domingo, 31 de outubro de 2010
DILMA PRESIDENTA
sábado, 30 de outubro de 2010
RIO BRAVO
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Os Cahiers du Cinema veneravam Howard Hawks, mas um dos seus primeiros apoiantes foi o crítico Manny Farber (1917-2008) que se celebrizou pelo ataque furioso aos "búfalos do cinema artístico", de entre os quais citava George Stevens, Billy Wilder, Vittorio De Sica e Georges Clouzot. O tempo deu razão a Farber.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
A COMPRESSÃO ESPAÇO-TEMPO: APLICAÇÃO PRÁTICA Nº 1
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Espaço e tempo comprimem-se. Ou baralham-se, como no divertido conto de Mário de Carvalho A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho, que pode ser lido aqui.
8760
QUEST
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Minha aldeia é todo o mundo.
Todo o mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence.
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Bate o sol na minha aldeia
com várias inclinações.
Ângulo novo, nova ideia;
outros graus, outras razões.
Que os homens da minha aldeia
são centenas de milhões.
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Os homens da minha aldeia
divergem por natureza.
O mesmo sonho os separa,
a mesma fria certeza
os afasta e desampara,
rumorejante seara
onde se odeia em beleza.
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Os homens da minha aldeia
formigam raivosamente
com os pés colados ao chão.
Nessa prisão permanente
cada qual é seu irmão.
Valências de fora e dentro
ligam tudo ao mesmo centro
numa inquebrável cadeia.
Longas raízes que emergem,
todos os homens convergem
no centro da minha aldeia.
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António Gedeão (1906-1997)
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No termo de uma semana difícil e contraditória o balanço oscila entre o Road to Nowhere e a Minha Aldeia. Entre procuras, caminhadas, certezas e dúvidas se faz o tempo.
Road to Nowhere é um brilhante tema dos Talking Heads e saiu no ano em que estava a terminar a faculdade, faz agora 25 anos. O poema de António Gedeão é simbles e bonito, embora ele não seja um autor do cânone - diz uma amiga minha que sabe de literatura e eu acredito nela.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
UM APÓLOGO
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?
— Deixe-me, senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
Lembrei-me hoje deste texto do grande Machado de Assis (refiro-me ao escritor, falecido em 1908, a quem Pedro Santana Lopes, então Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, enviou um cartão , agradecendo-lhe um livro que chegara ao seu gabinete na autarquia). Estava no meu livro de leitura da 4ª classe e nunca mais o esqueci. Vale, às vezes, irmos buscar estas coisas da arca da nossa memória. Todos estes textos nos ensinam sempre qualquer coisa.
TARIQ AZIZ
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
DIVERTE-FOCINHOS
Se traduzirmos directamente amuse-gueule dá diverte-focinhos (em português dizemos entreténs de boca, o que é bem mais prosaico)... Os franceses têm coisas destas, um pouco bizarras e engraçadas.
O FADO, TIPO SOPA DE JOEL ROBUCHON
terça-feira, 26 de outubro de 2010
FROM AMARELEJA WITH LOVE
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Por razões profissionais, não pude estar presente no encontro com a população que teve lugar naquela vila. Perdi, assim, a oportunidade de assistir a um momento único. A dada altura, o Presidente da Junta de Freguesia, António José Valadas Gonçalves, entendeu por bem ler em voz alta, e comentar publicamente, em tom chocarreiro e com piadas laterais, o teor de um pacífico mail que eu lhe remetera há uns meses. O mail era pessoal (do vereador para o presidente da junta) e abordava uma série de questões que ele próprio me colocara sobre diversos assuntos da freguesia.
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Sobre a elegância da atitude, nada mais há a comentar. Fica o aviso: quem enviar mails (não sei se o princípio se aplica a outros documentos) ao Presidente da Junta da Amareleja arrisca-se a que os mesmos possam vir a ser publicamente divulgados.
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NB: não serão publicados comentários sobre o teor deste texto.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
O VIAJANTE SEM SONO
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A fotografia é de Oben Antón (n. 1978). Uma fotografia lisboeta deste autor é a capa do livro. Espreitem o site: www.obenanton.com
DIANTE DO MAR
Perante linhas que se despenham
numa desarticulação cadenciada
um pensamento, mesmo o mais trivial
coloca-nos no centro de uma tempestade
Um reino subterrâneo
avança a intervalos pela casa fora
emerege muito lentamente
o declive
que para sempre nos separa
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Imagina que tudo isto ocorre antes do próximo Inverno
E mesmo ao escurecer estás diante do mar
O mar como nunca antes o viste
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
DE RODRÍGUEZ
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Vai ser mais ou menos assim, vendo filmes na solidão da capital:
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Sábado é dia de Joris Ivens (da guerra sino-japonesa ao quotidiano no Mali) e de Miguel Clara Vasconcelos (a vida de um pugilista que perdeu a visão). Domingo é a vez de Jørgen Leth e da maneira como viu o caótico Haiti, um dos sítios neste planeta que mais curiosidade tenho em conhecer. Desde a leitura de uma certo livro de Graham Greene...
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O blogue volta à vida na segunda-feira. Se o WHPO (2º Encontro Internacional - Património Mundial de Origem Portuguesa) o permitir.
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O DOCLISBOA termina domingo: www.doclisboa.org
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O Encontro começa amanhã e vai até terça: www.uc.pt/whpo
MFS - PAINEL 100.000
Parabéns e votos de sucesso à MFS.
GREED
A leitura do Orçamento do Estado não é leitura que se recomende. Verlaine, ou qualquer outro poeta, é infinitamente mais interessante. Não resisto, contudo, a transcrever este artigo, para o qual um amigo, gestor financeiro, me chamou a atenção:
Artigo 88.º
Concessão extraordinária de garantias pessoais do Estado
1 - Excepcionalmente, pode o Estado conceder garantias, em 2011, nos termos da lei, para reforço da estabilidade financeira e da disponibilidade de liquidez nos mercados financeiros.
2 - O limite máximo para a autorização da concessão de garantias previsto no número anterior é de € 20 181 583 965,10 e acresce ao limite fixado no n.º 1 do artigo 77.º.
3 - Este limite é reduzido no exacto montante das operações activas que venham a ser efectuadas em 2011, ao abrigo da Lei n.º 8-A/2010, de 18 de Maio.
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Ou seja, o Governo ou, melhor dizendo, nós somos fiadores da banca. No outro dia Teixeira dos Santos falava da "insaciabilidade dos mercados". Está agora ainda mais claro aquilo a que se referia. Nós (eu e você que me lê) somos a garantia dos eventuais buracos da banca. Habituemo-nos. Ou não.
Ilustrar esta situação com a sequência final de Greed (Ganância), realizado em 1924 por Erich von Stroheim (1885-1957), parece-me conveniente. A ganância e a sede do ouro levam à morte. Embora, no caso vertente, sejamos nós a representar os dois condenados. Os abutres que não tardarão a surgir são os outros.
Vale a pena ver o filme todo, embora vos confesse que a minha memória reteve apenas esta poderosa sequência final. Vale também a pena ler um pouco sobre este filme. A rocambolesca história da sua produção, e os fragmentos de que hoje dispomos, assemelham-se um pouco ao percurso pouco linear dos benditos mercados financeiros.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
O BEIJO
Vivo acompanhamento no piano dos dentes
Dos refrãos que Amor canta nas almas ardentes
Com a sua voz de arcanjo em lânguidas delícias!
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Divino e gracioso Beijo, tão sonoro!
Volúpia singular, álcool inenarrável!
O homem, debruçado na taça adorável,
Deleita-se em venturas que nunca se esgotam.
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Como o vinho do Reno e a música, embalas
E consolas a mágoa, que expira em conjunto
Com os lábios amuados na prega purpúrea...
Que um maior, Goethe ou Will, te erga um verso clássico.
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Quanto a mim, trovador franzino de Paris,
Só te ofereço um bouquet de estrofes infantis:
Sê benévolo e desce aos lábios insubmissos
De Uma que eu bem conheço, Beijo, e neles ri.
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Paul Verlaine, in "Caprichos"
Tradução de Fernando Pinto do Amaral
terça-feira, 19 de outubro de 2010
RAPAZ COM UM CACHIMBO
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E logo eles, que tanto gostam de citar o exemplo dos States, deveriam saber que as colecções dos maiores museus americanos foram constituídas com através de generosas doações de milionários. Não sei se o sr. Belmiro ou o sr. Amorim alguma vez tiveram semelhante inspiração. Mas tenho seríissimas dúvidas.
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Este Garçon à la pipe, pintado por Pablo Picasso (1881-1973) em 1905, foi vendido por uma fundação a um privado (hélas, o mundo não é perfeito...), em 2004, por 104 milhões de dólares (120 em números actuais). É o sexto quadro mais caro de sempre.
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FILANTROPIA
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Há uns anos, o director de um museu nacional, um profissional dinâmico e com um currículo assinalável, contou-me que tentou obter, para uma iniciativa de grande visibilidade, o apoio, nem por isso muito significativo do ponto de vista financeiro, de uma conhecida multinacional. Teve como resposta qualquer coisa como: "sabe, nós já apoiamos todos os anos a entidade xis (uma instituição de solidariedade social)". Ainda e sempre a caridadezinha. Gulbenkian não era português e Champallimaud uma assinalável excepção.
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domingo, 17 de outubro de 2010
DO GHARB AO ALGARVE: INSCRIÇÕES ÁRABES DE MOURA
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MÉRIDA - X: CALLE JOHN LENNON
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Se passarem por lá e houver carpaccio dêem-lhes cumprimentos da minha parte.
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O carpaccio é um prato de carne de vaca crua (na origem, que hoje em dia os chefs "carpacciam" tudo o que lhes apetece: bacalhau, atum, espadarte etc), cortada em finíssimas fatias e temperada com azeite, pimenta e alcaparras. Também se usa mostarda, mas o gosto forte deste condimento acaba, na minha opinião, por aniquilar os outros sabores.
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O prato deve o nome ao pintor veneziano Vittore Carpaccio (1460-1525/6), mas as razões dessa atribuição são controversas.
sábado, 16 de outubro de 2010
ABERTO ATÉ DE MADRUGADA
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Coincidência ou não, raras vezes um título me pareceu tão apropriado. É que Aberto até de madrugada é a versão portuguesa do filme de vampiros From dusk till dawn. No final do final, e se bem me recordo, ganham os bons e os vampiros são liquidados. Tenhamos esperança e lembremo-nos que para arrumar os vampiros George Clooney se farta de batalhar. Sigamos-lhe o exemplo.
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sexta-feira, 15 de outubro de 2010
AS MINHAS ESCOLAS NO RANKING
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Deu-me para ir procurar as minhas escolas no ranking das escolas:
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A Escola Preparatória do Conde de Sabugosa, hoje Escola EB2+3 de D. Pedro IV (em Massamá) está em 32º lugar no básico, o Liceu Nacional de Queluz, hoje Escola Secundária Padre Alberto Neto em 183º lugar, na lista das secundárias. Frequentei a primeira entre 1973 e 1975, o segundo entre 1975 e 1980.
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Tenho aceitáveis recordações de ambas, não tenho saudades nem suspiro nostalgicamente quando nelas penso. Conservo duas ou três amizades para toda a vida desses dias. Sinto-me, sobretudo, grato pelos professores com quem me cruzei e que, com paciência, me ensinaram. A minha gratidão não chega ao ponto, e deveria chegar, de me recordar do nome de todos eles. Aqui vão alguns deles: Isabel Soares, a minha primeira professora de Francês e a mais importante na aproximação a essa língua; Carlos Chagas (hoje secretário-geral do SINDEP), que me passou, caritativamente, a Ginástica; Manuel dos Santos Alves, que me ensinou a gostar de História; Altino Cardoso, que aliava a prática do ensino do Francês à animação musical de certas aulas; Esther de Lemos, de um rigor exigente na tradução de textos; a bondade do Padre Alberto Neto, que me ensinou muito sobre a palavra tolerância (e nem sempre me lembro do que ele me ensinou...);
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Ver: http://www.eb23-massama.rcts.pt/home.htm e espan.edu.pt
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
DOCLISBOA: IVENS E LETH E TODOS OS OUTROS
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Não sei se foi por causa desse programa televisivo, mas o registo do quotidiano ficou-me gravado. Muitas tardes da adolescência e dos tempos de adulto foram passadas em solitárias incursões na Cinemateca e na Gulbenkian por causa dos benditos documentários. Um, em especial, me ficou gravado: Spanish Earth (1937), do holandês Joris Ivens (1898-1989). Não só pelo empenhamento político, mas também pela coragem pessoal de um cineasta que se compromete de forma directa na acção. Não há visões neutras nem distantes dos problemas e Joris Ivens mostra-nos isso, com aquele empenhamento e com aquela tenacidade tão típicas dos holandeses. Verei, no DOCLISBOA, dois filmes de Ivens. E irei à descoberta de Jørgen Leth (n. 1937), um dinamarquês que estará no centro das atenções, até pelo facto de orientar uma masterclass no próximo dia 18. Os filmes a ver estão escolhidos. Interessam-se os ambientes não europeus. Aqui fica, em jeito de introdução, o começo de um documentário de Joris Ivens, ... À Valparaiso, de 1963:
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Ver
http://www.doclisboa.org/ (os bilhetes custam 3,5 euros)
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e
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http://www.ivens.nl/
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
AINDA OS 30 ANOS DE ARQUEOLOGIA EM MÉRTOLA
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Dias 5 e 6 de Novembro assinalam-se os 30 anos do projecto de Mértola. Que começou pelo campo arqueológico e pelas escavações da alcáçova. Que teve na investigação e na arqueologia o ponto de partida. A minha primeira passagem por aqui teve lugar em finais de 1982. Iniciei uma efectiva participação no projecto no Verão de 1983. Andávamos por lá todos: o Miguel Bento, que vinha de Alcaria numa V5 ou numa Casal; o Jorge Revez, que se encarregava de escavar sepulturas; o Manuel Passinhas, que tinha a seu cargo as cerâmicas, a Gena, que ainda era arqueóloga nesses tempos, o José Bento, o Carlos Viegas, a Guilhermina, a Maria João (falo só do grupo mertolense) e tantos outros. O tempo se encarregaria de nos dispersar por carreiras, instituições e escolhas de todos os tipos. É também isso que vamos comemorar nesses dias. As minhas melhores recordações são as do campo arqueológico desses dias. Que cada um fale das suas, bem entendido.
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Ver, dentro de um par de dias: www.camertola.pt e www.adpm.pt
O CARLOS JÚLIO TEM RAZÃO
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http://acincotons.blogspot.com/2010/10/nobel-da-paz-nao-conheco-mas-para-estar.html
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Quanto ao Prémio em si valerá a pena recordar que já distinguiu: Henry Kissinger, Al Gore, Jimmy Carter, Kim Dae-Jung, Willy Brandt, George Marshall etc. etc. Estamos conversados sobre o interesse de coisa...
ESCOLA SECUNDÁRIA DE MOURA: SEGUNDO FÔLEGO
Ver o site do arq. Nuno Lopes: http://www.nurilo.com
assim como, evidentemente, o site http://www.esmoura.com/ e o blogue da Escola http://esmoura.blogspot.com/
terça-feira, 12 de outubro de 2010
ACARRO
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ACARRADO - Propriamente se diz das ovelhas quando no abrazado da calma se chegão humas às outras (...)
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A palavra acarro é interessante. Tem uma mancha geográfica limitada (Alentejo e Beira Baixa, tanto quanto julgo saber) e está hoje em vias de extinção, uma vez que o abandono dos campos levou a que cada vez menos jovens conheçam o significado de acarro ou acarrado.
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Há uns anos encontrei uma palavra de som idêntico num dicionário botânico sobre as plantas do Norte de África: aqarru, que significa figueira, numa das variantes da língua berbere. Fiquei, desde então, convencido acerca da ancestralidade e singularidade do nosso acarro. E, embora possa estar equivocado, fiquei também com a convicção que a palavra entrou na língua portuguesa por influência berbere. E, ainda, que há uma ligação estreita entre a sombra densa da figueira e a imagem dos animais que, encostados uns aos outros, se protegem da dureza do sol sob a copa de uma árvore.
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Fotografia: Francisco da Vide in http://fotografosdeelvas.blogspot.com
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
LEVEZA
e a sua sombra voante,
mais leve.
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E a cascata aérea
de sua garganta,
mais leve.
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E o que se lembra, ouvindo-se
deslizar seu canto,
mais leve.
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E o desejo rápido
desse mais antigo instante,
mais leve.
E a fuga invisível
do amargo passante,
mais leve.
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MÉRIDA - IX: AQUEDUTO(S)
SÁBADO À TARDE
domingo, 10 de outubro de 2010
DOMANI
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Porque usei a palavra italiana para amanhã? Porque vinha hoje no carro a ouvir um cd onde Frank Sinatra interpretava uma versão de Forget domani (coisa que não posso mesmo fazer). Gosto muito desta música, embora a prefira na versão de Katyna Ranieri (n. 1927), que era a do filme O Rolls-Royce amarelo, visto no Cinema Mundial em 1976 ou 1977. Não tenho grande memória do filme, a não ser uma cena de George C. Scott, que fazia de gangster, cantando desastradamente O sole mio.
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Viviamo oggi, chi lo sá c'è il domani. Podem ouvir Katyna Ranieri aqui.
ABRINDO UMA EXCEPÇÃO
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
À ESPERA DE UM DESMENTIDO
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Isso não tem nada a ver com uma obscenidade que hoje corre pela net e que fui picar a um blogue amigo, o ACINCOTONS. Salários desta dimensão (cf. lista) são um exemplo acabado de ganância e de falta de respeito para com a sociedade.
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Os nossos gestores de topo (a avaliar pelo estado desgraçado de algumas empresas públicas não sei muito bem o que eles topam...) gostam, por dá cá aquela palha, de dar o exemplo dos países nórdicos: a Dinamarca isto, a Suécia aquilo, bla-bla-bla.
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Não me parece mal o exemplo. Sigamos o exemplo: os CEO - não falo dos simples administradores - das 23 maiores empresas suecas (incluindo as financeiras) têm salários mensais da ordem dos 110.000 euros. A avaliar pela escala portuguesa devem ser uns incompetentes do caraças... Tendo em conta o subdesenvolvimento sueco só pode ser isso.
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FOTOGRAFIA TALVEZ ALEXANDRINA
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Deixo-vos com este testemunho, enigmático e contraditório e que nos decifra um pouco do orientalismo, de uma mulher, seguramente bela, provavelmente jovem e talvez de Alexandria.
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ALEXANDRIA
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Lembrei-me hoje deste excerto do livro O meu chapéu cinzento - pequenas geografias, de Olivier Rolin (n. 1947). Depois de o ter lido, e ter revisitado Pharos e Pharillon, fiquei com uma daquelas certezas inabaláveis que um dia irei a Alexandria. Pelo que leio e me contaram é uma cidade demasiado generosa para que a possamos disfrutar na solidão e de uma só vez.
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A forma como Rolin conclui a frase deixa-me dúvidas. O envelhecimento das cidades, tal como o de algumas pessoas, acrescenta-lhes, e se outras coisas se perderam, charme e calor. É uma lei cuja veracidade tenho podido constatar, mais que uma vez.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
VARGAS LLOSA - NOBEL
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Vargas Llosa é, quase sempre, detestado à esquerda. Isso não o impediu de escrever um dos mais interessantes relatos sobre a questão palestiniana: Israel-Palestina, paz ou guerra santa. Saiu na já desaparecida edições quasi; foi o último livro dele que li.
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SÁBADO MUSICAL - II
SÁBADO MUSICAL - I
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No outro dia, e por acaso, caí nos braços da RÁDIO AMÁLIA. Fado a tempo inteiro. E não é desse que está cheio de world music e de tiques de jazz (que não é nada mau, antes pelo contrário). É fado cantado à sombra da igreja de Santo Estêvão, fado de Alfama e da Madragoa. Fado de Manuel de Almeida e de Alcindo de Carvalho e de Lucília do Carmo.
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A RÁDIO AMÁLIA faz um ano no sábado. Só é sintonizável em Lisboa (92.0 FM) e em Setúbal (100.6 FM). Mas está na net.
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Ouça-se na net:
http://www.amalia.fm/
e, também, sejamos tolerantes
http://www.radiole.com/
NATÁLIA E JOSÉ
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O problema não está aí mas na ilusão em que se vive: Natália de Andrade (1910-2004) viveu até ao fim na ilusão de ser uma grande soprano, José Sócrates tem a ilusão de ser um estadista visionário.
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Ouçamos Natália de Andrade:
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Natália de Andrade "canta" Di tale amor, do 1º acto de Il trovatore, de Giuseppe Verdi. Na realidade, o que Leonora repete é per esso morirò e não per esso vivro, título que surge na peça televisiva. Repare-se que Shegundo Galarza não perde a compostura... Há outras peças notáveis: o rouxinol e o nosso amor é verde. Os verdadeiramente fanáticos podem recorrer a http://nataliadeandrade.com.sapo.pt/