Os meus jovens interlocutores não faziam a mais pequena ideia de quem eu estava a falar. Nem tinham visto "Apocalypse Now". Fiquei, sinceramente, desarmado e sem saber que dizer. 


PETRA...

Em Petra apareceu uma sala desconhecida com 12 esqueletos. Toda a gente ficou a pensar o mesmo, não é?...

A palavra nabattiyya aparece numa crónica árabe (Ibn al-Athir, se não me falha a memória) supostamente com o sentido de cristão. Tudo isto é estranho e intrigante.

A fotografia foi feita em dezembro de 2006, depois de uma muita longa caminhada pelos cerros, até ficar quase em frente ao Khazneh.


sábado, 26 de outubro de 2024

STARDUST MEMORIES Nº 79: PUXAR O AR

Noutras eras, muitos carros tinham esta patilha. Os carros, quando estavam frios, tinham a irritante mania de ir abaixo. Uma coisa muito frequente, em particular nos dias de inverno. Escapavam dessa maldição os maravilhosos VW Carocha, que arrancavam e pronto, com aquele inconfundível som de traineira.

A patilha diminuía o acesso do ar no carburador e enriquecia a mistura com mais gasolina (foi essa a explicação que me deram), o que fazia com que o "ir abaixo" fosse menos provável.

Uma senhora minha amiga foi protagonista de uma história dessas, há quase 50 anos. O carro era um Austin 1300. O local era o fim da rua da jopal, em Moura. O dia era um sábado de festa, no princípio de outubro. Ainda se andava de carro no centro da vila nos dias de festa... Receosa de deixar o carro morrer no cruzamento, e ante a habitual aglomeração de público masculino naquele sítio, resolveu, perto do final da rua, puxar o ar e acelerar ao mesmo tempo. Ambos os gestos terão pecado por exagero. Resultado: o motor do Austin 1300 fez um barulho lancinante, semelhante a um Boeing 727 arrancando para a descolagem. Um dos homens à esquina gritou "fuuujaaammm", provocando o riso dos outros, e eram muitos. A senhora jurou nunca mais tocar naquela patilha.

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

E NÃO ARRANJAS UM ASTROLÁBIO AQUI MAIS PERTO?...

A história passou-se há mais de quatro anos, quando se preparava a exposição "Guerreiros e mártires", no Museu Nacional de Arte Antiga. Queríamos incluir um astrolábio feito em data próxima ao ano da morte dos frades fransciscanos (1220 d.C.). Havia vários "aqui perto", mas que estavam indisponíveis, por diferentes razões. Peças existentes em Toulouse, Madrid e Fez não poderiam vir para Lisboa. Consegui mais duas alternativas: um astrolábio feito em 1226/27, em Sevilha, e que está no Los Angeles County Museum of Art; outro, ligeiramente mais tardio (1252, também de Sevilha), pertence ao Museu de Arte Turca e Islâmica de Istanbul. Iria(m) a par com a cópia do mapa de Ibn al-Wardi existente na Biblioteca Pública de Évora.

Quando relatei as pesquisas ao Joaquim Caetano respondeu-me, com ar sardónico, "e no Museu de Mértola ou da Vidigueira, assim mais perto, não há um astrolábio desses? é que o custo de transporte, seguro, courier deve ser o que temos em orçamento para toda a exposição...". Desistimos da ideia, claro.

Vale a pena recordar estes episódios, agora que tanto se fala em financiamentos públicos e privados e quando se acredita que há mesmo, mesmo mecenato...


quinta-feira, 24 de outubro de 2024

QUANDO OS JOGOS TERMINAVAM...

Há muito que isto não se vê.

Quando os jogos terminavam as almofadas alugadas eram arremessadas para as bancadas e para o terreno do jogo. Uma selvajaria, murmurava o meu pai.

Porque razão isto aparece aqui? Porque há imagens de coisas quase esquecidas, de um mundo antigo e bruto, que, de vez em quando, me aparecem. O correr do tempo e o passar dos anos têm destas coisas.


quarta-feira, 23 de outubro de 2024

ERASMO, SAI DO COMBÓIO!

Foi quase com torpor que ouvi o grito, saído do megafone, às 11 da manhã, na estação de Algés. Um homem clamava "Erasmus, get out of the train!", Erasmo sai do combóio. Algo a meio caminho entre o exorcismo e sei lá o quê... Afinal, era só um grupo de estudantes do Programa Erasmus em trânsito para qualquer lado.

O meu amigo António riu a bandeiras despregadas, quando o visitei e lhe contei o sucedido.


terça-feira, 22 de outubro de 2024

DE MONTREAL A OSLO PASSANDO POR PRETÓRIA

Uma manhã um pouco diferente, a de ontem.

Visita guiada para 13 representantes (de quatro continentes!) do corpo diplomático. Estiveram no Panteão as embaixadoras da África do Sul, Alemanha, Canadá, Costa do Marfim, El Salvador, Eslovénia, Irlanda, Noruega, Palestina, Polónia, Sérvia, Suécia e a representante da Comissão Europeia em Portugal.



segunda-feira, 21 de outubro de 2024

SETE ANOS VOLVIDOS...

Termino com a citação de um texto. Ainda e sempre os caminhos. Sublinho, neste caso, decisões pessoais. De “A estrada que não foi seguida”, de Robert Frost: “Duas estradas separavam-se num bosque, e eu / Eu segui a menos percorrida / E isso fez toda a diferença.” Continuarei, com toda a convicção a seguir, solidário e solitário, a percorrer os caminhos em que acredito. Com esta minha terra e com esta minha gente sempre no meu espírito e sempre na minha memória.














Assim me despedi, na tarde de 21 de outubro, das minhas funções públicas em Moura. Retomei o percurso. Com convicção e entre fundas incertezas profissionais. Lancei-me ao trabalho. 2018/2019, na Câmara de Lisboa, 2020 noutra entidade pública, a partir de 2021 no Panteão Nacional. Regressei à produção de publicações (como autor, coordenador ou promotor). Foi, profissionalmente, a melhor parte. Assim traduzida:


2018

Caligrafias, ed. de autor [fotografia] - autor


2019

Mesquitas, ed. C.M. Mértola [fotografia] - autor

929, ed. Tinta da China - co-autor


2020

Moita Macedo [catálogo de pintura] - coordenação

Guerreiros e mártires, ed. Museu Nacional de Arte Antiga [catálogo de exposição] - coordenação


2021

Bolama, ed. Multiculti [fotografia] - autor


2022

Movra Medievalis, ed. Multiculti - co-autor

Panteão & Panthéon, ed. Panteão Nacional [catálogo de exposição] - coordenação

Duarte Darmas - do cálamo ao drone, ed. Multiculti - autor

Mulheres Mecenas, ed. Caleidoscópio - coordenação


2023

Mértola, ed. C.M. Mértola [fotografia] - autor

Thalassa! Thalassa!ed. Panteão Nacional [catálogo de exposição] - coordenação

Caixa Geral de Depósitos - património arquitetónico, ed. Caixa Geral de Depósitos - co-autor


2024

Portugal 1975, ed. Postcart [catálogo de exposição] - coordenação

Sophia por José Manuel dos Santosed. Caixa Geral de Depósitos - coordenação


Foram 14 publicações em sete anos. Deverá haver mais duas até dezembro.

domingo, 20 de outubro de 2024

DO BARROCO AO FADO

O barroco da capa do disco tem menos de 70 anos mas, como dizia a senhora da televisão, "isso agora não interessa nada". A fotografia é muito boa, e o ponto é esse.

Encontrei o CD - já está encomendado... - absolutamente por acaso, ao fazer uma pesquisa sobre outro assunto. É mais uma "peça" para um projeto em marcha.

sábado, 19 de outubro de 2024

FADO DO ESTUDANTE

Tenho um amigo que, em momentos especiais, cantava este fado.
A interpretação não era excelente, mas a dedicação era máxima.


sexta-feira, 18 de outubro de 2024

JOSÉ FRANCISCO

O dia foi há cinco anos. Precisamente hoje, precisamente cinco anos. Era também uma sexta-feira.

Estarás cá sempre.

Estarás na última noite da feira, quando se juntava o grupo todo, até os fiscais nos porem na rua.

Estarás sempre, quando passa na televisão "A canção de Lisboa". Havia alturas animadas em que cantavas o fado do estudante. E não sei o que fiz à gravação daquela tarde de verão, há já cerca de 10 anos.

Estarás cá sempre, na recordação de muitas (mesmo muitas) conversas pessoais, tidas ao longo de mais de 30 anos. A tua família estava sempre nessas conversas.

Estarás cá sempre, quando me cruzo com algumas pessoas em Moura e me recordo dos teus comentários sardónicos. Nessas alturas, dá-me uma terrível vontade de rir e só por me lembrar que já cá não estás é que as coisas perdem a graça.

Estarás sempre, quando me lembro - e lembro-me muitas vezes - dos telefonemas curtos lá na Câmara "não te vás embora sem falares comigo; há aqui coisas para assinares".

Raios partam isto, José Francisco...


(fotografia de Paulo Nozolino)

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

ANTÓNIO JOSÉ SEGURO - versão 2.0

 Foi você que pediu uma ABSTENÇÃO VIOLENTA?

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

SARDINHAS - A VISÃO DOS MAIS NOVOS

Os nossos vizinhos mais novos aqui do lado - EB1 - JI de Santa Clara - vieram fazer uma visita ao Panteão e depois recriaram as sardinhas. Quando as professoras nos mandaram fotografias pensámos "isto não pode ficar por aqui; eles têm de expôr os trabalhos no monumento". E assim se fez, para contentamento de todos.

ULYSSIPONE PEREGRINATIO

A grande surpesa foi a sala estar cheia (25 pessoas a assitir!), apesar da bátega que caía ao final da tarde, em Lisboa. A minha anterior passagem pela sede da Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos tinha sido no dia 22 de junho de 2022.

Tema? Lisboa Islâmica. Mais um capítulo (pessoal) de uma "saga" que já tem cinco anos...


terça-feira, 15 de outubro de 2024

SÍLABA GENTIL

Sim, a loja existe.

E sem, tem este nome.

Palpita-me que é de imigrantes. Até pelo erro no painel.

Mas SÍLABA GENTIL é mesmo fora de série.




segunda-feira, 14 de outubro de 2024

PAÍS DE POETAS

A montra da Florista O Jardim, na Rua Cândido dos Reis, em Sines, tem poemas. De Al Berto, de Luiza Neto Jorge, de Matilde Rosa Araújo... Isto de sermos um país de poetas evoca-me sempre uma cena (a ideia era boa, a cena é fraquinha, como todo o enredo) de um filme português do início da década de 70, onde vemos poemas nas papeleiras.

Aqui, na florist, é bem melhor. Se a loja estivesse aberta, tinha comprado flores. Juro.




domingo, 13 de outubro de 2024

ART-DÉCO SINEENSE

De entre as (muitas) pequenas manias que tenho, uma delas é gostar, imoderadamente, de art-déco. Ontem dei com esta belíssima fachada em Sines. Que não conhecia.

De um texto de Cristina Carvalho (IHA-FLUL): A Primorosa em Sines que, apenas apresenta lettering azul geometrizado sobre fundo branco, recorre nalguns caracteres como o O, P, R e I a uma fonte desenhada em 1929 chamada Broadway,21 sendo metade pintada a cor (preto, na origem) e a outra metade branca. Aqui estamos claramente perante as suas características mais genuínas de Art Déco.

Desgraçadamente, a lente não deu para apanhar a fachada toda.


sábado, 12 de outubro de 2024

SINES, PELA TARDE

Anda-se adiando e fica para o último dia... Coisas lusitanas.

A exposição vai estar no Centro de Artes de Sines até dia 15. Foi uma bela incursão Panteão Nacional / Culturgest fora de portas. O azul do Mediterrâneo e os poemas de Sophia retomados fora de portas. Um projeto literalmente fora da caixa. E que acabou por dar outros frutos.


sexta-feira, 11 de outubro de 2024

UM POEMA DE ABDALLAH IBN WAZIR

Não desesperes de chegar a califa

Pois Ibn Amr foi nomeado inpsetor das alfândegas.

Desgraçada época em que se fazem coisas como esta

Colocar altos cargos nas mãos de um limpador de esgotos...


Este texto abre o setor de poesia do 4º. volume do "Portugal na Espnha Árabe". O livro saiu em 1975, mas estava previsto que tivesse saído antes do 25 de abril. A minha irresolúvel dúvida é: a Censura teria deixado passar?...

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

LAWRENCE WEINER

O nome de Lawrence Weiner  (1942-2021) foi tema de uma conversa, ao final da manhã de hoje. Arte visual, palavras e a linha do Equador. Há conversas que se sabe como começaram. Ver-se-á como acabam.

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

ADEUS, RTP2...

Acho que está claro que a nova proposta do Governo é mesmo para atirar a RTP ao tapete, certo?

E que a RTP2 é mesmo para acabar, certo?

Está tudo bem, não está?


AS DESCOBERTAS NO ÂMBITO CULTURAL DO EL CORTE INGLÉS

Foi ontem, ao fim da tarde. Uma sala completamente lotada para ouvir a explicação do "Museu das Descobertas". Ou seja, as razões de um falhanço. Correu muito melhor do que eu próprio esperava, confesso. A todos os níveis.

E fui surpreendido com a presença de um assessor da atual vereação lisboeta.



terça-feira, 8 de outubro de 2024

DUARTE DARMAS EM BEJA - 14ª.

E vão 14. A partir de dia 10 Duarte Darmas "vai estar" no Castelo de Beja. Fiquei muito contente com o contacto feito pela autarquia e lá estarei.

Creio que a 15ª "sessão" será em Oeiras.



 

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

7.10.1969 - 55 ANOS

55 anos certos. Foi nesse dia o começo do percurso escolar. A escola era na antiga Rua da Assaboeira.

Quatro anos depois, em julho de 1973, tive direito a um diploma igual a este.


ANTÓNIO BORGES COELHO 96

TESTEMUNHO

Não é exagero dizer que a leitura de "Portugal na Espanha Árabe" moldou o meu percurso. Provavelmente, não me teria tornado historiador sem o impacto causado pelas páginas luminosas que António Borges Coelho escreveu para a 1º. e o 3º. volumes da primeira edição dessa obra. Só conheci o Borges Coelho anos mais tarde, já eu era aluno da faculdade. Infelizmente, nunca fui diretamente seu aluno. Estava de sabática, na fase final do doutoramento e tive de me contentar com uma alternativa. Em todo o caso, ele foi um dos meus professores de eleição, com o muito que me ensinou fora da sala de aulas.

O interesse de António Borges Coelho pelo Islão nunca esmoreceu, sendo depois caldeado pelas investigações sobre os Descobrimentos e, sobretudo, sobre a Inquisição, tema da sua tese de doutoramento. Isso mesmo fica claro com as sucessivas reedições de “Portugal na Espanha Árabe” e com a participação ativa nos projetos “Portugal Islâmico” (1998), “Marrocos-Portugal” (1999) e Museu Islâmico, em Mértola (2001). Uma participação solidária, empenhada e militante.

Em 1998, António Borges Coelho prefaciou “O legado islâmico em Portugal”, livro de que, em conjunto com Cláudio Tores, fui autor. Isso deu-me “pretexto” para, anos mais tarde, lhe fazer uma longa entrevista biográfica, publicada, com outros ensaios, no livro “Historiador em discurso directo” (2003), editado pela Câmara Municipal de Mértola.

Poderia repetir aqui tudo o que escrevi no parecer que a Universidade do Algarve me pediu, em 2009, no âmbito da atribuição do grau de “doutor honoris causa” a António Borges Coelho. Em especial no reconhecimento que todos lhe devemos, nos campos cívico, académico e humano.

Parabéns, neste dia do 96º. aniversário.

domingo, 6 de outubro de 2024

AMÁLIA, POR THURSTON HOPKINS

Thurston Hopkins (1913-2014) percebeu muito bem todo o dramatismo de Amália. Como lindamente se vê nesta fotografia de 1958, hoje na coleção da Caixa Geral de Depósitos.

Faz hoje 25 anos que Amália Rodrigues deixou o mundo dos vivos.

sábado, 5 de outubro de 2024

DIA DA REPÚBLICA, 2024

Dia da República no Panteão Nacional.

Assinalando o centenário da morte de Teófilo Braga (1843-1924), numa iniciativa da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Cerimónia presidida pelo Chefe do Estado e que contou com a presença do Presidente do Governo Regional dos Açores, do Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada e do Presidente do Conselho de Administração da Museus e Monumentos de Portugal.

Há dias mais "relax"..., mas tudo correu sem falhas.


sexta-feira, 4 de outubro de 2024

CAMÕES & MAPPLETHORPE

Tanto de meu estado me acho incerto,

Que em vivo ardor tremendo estou de frio;

Sem causa, juntamente choro e rio,

O mundo todo abarco, e nada aperto.


É tudo quanto sinto um desconcerto:

Da alma um fogo me sai, da vista um rio;

Agora espero, agora desconfio;

Agora desvario, agora acerto.


Estando em terra, chego ao céu voando;

Num' hora acho mil anos, e é de jeito

Que em mil anos não posso achar um' hora.


Se me pergunta alguém porque assim ando,

Respondo que não sei; porém suspeito

Que só porque vos vi, minha Senhora.


Dois épicos pela manhã. Luís de Camões (1524-1580) e Robert Mapplethorpe (1942-1989). Uns têm, outros não. Por mais que queiram. E por mais que tentem.


quinta-feira, 3 de outubro de 2024

ARMINDO CARDOSO

É um dos grandes fotógrafos do século XX. Chama-se
Armindo Cardoso e não creio que seja muito conhecido
para lá do mundo dos que gostam de fotografia. Esteve
no Chile de Allende (a imagem é de 18 de setembro
de 1971), foi um homem comprometido com os
combates políticos do seu tempo. Com talento e com
fotografias que são documentos históricos de grande
qualidade estética.

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

OS RIDÍCULOS

6 anos, 11 meses e 10 dias depois de ter deixado funções voltei a ser acusado, na Assembleia Municipal de Moura, de uma coisa qualquer. Em quase todas as sessões a cena se repete. Como em Roma, quando o célebre Catão dizia, sempre, nos seus discursos, destruam Cartago.

Há sempre um amigo que me telefona, no dia a seguir, "olha, voltaram a atirar-se a ti na Assembleia Municipal". Quase fico amuado quando isso não acontece 😂😂😂😂😂.

Fora de brincadeiras, sinto orgulho no trabalho das equipas que integrei, entre 2005 e 2017. Quisessem eles fazer a décima parte do que nós fizemos. Conseguissem eles concretizar coisas que se vejam. O resto - as críticas, os insultos, "o Dr. Santiago Macias era isto e aquilo" etc - só me dá prazer.

O que importa? O futuro, sempre!  Quem olha só para o retrovisor normalmente estampa-se.

UM GENOCÍDIO SEM FIM

Não consigo explicar, racionalmente, porquê, mas esta sucessão de factos no Médio Oriente, causou-me, do ponto de vista emocional, um impacto sem precedentes. Talvez pelo facto de se não se ver um fim neste processo. A não ser o do continuado e selvático extermínio da população palestiniana.

Em vez de imagens recentes, fui buscar esta, mais antiga, de Larry Towell. Porque o massacre é permanente. Retrata a destrruição de uma campo de refugiados, em Jenin, em 2002. Mais de 4.000 pessoas ficaram sem casa, destruídas pelo exército israelita.

Quando falarem destas operações, nomeadamente no sul do Líbano, chamem-lhes incursões, ok? Invasões é noutros sítios...


O PROJETO DO MUSEU DAS DESCOBERTAS - dia 8 (EL CORTE INGLÉS)

Falta menos de uma semana e o texto está terminado.
É uma abordagem prática e concisa ao tema. A questão central é esta: porque falhou?


terça-feira, 1 de outubro de 2024

NO INÍCIO DO ANO ESCOLAR

Nas semanas que antecedem o começo das aulas fico sempre na dúvida: este ano quantos alunos serão? Leciono, no primeiro semestre, uma cadeira de opção, aberta a outras licenciaturas, para além da História. Em 2021/22 houve um recorde de 41 (!), no ano passado eram 17, o número mais baixo desde que regressei à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Este ano são 28…

 

Nos primeiros anos, “arrancava em quarta”. Depois da apresentação do programa e da definição dos objetivos da cadeira – História do al-Andalus – iniciava as sessões, sempre às terças e quintas, sempre às 8 da manhã. Uma prática que é prática (as aulas terminam às 9.45), mas quando chego ao fim do dia o cansaço nota-se. Nos últimos dois anos – e este ano ainda de forma mais enfática – dediquei especial atenção às questões de metodologia da investigação. No fundo, como resolver na prática as questões que a investigação coloca e como se pensa, estrutura e executa um trabalho. Não são aulas exatamente “simpáticas”, mas são necessárias.

 

Questão nº 1: PLANEAMENTO. Falo-lhes sempre de Alfred Hitchcock, que gizava a produção dos seus filmes com tanto rigor, que depois achava a rodagem uma maçada… O planeamento tem de ser preciso e pensado com rigor geométrico (uma amiga em Moura dizia que eu era perfecionista e irascível, sendo que a primeira parte é exagerada e a segunda totalmente falsa). Mas não se começa um trabalho de investigação sem um plano, sem recolha de bibliografia (incluindo listagens de cotas em bibliotecas sff), sem um índice provisório do que vamos fazer, sem uma lista telefónica de colegas a quem recorrer.

 

Questão nº. 2: LOGÍSTICA E EXECUÇÃO. Tudo tem de estar preparado e, minimamente, estar previsto. “Quanto tempo vou levar em leituras?”, “de que recursos vou necessitar?”, “que impacto tem o meu trabalho?”, “como posso passar a minha mensagem?”, são questões que nos ajudam a criar uma logística interna. O improviso – “ah!, não há problema que eu desenrasco-me” –, o trabalho de terreno feito com base em meras intuições, e sem prever todas as variáveis, designadamente o que pode correr bem ou mal, é meio caminho andado para o desastre. Aconselho sempre o maior cuidado na forma de executar. E digo sempre que isso lhes será útil, quer sejam investigadores, professores ou, até, autarcas.

 

Questão nº. 3: AVALIAÇÃO E AUTO-AVALIAÇÃO. Peço sempre que sejam críticos e autocríticos. Que fujam das “inspirações” (insisto sempre que o sucesso de qualquer coisa é feito de 10% de inspiração e de 90% de transpiração), que se preparem, que fujam dos amadorismos e dos resultados de efeito fácil. Recordo-lhes sempre que o conhecimento é essencial e que uma visão global das coisas nos ajuda a perceber onde tivemos sucesso e onde falhamos.


Tenho estes, e outros princípios básicos que aqui não cabem, como essenciais numa atividade académica, profissional ou autárquica. São coisas de que alguns, por absoluta falta de conhecimento (e pela falta de vontade em aprender), por arrogância e por vaidade, se esquecem. Constato isso cada vez mais. O que é pena.


Crónica em "A Planície"




O IMIGRANTE QUE NÃO GOSTA DE IMIGRANTES

O rapaz é imigrante. É português mas não nasceu português. A questão da imigração mexe com ele, porque ele não é português.

Perceberam? OK, então têm mais sorte que eu...