sábado, 31 de outubro de 2009

HALLOWEEN

Hoje é a noite do Halloween, mais uma daquelas importações tolas e sem sentido. Em jogada de antecipação "a vereadora da Cultura da Câmara de Cascais explicou hoje que a não continuidadade da historiadora Dalila Rodrigues da Casa das Histórias Paula Rego se deveu à falta de consenso do conselho de administração do espaço. A historiadora ocupava funções na Comissão de Instalação da instituição mas, com a sua transformação em fundação, “a nomeação do director tem de ser consensual no ambito do Conselho de Administração e tal não foi possível, pelo que a mesma não será nomeada para o cargo”, disse Ana Clara Justino." (fim de citação do Público on-line)
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Sendo bem conhecida a forma como se trabalha na Pátria não é preciso ser muito arguto para se perceber que há aqui qualquer coisa mal contada. E mesmo tendo em conta que as fundações são soberanas é, no mínimo, de bom tom explicar porque se dispensa uma profissional qualificada e com provas dadas. Por uma questão de transparência e de cultura democrática.
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A cultura é um peão noutros jogos de interesses? Ora abóbora...

REVISÃO DE TEXTOS

Do Público de hoje:

Hoje fazem anos

Lorperit nulput accum vulla feu facilis adipis dolor si blaor iusto dolor ipit in henisl dolobor sustio esequit te dolorem velendigna faci esequis num iriuscidunt iustie min exeros et velit dolor iurem veros diam del ipissectem ver iuscipis am iriure ea commy nonse del do con ullum dolor summodo od te ming erating ex
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Das duas uma: ou hoje ninguém faz anos ou os revisores meteram, escandalosamente, o pé na argola. O momento final de produção de um jornal ou de um livro é, sempre, uma altura de risco e sujeita a grandes asneiras. Sei, por experiência própria, o que isso é.

O episódio seguinte foi-me contado por um designer, a propósito da impressão de uma conhecida revista cultural, já desaparecida. Por qualquer razão, resolveu esse meu amigo fazer uma última leitura do que estava em pré-impressão, poucos momentos antes das rotativas começarem a imprimir. Foi aí que reparou que uma fotografia de um biombo namban tinha como legenda a frase Biombo namban onde se vêm vários jesuítas em vez de Biombo namban onde se vêem vários jesuítas. Deu um berro e mandou parar as máquinas. Ainda a tempo de evitar que uma tiragem de 10.000 exemplares fosse direitinha para o lixo. Sobretudo a tempo de evitar sérios embaraços ou algum enérgico protesto por parte da Companhia de Jesus.

PELO SONHO É QUE VAMOS

Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.
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Sebastião da Gama, um poeta extraordinário, merecia seguramente mais que ser citado a propósito da tomada de posse em que acabo de participar. Na próxima reunião de câmara, a ter lugar no dia 4 de Novembro, assumiremos, em pleno funções. O desafio é, será, sempre, converter os sonhos em realidade. É pelo esforço que vamos, também.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

BRIEF ENCOUNTER

Quando me lembro do nome de David Lean (1908-1991) há uma palavra que surge de imediato: classe. D. Lean foi dos poucos que não deixou que o seu talento submergisse ante o espalhafato dos meios que, regularmente, foram postos à sua disposição. Foi assim que construiu uma das mais elegantes carreiras do cinema anglo-americano, onde se destacam Lawrence da Arábia (1962) e Passagem para a Índia (1984). E este Breve encontro (1946), a sua quarta longa-metragem. Rodado aos 38 anos é um filme de uma enorme e angustiosa maturidade. A última cena é uma despedida, um momento que não terá retorno. Não é preciso explicar de que trata o filme.
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A música de Rachmaninov - o segundo andamento do Concerto nº 2 para piano e orquestra acompanha todo o filme e acentua a sua melancolia - sublinha aqui na perfeição o desencontro do momento e a impossibilidade do futuro, numa das cenas mais tristes de toda a História do Cinema.
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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

30 DE OUTUBRO - 21 HORAS

Um virar de página na vida dos orgãos autárquicos. A Assembleia Municipal de Moura e a Câmara Municipal de Moura tomam posse amanhã, dia 30, pelas 21 horas.
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O acto terá lugar no Cine-Teatro Caridade.
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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

UMAR-I KHAYYAM e EDWARD HOPPER

A cáfila da vida passa estranhamente,
Ajuda-a a gozar as alegrias.
Não tenhas pena de nós, ó sáqi,
Enche-nos a taça que a noite se vai embora.
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Não tenhas medo dos infortúnios de hoje,
Não tenhas dúvidas, o tempo os apaga.
Se tiveres um momento oferece-o à alegria,
O que virá depois, deixemos para o depois.
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O Outono é tempo de celebração. As festas das vindimas e o anúncio do vinho novo preparam-nos para um Inverno que não tarda. Neste jogo de diferenças entre o frio do tempo e o vinho que nos aquece dá vontade de vincar ainda mais os contrastes. O lirismo do poeta e matemático persa Umar-i Khayyam (1048-1132) e o realismo de Edward Hopper (1882-1967). As quadras do poeta, muitas delas odes ao vinho, quase todas marcadas por um hedonismo acentuado, estão distantes do silêncio de Le bistro ou The wine shop, pintado em 1909. Mas a verdade é que os contrastes são sempre estimulantes.
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51 são as quadras de Umar-i Khayyam publicadas em Ruba'iayt, na edição da Assírio & Alvim, datada de 2009. A tradução, a partir do persa, é da responsabilidade de Halima Naimova.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

DA CASA DAS HISTÓRIAS À CASA DAS LUZES

O dia nasceu sob vários equívocos. O menos sério foi ter entrado no Turismo de Cascais e ter perguntado como se ía para a Casa dos Sonhos e para o Farol de Santa Maria. A miúda, simpática, sorriu e discretamente disse-me qual o caminho para a Casa das Histórias e para o Farol de Santa Marta, que fica ao lado da casa de Santa Maria.
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Viva Cascais era o lema de António Capucho. Bem pode dizê-lo, com estas duas intervenções. O centro de exposições que alberga obras de Paula Rego é um projecto de Eduardo Souto Moura (n. 1952), que tanto vai buscar inspiração à arquitectura dos palácios - a evocação das chaminés de Sintra vertidas nos dois volumes piramidais, que aqui entre nós me evocam um tanto mastabas e arquitectura funerária -, como à cor da terra. A volumetria interna vai num decrescendo de escalas, desde as salas de maior pé-direito a outras onde estão as gravuras e outras peças de menor dimensão física. O museu tem uma magnífica loja e uma cafetaria onde dá vontade de ficarmos perdidos no tempo a ler um livro.
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A reabilitação do farol de Santa Marta é outra obra digna de registo e de visita. A partir do edifício existente, os irmãos Aires Mateus lançam uma série de novos volumes - de uma brancura mais mediterrânica que atlântica - que albergam uma exposição de grande qualidade, da responsabilidade científica de Joaquim Boiça (n. 1958), sobre faróis e sistemas de alumiamento da costa. O projecto é mais discreto, e de menor impacto mediático que o anterior. Mas nem por isso é menos importante.
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Era domingo à tarde e os dois sítios estavam cheios de visitantes. A arte vale a pena. A reabilitação também. Fazer as coisas com qualidade mais ainda.
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A referência concreta a estes trabalhos tem uma razão de ser. Os irmãos Aires Mateus são os autores do discutido edifício da Praça Sacadura Cabral, em Moura. Edurado Souto Moura está a desenvolver o projecto para a piscina da Amareleja. Aqui se reafirma um princípio que temos defendido: para o nosso concelho queremos os melhores. Dentro de dias terei o prazer de listar no blogue os projectos, executados ou em curso, promovidos ou não pela autarquia, que estão a ser desenvolvidos no concelho de Moura.
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A Casa das Histórias (imagens de cima) e o Farol de Santa Marta (imagens de baixo).

Detalhe "picante": os arquitectos não dominam, por norma, a especificidade do design de comunicação. Uma "suspeita" que tenho vindo a confirmar e que tem um ponto alto nestas duas intervenções.

ABASTECIMENTO DE ÁGUA - CAPÍTULO QUASE FINAL

A Câmara Municipal de Moura entregou na passada semana à Águas Públicas do Alentejo S.A. o projecto referente ao abastecimento de água em alta, o qual abrange cinco das oito freguesias do concelho de Moura. Este acto representa mais um importante passo para o melhoramento do abastecimento de água à população do concelho.
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O concurso lançado por duas vezes pela autarquia teve de ser anulado por dificuldades de ordem administrativa que estão agora ultrapassadas. O investimento global desta fase das obras ultrapassa os dois milhões de euros. A obra deverá estar finalizada durante o ano de 2010.
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Cumpre-se assim mais um dos objectivos programados pela Câmara Municipal. Outras metas estão já definidas.
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domingo, 25 de outubro de 2009

OBJECTIVAMENTE FALANDO...

1. A CDU tinha 32 câmaras, agora tem 28;
2. Tinha duas capitais de distrito, agora tem uma;
3. No distrito de Beja tinhamos 34 mandatos, agora temos 33, e esta parte até nem é a pior, porque perdemos Beja e Aljustrel e apenas recuperámos Alvito;
4. "Andorinhas" como Moura ou Santiago do Cacém não fazem a Primavera;
5. A nível nacional passámos dos 203 mandatos para 174;
6. Nas assembleias municipais recuámos de 722 para 651 deputados;
7. Nas assembleias de freguesia passámos de 2555 para 2266 e de 244 presidências para 213;
8. Perdemos cerca de 50.000 votos.
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Quinze dias depois das eleições ainda não ouvi dizer nada disto. E era isto que se impunha dizer. Independentemente de hoje contar mais a política carnavalesca que a que está junto das populações (um facto); independentemente de todas, mas mesmo todas, as acções promovidas pela CDU e pelo PCP seram desvalorizadas ou mesmo ignoradas (outro facto); independentemente da prática do vale-tudo por parte do Governo para promover candidatos (outro facto ainda), urgem uma reflexão e uma tomada de iniciativa que nos conduzam ao lugar que devemos ocupar. E que é aquele que merecemos ocupar.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

DOS GARDENIAS

O que me interessava não eram os boleros mas sim o cha-cha-cha. Foi quase por acaso que reparei naquele disco de um cantor que não conhecia, Antonio Machín, numa loja de saldos da Rua da Prata. Havia dois cha-cha-chas e o resto eram boleros. Foi aí que tive um coup de foudre com os boleros, que dura até hoje. Assim descobri Lucho Gatica, Los Panchos, Pedro Vargas e tantos outros.
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Antonio Machín (1903-1977) era cubano, mas passou a parte mais significativa da sua carreira em Espanha. Uma das suas mais conhecidas interpretações é este Dos gardenias, composto em 1947 pela cubana Isolina Carrillo (1907-1996). Outras canções dignas de registo e paixão são Amor, no me quieras tanto ou Toda una vida.
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Os boleros são fonte inesgotável de inspiração. Há histórias notáveis, como a da crise política ocorrida há 20 anos no Brasil quando dois ministros, Zélia Cardoso de Mello e Bernardo Cabral - ela solteirona, ele casado -, terminaram a noite dançando apaixonadamente o Besame mucho. Há outras histórias mais prosaicas mas não menos interessantes. Conheço, por exemplo, a de uma rapariga que se apaixonou por um rapaz meio tristonho ao som de confissões e de boleros antigos. Casaram e tiveram meninos. Talvez tenham sido felizes mas isso já não sei.

PCP PERDE INFLUÊNCIA

No novo governo haverá apenas um ministro ex-PCP. Quase nada, se compararmos a situação com os tempos gloriosos do governo Guterres, quando parecia haver um escorrega que ia direitinho da Soeiro para a Gomes Teixeira.
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Agora são muito menos e isto assim tem menos graça. A grande nota de humor é dada pelo facto do ex-otelista Santos Silva ocupar a pasta da Defesa. Mas como é para malhar...
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ARCIMBOLDO

Giuseppe Arcimboldo cruzou todo o século XVI. Viveu em Milão e em Praga onde, sob a proteccção régia, desenvolveu a parte mais significativa da sua obra.
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Arcimboldo foi pioneiro na utilização de vegetais para a composição de rostos humanos. A sua obra foi, em grande medida, redescoberta no século XX. Os surrealistas tiveram aí particular importância.
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JOSÉ PRIETO VARGAS

O postal foi comprado há semanas em Sevilha. A fábrica de anisados e licores de José Prieto Vargas já não existe. Pelo menos, não encontrei dela qualquer rasto.
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O anúncio não tem data mas, pelo linguagem plástica, parece ser dos anos 20 ou 30. É uma peça extraordinária. O autor do cartaz, e reproduzindo um ambiente de um clássico botequim, transforma o espelho em crânio, as cabeças das figuras em olhos, a mesa em queixo e os copos em dentes. Fica um caveira. Ficam-me, sobretudo, as dúvidas: o autor do cartaz era abstémio? esta concepção tétrica foi resultado de um adepto tardio do romantismo? a ideia da fábrica era vender ou não vender bebidas alcoólicas? foi por isso a José Prieto Vargas que fechou?
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E o autor do cartaz conheceria a obra de Arcimboldo?
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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

ZONA INDUSTRIAL DA AMARELEJA: PROJECTO EM MARCHA

Depois de um longo, e (pelo menos para mim) algo tormentoso processo, foi finalmente enviado para o Diário da República o aviso do concurso para a execução do projecto da Zona Industrial da Amareleja (UP 4).
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O anúncio que aqui é feito tem tanto a ver com empenhamento que sempre tivémos neste processo como com a época de transição - entre mandatos - que vivemos. Foi um processo longo, que passou por uma alteração ao Plano Director Municipal e que inclui a elaboração de um estudo prévio feito internamente. Já no mandato 2005-2009 optou-se pela abertura de um concurso, tendo em vista a contratação externa do projecto. As bases de trabalho estão definidas no caderno de encargos que foi elaborado e que vai servir de ponto de partida a todo este processo. O nosso empenhamento no projecto continua a ser, como sempre (nesta como em tantas outras iniciativas no concelho de Moura) total. Em suma, não queiram vir agora outros reclamar méritos, que não tiveram, no arranque do processo. O seu a seu dono.
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Vista aérea parcial da vila de Amareleja in http://fotos.sapo.pt/Ju3WbI9nccL48ZZf3sjr (infelizmente sem indicação de autor)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

FINAL DE SÉRIE

Era assim que se dizia em tempos nos bailes. O vocalista do conjunto anunciava dessa forma o descanso. A única excepção era o José António Correia, do Inovação (Moura) que, pura e simplesmente, dizia "sentem-se!". Uma fórmula original, mas não menos eficaz.
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Foi hoje a última reunião da Câmara Municipal de Moura, referente ao mandato iniciado em 25 de Outubro de 2005. Os próximos desafios estão aí à esquina. Sigamos e concretizemos os nossos
sonhos.

AS MÃOS E O CORPO DE GEORGIA O'KEEFFE

Georgia O'Keeffe (1887-1986) foi a musa, uma delas pelo menos, de Alfred Stieglitz (1864-1946). Fotografou-lhe as mãos e o corpo em 1919. Gosto mais, muito mais, do jogo de tensão das mãos que do nu. Tanto uma como outra ficam bem ao lado da poesia de Gastão Cruz.
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O Caos do Sonho
Estou deitado no sonho não
perturbes o caos que me constrói
Afasta a tua mão
das pálpebras molhadas
Debaixo delas passa
a água das imagens
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Gastão Cruz, in "Órgão de Luzes"
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Hands e Nude são, respectivamente, a quarta e a quinta fotografias mais caras jamais vendidas. Foram ambas leiloadas em Fevereiro de 2006. A primeira por 1.470.000 USD, a segunda por 1.360.000 USD.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

GESTÃO: O NOVO FASCISMO

O artigo termina assim: "Cada vez mais as empresas são exemplo de uma prática ditatorial, esmagadora das liberdades, da crítica, da expressão e dos indivíduos que, se acontecesse cá fora, na rua, no espaço público, todos julgaríamos inaceitáveis. Dentro da empresa, em nome da competitividade ou por medo do desemprego, aceitamos o fascismo". É um texto de José Vítor Malheiros, que saiu hoje na página 29 do Público.
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O mote é dado pelo caso da France Telecom. O artigo é importante, devia ser fotocopiado aos milhares e só por ele valeu a pena comprar o jornal.

KIAROSTAMI

A primeira vez que vi este filme já ía a meio. Foi há alguns anos na RTP2. A história era simples e ainda fui a tempo de apanhar o enredo: um miúdo apercebe-se, ao chegar a casa, que tinha trazido o caderno de um colega. O filme acompanha o seu percurso, de rua em rua, de aldeia em aldeia, num Irão rural, à procura da casa do amigo, na vã tentativa de lhe devolver o caderno. O final é revelador e, para quem andou na escola primária e teve amizades assim, sem surpresas. É um dos filmes mais ternurentos que já vi e um dos raros que, na idade adulta, me comoveu a sério. Todos nós já tivémos um dia, há muitos anos, um amigo assim.
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O filme Where's Friend's Home? foi rodado em 1987 por Abbas Kiarostami (n. 1940), custa menos de 15 dólares e está disponível em DVD no site http://www.iranianmovies.com/. A versão à venda é falada em farsi, com legendas em inglês.

domingo, 18 de outubro de 2009

FRANCISCO LOUÇÃ DANÇANDO O CHARLESTON

"55 por cento dos eleitores próximos do Bloco de Esquerda pertencem à classe alta e média-alta (...)", lia-se no Expresso de ontem.
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O estilo gauche chic do BE e esta adesão burguesa ao BE fazem lembrar um pouco aqueles aristocratas ingleses que, nos anos 20, se deixaram seduzir pelo socialismo mais radical. As festas da alta sociedade era um misto de Marx, champanhe (suponho que servido por uma criadagem devidamente uniformizada) e charleston. Ontem como hoje: o linguajar demagógico e de grande efeito cénico esconde, por norma, o mais absoluto calculismo e o mais perfeito conformismo.
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Só falta saber quem vai um dia dançar a valsa do poder com Francisco Louçã...
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FUTEBOL II - O FUTEBOL TOTAL

O falecimento de Rinus Michels, ocorrido há algumas semanas, foi pretexto para uns quantos e mais que justos obituários, onde se recordou a brilhantíssima carreira de Michels, nomeadamente no período em que, à frente do Ajax, dominou o futebol europeu. Em anos consecutivos arrasou a concorrência, reduzindo à vulgaridade todas as equipas que cruzaram o seu caminho. O Benfica que o diga...
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A propósito de Michels, lá se falou, uma vez mais, da sua criação do "futebol total", uma concepção dinâmica do jogo, que atirou para as reservas da memória as tácticas rígidas e tornou esquemas como o 4x2x4 uma relíquia do passado. Não sendo um entendido em futebol nem um estudioso das tácticas não posso deixar de recordar aqui o momento (ou, pelo menos, um deles) que antecedeu o futebol total de Rinus Michels. Aconteceu um par de anos antes da ascensão do Ajax, no Mundial de 1966, quando Helmut Schoen ousou quebrar o formalismo da disposição dos jogadores em campo para inovar de forma absoluta. Quem chamou a atenção para a novidade foi Pedro Escartín, antigo seleccionar espanhol, ao analisar a táctica de Schoen num pequeno livro admirável, El mundial defensivo. Sigamos, com a devida vénia, as palavras de quem sabe: "Cinco defesas, com Schultz a líbero, à sua frente e a altura similar, Hottges-Weber e Schillinger, com Overath ligeiramente adiantado e, à direita e um degrau mais para a frente, o formidável criador Beckenbauer, que ligava com Haller, um pouco atrasado em relação aos três avançados Seller-Helds e Emmerich. Era um ferrolho muito elástico, com muitas trocas perfeitamente estudadas. Quando a Alemanha contra-atacava, umas vezes entrava pelo campo adversário Overath, muitas Schillinger, e nessas ocasiões Beckenbauer era um dianteiro a mais, mas à distância, acompanhando Haller, que entrava na zona de remate e nessas alturas os alemães tinham quatro avançados e dois ou três homens no centro do terreno. Ao atacar o adversário, a Alemanha recuava, para montar de novo o ferrolho". Escartín não poupava os elegios ao sistema, notando as duas falhas que, em seu entender, o fizeram desmoronar: a utilização de Beckenbauer como jogador de marcação a Bobby Charlton, na final de Wembley, e, sobretudo, o esgotamento físico dos alemães: "falhou o fundo, a força, indispensável fornecedor de todos os sistemas".
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A análise de Escartín parece apontar para o momento em que o futebol total se começa a esquiçar. Schoen estaria à frente do futebol alemão o tempo suficiente para ganhar muitos troféus e se sagrar campeão europeu e do mundo. Se foi ele ou não o pai (ou o avô) do futebol total não sei dizer. Nada disso tira, de resto, mérito às inovações de Rinus Michels. Assim é feita a vida, de permanentes superações, de descobertas que superam as anteriores, de um acumular nunca terminado de conhecimentos. Rendamos então homenagem a quem a merece e brindemos à memória de Rinus Michels e de todos os que contribuíram e contribuem para a magia do futebol.
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Texto publicado em A Planície em 1.4.2005
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FUTEBOL I - O ESTÁDIO DA LUZ

O Avenida da Salúquia 34 já passou as 65.000 visitas. Pela capacidade actual já quase se esgotou o Estádio da Luz. Mas o actual estádio não me enche as medidas. O antigo sim. Tinha uma monumentalidade e um ambiente próprios. Tinha o 3º anel, um espaço tão difícil de explicar aos mais novos como é impossível explicar o que é um LP...
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O antigo Estádio da Luz foi inaugurado em 1954. Tinha espaço para 50.000 espectadores. Em 1960, com a construção do 3º anel, passou para 80.000. Com o fecho do 3º anel, em 1985, passou a ter uma capacidade superior a 100.000 espectadores, o que fazia dele o maior da Europa. Na final do Campeonato do Mundo de Juniores, em 1991, registou uma assistência recorde de 127.000 espectadores.
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Foi demolido em 2002.

Recordações pessoais do Estádio da Luz:
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2.12.1973 - Benfica-Sporting: 2-0 (2 golos de Eusébio; foi a única vez que o vi jogar)
22.5.1977 - Benfica-Porto: 3-1 (o Benfica deu banho de bola dois dias depois de José Maria Pedroto, treinador do Porto, ter dado uma entrevista dizendo que a equipa não jogava nada)
1.3.1978 - Benfica-Liverpool: 1-2 (1ª mão dos quartos-de-final da Taça dos Campeões Europeus, com o Bento a dar dois frangos que dariam muito jeito ao meu amigo Liberato)
19.11.1978 - Benfica-Sporting: 5-0 (o resultado foi feito na primeira parte)
3.10.1979 - Benfica-Aris de Salónica: 2-1 (o Benfica foi eliminado perto do fim do jogo, com um golão de um grego, Semertzidis, num remate feito a mais de 30 metros da baliza)
18.3.1981 - Benfica-Fortuna de Dusseldorf: 1-0 (apuramento para as meias-finais da Taça das Taças)
18.5.1983 - Benfica-Anderlecht: 1-1 (2ª mão da final da Taça UEFA)
4.1.1987 - Benfica-Porto: 3-1 (uma das últimas vezes em que fui ao antigo estádio, num jogo em que não cabia nem mais um alfinete na Luz)

sábado, 17 de outubro de 2009

QUEM RI POR ÚLTIMO

Um certo estilo de humor crivou os cartazes da CDU na última campanha para as autárquicas. Este estava na estrada da Amareleja. A Maria José e o José Maria têm um certo toque wagneriano, ao jeito das valquírias nórdicas; o José António faz lembrar o menino Pompeu; eu tenho um chapéu de palhaço rico.
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Pois. Quem ri por último...
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A tomada de posse da nova Câmara Municipal terá lugar no final do mês, eventualmente no dia 30.

O MAPA DE MADABA

É um dos grandes monumentos do final do Mundo Antigo. Encontra-se no solo da igreja ortodoxa de S. Jorge, em Madaba (Jordânia). Os arredores de Madaba fazem lembrar, bastante mesmo, os arredores de Moura, com as terras vermelhas e os olivais antigos. A cidade tem, ainda tem, uma maioria cristã, que vai aos poucos definhando.
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O chão da igreja está coberto por tapetes que o guarda afasta, para deixar ver a obra-prima (v. imagem superior). O mosaico de Madaba é um mapa da Terra Santa, feito no século VI. Identificam-se, com legendas em grego, todas as cidades, todos os sítios e todos os rios. Um guia Michelin inamovível, dominado pela representação de Jerusalém (v. imagem central). Chama a atenção os danos propositados causados no mapa, quando, em plena querela iconoclasta, foram apagadas as figuras humanas (v. imagem inferior) O guarda vai apontando os sítios com uma vara e vale a pena gastar todo o tempo que ele quiser, porque aquele mosaico é um momento único da História do Mediterrâneo.
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O mapa de Madaba foi descoberto em 1896.
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Sobre o mosaico de Madaba: http://www.christusrex.org/www1/ofm/mad/index.html (vale mesmo a pena)
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Um bom sítio em Madaba é o restaurante Haret Jdoudna (no estilo típico para turistas, mas é que há): http://www.haretjdoudna.com/
Haret Jdoudna

ENTÃO É ISSO...

Então é isso. Sem dúvida. Soube hoje de manhã que os bilhetes mais caros para o concerto dos U2, programado para dia 2 de Outubro de 2010, custam 260 euros. Está explicado. A pessoa que anda a tentar vender na net um exemplar da minha tese por 260 euros quer comprar um bilhete na primeira fila para ver os U2.


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Um U2 em pleno voo. E não é o Bono.

A CAMINHO DO ESTRELATO...

A Júlia mandou-me um mail, informando que a versão em francês da minha tese estava à venda no ebay, em segunda mão, por 260 euros. Ri-me, pensando em mais uma daquelas originalidades da Júlia. Só depois de consultar o link verifiquei que era verdade. Não percebo a lógica da venda e, muito menos, a da compra. Os três volumes estão à venda nos catálogos da Portico Librerias por 81 euros, enquanto que a compra feita directamente no Campo Arqueológico fica pelos 30 euros. Imagino que os frequentadores do ebay não saibam dessas coisas...
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Por este andar, ainda apanho o Paulo Coelho. No dia em que cobrar direitos de autor, bem entendido.
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http://cgi.ebay.fr/MERTOLA-.LE-DERNIER-PORT-DE-LA-MEDITERRANEE.-S-.MACIAS-_W0QQitemZ230384095624QQcmdZViewItemQQimsxZ20091003?IMSfp=TL091003135001r5355

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

E AINDA AS MESQUITAS

As apropriações dos espaços e dos objectos fizeram-se de várias formas. Um dos mais curiosos foi a adaptação de sinos de igrejas, roubados aos campanários, e depois levados para o sul (haja pachorra!) e transformados em lampadários de mesquitas.
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Lampadário de meados do século XIV, existente na mesquita Qarawiyyin, de Fez (Marrocos)

SEVILLA IV - TWIN TOWERS

As placas tectónicas separam-se. O sul e o norte também. O minarete da Koutoubiya, em Marrakech, e a Giralda, em Sevilha, são bem exemplo disso. O primeiro foi concluído em 1196, a segunda dois anos mais tarde. São torres gémeas e representam bem a austeridade da arte almóada. A que está em Marrocos manteve a sua configuração original. A Giralda viu a parte superior ser coroada por uma obra renascentista, da autoria de Hernán Ruiz.
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O que une as duas torres é o que resta de um tempo em que as duas margens do Mediterrâneo estiveram mais próximas. O que as separa está visível no topo de ambas: o jamur de uma, os sinos da outra simbolizam bem as duas religiões e os dois lados do sul.
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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

LAS LANZAS

A noite eleitoral do passado domingo fez com que uma delegação da candidatura do Partido Socialista se deslocasse à Câmara Municipal de Moura para felicitar o reeleito Presidente José Pós-de-Mina. Um acto normal em democracia, mas que deve sempre registar-se. Eu próprio fiz o mesmo em 2001, quando fui o primeiro a felicitar o meu adversário, e amigo pessoal, Joaquim Santos pela sua vitória para a Assembleia Municipal. Nem sempre as coisas assim são, e em 2001 não houve outras felicitações, pelo que o meu amigo Pós-de-Mina não teve quem o parabenizasse da parte contrária. Sublinhe-se que o fair-play fica sempre bem. O cavalheirismo também.
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La rendición de Breda ou Las lanzas é um célebre quadro de Velázquez (1599-1660). Foi pintado em 1631 e está hoje no Museu do Prado, em Madrid. Representa a rendição de Justino de Nassau, que defendia a cidade de Breda (Países Baixos), face às tropas de Felipe IV, comandadas por Ambrosio de Spinola.
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Os protagonistas estão no centro do quadro. Justino de Nassau tem as chavas de cidade na mão, mas o seu adversário impede-o de ajoelhar, pondo-lhe uma mão no ombro e tratando-o com dignidade. Mas do que uma vitória militar, o encontro representa um momento de cortesia. O herói militar surge aqui como um adversário à altura do homem que acabara de derrotar.
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É um dos meus Velázquez preferidos. O Museu do Prado está também no meu top privado.
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Sobre o Museu do Prado:

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

CRISTINA GARCÍA RODERO - 60

A fotografia de Cristina García Rodero é feita de anjos e de demónios. Da brancura celestial de uns e do ar terrífico de outros. A festa pagã, os rituais ancestrais e a proximidade da morte pairam entre uns e outros. Espanha, o Haiti, os Açores, fizeram parte do seu percurso profissional.
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Os contrastes são evidentes nos trabalhos de Cristina García. A segunda fotografia a contar de cima foi concebida nos Açores, em 2006. O ar de abandono daquela jovem, numa paisagem à Gainsborough, contrasta em absoluto com a outra mais abaixo, feita numa feira de erotismo. Onde o voyeurismo dos espectadores é bem mais obsceno que a pose e a atitude da actriz pornográfica.
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Cristina García Rodero nasceu em Puertollano, no dia 14 de Outubro de 1949. Faz hoje 60 anos. Enhorabuena!
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terça-feira, 13 de outubro de 2009

JOSÉ TOMÁS - CLASSE DENTRO E FORA DAS ARENAS

A novidade foi-me contada ontem à noite na Taberna al-Andaluz, pelo eng. José Manuel Morgado. O toureiro José Tomás entregou 200.000 euros a 13 associações catalãs que têm como objectivo combater situações de desigualdade. O que nos diz o diestro é tão simples quanto isto: "Poder hacer lo que más te gusta y llena en la vida y, con ello, poder colaborar con gente que necesita ayuda de verdad provoca una profunda satisfacción". Através da Fundação José Tomás quis ajudar desta forma os mais desfavorecidos da Catalunha tendo declarado: "Debo mucho a esta ciudad, a sus aficionados y a su público y esta es mi forma de devolverles parte de lo que me ha dado".
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José Tomás é um toureiro caro? Imagino que sim. Mas deixa todo o seu esforço na arena, como pude constatar este ano em Badajoz e em Huelva. Faz o que mais ninguém faz, com classe e temple. E é um homem de grande classe fora das arenas. Como fica demostrado através desta fundação.

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A Taberna al-Andaluz é pouso seguro para aficcionados e para todos os que gostam de tapear e de comer bem. O sítio está arranjado com bom gosto e o anfitrião recebe-nos com elegância e discrição.
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Fica em Reguengos de Monsaraz na Rua Primeiro de Maio 39. Fecha aos domingos.

SÃO ANDY WARHOL

Robert Mapplethorpe fotografou Andy Warhol em 1987. O artista pop faleceu nesse mesmo ano. Mapplethorpe morreu apenas dois anos depois. Há, para além dessa ligação à morte uma evidente aura de religiosidade nesta imagem, com Warhol a ser representado como se de um santo se tratasse, com uma auréola de luz por detrás e um enquadramento cruciforme a rodeá-lo. É provável que os sentimentos se manipulem e o que nós sabemos nos condicione - John Berger provou-o facilmente com um quadro de Van Gogh -, mas há, insisto, uma representação fúnebre nesta imagem.
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Assim como um toque de art déco, e talvez seja isso que nela mais me agrada. Prefiro, na fotografia de Mapplethorpe, as orquídeas e as naturezas-mortas aos nus (não a todos, mas a quase todos) e aos retratos.



Andy Warhol, de Robert Mapplethorpe, foi vendida em 2006 por 643.200 USD. É a nona fotografia mais cara de sempre.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

MOURA - 2009/2013

E no concelho de Moura foi assim. Maiorias absolutas para a CDU na Câmara Municipal e na Assembleia Municipal. Algo que não acontecia há 24 anos. É, estou em crer, o resultado do intenso trabalho do mandato que agora acaba. O futuro é em frente, sempre em frente.
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Câmara Municipal

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Assembleia Municipal

sábado, 10 de outubro de 2009

IS BIG BROTHER WATCHING YOU?

Fui tirar o meu primeiro cartão do cidadão. As explicações são todas óbvias e evidentes. Incluem palavras como racionalização, poupança, organização. Com tanta vantagem começo a ficar desconfiado. Foi o que me aconteceu no outro dia.
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Pediram-me o BI (caducado), o cartão de identificação fiscal, o cartão da ADSE, o cartão de eleitor. "A morada se faz favor. E um número de telemóvel". É para uma base de dados, decerto. "Ponha-se de frente para a máquina". A máquina mediu e decretou que perdi um centímetro em dez anos. Na altura, quero eu dizer. "Agora ponha aí os indicadores. Não é no ecrã. É aí de lado". Pus. Os indicadores passaram a estar numa base de dados. "Agora assine aÍ". Assinei com uma caneta à James Bond. A assinatura vai para uma base de dados. "Agora é preciso voltar a por os indicadores neste aparelho. Primeiro o direito. Já está. Agora o esquerdo. Já está". Senti que a minha vida passou a estar partilhada, com alguém que não conheço, num computador algures.
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Ao sair do tribunal olhei instintivamente para trás. Juro.
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Quantos quilómetros são de Moura a Langley?
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O TERCEIRO HOMEM

Gosto, como é visível, de ir deixando por aqui pequenas sequências de alguns dos meus filmes preferidos. Esta é de O terceiro homem (1949), de Carol Reed (1906-1976). Reed concebeu este verdadeiro film noir, mas poucas vezes nos lembramos disso. De facto, emergem sempre o nome do argumentista (nem mais nem menos que Graham Greene), a música de Anton Zaras, que pontua e dá ritmo à acção, e a interpretação que Orson Welles concebeu para caracterizar o venal Harry Lime.
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Talvez seja uma meia injustiça para o trabalho de Carol Reed enquanto realizador, mas a verdade é que tenho dificuldade em imaginar outro actor que não Orson Welles a proferir esta célebre tirada sobre a arte, a democracia, a guerra e a paz.
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OS HOMENS, OS LIVROS E AS COISAS

O programa chamava-se assim e passava ao final da tarde, num dia de semana, na RTP. Foi, talvez, em 1975 ou em 1976.
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Durante meia-hora, o então jovem poeta e ensaista Joaquim Manuel Magalhães (n. 1945) falava de livros e lia livros. Hoje é professor catedrático da Faculdade de Letras. Continua a pensar, a escrever e a traduzir. Gostava de o ouvir ler poesia. Devo-lhe a procura de autores que mencionava de passagem. Atrás desses outros vieram, como um novelo que se vai desenrolando ou enredando. O Joaquim Caetano dizia-me há dias que um dos livros de poemas de Joaquim Manuel Magalhães tinha um dos mais conseguidos títulos que já vira: Os dias, pequenos charcos. É uma edição de inícios dos anos 80. Aqui vos deixo um dos poemas, num post que vai, decerto, ter menos comentário que os referentes à campanha autárquica de Moura.
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Vês desaparecer o rouxinol?
Nos arbustos, tão altos vai o vento
tombá-los no próximo inverno.
Com ele fogem sentimentos,
esses espinhos jogados em poemas
quem és tu? o sangue
turvo de mais um adeus?
E voa e canta e perde-se
nos irónicos ramos donde vê
os gatos e as mãos chamando
para vir ouvi-lo. Melancólico
pássaro do crepúsculo, imagem
felina e augural junto das silvas,
no escuro donde nascem as canções.
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A imagem, também ela um pouco melancólica, é do filme Aurora (1927) F.W. Murnau (1888-1931). Que pode ser visto, em nove partes, no youtube, e milagre!, está disponível na FNAC por menos de 15 euros. O livro, aparentemente, está esgotado.

MOURA MAIS À FRENTE: UMA EQUIPA DE PRESTÍGIO PARA A ZONA DO ANTIGO MATADOURO

Embrenhado na campanha eleitoral deixei o facto passar ao lado. Foi o meu amigo Joaquim Caetano quem me alertou para a notícia:
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A Estação Biológica do Garducho, na Amareleja (Mourão), da autoria do arquitecto João Maria Trindade, foi hoje galardoada com o Prémio FAD 2009 de arquitectura, o mais importante galardão da arquitectura ibérica, outorgado em Barcelona (Espanha).O júri do certame deste ano destaca na obra arquitectónica de João Maria Trindade, o facto de “gerar lugares e emoções no meio de uma paisagem sem fim”. (in Público)
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A notícia tem um erro factual, ao atribuir a Amareleja ao concelho de Mourão, quando, de facto, a Estação do Garducho fica na freguesia da Granja. Essa não é a questão decisiva. O facto relevante é que este mesmo arquitecto ganhou, há pouco, o concurso para a execução de reabilitação do antigo Matadouro Municipal e respectiva área envolvente, na cidade de Moura.
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Fico sempre contente quando estas coisas acontecem. Depois de tanto tempo a levar pancada - uma crítica recorrente é que contratamos equipas de fora - é bom constatarmos que temos razão quanto a critérios de exigência. Este prémio de grande prestígio atribuído a uma equipa que está a trabalhar com a Câmara de Moura dá razão às nossas opções. Para o nosso concelho é assim: as melhores equipas, os melhores projectos e as melhores concretizações.
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Estação Biológica do Garducho (fotografia Cidália Guerreiro / Amarelejando)
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Sobre a Estação Biológica do Garducho veja-se:
http://www.ceai.pt/ebg/#home
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Sobre a equipa que vai realizar o projecto da zona do Matadouro consulte-se a página web respectiva:
http://www.venturatrindade.com/

OS AMIGOS AMERICANOS

"Por seus esforços extraordinários para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos" e pela "a visão e o trabalho de Obama para um mundo sem armas nucleares". Foram estes os motivos que justificaram a atribuição do Nobel da Paz a Barack Obama. Fico sempre com a sensação que as justificações do Comité do Nobel estão, do ponto de vista literário, ao nível dos horóscopos do Correio da Manhã...
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Em todo o caso, já lá vão, em três anos, Barack Obama e Al Gore. O Comité do Nobel da Paz cauciona a visão americana do mundo. Um facto interessante, do ponto de vista da Paz.
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