quinta-feira, 31 de março de 2022

A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO - II

Entre 5 de abril e 13 de julho vão ter lugar, no Panteão Nacional, seis conferências que têm o monumento por tema. Cada intervenção será protagonizada por autores de teses de mestrado sobre o Panteão e/ou a área envolvente. As quais serão oportunamente editadas, iniciativa que será divulgada no site do monumento.

Dia 5 de abril será a vez de recebermos Carla Alferes Pinto, da FCSH/UNL, que falará sobre "A nacionalização da santidade e a masculinização da heroicidade: as obras de Santa Engrácia".


A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO - I

Turma de "Gestão e Proteção do Património Arqueológico" (FCSH/UNL) em visita ao Teatro Romano de Lisboa. O Teatro Romano é um exemplo de reabilitação / integração / estudo / programação. Um projeto feliz em que não cabe a palavra "sorte". Ou se cabe é para dizer "audaces fortuna juvat" (até parece que sei latim...).

Creio que a mensagem ficou clara para estes alunos de mestrado. Como se deve fazer, quanto tempo leva a fazer e a importância das boas decisões (das políticas também!) para se chegar a bom porto.


quarta-feira, 30 de março de 2022

PUBLICIDADE MEMORÁVEL - I: O SILÊNCIO DE UMA MÁQUINA

Lembrei-me, hoje de manhã, deste notável anúncio da Rolls-Royce, e a propósito do silêncio dos seus carros. A boa publicidade é aquela que se faz notada. Como esta.


terça-feira, 29 de março de 2022

O GOSTO PELO RASCUNHO

Muitas vezes me dei conta do gosto pelo inacabado. "Descobri" isso, há muitos anos, quando vi as duas versões de um quadro de John Constable. O rascunho pareceu-me muito mais estimulante que a versão acabada.

Retomei essa convicção há semanas, quando vi o "esquisse" da Chasse aux lions, de Delacroix. Pareceu-me infinitamente mais interessante que a versão final, muito romântica e muito formal.

Deve ser por isso que gosto tanto do cinema de Orson Welles...



segunda-feira, 28 de março de 2022

ATRAVÉS DA REDE???

Os Príncipes de Gales de visita a uma ex-colónia.

Pode ser que a imagem seja equívoca... E os assessores, que andam por lá fazendo?



A PROPÓSITO DE WILL SMITH...

A propósito da noite de ontem - há coisas que sem mérito, vão ficar para a História (e sim, por acaso, até acho que o humor tem limites, mas não justifica "aquilo"...), aqui fica a mais notável cena de bofetadas da história do cinema.

Ainda ontem se falou nisto, a propósito do Cinema Avis. Que já não existe. Onde passavam os trinitás e que agora é um prédio de habitação.


FOI NO MAR QUE APRENDI

Regresso ao trabalho, para (re)mergulho nos projetos de verão/outono. Imagens e mais imagens, palavras e mais palavras. As imagens são estimulantes, tal como o são as palavras.

Foi no mar que aprendi o gosto da forma bela
Ao olhar sem fim o sucessivo
Inchar e desabar da vaga
A bela curva luzidia do seu dorso
O longo espraiar das mãos de espuma

Por isso nos museus da Grécia antiga
Olhando estátuas frisos e colunas
Sempre me aclaro mais leve e mais viva
E respiro melhor como na praia

Este poema de Sophia de Mello Breyner Andresen não faz parte dos que escolhi. Não por ser menos bom - ao contrário -, mas porque não se ajusta perfeitamente à sequência. Felizmente, a falta de textos de excelente qualidade não será um problema.











Jean Gaumy (Magnum Photos), 1984

domingo, 27 de março de 2022

O SR. DUARTE DARMAS - APRESENTAÇÃO PRIVADA

Foi uma ante-estreia. No sábado à tarde, de modo festivo e ante uma reduzida plateia (cerca de uma dezena de assistentes), foi feita a primeira apresentação de "Duarte Darmas - do cálamo ao drone". A apresentação pública será, assim o espero e depois de limadas algumas arestas, no final de abril ou início de maio.


sábado, 26 de março de 2022

DEMOCRACIA: DIA + 2

O dia que mudou tudo no nosso País. Uma data inapagável. Um legado a fortalecer todos os dias. Digo eu, que estou cá há 48 anos + 10.


sexta-feira, 25 de março de 2022

RAZÕES DE HUMANIDADE

É este o título da exposição sobre Aristides de Sousa Mendes, hoje inaugurada na Presidência do Conselho de Ministros.

O espaço não é o mais adequado, mas a intenção (e o significado do local em si) são importantes. Talvez possa ser vista noutro local de Lisboa, em breve.


quinta-feira, 24 de março de 2022

1966 REVISITADO

Ao tomar conhecimento, há pouco, da derrota da Itália face à Macedónia do Norte só me lembrei da furibunda reação da imprensa transalpina depois da derrota, em julho de 1966, frente à Coreia do Norte. Isto do norte deve dar azar...

Em 1966 tinha três anos... O relato desses dias foi lido num livro extraordinário, "El mundial defensivo", de Pedro Escartín.



quarta-feira, 23 de março de 2022

RAQUEL HENRIQUES DA SILVA: ÚLTIMA AULA

Conheci a Raquel Henriques da Silva em 1998, presidia ela ao Instituto Português de Museus e andava eu nas aventuras da montagem do "Portugal Islâmico". Nunca fui seu aluno (fiz a licenciatura em Letras e o Mestrado na Nova, mas em História Medieval), mas habituei-me a conhecer-lhe um conhecimento sobre Arte que é verdadeiramente enciclopédico.

Falámos mais nos últimos anos, porque fazemos parte de um júri na área do Património. E tem sido um verdadeiro prazer falar com a Raquel. Sobretudo, ouvir a Raquel. 

A última aula, ontem, num anfiteatro à cunha, na FCSH, foi uma combinação de erudição, ironia, capacidade pedagógica, clareza (e poderia continuar por aí fora...). O melhor resumo foi feito por João B. Serra (que foi meu professor de História Económica e Social em 1983/84) ao escrever "uma última lição pode ser – e neste caso foi-o – também uma lição de vida". Precisamente.

Obrigado, Raquel!





UM ERRO VEZES QUATRO

Subitamente, dou-me conta que uma citação (quatro vezes repetida no blogue) tinha um erro crasso. É uma daquelas expressões que se usa e que está completamente errada. Só dei pela falha por mero acaso. Embora sejam publicações antigas, lá repus a ordem das coisas.

terça-feira, 22 de março de 2022

SEGURANÇA? MAS QUAL SEGURANÇA?

Sobral, primeiro, depois Safara, agora Amareleja. Somam-se os assaltos a estabelecimentos comerciais.

Não me venham com rácios e estatísticas, se faz favor. As zonas mais afastadas do litoral estão por sua conta. O abandono é total. Onde estão os poderes públicos quando têm de estar presentes? Dizem o quê? Sobretudo, fazem o quê?

Recordo aqui uma iniciativa ocorrida há 9 (nove!) anos.


TERÇA-FEIRA, 9 DE ABRIL DE 2013

COM A GNR, EM SAFARA

Final de tarde em Safara. Com a presidente da junta de freguesia, Ana Caeiro, com o meu colega de vereação, José Oliveira, e com cerca de duas dezenas de safarenses. O motivo foi a entrega de um convite, em tamanho gigante, à GNR. Devidamente paginado e com o texto: A CÂMARA MUNICIPAL DE MOURA E A JUNTA DE FREGUESIA DE SAFARA CONVIDAM A GUARDA NACIONAL REPUBLICANA A PERMANECER NESTA FREGUESIA.

A atitude supreendeu, e divertiu, alguns dos militares. Seguiram-se alguns minutos de diálogo com o comandante. Câmara e Junta deram conta da sua discordância quanto à alteração de horário. Passa a cumprir-se um burocrático nine-to-five. Haverá patrulhas depois, mas isso é pouco. O interior precisa de mais e merece mais.

Ana Caeiro em entrevista à TVI

segunda-feira, 21 de março de 2022

STARDUST MEMORIES Nº. 59: RUA CIDADE VILA CABRAL

Era poiso certo nas vindas a Lisboa, no final dos anos 60 / início dos anos 70. Antes da mudança dos meus pais para Queluz, no verão de 1972.

Vir a Lisboa significava vir ao médico (ao especialista, como se dizia; vir ao especialista era mau sinal...). Ficávamos em casa da prima Isabel e do senhor Manuel. E da tia Maria Antónia. O primo Domingos morava dois prédios mais à frente, na mesma rua, nos Olivais Sul.

No outro dia, Avenida de Berlim abaixo, apeteceu-me rever uma rua onde não passava há uns bons 50 anos. Coisas da idade 😊.

Vila Cabral, no norte de Moçambique, há muito que mudou de nome. Agora é Lichinga.

domingo, 20 de março de 2022

GASTÃO CRUZ (1941-2022)

Dia de coincidências. Estava a escrever, neste dia de chuva, sobre um edifício de Coimbra quando leio a notícia do desaparecimento de Gastão Cruz. Um poeta que "passou" pelo blogue várias vezes. Recordo aqui um dos seus poemas, citado em 2012 a propósito de uma ida a Tlemcen, na Argélia (onde isso já vai...). A propósito da palavra "teatro", mas sem ligação direta com o texto.

O Teatro das Cidades 

Qualquer tempo é um tempo duvidoso 
assim o meu cercado de cidades 
plataformas instáveis 
praticáveis cobertos de infinita gente náufraga 
que se inclina nas águas como um palco 

Paro na convergência dos estrados 
chove já sobre a raça ameaçada 
Incertas multidões em volta passam 
contemporâneas falam interpretam 
a duvidosa língua das imagens 

Assim no teatro abstracto das cidades 
morrem palavras sobre um palco náufrago 

O tempo cobre o céu que se enche de água

Coimbra foi teatralizada pelo fascismo que, arrasou a cidade alta. Não foi um teatro abstrato, mas bem real...

GILDA

Esta cena do filme "Gilda" veio-me à memória ontem à noite, durante a representação de "La Bohème". Musetta descalça a luva exatamente como Gilda o faz. Com mais recato, ainda assim, apesar de ser quem é.

O filme é fantástico. E a noite de ontem foi magnífica, podendo regressar ao São Carlos em pleno. Com uma récita muito boa, de corpo e alma e "reparadora", e que me apagou más recordações de outros tempos.

Put the blame on "Gilda"... Hoje apetece-me ver o filme.



Imagem no programa de "La Bohème" - fotografia: António Pedro Ferreira / T.N.S.C.

sábado, 19 de março de 2022

AO PÉ DISTO, O PROF. CRESPO DE CARVALHO É UM APRENDIZ...

Vi um alerta num grupo das redes sociais destinado a questões académicas. Pensei "mais brincadeiras e mais fake news". Fui à página da UCLA (University of California, Los Angeles), que é pública!, e dou com esta pérola. Abriram lugar para um posto de docência universitária sem salário. Sublinhando bem essa questão, não vá alguém ir ao engano. Ou seja, objetivamente, os candidatos pagam para trabalhar.

Ao menos, aos escravos davam de comer...

Eis o novíssimo capitalismo, na pátria da dimócraci e dos iuman rraites.

CAIXA CULTURA, DE NOVO

Nova edição do Programa Caixa Cultura. Candidaturas abertas até dia 10 de maio.

Áreas abrangidas? Teatro, Dança, Música, Artes Visuais, Cinema, Literatura, Performance, Conferências e Debates.

Ver a informação necessária em:


sexta-feira, 18 de março de 2022

NUNCA LERAM JÚLIO VERNE?

Anda tudo em polvorosa porque a CNN pôs um porta-aviões a voar. E então? Nunca leram Júlio Verne? Foi a primeira coisa que me veio "ao sentido": é o Robur que anda fazendo das dele.

Viva Júlio Verne! Que chegou ao futuro antes da CNN Portugal.


DAVID E GOLIAS

Desde o meio-dia de hoje que me recordo, insistentemente, deste quadro de Caravaggio (1571-1610). Uma obra de 1600, hoje conservada no Kunsthistorisches Museum, em Viena.

Vamos a ver quem ganha, na vida real...



 

quinta-feira, 17 de março de 2022

NO VERÃO, A CADA UM A SUA PRAIA

Antevisão:

MAIS PARA SUL: LAGHOUAT

Nestes dias em que tanto se fala do deserto, evoco aqui um quadro que está no Museu de Orsay. Revi-o há poucas semanas. É de Gustave Guillaumet e intitula-se Laghouat, Sahara algérien. Foi pintado em 1879. Inscreve-se na lógica do orientalismo, embota aqui mais realista e sem o toque de gamou palatino de outras obras. Ao fundo vê-se uma mesquita, que talvez seja a de El Sarah, construída pouco anos antes.

De Laghouat a Ghardaïa é um pulo. Está-se quase dentro do deserto. Talvez um dia...


quarta-feira, 16 de março de 2022

EM MOPTI, A CAMINHO DO CÉU - DA SÉRIE "FOTOGRAFIAS SEM NUVENS" (III)

A grande mesquita de Bougoufié, em Mopti, foi ponto de paragem obrigatório na viagem entre Bamako e Bandiagara. É uma construção em terra, não muito grande, mas marcante e impressiva. No final da visita, um dos guias fez uma pequena exibição, subindo pelos travejamentos do edifício. As traves faziam lembram sapatos colossais e só me vinha à memória uma cena do filme Tommy, com Elton John (ele mesmo, não José Cid...) cantando Pinball wizard...

A grande mesquita de Bougoufié, nas margens do rio Bani, fica exatamente a 2.737 quilómteros do local onde me encontro. Espero (ainda...) um dia lá poder voltar.

RECORDANDO JOHN CARPENTER

O nevoeiro de terra assombrando a cidade. Lembro-me de um filme antigo. Bom, mas não tanto como The blair witch project, o mais inquietante filme de terror.

Outros nevoeiros e outros receios nos assombram por estes dias.




terça-feira, 15 de março de 2022

REVISÕES E CORREÇÕES, ATÉ 18 DE MAIO

É, para mim, a parte pior "disto". Ter de fazer a revisão, linha a linha, de um livro acabado de escrever. Mesmo que a seis mãos, como é o caso deste. Dá sempre asneira. Pequena ou grande, mas dá. Não há distanciamento suficiente e passamos 20 vezes pela mesma frase, com o mesmo erro, sem dar por isso. Solução? Há, mas é cara. Recorrer a um revisor. Já tive a sorte de trabalhar com alguns verdadeiramente excecionais. Autênticos professores de língua portuguesa, com um profundo amor ás palavras. E a frases bem escritas. Desta vez não será assim.

O lançamento terá lugar a 18 de maio.

segunda-feira, 14 de março de 2022

ALFARJE - III

Terceira abordagem ao tema "alfarje" (as anteriores foram em 29.10.2012 e em 2.10.2020), aqui no blogue. A redação de um curto prefácio a um excelente livro sobre os tetos de alfarje a isso me leva, com gosto.

Estranhamente, o tema "mudejarismo" não tem sido tomado muito a peito pela comunidade académica. A única monografia de conjunto é a de Florentino Pérez Embid e tem quase 80 anos...

Algo me diz que algo está a mudar.











Igreja matriz de Escarigo (Figueira de Castelo Rodrigo, Beira Alta)

domingo, 13 de março de 2022

TRIPOLI - DA SÉRIE "FOTOGRAFIAS SEM NUVENS" (II)

Tripoli, primavera de 2008.

Um breve interregno nas tarefas autárquicas de então para um deslocação à Líbia. Preconizava-se então o estabelecimento de uma cooperação entre a Universidade de Coimbra e as autoridades locais. Um projeto adiado por inultrapassáveis escolhos burocráticos - a que não foram alheias as manobras de países "amigos" (nossos) - e que conhecimentos desenvolvimentos vieram depois a impossibilitar.

Guardo desses dias na Líbia a memória de uma espécie de um "paraíso" às avessas. Um país com todas as necessidades básicas satisfeitas, com infra-estruturas rodoviárias luxuosas (e em permanente renovação, para "gáudio" das empresas italianas), com um comércio controlado pelo Estado (os funcionários das lojas atendiam-nos com um ar enfastiado e de quem está a fazer um tremendo frete) e onde dominava a fancaria chinesa.

Sobravam, na cidade velha, algumas oficinas de artesanato, como esta.

Não visitámos o Arco de Marco Aurélio... Talvez um dia...


sábado, 12 de março de 2022

CAPITAL DA CULTURA 2027: COM ÉVORA

O anúncio foi feito ontem. Uma surpresa (boa) foi ver escrita a expressão "lista curta" para designar o grupo de quatro cidades que passam à segunda fase. Outra surpresa foi a exclusão de Oeiras. Não conhecia o projeto, obviamente, mas conheço a equipa. Terceira, e excelente, surpresa: Évora no grupo final.

Temos, portanto, quatro candidaturas finalistas:

Aveiro

Braga

Évora

Ponta Delgada



sexta-feira, 11 de março de 2022

ASTÉRIX NA HELVÉCIA E NO 25 DE ABRIL

Já ali passei centenas de vezes. Só hoje reparei que, na fachada do prédio, há uma placa à esquerda que diz "Avenida 25 de Abril"; à direita está outra "Avenida Vinte e Cinco de Abril".

Império Romano / Império Romano Também. Astérix Sempre!


UM SEMESTRE NO MAR

O barco está já há uns dias atracado em frente a Santa Apolónia. O nome é sugestivo: "Semester at Sea". Fui procurar informações.  Um programa de estudos de 3 a 4 meses no mar, visitando vários países... Deve ser uma coisa péssima...

Pois. Vamos lá à máquina do tempo: 1981/1985. O 50 a abarrotar, atrasos crónicos na Linha de Sintra, almoços vegetarianos (soja e umas tretas ainda piores) na Cantina Velha, para escapar às bichas colossais no setor "normal"), a Torre do Tombo sempre cheia e com listas de espera, a biblioteca da Faculdade com mais lacunas que outra coisa, as casa de banho sem papel higiénico, as salas de aula geladas no inverno. E a minha viagem de fim de curso que foi ao Ginjal, em Almada.

Semester at Sea? Pois, pois, devem estudar imenso.


quinta-feira, 10 de março de 2022

LENDO A CHUVA

"O Porto recebe 1150 mm em 155 dias; Coimbra 962 mm em 138 dias; Lisboa 708 mm em 113 dias; Faro 453 mm em 62 dias. Moncorvo, com 506 mm em 79 dias, e Campo Maior, com 519 mm em 84 dias (...)"

Orlando Ribeiro, "Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico" (os dados têm mais de 50 anos)

Em 18 anos (2003/2020):

O Porto teve uma média de 1072 mm;

Lisboa teve uma média de 795 mm;

Faro teve um média de 437 mm.

Quem me ajuda a interpretar isto?









Trent Parker (n. 1971) Summer rain



Dados: PORDATA

SIDI BOU SAÏD - DA SÉRIE "FOTOGRAFIAS SEM NUVENS" (I)

A fotografia foi feita há já uns anos (mais de 10, talvez), na cidadezinha de Sidi Bou Saïd, perto da Rue Hedi Zarrouk. Não é muito difícil fotografar em sítios assim. As paisagens são sempre bonitas. Embora também não sejam imagens muito originais. Paredes brancas, qubbas, palmeiras, não se varia muito.


quarta-feira, 9 de março de 2022

AÇÃO? SIM! MAS TEMOS DE REFLETIR MUITO. E PRECISAMOS DE UMA MOÇÃO COMPLETAMENTE NOVA. E DE EIXOS. ESTRATÉGICOS E ASSIM...

Esta cena do filme "A vida de Brian" está-me sempre presente. Por causa dos debates intermináveis. E da reflexão que não dá em nada. E dos eixos. E das medidas. E dos objetivos programáticos. A cada dia que passa, em termos gerais, planeamos cada vez melhor e com mais rigor e executamos cada vez pior.




terça-feira, 8 de março de 2022

LUXE, CALME ET VOLUPTÉ

A cor desta tela de Matisse, data de 1904, é ilusória. Tal como o eram o luxo e a calma do filme de Woody Allen que acabo de ver. Blue Jasmine é o menos Allen de todos os seus filmes. Certamente o mais perturbador.

O fauvismo da cor evoca(-me) o delírio e a ferocidade de algumas vidas no mundo financeiro. E os vários magos de pés de barro... Ponzi, Maddoff, Caldeira, Rendeiro, Salgado... E este Blue Jasmine não faria sentido, imagino eu, sem o escândalo Maddoff . Um bom filme, mas demasiado duro para ser classificado como "comédia".


segunda-feira, 7 de março de 2022

NATUREZA MORTA

Até quinta, nas instalações da Fundação INATEL, em Évora.

Preocupações que andam na ordem do dia. Presença no território sob forma de imagem. Por José Manuel Rodrigues, nome maior da fotografia portuguesa.


CÉU MEU

Estava assim o céu da minha terra, às 16:47 de ontem.

De Juan Ramón Jiménez:

Sólo mi frente y el cielo.
Los únicos universos.
Mi frente, sólo, y el cielo.

(Entre ellos, la brisa pura,
caricia fiel, mano única
para tales plenitudes.
La brisa, que baja y sube).

Arriba, todo el ser vivo,
todo el sueño en mi sentido,
rozando a aquel con las alas
que a su armonía él le baja.

Nada más.
(¿Acaso eres
tú la brisa que va y viene
del cielo, amor, a mi frente?)


sexta-feira, 4 de março de 2022

A PROPÓSITO DAS ESCAVAÇÕES ARQUEOLÓGICAS NO CONVENTO DO CARMO, EM MOURA

Decorrem escavações arqueológicas nos terrenos do antigo Convento do Carmo, em Moura.

Têm surgido, nas redes sociais, imagens dos trabalhos em curso. Várias dessas imagens, bem recentes, mostram estruturas relevantes e que merecem reflexão.

Não tendo detalhes do que está em curso deixo aqui algumas ideias, que espero que possam servir aos arqueólogos responsáveis pela intervenção.

O ponto de partida é constituído por fotografias da boca de um silo. Trata-se de uma estrutura comum em sítios medievais e modernos que, por norma, fornece importantes quantidades de materiais. É comum que a cronologia destes seja coerente, por corresponderem a uma fase de abandono do sítio.

Posto isto, "apostaria" que o silo é anterior ao século XVI. Porquê? Porque essa é a fase de grande enriquecimento e de expansão do Convento. Ou seja, as novas edificações são feitas por cima de ocupações anteriores

Assim sendo, das duas uma:

* Ou o silo é islâmico

* Ou tem uma cronologia em torno dos séculos XIII-XIV (XV?).

Qualquer das possibilidades é interessante, e tem a ver com a ocupação agrária do espaço perirubano.

O local onde o convento foi construído é uma vasta plataforma com um ligeiro declive em direção a norte. Toda essa zona beneficiou das águas que saíam do castelo e que irrigaram as hortas em seu redor. No período islâmico haveria aí várias munyas, como o parecem atestar os materiais cerâmicos descobertos em tempos na Rua do Sete e Meio, assim como uma moeda de Hisham II encontrada na mesma área. Não sendo um "arrabalde" de Moura, poderia ser local de fixação de algumas famílias, que aí viveriam em pequenos casais.

Se se comprovar que a cronologia é baixo-medieval, e posterior à Reconquista, será uma ótima ocasião para aferir cronologias, por se tratar de um contexto perfeitamente selado.



THE ANTENNA ONE

Momento Lauro Dérmio, logo pela manhã. E dizia o locutor, falando da produção de trigo:

"Não esqueçamos que a Ucrânia era conhecida como o cesto de pão da Europa"

Para acrescentar rapidamente:

"The bread basket of Europe"

Deu para descontrair, ao menos isso.

quinta-feira, 3 de março de 2022

ATHINA, EPISTROFI STIN AKROPOLI

No meio de uma conversa sobre um projeto em desenvolvimento mencionei este filme de Theo Angelopoulos (1935-2012) à pessoa com quem falava. Não conhecia, mas mostrou um enorme interesse em saber do que se tratava. "Atenas, regresso à acrópole" (1983), já aqui referido há muitos anos, é um objeto inclassificável. Não se encaixa em tipologias... É um longo e esotérico poema sobre a relação com um cidade. Um filme muito belo e original.

A arqueologia mostra-se, direta ou indiretamente. Vemos uma escavação, tal como vemos o negativo de uma casa. Um exercício que sempre me fascinou.

Filme completo aqui:

https://youtu.be/OVNmGlBo8a8


quarta-feira, 2 de março de 2022

A REABILITAÇÃO DO PATRIMÓNIO NÃO É UM LONGO RIO TRANQUILO...

Uma coisa é certa: todos os que trabalham neste domínio já passaram por estas experiências, bem aborrecidas. Já me aconteceu (em Moura), com todos os atrasos, maçadas e problemas daí decorrentes.

Fiquei preocupado ao ler esta noticia, que vem atrasar uma obra imprescindível. E que por razões de ordem afetiva e profissional me diz muito.

Mesmo que as empresas que reclamam não tenham razão (suponhamos que não têm mesmo...) os danos decorrentes da paragem são reais.

Beja não é o primeiro caso, nem será o último...


COMEÇANDO MARÇO

E arranca o mês. De amanhã até domingo:

Dia 3 - Conferência pela Dra. Marta Santos Pais, comissária do Programa Nunca Esquecer.

Dia 3 - Concerto pelo Ensemble da Orquestra Clássica do Centro

Dia 5 - Audição da composição de Almut Kühne, concebida para a vídeo-escultura "Candelabro ASM"

Dia 6 - Concerto (quarto da série 2021/(2022) pelo guitarrista Paulo Amorim.

Prossegue a exposição "Pantheon & Panteão".


terça-feira, 1 de março de 2022

SAUDADES DO CINEMA








No outro dei comigo a ter saudades do cinema. Bem entendido, que há salas de cinema em Lisboa. Mas nenhuma tem o esplendor do Império ou do Monumental de outrora. Nenhuma tem a fantástica escadaria desenhada por Cassiano Branco para o Eden. O Império pertence a uma seita, o Monumental foi demolido, o Éden adulterado. Tenho saudades dos écrans gigantes e dos filmes que eram anunciados “no esplendor inigualável dos 70 mm e do som estereofónico total”. Os cinemas são salas onde há filmes, e pouco mais. Os écrans empequeneceram e o próprio cinema se adaptou às plataformas e à televisão, adequando os enquadramentos. A sétima arte tornou-se técnica, cronómetro e cálculo. Os argumentos são peças ao serviço de uma máquina e já quase não se sabe escrever. Há, hoje, na vertente comercial, dois cineastas que sabem escrever (e de que maneira escrevem!): Pedro Almodóvar e Woody Allen. E, no cinema português, o texto que Miguel Gomes escreveu para “Tabu”.

 

Não tenho saudades do “formalismo” de outrora. Nem tenho saudades dos empregados uniformizados, da multidão de empregados nos grandes cinemas, uns que vendiam bilhetes, outros que controlavam as entradas, outros que nos levavam ao lugar (com uma lanterninha para os retardatários) e nos entregavam o programa e a quem era de bom tom dar gorjeta.  Essa parte pequeno-burguesa era à margem do cinema propriamente dito, mas dava às sessões da noite um ar sério e de certa cerimónia.

 

No outro dia fui ver “O bom patrão”. O filme tem um argumento muito bom e toda a história é feita por e para Javier Bardem. Logo no início da sessão (éramos uns 10 espetadores no máximo), entram dois casalinhos munidos de baldes de pipocas. O raio das pipocas. No caso de “O bom patrão” nem foi assim tão dramático, mas imaginem “Morangos silvestres” ou “Aurora” ou “Tokyo monogatari” no meio daquele hediondo scrontch! scrontch!, sem podermos usar um taser nem nada...

 

Sim, nessas alturas tenho saudades de outros cinemas. Daqueles em que o público estava furiosamente silencioso, e em que só ouvíamos a banda sonora e o som da máquina de projetar. E em que se ía ver cinema e não mascar pipocas. Chego a ter saudades da noite em que passou, no Pavilhão Mourense (um espaço ao ar livre já desaparecido), “Catlow”, um filme de cobóis do qual não reza a história. A fita, velha e riscada, partiu-se 14 vezes e o clamor e os assobios foram subindo de tom ao longo da noite.

 

Vejo agora menos filmes, num registo cada vez mais independente. Não perco tempo nem tenho pachorra. A paixão pelo cinema mantém-se. Como naquela noite de 1972, em que fui ver “Patton”, na minha primeira incursão noturna. O filme (já) não é sensacional. Mas a memória que essa noite deixou é inapagável.