terça-feira, 30 de junho de 2015

PARIS, LOGO PELA MANHÃ

Um jovem amigo perguntou-me se conhecia "isto". Claro! Isto passa de geração em geração. É um atrevido clássico de Claude Lelouch (n. 1937). Um Mercedes-Benz 450 SEL 6.9 lançado a alta velocidade pelas ruas de Paris. Único truque aparente: o som é o de um Ferrari 275GTB. A curta-metragem está envolta em várias lendas urbanas. Uma curta-metragem invulgar, com um carro conduzido pelo próprio realizador.

Não faço ideia quanto é que se pagava na altura por não parar num sinal vermelho, mas a brincadeira não deve ter ficado barata...

Um filme francês, com ritmo e tudo, como escolha cinéfila da semana.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

TEMOS OS COFRES CHEIOS

... temos os cofres cheios ... blablabla ... Portugal não é a Grécia ... blablabla ... não sofremos risco de contágio ... blablabla ... uma saída limpa ... blablabla

(ainda bem que temos governantes em quem podemos confiar... uf!)


OS ECONOMISTAS DEVIAM SABER MAIS HISTÓRIA

Isso dizia hoje um economista, na Antena Um. É verdade. Tomar decisões sem conhecer um pouco do passado dá mau resultado.

Basta olhar para este mapa, que reflete a divisão do Império Romano (Teodósio - 395 d.C.), para se perceber melhor o terramoto à nossa volta. Olhe-se o mapa da Líbia, já agora, e recorde-se o que aconteceu no início da crise, com Benghazi a assumir a liderança da luta contra Tripoli.

domingo, 28 de junho de 2015

SANTOS POPULARES - NOITE E DIA E LUZ E COR E SOM

Os mastros e as marchas fizeram parte destes dias. Quer olhássemos o céu ou o chão. Houve música um pouco por toda a parte e cor e animação em todos os cantos do concelho.

Foram dias (ainda) mais intensos e exigentes. Ao descer esta madrugada a brecha do jardim, lembrei-me, vá lá saber-se porquê!, de um poema de Manuel Bandeira (Vou-me embora pra Pasárgada), que pensava já ter posto no blogue. Daí a Dorival Caymmi e a Maracangalha foi um pulinho de memória. Desci o resto da rua trauteando a música, baixinho, para ninguém ouvir.

Nada. Nem Pasárgada, nem Maracangalha. Limitei-me a rumar à Salúquia...

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.


CAUSAS DA DECADÊNCIA DO INTERIOR DO PAÍS

Em agosto de 1984 assisti a um curioso episódio no ramal de Montemor-o-Novo. A automotora parou no meio de um descampado. O maquinista desceu e foi fechar a cancela da passagem de nível. Regressou à automotora. Avançámos mais um pouco. Nova paragem. Nova saída para abrir a cancela. O veículo retomou a sua marcha. Esta cena, quase neorealista, pertence a um passado esquecido.

A violenta redução da rede ferroviária de passageiros (v. imagem) reflete o abandono a que o interior do país foi votado. Entretanto, veio aquele papo fino europeu (programas integrados, nuts, interreg, investimento elegível, etc). Depois, o interior continuou a envelhecer e a despovoar-se. Sem retorno nem esperança. Hoje estamos como mostra o mapa. Daqui a uns anos, e a não haver investimento sério nestes territórios, estaremos pior. Nessa altura, virá, aposto!, a proposta de supressão/agregação de municípios. Para otimizar, outra palavra corrente no burocratês...

É só uma questão de tempo. E do habitual conformismo, e da habitual falta de coragem, do "arco do poder"...

COMO CHEGAR ÀS NECESSIDADES - PRIMEIRO PASSO

Em 1994 concorri à carreira diplomática. Por razões conhecidas da família e dos amigos mais chegados, desisti do concurso. Referi esse episódio aqui no blogue, há poucos meses.

Havia, e continua a haver, provas que determinam a eliminação dos candidatos. Fiquei perfeitamente espantado ao saber que 78% (!) não tinham passado na prova de cultura geral. Picou-me a curiosidade e, mesmo às 3 da manhã, e depois de sair do mastro da Casa do Benfica, deu-me para responder na edição on-line do "Expresso". Achei o teste inusitadamente fácil. As 9 falhadas não sabia mesmo. As outras eram, na sua maioria, elementares e, muitas vezes, quase do senso comum. Uma pergunta deixou-me uma dúvida: como é possível classificar o filme "Verdes Anos" como neorealista??


sexta-feira, 26 de junho de 2015

ATELIÊS DE VERÃO

Encontrei esta sugestiva imagem algures no facebook. De início, não percebi que se reportava a uma iniciativa da Câmara Municipal de Moura. Depois constatei que é uma das ações dos nossos ateliês de verão. Que abrangem 250 crianças e jovens.

Fiquei contente ao ver o que se passa na Estrela. E que me merece mais que uma envergonhada divulgação.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

HORTA PSICOLÓGICA

Conversa de taberna:

Interlocutor A - Ainda tens a horta biológica?
Interlocutor B - Ainda. Eu e mais uns amigos. Um deles tem uma horta psicológica...
Interlocutor A - Sim. Tem ali um monte de ervas por tratar. A horta é psicológica. Só existe no sentido dele.

É assim que se aprendem coisas ao fim do dia.


La fábrica de Horta de Ebro. Picasso. 1909.

MÉRITO MUNICIPAL


João Petronilho (à esquerda) e Francisco Santos (à direita) receberam, ontem, a Medalha de Mérito de Bons Serviços do Município de Moura. Foram, respetivamente, Segundo Comandante e Comandante dos Bombeiros de Moura. Um exemplo de serviço à comunidade.

terça-feira, 23 de junho de 2015

ARCIMGILDO

Nunca Francisco Hermenegildo ouvira falar no milanês Giuseppe Arcimboldo (1526–1593). Na prática, é como se o nome lhe fosse familiar. Arcimboldo compunha as suas telas a partir de objetos existentes que, conjugados entre si, produzia novos desenhos e novas formas. A sua obra ganharia novo fôlego e popularidade com os surrealistas, permanecendo até hoje como exemplo raro, bizarro até, de uma artista que antecipou as colagens. Muito do que Francisco Hermenegildo fez tem a ver com um sentido de recomposição de uma realidade pré-existente. Peças como Ave ou Flor de paz ligam-se a essa corrente.

Não creio também que as esculturas de Marcel Duchamp (a biclicleta, o suporte de garrafas, a pá…) lhe tenham servido de modelo ou inspiração. Até porque os objetos de Francisco Hermenegildo não são exatamente ready-mades, mas esculturas criadas a partir de outros objetos.

A paixão pela(s) máquina(s) está subjacente ao que aqui encontramos. O gosto do autor por carros e bicicletas antigas, pelo seu restauro e reutilização, encontra na escultura um prolongamento natural. Mecânico de profissão, Francisco Hermenegildo é também, e como justamente refere Marisa Bacalhau, um artista com preocupações ecológicas. Onde os outros veem lixo, o Francisco vê reciclagem e, sobretudo, uma oportunidade de (re)criação de formas. Como em A máquina, quase pop, quase futurista, na sua paixão pelos objetos mecânicos.

Francisco Hermenegildo? Sim. Mas também Arcimgildo…

Promover e divulgar artistas como ele é um prazer e um privilégio. A nossa missão é promover o orgulho da nossa terra, o seu potencial e a sua dinâmica. Velhos e talentosos amigos como o Francisco fazem parte, de corpo inteiro, deste nosso projeto.

Inauguração - 20.6.2105



LAURA ANTONELLI (1941-2015)

Um gif é a melhor forma de perpetuar, no movimento que se repete, a carreira de Laura Antonelli, ontem desaparecida. Sex-symbol dos anos 70, viu a sua carreira reduzida quase só a isso. Uma injustiça, reparada pela oportunidade dada por cineastas como Dino Risi. Nunca foi uma atriz genial, mas era mais do que a caricatura de seios e nádegas a que, tantas vezes, foi reduzida. E simbolizou um certo cinema italiano, de que tanto gosto.

Recordo-a aqui em Sexo Louco (Sessomatto), de Dino Risi. No sketch "L'ospite", cujo link não está acessível a todos:

https://youtu.be/Ps1hNuN9IeY

Um hóspede, tímido e desastrado, perde as estribeiras ante uma anfitriã dada à provocação. Laura Antonelli sai-se bem, mas Giancarlo Giannini dá um inesquecível espetáculo de representação.



Giancarlo Giannini e Laura Antonelli, “Sessomatto” (Dino Risi, 1973).

segunda-feira, 22 de junho de 2015

DO QIRKAT SAFARENSE À ANDALUZIA AMARELEJENSE

Dia longo pelo concelho: Sobral da Adiça, Santo Aleixo, Safara, Moura, Póvoa e Amareleja. A (re)descoberta, a cada momento, do que se julga conhecer a palmo. O alquerque (o Qirkat do oriente medieval, que o Livro dos Jogos reproduziu) na soleira da porta lateral da igreja de Safara. Tradições do levante mediterrâneo na nossa aldeia. E um alpendre neo-árabe ao fundo de um jardim de pendor romântico, num solar na Amareleja. Sugestões andaluzas sublinhas pelos azulejos de fabrico sevilhano. Pensamos que conhecemos tudo? Terrível equívoco esse.



domingo, 21 de junho de 2015

MÉRTOLA ISLÂMICA - 20 ANOS DEPOIS

E junho é mês de recordações académicas. A fotografia é um dos raros registos daquele dia. Em 21.6.1995 defendi a tese de mestrado na Universidade Nova. A fotografia tem 20 anos e eu tinha menos 15 quilos...

Um estudo sobre a alimentação no período islâmico, cujo resultado final tanto deve à minha orientadora, a Profª. Iria Gonçalves. O seu rigor obrigou-me a ser um pouco mais rigoroso. A sua tolerância deu-me rédea solta. Embora depois censurasse o meu excesso de liberdade na escrita. Nunca me perdoou que tivesse escrito "várias séculos antes do fast-food e do take-away, nas cidades meridionais já havia o hábito de comprar comida em lugares públicos" (cito de memória). Perguntou-me, em tom pesaroso, "você tem mesmo que escrever estas coisas?". Não tinha. Provavelmente, não devia tê-lo feito.

De resto, tudo correu bem. A arguição de Pedro Barbosa foi precisa, sem causar demasiados problemas. O livro foi publicado, em edição ne varietur, na primavera seguinte. Tempos mais tranquilos.


Da esquerda para a direita: o autor do blogue, Iria Gonçalves (FCSH/UNL), Luís Krus (FCSH/UNL) e Pedro Barbosa (FLL/UL).

sábado, 20 de junho de 2015

ASSEMBLEIA DISTRITAL DE BEJA: FINIS

Quorum à justa: 22 presenças em 42 membros.
Contas aprovadas.
Atas aprovadas.
Mapas de partilha apresentados e confirmados.
Património e funcionários na CIMBAL.
Museu Regional gerido a partir da CIMBAL.
Cessação da atividade consumada nas Finanças.

Foi assim.


Corre-se o pano.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

UMA CIDADE E O SEU MUSEU: 14/20 - LISBOA

Talvez não seja o principal museu de Lisboa. Ou aquele com maior notoriedade. Mas foi o primeiro que visitei, no final de 1973 ou no início de 1974, numa visita de estudo da Escola Preparatória Conde de Sabugosa. O museu ainda era assim, como se vê na fotografia. Na secção de etnografia ainda havia vitrines em madeira, altíssimas e neolíticas ou neomanuelinas. Uma delas está no átrio do primeiro andar, junto à sala com tetos de alfarje, onde costumam ser as conferências e encontros.

O Museu Nacional de Arqueologia marcou momentos importantes do meu percurso. Um eles foi a incomum Lisboa Subterrânea (1994), a única exposição que visitei que podia ser vista um duas perspetivas cronológicas: avançando ou recuando. Mais significativo foi o trabalho desenvolvido em 1997/1998, quando, em conjunto com Cláudio Torres, comissariei Portugal Islâmico: Os últimos sinais do Mediterrâneo. Foram muitos meses de idas e vindas, até à inauguração, em 15 de julho de 1998. Foram tempos de aplicação e de aprendizagem, com os colegas da equipa do museu, na qual me integrei. Compensação maior: a exposição teve mais de 100.000 visitantes. E ainda: o catálogo esgotou rapidamente, apesar de custar 14.000$00 (70 euros, na moeda atual), uma pequena fortuna.

Lisboa é a minha terceira cidade (Moura e Mértola andam ex-aequo, no primeiro posto). A localização do museu, na Praça do Império, é perfeita, entre a luz da cidade e a luz do Tejo. Poucos sítios como aquele estão tão no meu coração.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

VERMEER NA AMARELEJA

A fotografia de cima foi feita no VELA. Começámos hoje o projeto fotográfico sobre a Amareleja e o vinho da Amareleja. Escolhemos para este projeto um dos melhores fotógrafos portugueses: José Manuel Rodrigues.

A fotografia feita no Vela liga-se a uma tela do extraordinário Vermeer (1632–1675). Que, por feliz acaso, se intitula Het glas wijn (o copo de vinho)... Vejamos Vermeer e ouçamos Baudelaire.




LE VIN DES AMANTS

Aujourd'hui l'espace est splendide!
Sans mors, sans éperons, sans bride,
Partons à cheval sur le vin
Pour un ciel féerique et divin!

Comme deux anges que torture
Une implacable calenture,
Dans le bleu cristal du matin
Suivons le mirage lointain!

Mollement balancés sur l'aile
Du tourbillon intelligent,
Dans un délire parallèle,

Ma sœur, côte à côte nageant,
Nous fuirons sans repos ni trêves
Vers le paradis de mes rêves!

in Les fleurs du mal (1857), de Charles Baudelaire (1821-1867)

EUROPA

Termino aqui a série dos continentes. Com este, o meu, onde nasci. E onde só me sinto confortável nas margens do grande mar. Recordemos a célebre passagem do "Fédon" de Platão, que já por qui passou: "(...) nós outros, moradores da região que vai do Fásis às Colunas da Hércules, ocupamos uma porção insignificante da terra, em torno do mar à feição de formigas e rãs na beira de um charco. (...)".

Recordemos o mito do rapto de Europa, que está nas moedas gregas de dois euros. Recordemos esse mito no pintor Óscar Domínguez (1906-1957), que tendo nascido nas Canárias não é completamente europeu.

A Europa cola-se a recordações. Soa-me a inverno. Por isso escolhi um poema de Fernando Pinto do Amaral (n. 1960), autor de quem gosto particularmente.


À chegada do inverno
Nem sempre
a vida acolhe ou alimenta
os nomes do passado, o seu abismo
repetido num sonho, na mais lenta
assombração, no mais íntimo sismo

Do que chamamos alma. Não existo
sem essa febre mansa que relembro
enquanto as nuvens cobrem tudo isto
com o frio escuro de um dezembro

Longe de mim, de ti, de qualquer lei
ou juízo a que dêmos um sentido:
o que finjo saber é o que não sei
e as palavras colam-se ao ouvido.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

PODEMOS COMEÇAR A ENFRENTAR A REALIDADE...

O vereador da cultura de Madrid demitiu-se por ter escrito piadas racistas. O Podemos começa a enfrentar a dura realidade do quotidiano. Depressa perceberão que podem menos do que prometeram... Daí a importância de resistir à demagogia e ao voluntarismo. Pode custar votos, mas dá margem para se trabalhar.

Pior que essa inesperada saída foi a inusitada promessa do novo alcaide de Cádiz: "Kichi ha repetido en varias ocasiones que quiere ser un alcalde del pueblo, cercano y que llevará una libreta en la mano para apuntar todas las demandas y necesidades de los gaditanos". Deve ser facílimo, numa cidade com 125.000 habitantes...

Como facilmente se percebe não tenho simpatia pelo Podemos, nem me merecem confiança estes grupos, cheios de boas intenções mas sem grande estrutura organizativa ou ideológica. Um amigo, de língua viperina, define-os como "ya-meu-esquerda-pá". É um exagero de desconsideração, decerto. Aguardemos, então, para se perceber qual a capacidade de levarem programas à prática. Ser treinador de bancada é fácil. Estar no terreno é outra conversa.


terça-feira, 16 de junho de 2015

AGORA QUE ELES ESTÃO TÃO PREOCUPADOS COM O FUTURO DO FOTOVOLTAICO...

Republicação de um texto, saído em "A Planície", em finais de 2008. Donde se prova que a falta de vergonha só tem paralelo na falta de memória...


A finalização da Central Fotovoltaica e a sua próxima entrada em funcionamento, bem como o projecto da Fábrica de Painéis, estão a dar origem a todos os delírios. Alguns revelam a mais absoluta falta de vergonha mas não são surpreendentes.

Perdoem ao PS/Moura pela falta de memória. Perdoem-lhes porque já esqueceram tudo o que disseram e já se esqueceram como votaram. Compreendam a posição deles (nunca estiveram de alma e coração com um projecto essencial ao desenvolvimento do concelho e agora não sabem que dizer) e perdoem-lhes. Desculpem-lhes a atitude que tiveram em 17.4.2002 (na Câmara) e em 29.4.2002 (na Assembleia) quando se abstiveram a propósito da criação da AMPER, a empresa que deu corpo ao projecto da energia fotovoltaica, porque queriam “conhecer este processo mais profundamente e perceber o que está por detrás desta questão para que não tomem uma posição da qual mais tarde venham a arrepender-se”. Oxalá já tenham percebido que por detrás da questão está o progresso da nossa terra.

Perdoem ao vereador do PS que declarou que a Central poderia vir a ser posta em causa devido a um eventual decréscimo dos dias de céu limpo, fruto de uma mudança climática causada pela barragem de Alqueva…

Perdoem-lhes porque vêm agora declarar que foi uma sorte (sic) a Câmara ter “encontrado” a ACCIONA, mas esquecem que os vereadores do PS não aprovaram a venda da posição accionista do município à ACCIONA (30.8.2006), assim não aprovaram as versões preliminar e final do contrato com a ACCIONA (3.1.2007 e 18.1.2007, respectivamente). Perdoem-lhes a amnésia e, principalmente, a falta de pudor.

Perdoem-lhes porque não aprovaram o licenciamento da 1ª e da 2ª fases da central (12.9.2007 e 16.1.2008). Relevem-lhes a temível falta de memória que os leva a esquecer a abstenção na ratificação do Plano de Pormenor da Central (7.11.2007).

Perdoem aos que dizem que este projecto é coisa pouca e que perguntam quais os benefícios, quando foram eles os primeiros a inscrever-se nas candidaturas à micro-geração e são eles os primeiros a beneficiarem do Fundo Social de 3 milhões de euros que este projecto já gerou. Perdoem-lhes porque se abstiveram quando foi necessário tomar decisões sobre o zonamento da UP 11 (19.7.2006), a tal onde está hoje a fábrica de painéis solares.

Por favor, perdoem aos vereadores do PS que votaram contra a constituição da empresa municipal que vai gerir o parque tecnológico de Moura (26.9.2007). Que votaram contra a desanexação dos terrenos no Baldio das Ferrarias (24.10.2007), necessários ao avanço do processo da Central. Perdoem-lhes ainda porque votaram contra a atribuição de uma comparticipação no custo da linha eléctrica (24.10.2007), num momento delicado do processo.

Perdoem, por favor e por caridade, ao vereador do PS que disse que “a duração do processo por si só denota como foram pertinentes algumas observações atendendo à complexidade do mesmo” (o que é que raio isto quererá dizer?). Perdoem-lhe o disparate de ter dito que “as tomadas de posição por unanimidade, características de países totalitários e fascistas, não me parecem ser uma mais-valia em regimes democráticos”.

Perdoem-lhes porque nunca quererão valorizar o papel do meu amigo José Maria Pós-de-Mina na condução deste processo. Perdoem-lhes, porque só o PS/Moura não quis entender a dimensão do projecto. Nos Estados Unidos sim (irónico, não é?), e o site americano us.oneworld.net escolheu José Pós-de-Mina como finalista de um prémio internacional. Finalistas em 2006? Evo Morales e Al Gore. Deve ser coisa pouca, portanto…


O Natal vem aí. Abram os corações e perdoem-lhes. E tenham a certeza que a falta de memória os vai voltar a atacar no dia da inauguração. Aí voltarão a querer aparecer como grandes protagonistas de um projecto pelo qual nada fizeram. Como dizia o outro, “é a vida”…

O VERÃO? QUE ENTRE!

VOZ. (Fuera.) Señor.
VOZ. (Fuera.) Qué. 
VOZ. (Fuera.) El público.
VOZ. (Fuera.) Que pase.

É assim que termina a peça El público, de García Lorca. Recordo perfeitamente a encenação que Luís Miguel Cintra fez para a Cornucópia, já lá vão uns 25 anos. Agora não é a peça que termina, mas sim o verão que começa. É o verão que entra. Em Moura entra a sério. Há o Festival do peixe do rio e do pão, mais as comemorações do Feriado Municipal. No meio, ainda há espaço para a exposição de esculturas em ferro de Francisco Hermenegildo.

Entra o verão, criativamente. Com um poema de The Poetry of Robert Frost: The Collected Poems, Complete and Unabridged. Livro trazido por uma certa e determinada amiga.

The Oven Bird

There is a singer everyone has heard,
Loud, a mid-summer and a mid-wood bird,
Who makes the solid tree trunks sound again.
He says that leaves are old and that for flowers
Mid-summer is to spring as one to ten.
He says the early petal-fall is past
When pear and cherry bloom went down in showers
On sunny days a moment overcast;
And comes that other fall we name the fall.
He says the highway dust is over all.
The bird would cease and be as other birds
But that he knows in singing not to sing.
The question that he frames in all but words
Is what to make of a diminished thing.