quarta-feira, 8 de junho de 2022

PAULA REGO (1935-2022)

Quatro textos do blogue em que Paula Rego tem um papel principal.
Partiu hoje. Comece-se a escrever. A lenda já teve início.


SÁBADO, 22 DE JUNHO DE 2013

DAME WITH THE GOAT'S FOOT AND OTHER STORIES


The last feed é uma obra recente de Paula Rego. A imagem começou a circular pela blogosfera há pouco mais de uma semana. Um palhaço a mamar nos seios de uma mulher? Um palhaço a mamar nos seios de uma mulher enquanto se coça despudoradamente? O universo de Paula Rego não é muito dado a subtilezas. Conheço uma pessoa que o classifica de "boçal". Embora a palavra boçalidade cubra um lote de equívocas designações.

Até aí, vá que não vá. Mas então não é que o palhaço que mama nos seios e se coça se parece com o... Parece, não parece? É mesmo a cara do...

Uma pintora zangada e com um ácido sentido de humor é uma coisa terrível...


DOMINGO, 14 DE ABRIL DE 2013

ESQUIZOFRENIA


António José Seguro, a mais preocupante nulidade da política nacional, ganha as primárias do seu partido com 95%.

Miguel Relvas é louvado, sabe Deus porquê, pelo conselho nacional do seu partido.

Paula Rego, nome cimeiro da pintura mundial, exige a devolução das suas obras, porque a fundação que dava sentido ao projeto da Casa das Histórias foi extinta.

Tenho visto governantes em centros comerciais. Nunca vi nenhum numa exposição, num concerto, numa biblioteca ou numa livraria. O que se passa com Paula Rego tem a ver com o resto.




SEXTA-FEIRA, 18 DE SETEMBRO DE 2009

PAULA REGO

Quando era miúdo tinha medo de ver os documentários televisivos sobre museus. Tinha medo daquelas salas sempre vazias - e na altura não percebia porque é as salas estavam tão lugubremente vazias - e do movimento da câmara de filmar em lento travelling. Na altura não sabia o que era um travelling mas ficava sempre à espera que o homem do saco saísse detrás de uma das vitrines. A sensação de medo era acentuada pela iluminação das peças e pela sua dramatização. Efeito esse que se acentuava especialmente quando se tratava das máscaras africanas. Guardo memória de um programa intitulado Universidade na TV. Teve mais influência no meu percurso de vida do que na altura poderia remotamente imaginar.
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A sensação de estranheza ante o vazio, tornar-se-ia, mais tarde em fixação, em particular na obra de De Chirico. E, anos depois, na de Paula Rego (n. 1935). Do ponto de vista formal, nunca me pareceu uma pintora muito portuguesa (e porque ou como o haveria de ser?, depois de tão prolongada estadia no Reino Unido e de uma tão profunda imersão na cultura britânica). Algumas das paisagens que cria têm a mesma sugestão do vazio e do desconhecido que, desde sempre, me perseguem. Os seus quadros suscitam-me, tal como os documentários da infância, uma sensação de estranheza e de desconforto. E neles transparecem o realismo mágico, uma sexualidade que, não raro, roça a perversão, os contos de infância e os sonhos de infância tornados em pesadelo, a ambiguidade.
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Paula Rego é um nome maior da pintura mundial. O seu museu - projecto de arquitectura de Eduardo Souto Moura (n. 1952) e sob a direcção científica da historiadora de arte Dalila Rodrigues -, a sua Casa das Histórias, é inaugurada hoje à tarde, em Cascais. Fica aberta todos os dias, das 10 às 22. A entrada é gratuita. Não há desculpas.

De consulta obrigatória: http://www.casadashistoriaspaularego.com/





TERÇA-FEIRA, 20 DE FEVEREIRO DE 2018

JORGE SAMPAIO, POR PAULA REGO

Interessantíssima, a entrevista de Paula Rego ao The Guardian, hoje. Achei divertida esta passagem, a propósito do retrato que fez ao Presidente Jorge Sampaio: "Painting the portrait of the president of Portugal, Jorge Sampaio, nearly killed me. We started working in the studio of the last king of Portugal: he’d been a very good painter and had a studio in what is now the president’s official residence. It was quite impossible – people kept coming in and saying, “That arm isn’t quite right”, or, “His nose isn’t like that.” In the end I said: “Maybe we should go somewhere else.” We went to a room full of glass cupboards and I worked very hard". Benditos assessores, que tanto sabem de pintura...

Texto integral aqui:
https://www.theguardian.com/artanddesign/2018/feb/20/paula-rego-painting-all-too-human-tate-britain-germaine-greer

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