domingo, 28 de julho de 2019

MILREU

São 16 horas e não se vê vivalma. Não está muito calor, mas as ruínas de Milreu estão desertas. "Cuidado com as vespas", avisara o cordialíssimo funcionário da receção. Mas nem essas dão sinal de vida, no meio da tarde. Quanto mais os anos passam, mais me convenço que um centro interpretativo, com bons e claros painéis, mais um percurso razoavelmente assinalado e uma estação arqueológica limpa e visitável, não chegam para "fazer" um sítio. Tardamos em colher experiências e em aplicá-las. Quarenta e cinco anos depois do 25 de abril estamos ainda no ponto de partida.

No meio da visita, dou com uma fotografia do Dr. Theodor Hauschild. O que será feito dele? Como verá tudo isto, do alto dos seus 90 anos? A escavação de Milreu foi mais além - ou vai mais para cá - do período romano. Dos pagãos passou aos cristãos, depois aos muçulmanos. Dois fustes com inscrições em árabe são a prova tangível daquilo que há muito se sabe. Que as grandes villas romanas tiveram ocupação continuada até ao período califal.

Uma hora mais tarde, o sítio continua deserto. E à espera de visitantes que tardam em chegar.


Sem comentários: