sábado, 30 de abril de 2022

RECORDANDO T.S. ELIOT

Este poema passou por aqui há exatamente 11 anos. Não há coincidências (tenho grande dificuldade em acreditar em coincidências, por mais que me digam que elas existem). Chega ao fim abril, recordando T.S. Eliot (1888-1965). E um excerto de The waste land.













Abril é o mais cruel dos meses, gerando
Lilases na terra morta, misturando
A memória e o desejo, atiçando
Raízes inertes com a chuva da primavera.
O inverno manteve-nos quentes, cobrindo
A terra com a neve do esquecimento, alimentando
Um pouco de vida com tubérculos secos.


April is the cruellest month, breeding
Lilacs out of the dead land, mixing
Memory and desire, stirring
Dull roots with spring rain.
Winter kept us warm, covering
Earth in forgetful snow, feeding
A little life with dried tubers.

sexta-feira, 29 de abril de 2022

DUARTE DARMAS - APRESENTAÇÃO PÚBLICA NO DIA 5 DE MAIO (em ÉVORA)

O projeto "Duarte Darmas - do cálamo ao drone" vai ser apresentado ao público no próximo dia 5 de maio, às 18 horas, em Évora.

Será lançado o livro e apresentada a exposição itinerante, que tomará forma em breve, e o documentário que fechará o projeto, e que está em fase de produção.

Ao longo de quatro anos foi sendo desenvolvido um plano de trabalho. O que foi feito?

* Uma comparação entre o que Duarte Darmas viu e o que hoje pode ser visto. Como? Usando um drone, e uma vez que as perspetiva apresentadas pelo desenhador são uma artificiosa criação;
* Uma leitura gráfica usando o desenho do século XVI e fotografias aéreas atuais;
* Um ficha explicativa por cada sítio, com detalhe para os espaços registados com maior pormenor.

Nos próximos meses, o projeto de Duarte Darmas estará, em definitivo, encerrado. Já não era sem tempo.


quinta-feira, 28 de abril de 2022

"PESSOAS COM FOME NÃO TÊM VONTADE DE CULTURA"

Isto foi dito ontem, numa Assembleia Municipal, algures no Alentejo. Deixo o desafio de se dizer onde e qual o partido da vereadora que o disse.

É improvável que uma pessoa cheia de fome tenha como primeira preocupação ler Camões. Mas aquela afirmação é das piores que já tenho lido. Porque coisifica o Ser Humano e o transforma num conjunto de necessidades básicas. De acordo com este brilhante raciocínio, os países pobres e mais carenciados nunca poderiam produzir Cultura.

Satisfaçam-se necessidades básicas, a todos os níveis. Cito o célebre Decreto-Lei n.° 27 279, de 1936: «O ensino primário elementar trairia a sua missão se continuasse a sobrepor um estéril enciclopedismo racionalista, fatal para a saúde moral e física da criança, ao ideal prático e cristão de ensinar bem a ler, escrever e contar e a exercer as virtudes morais e um vivo amor a Portugal". Era ministro da Educação Carneiro Pacheco. Era presidente do conselho Oliveira Salazar. É preciso dizer mais?

Leia-se:

http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223915576N2uIW7kz6Wc55GA7.pdf

Do fotógrafo lituano Balys Buračas (1897 - 1972):

MOURA: PS E CHEGA CHUMBAM MOÇÃO SOBRE O 25 DE ABRIL e o 1º DE MAIO

O texto foi-me remetido há pouco. Ante alguma polémica, a CDU propôs-se retirar os pontos 6 e 7 da moção. Qual quê... PS e CHEGA uniram esforços para votar contra, na Assembleia Municipal de ontem. O CHEGA ainda percebo... Já o que PS de Moura defende é uma lógica sem lógica, sem princípios nem valores. Uma navegação à vista, feita ao acaso e com "casamentos" como este. Em momentos assim, tenho pena do meu concelho.





quarta-feira, 27 de abril de 2022

MUDÉJAR A SUL - OUTRAS GEOMETRIAS

No mudejarismo do sul, a madeira cedeu lugar ao tijolo. À sofisticação das laçarias na madeira respondem as abóbadas em tijolo e as paredes brancas e quase sem aberturas ao exterior do chamado “gótico alentejano”. A expressão mudéjar alentejana reflete-se na chamada grelha do passadiço do Paço dos Infantes, obra em tijoleira de finais do século XV e que fazia a ligação entre o paço dos duques de Beja e o mosteiro de Nossa Senhora da Conceição. Uma peça extraordinária.

A fotografia é de Jorge Maio.


terça-feira, 26 de abril de 2022

TARRAFAL

O autor da fotografia é Mário Murteira (1933-2013) um economista com percurso muito importante nas áreas da Cooperação e do Desenvolvimento. Fui autorizado a publicá-la pelo seu filho, e meu amigo, Jorge.

Passou por mim uma onda de boa disposição, ao ver o elaborado nome deste barco, pousado na praia do Tarrafal. A praia tinha barcos, a última vez que lá fui. Espero que ainda tenha. O nome do barco é uma verdade absoluta. Espero que no Tarrafal se mantenha este espírito sardónico. Que tanta falta faz.


segunda-feira, 25 de abril de 2022

AS PORTAS QUE ABRIL ABRIU

Quem ninguém mais as cerre é missão nossa. Nada está garantido.



domingo, 24 de abril de 2022

REGRESSAR

Uma das mais belas sensações é a da pertença a um sítio. Afortunadamente, raro privilégio, tenho dois: Mértola e Moura.

Hoje, sem previsão nem programa, fui parar ao Trail de Moura, uma organização da Casa do Benfica local. Horas felizes, revendo amigos e conversando aqui e ali.

Este regresso, que já ontem tinha tido um "prefácio", ontem na Estrela, vincou-me uma certeza. Este(s) serão o local do regresso mais firme, daqui por algum tempo.

Claro está que o trabalho de investigação arqueológica sobre o sítio-Moura não irá parar. Ponto.


sábado, 23 de abril de 2022

HAVERÁ ALGUMA EXPLICAÇÃO?

Em 2017 reabilitou-se este monumento e editou-se um CD, homenageando o maestro José Coelho. Cinco anos volvidos, o monumento está neste estado. Pergunta: haverá alguma explicação?


sexta-feira, 22 de abril de 2022

MÁSCARA N°. 4: FUNCHAL

Mais uma "cara", esta no átrio de entrada do fantástico Museu de Arte Sacra Funchal. Hoje, ao início da tarde.

Na procura da face humana dos sítios.


 

CÉU GEOMÉTRICO

Em 2020, não pude rever o teto mudéjar da Sé do Funchal. Havia de recuperação e um véu branco cobria o céu dentro da igreja. Terminadas as obras, a cobertura é visível, em todo o seu esplendor. E que esplendor! Um trabalho tardio onde, no detalhe, vemos as influências do Renascimento.

O geometrismo está agora mais claro e mais colorido? Sim. Este mudéjar é uma arte do sul mediterrânico? Nem tanto... Não esqueçamos o teto da matriz de Caminha, obra de "biscainhos". No Alentejo há este mudéjar? Não, no Alentejo há tijolo e há cal. Temos o gótico alentejano... E a espantosa grelha do Museu de Beja.







quinta-feira, 21 de abril de 2022

CHÁ, CAFÉ OU LARANJADA?

É uma frase emblemática mas, na verdade, nunca a ouvi. Também nunca viajei tanto assim.
Lembrei-me dela ao receber uma SMS, depois de fazer o check-in para uma viagem logo à noite. Agora é tudo pago... E é para quem quer.
O "glamour"? Ora, ora, onde isso já vai...



quarta-feira, 20 de abril de 2022

ANTES E DEPOIS

Há sempre um antes e um depois. Em vários trabalhos me tenho ocupado desse verdadeiro jogo de espelhos que consiste em contrastar realidades. Como era e o que aconteceu. Não deixa de ser uma certa atenção arqueológica à realidade, mas a verdade é que dois trabalhos recentes "andaram" muito por aí.

Há dias, reparei nesta imagem antiga do 28. A fotografia foi feita no Cais do Sodré. Ao fundo, à direita, vê-se o edifício que alberga a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde. A de baixo é em Santa Apolónia.

O 28 agora é 728 e vai até à Portela. Apanho-o com regularidade para ir até perto do Palácio Nacional da Ajuda. Nunca há apertos e a rede wifi funciona bem.







terça-feira, 19 de abril de 2022

DAQUI A UM MÊS, UM ISLÃO MERTOLENSE

Ainda pairou a dúvida, se haveria festival ou não. Mas há mesmo. Razões de segurança impossibilitam, contiudo, que ele ocorra no modelo habitual.

Optou-se por um figurino diferente. Vai ser no primeiro arrabalde, junto à porta principal de acesso à vila velha. Temos, assim, um "compasso de espera", enquanto vão ser criadas condições para que no próximo festival tudo regresso ao registo e aos sítios do costume.


Site do Festival - https://www.festivalislamicodemertola.com/



segunda-feira, 18 de abril de 2022

AMANHÃ, NA RÁDIO OBSERVADOR

Acabo de ser convidado para participar, amanhã de manhã, no programa de José Manuel Fernandes, que vai ser dedicado ao Panteão Nacional. Lá estarei, a partir das 10:30.

Ouvir online - https://observador.pt/radio/player/


BRANCA DE NEVE - VERSÃO VILHENA

Sem direito a segunda-feira de Páscoa (o Dia da Voz "obrigou" a Páscoa lisboeta), e depois de uma conversa, ontem ao almoço, sobre o memorável "Branca de Neve" de João César Monteiro, aqui fica a referência, sem comentários meus, a outra Branca de Neve, de 1962. A de José Vilhena. Com a notável análise literária do censor.



domingo, 17 de abril de 2022

OUTROS TEMPOS

Paris em 1945. A grande festa da Libertação. Decididamente, outros tempos. Estes não voltam. E se a Le Pen ganhar, haverá celebração rija no Kremlin. Não sei com que brindarão...

Do "El Pais" de julho de 2021:

"o presidente russo sancionou uma nova lei decretando que apenas os champanskoe, os populares e acessíveis espumantes criados na época soviética como fórmula para democratizar o luxo, podem ser etiquetados como champanhe a partir de agora na Rússia. Os borbulhantes vinhos estrangeiros —inclusive os da região da Champanhe, nordeste da França, protegidos por uma denominação de origem controlada e fabricado apenas com certas variedades de uvas e um processo de maturação específico— serão rotulados e classificados como “vinhos espumantes” no mercado russo".


PLEASED TO MEET YOU...

And I was 'round when Jesus Christ

Had his moment of doubt and pain

É um dos melhores temas (o melhor?) dos Rolling Stones. Data de 1968. Alude indiretamente à Pascoa, que hoje se celebra.

Quem filmou? Michael Lindsay-Hogg (n. 1940), que depois realizaria "Let it be". Que é menos mau do que muitas vezes se diz.

E "Sympathy for the Devil" não seria o que é sem a participação do percursionista ganês Kwasi Dzidzornu (1935-1993), aliás Rocky Dijon. E sem aquele coro.

sábado, 16 de abril de 2022

VOZ E SANTA ENGRÁCIA

E o dia foi.

200 pessoas encheram a nave do Panteão. Celebrou-se o Dia da Voz. Que é também o Dia de Santa Engrácia. Assim nos juntamos ao Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. Com o Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento, com Nany Lima, com Teresinha Landeiro. E com os músicos que os acompanharam.

Um momento em torno de três formas de Património musical e vocal que já são de toda a Humanidade: Cante Alentejano, Morna e Fado. Algo que não teria sido possível sem a solidária colaboração do Museu do Fado, nem sem o apoio da Embaixada de Cabo Verde, do Centro Cultural Cabo Verde e da Câmara Municipal de Serpa. E da Lisbon Cruise Port.






ANMP

Aparentemente, Rui Moreira será o único a querer abandonar a ANMP. Esperemos que isso não aconteça. Durante uns dias, pairou em mim aquela ideia, peregregrina e antiga, de uma ANMP para ricos, outra para menos abonados...

Ainda que já um pouco afastado dessas lides, continuo com a mesma convicção: os sucessivos governos têm descarregado para cima das autarquias aquilo que menos interessa, atafulhando as câmaras em tarefas rotineiras e burocráticas. E que me permitem ler frases extraordinárias e deprimentes, de um presidente de câmara como "o Município de [...] irá garantir um milhão em vencimentos". Ou seja, o assunção da menoridade de um cargo em todo o seu esplendor.

Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, vem dizer que "não podemos ser tarefeiros do Governo”. Sem dúvida. Tem toda a razão. Vale a pena recordar que há autarcas que foram governantes e há governantes que foram autarcas. Vale mesmo a pena recordar isso. Porque, sei-o por experiência pessoal, o País precisa de um Poder Local forte, autónomo, independente e transparente.


sexta-feira, 15 de abril de 2022

EUNICE MUÑOZ (1928-2022)

No dia da partida de Eunice Muñoz, retomo dois textos do blogue (24.6.2012 e 18.7.2015).

A esta distância, tenho a certeza que "O parque", na primavera de 1985, foi a melhor peça de teatro que vi, até hoje. Gilberto Gonçalves desapareceu em 2012, a Cornucópia encerrou em 2016, Eunice Muñoz deixa-nos agora. Tudo isto tem um travo de melancolia.


DOMINGO, 24 DE JUNHO DE 2012

O PARQUE

Ainda o solstício, numa versão desencantada, a de Botho Strauss (n. 1944). A peça estreou em janeiro de 1985 e fomos, entusiasticamente, aconselhados a ir vê-la pelo nosso professor de Arte Contemporânea. O parque baseava-se em Shakespeare, mas aquela noite de verão "transforma a 'louca jornada' de Titânia e Oberon, deuses doutro tempo e da peça de Shakespeare, num crudelíssimo retrato do nosso tempo" (Luís Miguel Cintra). Eunice Muñoz e Gilberto Gonçalves deram corpo ao par. Uma noite sem esperança e marcada pela amargura e pelo desencanto. Botho Strauss falava do mundo contemporâneo e previa o futuro...

Foi, talvez, a mais extraodinária peça teatral a que assisti. E de que me lembro agora, nesta noite de S. João.


Sobre o Teatro da Cornucópia: http://www.teatro-cornucopia.pt/htmls/home.shtml


SÁBADO, 18 DE JULHO DE 2015

EUNICE MUÑOZ & MÁRIO ZAMBUJAL

Noite de homenagem a Eunice Munõz e a Mário Zambujal. Uma iniciativa da Comissão de Festas de Santa Maria 2015, à qual a Câmara Municipal teve a oportunidade de se associar, na passada semana. Uma noite marcada pela presença de artistas locais. Eunice Muñoz e Mário Zambujal estavam felicíssimos. Isso notava-se na expressão deles e ficou bem evidente nas sentidas palavras que nos deixaram.

A Mário Zambujal devo a enorme simpatia de ter apresentado, por duas vezes, um livro meu: na FNAC e em Moura, em 2001. A Eunice Muñoz devo a mais extraordinária peça a que assisti (v. aqui). Tive a oportunidade de lhes agradecer esses factos.




quinta-feira, 14 de abril de 2022

E COMO ESTAMOS NA PÁSCOA...

... e já hoje falámos nos Monty Python...
Aqui fica esta magnífica interpretação de "Always look on the bright side of life". Que também tem a ver com esta quadra.
Boa Páscoa!


 

OS MONTY PYTHON EM PORTUGAL

Não é que venham cá, até porque já faleceram dois elementos do grupo.

Mas isto está ao nível de sketchs como o do papagaio morto, as aulas de inglês para húngaros ou os dois picos do Kilimanjaro.



quarta-feira, 13 de abril de 2022

FADO POP

Em cima vemos uma obra de João Vale, que está no Museu do Fado. Inspirada no celebérrimo e inspirador LOVE, de Robert Indiana (1928-1918).

O Museu do Fado é um belíssimo sítio. Sábado vou andar por lá uma parte da tarde, entre sons mais próximos e mais distantes.


terça-feira, 12 de abril de 2022

HOMENAGEM

Homenagem ao Dr. Rui Vilar, ontem à tarde, na CULTURGEST. Deve ser difícil encontrar alguém que, como ele, tenha cruzado cinco décadas de atividade cívica, com o empenho com que o fez. Incluindo, bem entendido, a administração da Caixa Geral de Depósitos e a criação da CULTURGEST.

Ter ficado com o nome perpetuado no auditório é muito importante. Mas decisivo mesmo é ter apoiado a criação da Orquestra Geração. Que me proporcionou um dos momentos mais comoventes dos últimos tempos.

Ver - https://youtu.be/YEmCKIllPhM

Ler - https://orquestra.geracao.aml.pt/

A mais bela homenagem à carreira de alguém é ver como essa carreira deixou frutos. O Dr. Rui Vilar, um cidadão ao serviço da República, tem razões para se sentir orgulhoso. Por causa da Orquestra Geração e por muitas outras razões.


segunda-feira, 11 de abril de 2022

ACADEMIA DOT BAGUNÇA

O site é ótimo, entendamo-nos. É de consulta obrigatória pelos alunos. Há lá imensa informação. Somos estimulados a carregar no nosso "perfil" o que vamos publicando. O único "senão" é a confusão de nomes. Somos, com regularidade, convidados a confirmar se esta ou aquela publicação é mesmo nossa. Nos últimos tempos tenho recebido imensas solicitações do género. Marias há muitas e santiagos macias mais que muitos, no mundo americano.

A última foi esta. Há um homónimo que é pneumologista. Já me pediram confirmações de autoria sobre coisas de ortopedia e de matemática, também. É caso para dizer "eu não sou eu; sou outra pessoa".

Site - www.academia.edu


CONHECER O PANTEÃO - SEGUNDA SESSÃO

Prossegue o ciclo de conferências em torno do Panteão Nacional. Integram-se na Temporada Cruzada Portugal-França e preparam o caminha para a edição de um conjunto (de seis) teses de metrado.

Depois de amanhã intervirá Maria Luísa Jacquinet (UAL), cujo tema é: Desvelando o mito de Santa Engrácia: o caso de Simão Solis (†1631), cristão-novo.

domingo, 10 de abril de 2022

ANTES DE DOMINGO DE RAMOS

Procissão de trasladação da imagem do Senhor dos Passos, da Igreja Matriz para a da Misericórdia. O percurso é curto, não mais de 400 metros, sempre a descer. É um "regresso ao passado". Ou a outros tempos em Mértola. Não assisto a esta procissão há uns bons 20 anos, 2002 ou 2003, seguramente.

A noite está amena e arrisco fotografar. O rolo HP5 puxado a 1600 (grão e mais grão...), a abertura a 2.0 (lá se vai a profundidade de campo...) e a velocidade entre 1/15 e 1/30 (a mão ainda está firme, vá lá...). Devem ter ficado uma boa treta, mas ao menos deu para respirar a noite de Mértola. Isso valeu tudo.

sábado, 9 de abril de 2022

O OUTRO LADO DO SUL: CON MI MITAD ALLI

Recordando Sidi Bou Saïd, há bem mais de uma década. A brancura do sítio é quase prata. A mesma de que falava Juan Ramón Jiménez.











Mi plata aquí en el sur, en este sur, 
conciencia en plata lucidera, palpitando 
en la mañana limpia, 
cuando la primavera saca flor a mis entrañas ! 
Mi plata, aquí, respuesta de la plata 
que soñaba esta plata en la mañana limpia 
de mi Moguer de plata, 
de mi Puerto de plata, 
de mi Cádiz de plata, 
niño yo triste soñeando siempre 
el ultramar, con la ultratierra, el ultracielo. 
Y el ultracielo estaba aquí 
con esta tierra, la ultratierra, 
este ultramar, con este mar; 
y aquí, en este ultramar, mi hombre encontró, 
norte y sur, su conciencia plenitente, 
porque ésta le faltaba. 
Y estoy alegre de alegría llena, 
con mi mitad allí, mi allí, complementándome, 
pues ya tengo mi totalidad, 
la plata mía aquí en el sur, en este sur.

CASTELO DE VIDE - BREVEMENTE

O convite foi feito há semanas. Uma proposta de reflexão sobre a imagem urbana e sobre as suas várias formas de construção. Foi-me sugerido, o que aceitei de muito bom grado, que centrasse a minha intervenção no livro de Duarte Darmas, à volta do qual tenho "andado" em tempos recentes. A conferência, ainda sem título, será focada nos artifícios de um desenhador, que não tinha drone, nem podia recorrer ao photoshop.

Informações em: https://idade-media.castelodevide.pt/pt_PT/submissoes/?fbclid=IwAR0vUFxoDMFKzDJ-BpZ5flHsLksEVCn3OP707uHLb8eVXHBUfslFFk6sCII

De 6 a 8 de outubro estarei pelas alturas de Castelo de Vide, isso é certo.




sexta-feira, 8 de abril de 2022

HARA-KIRI

Nos últimos dias, ocorre-me, de forma sistemática, a expressão HARA-KIRI. Há quem pareça querer praticá-lo, politicamente, no nosso País.




DANDO VOZ AO PATRIMÓNIO

Dia 16 de abril é o Dia Mundial da Voz. E é, também, o Dia de Santa Engrácia.

E temos o Museu do Fado, aqui mesmo ao lado, dirigido por Sara Pereira, colega e amiga de longa data. Avançou-se, assim, para uma organização conjunta, em torno da voz.

Tivémos um excecional acolhimento por parte da Embaixada de Cabo Verde e da Câmara Municipal de Serpa. E assim se avançou para um programa onde se celebra, orgulhosamente o Património. Fado, Morna e Cante Alentejano, que são Património da Humanidade, num só momento.

quinta-feira, 7 de abril de 2022

MEIA-IDADE: MODO DE VER

Foi no 34, hoje de manhã. Era um jovem na casa dos 20. Levava pela mão a filha, ainda muito pequena, de 4 ou 5 anos. Não me apeteceu subir as duas calçadas. Enfiei-me no autocarro. Meteu conversa comigo: "isto hoje não está para subidas". Fomos falando, naquele ritmo de pára-arranca, próprio das conversas de autocarro. Tout va avec. Às tantas, disse-me que na véspera tinha visto partir um grupo, todos vestidos de igual, saindo do Martim Moniz, em passo de corrida, em direção ao castelo. Perguntei, afirmando "um grupo jovem, suponho". Resposta "não, não, eram pessoas de meia-idade, aí na casa dos 30, 40".

Só me ocorreu a palavra senectude. Embora a OMS me garanta que ainda falta 1 ano e 56 dias para chegar a idoso.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

KAREL ZEMAN

Técnica, invenção, imaginação. É disso que se faz a Arte. É preciso ter "condições"? Decerto que sim. Mas esta breve demonstração da capacidade de um cineasta genial, Karel Zeman (1910-1989), prova também que é preciso encontrar soluções e procurar caminhos.

Destes filmes só comecei a gostar na adolescência. Em pequeno, só gostava mesmo dos filmes do Professor Baltazar. Que não eram checos, mas sim jugoslavos e sairam da imaginação delirante de Zlatko Grgić (1931-1988). Desses não me esquecerei.

Tal como não me esqueço do KONIEC com que os filmes fechavam. É a única palavra checa que sei... Os do professor Baltazar acabavam com KRAJ. T,ambém a única palavra croata que reconheço.




terça-feira, 5 de abril de 2022

ROMA - επόμενη στάση

Iniciei há anos, para prejuízo financeiro da família e por gosto pessoal, uma série de pequenos livrinhos de fotografia, quase sempre com o mesmo formato e dando corpo a coisas de que gosto. Relacionadas com sítios por onde fui passando. Sem a pretensão de ser fotógrafo e apenas para dar testemunho sobre áreas próximas a temas que têm ocupado a minha carreira profissional.

Assim surgiram:

Síria (2005)

Mar do meio (2009)

Moura-Bissau (2010)

Casas do sul (2013)

Caligrafias (2018)

Mesquitas (2019)

Bolama (2021)

Decidi, há dias, que haverá um oitavo capítulo. επόμενη στάση? Roma.

Ostia e S. João de Latrão, em 2010:










ORBÁN

2010, 2014, 2018, 2022. Sao quatro eleições consecutivas, com resultados robustos. Putin felicitou Orbán. O qual tem vincado bem a sua linha populista, nacionalista, xenófoba e reacionaríssima.

Ando, há dois dias, à procura de uma análise dos nossos politólogos encartados para uma leitura desta preocupante situação. Alguém me dá uma dica?


domingo, 3 de abril de 2022

CANTATA(s)

Anda tudo sedento de tomar o gosto à vida, depois destes dois anos estranhos e sem classificação possível.

Música e vozes, ontem à noite e hoje à tarde. Tinha comprado bilhetes para o espetáculo do CCB há mais de dois anos. Foram devidamente "amortizados" (e com que qualidade!) ontem à noite. Um espetáculo comovente e forte. Tanto quanto as vozes que escutámos.

A tarde de hoje teve um enquadramento diferente. Um cantata da autoria do compositor argentino Daniel Schvetz. Um centena de pessoas deu um ambiente diferente ao Panteão Nacional, onde dominaram os sons de "Umbra Lusitania". Um espetáculo original, com uma partitura original e bela.