quarta-feira, 31 de março de 2021

MEU CARO ANDRÉ LINHAS ROXAS

Conheço a tua integridade e sei, que ao contrário de outros, cumprirás as promessas. Não dirás que vais abrir o futuro para depois o fechares a sete chaves. Lembro-me, muitas vezes, de um poema de Sophia que começa com esta frase: “o primeiro tema da reflexão grega é a justiça”. É esse sentido de justiça e de devolução da dignidade às coisas mais simples que de ti se espera. E que, com a simplicidade dos Homens Bons, irás cumprir.

 

Há uma velha “lei” que diz que as verdadeiras, talvez únicas, amizades são as dos tempos de infância ou de juventude. Que nessa altura somos amigos mesmo, porque a entrega é total e porque não há jogos na amizade. A outra face da lei diz que as amizades na idade adulta são sempre instrumentais. Que há sempre uma segunda intenção. Sabes que mais? Essa lei é uma perfeita nulidade. Várias vezes o tenho constatado.

 

Travámos conhecimento apenas em 2010. Foste para a Câmara de Moura, assumir uma chefia de divisão difícil. Rapidamente nos entendemos, porque os princípios de trabalho eram simples: cumprir o que se prometera, dar a cara, trabalhar para os munícipes, ir aos locais onde havia problemas, ter disponibilidade total para ir ao encontro das pessoas. Dar o peito às balas. Mais que conhecer leis de fio a pavio e desenhar fluxogramas e enunciar sonolentos termos de referência, estavas preocupado com as pessoas e em resolver os seus problemas. Com competência e com conhecimento, mas sem petulância. Sem truques nem jogadas. A matriz era excelente. Os nomes de Rodrigo e de Luís José, de Rosa, de Maria da Conceição e de Helena ressoavam. Eu só pensava “com aquele ADN, não pode falhar”.

 

Ficámos amigos. Uma relação de proximidade que o tempo fortaleceu. Depois de 2017, deixámos de privar tanto. Ficaste em Moura, eu rumei a Lisboa. Mas houve uma atitude decisiva, que revela o teu caráter. Nos momentos mais difíceis politicamente disseste “presente!”. Não te refugiaste em pretextos nem desapareceste detrás daquela desculpa clássica do “tenho muito que fazer”. A partir de certa altura, tornou-se-me claro “o André vai ser o próximo candidato da CDU e o próximo Presidente da Câmara”. Várias vezes to disse, no último ano, quando já toda a gente o tinha percebido.

 

E achei que isso seria excelente por dois motivos, relacionados entre si. Primeiro pela qualidade técnica e política essencial ao cargo. Coisa que não tem havido, nos últimos três anos. Depois, e talvez mais importante ainda, pela qualidade humana que é decisiva. No outro dia alguém me dizia, em tom meio crítico, que eras demasiado boa pessoa para aquele cargo. Perguntei, rindo, se era alguma piada que me estava a ser dirigida. E respondi depois que, pelo contrário, precisamos de quem tenha bom íntimo e seja boa pessoa, porque o exercício da política não é, não pode ser, velhacaria, promessas e “preocupação” com as pessoas apenas nas campanhas. Fazer política num concelho não é aparecer nas freguesias apenas nas campanhas eleitorais e bem sei como te mantiveste presente nestes quatro anos. E tu és a alternativa de que Moura precisa. Para não termos obras só em ano de eleições, para não termos chuvas de protocolos sem consequência, para não termos promessas só para o facebook. Tenho a certeza de que os teus compromissos para com os eleitores serão sagrados.

 

Esta carta é uma carta de apoio. Inequívoco, claro e total. Para ti e para a tua equipa. Aí estarei para dizer “presente!”. Aí estarei na tua tomada de posse como Presidente da Câmara. Talvez por isso, pela amizade e pela convicção, me tenha lembrado de O’Neill. Que te dedico: “Amigo” é uma grande tarefa, Um trabalho sem fim, /Um espaço útil, um tempo fértil, «Amigo» vai ser, é já uma grande festa!”.


Crónica em "A Planície"












No Sobral, há algum tempo.

terça-feira, 30 de março de 2021

O POVO É SERENO?

Por absoluto e inadiável motivo de trabalho tive de cruzar o país quase de uma ponta à outra em cerca de 34 horas. Um percurso solitário, devidamente autorizado, contactando pessoas (quatro ou cinco) à distância e com todos os necessários preceitos. A(s) supresa(s)?

1. Havia muito trânsito, quase tanto como o normal.

2. Cruzei nove distritos (Lisboa, Santarém, Leiria, Coimbra, Viseu, Vila Real, Guarda, Castelo Branco e Portalegre) e não vi, ao longo de 1000 quilómetros, uma única brigada de trânsito. Uma só.



segunda-feira, 29 de março de 2021

LUSCO-FUSCO FUNDANENSE

Amadora-Vila Pouca de Aguiar de esticão. Depois Vila Real, depois novo tiro até ao Fundão. Já lá vão 650 quilómetros. O luso-fusco fundanense permite olhar para a(s) arquitetura(s). O Estado Novo de Raúl Cruz e Willy Braun mesmo no centro da cidade. Depois Chorão Ramalho, a fazer lembrar o início de The Magnificent Ambersons, de Welles: Against so homespun a background, the magnificence of the Ambersons was as conspicuous as a brass band at a funeral. Mas as luzes e sombras da fotografia não são de nenhum dos citados e sim da Câmara Municipal do Fundão.



domingo, 28 de março de 2021

O "TOLLAN" DO SUEZ

Andava eu no 11º. ano quando isto se deu. Um choque entre dois navios, mesmo em frente ao Jardim do Tabaco, causou quatro mortos e pôs um dos navios - o "Tollan" - virado ao contrário. Já a minha faculdade ia avançada quando o conseguiram colocar na posição original.

Durante quase 4 anos o "Tollan" fez parte do anedotário nacional. Sobretudo, por causas das sucessivas e falhadas tentativas para o desencravar do fundo do Tejo. Recordo que o radialista João Paulo Dinis começava o seu vibrante "Programa da Manhã" com várias saudações. Que incluíam sempre, com inconfundível voz nasalada, um "bom dia para as gaivotas do Tollan".

O comandante do "Evergreen" fez um um belo drift no meio do Suez. Claro que os interesses da economia mundial vão resolver rapidamente o problema. Mas que isto veio por a nu fragilidades, lá isso veio.



sábado, 27 de março de 2021

SILVERADO

Já há muito tempo que um "western" não passa por aqui. Gosto muito de Silverado (Lawrence Kasdan - 1985), embora não seja um "western" clássico. Também não sei bem o que é um "western" clássico, desde que Sergio Leone fez o que fez. E ainda bem que fez.

Silverado é um filme cool, divertido e bem feito. E gosto especialmente desta cena. Uma tradução em filme do nosso ditado "dois coelhos com uma cajadada".

Viva o Cinema! Viva o "western"!




PERCORRENDO A CERCA MOURA - 8.4.2021

Nunca gostei de desistir de projetos que valessem a pena.
A exposição "Lisboa Islâmica" é disso um claro exemplo. Durante o tempo em que estive na Câmara Municipal de Lisboa trabalhei num plano que a pandemia adiou. Está na altura de o retomar. Creio que vale a pena ser retomado e há, felizmente, muitos colegas e amigos que pensam o mesmo.
Uma das componentes desse projeto era um vídeo, que reconstituía o percurso da cerca moura a partir do ar. Com um drone "anda-se à volta" da antiga muralha de Lisboa. Um elemento chave no setor 2 (seriam/serão 5) da exposição.
No dia 8 esse trabalho vai ser mostrado. Um trabalho de extraordinária qualidade produzido pela Videoteca (obrigado, Carlos Miguel Amaral e Fernando Carrilho). Foi um verdadeiro prazer trabalhar com eles e com os os colegas do Dep. de Património Cultural e do Gabinete de Estudos Olisiponenses.
Na passada quinta-feira este tema foi objeto de uma conversa promovida pelo GEO e que contou com cerca de 100 (!) a assistir.




sexta-feira, 26 de março de 2021

BURRO VELHO APRENDENDO LÍNGUAS...

Aos 57 anos, 9 meses e 2 dias regressei à "escola primária". É num faculdade, mas o nível é o de arranque. Inscrevi-me numa turma de Língua Árabe. Nível básico. Na verdade, já tinha feito Árabe I e Árabe II, em tempos muito longínquos. Mas excetuando o reconhecimento do alifato e meia dúzia de palavras, tudo se esfumara.

Voltei ao início. Divertido por constatar que sou, de longe, o mais velho. Bem mais velho que o professor. E com idade para ser avô de alguns alunos.

Estou a fazer tudo disciplinadamente. Com toda a aplicação, que isto é para continuar. Burro velho não aprende línguas? Veremos.




quinta-feira, 25 de março de 2021

COVID, ÁGUA OXIGENADA E UMA GESTÃO FALHADA

Começo pela declaração de princípios: a culpa dos tempos que vivemos não é, obviamente, da Câmara Municipal. Seja ela qual for.

Mas há coisas de que precisamos, sem sombra de dúvidas: de seriedade, de franqueza, da capacidade de falar claro. De não promovermos procissões com os carros dos bombeiros, convencendo os cidadãos que "vai ficar tudo bem". Porque não ficou. Nem ficará. Há muita gente a penar e a luz ainda está longe. Precisamos que os testes em massa não se convertam em banais ações de propaganda.

Precisámos de liderança e tivemos publicidade.

Precisávamos de conhecimento e chegou-nos demagogia.

Folclore não é estratégia e gesticular não é comando.

Fazer política é falar claro e ser frontal. Doa a quem doer. A começar por nós.

Há um ano escrevi o que se segue. "Aqui d'el-rei", que regar ruas com água oxigenada é que era. Claro que não era. Não me enganei. Não era preciso ser bruxo para não me enganar.


QUARTA-FEIRA, 25 DE MARÇO DE 2020

A PROPÓSITO DO PERÓXIDO DE HIDROGÉNIO

Houve câmaras que resolveram "desinfetar" as ruas, outras que optaram por não o fazer. E umas vão atrás de outras. E quanto maior é a inexistência de ação, mais visibilidade se dá a estas iniciativas. Supostamente, espalhar uns milhares de litros de peróxido de hidrogénio (ou seja, de água oxigenada) minoraria os efeitos do vírus. Maus tempos estes, em que folclore equivale a estratégia... E em que gesticular dá a ilusão de comando.

Não há nada de mal em regar as ruas com água oxigenada - como me comentava um jovem amigo "só tem efeitos nos orçamentos camarários" - sendo que o perigo, real e bem concreto, é as pessoas acharem que já estão em segurança. Ou seja, que podem sair e andar na rua, porque os espaços públicos foram "desinfetados".

Diz a D.G.S. que estas operações não têm efeito na contenção do contágio de COVID-19. Não sendo eu especialista em temas variados - ao contrário do dr. Nuno Rogeiro e do dr. Paulo Portas - acato as opiniões das entidades oficiais. Recolhi a casa, não saio e confio nas autoridades. E preparo-me para os próximos tempos, que vão ser duros e de grande desafio. O bom, velho capitalismo vai querer tirar partido do que restar.

A Câmara de Mértola não borrifou ruas. Fez bem. Sem ponta de ironia.

OS ATOS DOS APÓSTOLOS E O TAL COMUNISMO REVOLUCIONÁRIO

ATOS DOS APÓSTOLOS

Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum. Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidade de cada um.

É este o texto da Bíblia. Numa edição de 1964, dos Missionários Capuchinhos, esta passagem vem devidamente explicada com uma nota de rodapé, que diz:

Esta comunhão de bens nada tem a ver com o comunismo revolucionário, do qual difere radicalmente por estas circunstâncias:

1. Era livre, não imposta e muito menos pela violência.

2. Não se fundava na negação do direito da propriedade, mas no livre uso dos bens legitimamente possuídos.

3. Nascia, não do excessivo apreço aos bens terrenos, mas do seu desprezo.

4. Não aspirava a participar dos bens alheios, mas a comunicar os próprios aos outros. Mesmo assim, este generoso ensaio não prosperou, ficou demonstrado depois da extrema pobreza a que chegaram os fiéis de Jerusalém. Só mais tarde, nas comunidades monásticas, esta aspiração cristã da comunidade dos bens pôde vingar.

Ou seja, e em tradução livre: ide, lede a Bíblia, mas não comeceis com ideias...



quarta-feira, 24 de março de 2021

VOANDO SOBRE OEIRAS

Tarde oeirense. Com a ajuda dos fantásticos Bombeiros de Oeiras (Vítor Pato, Mário Almeida e Jorge E. Santo) consegui fotografar a agência da Caixa Geral de Depósitos. Uma fachada "complicada", alta e com vários planos, a rua a descer, árvores pela frente, "isto só lá vai de grua". Sorte que os Bombeiros são mesmo ao lado. E foram super-prestáveis e de enorme eficácia e simpatia. A intermediação do gerente, Carlos Chaves, foi decisiva e ainda fez uma reportagem com o improvisado fotógrafo nas alturas.

Já só faltam quatro edifícios (Fundão, Torres Vedras, Vila Real e Vila Pouca de Aguiar). Fica assim terminada a tarefa.

Quem desenhou a agência de Oeiras? É projeto dos anos 80, de Jorge Kol de Carvalho e Vasco Massapina.






 


terça-feira, 23 de março de 2021

DA FORMAÇÃO DE PORTUGAL A LISBOA ISLÂMICA

A sessão de dia 24 vai ser curta: falta lá a Filomena Barros, e vai fazer-nos sempre falta. Vou usar três ou quatro imagens como ponto de partida e depois se verá.

No dia 25, esta "Lisboa Islâmica" é da exposição que estava prevista e que ainda tenho esperança que um dia seja montada. No fundo, vai ser um passeio por um guião que ainda está por terminar.

Pelo meio, ainda haverá fotografias a fazer em Oeiras e em Torres Vedras. Uma semana preenchida, mas com pouco "stress".








segunda-feira, 22 de março de 2021

BOLAMA: 3.6.2021

Uma história com contornos quase irreais, a deste mini-livro sobre Bolama:

As fotografias foram feitas em três dias alucinantes e alucinados, em fevereiro de 2012;

O primeiro esboço do texto data de agosto de 2013;

Em março de 2015 ainda quase não saíra da casa de partida;

Depois parei;

Retomei tudo em maio de 2019;

Em maio de 2020, ficaram prontos o texto e a tradução;

Em março de 2021 ficou garantido o financiamento que faltava.

O livro será lançado no dia 3 de junho de 2021, about tea time.

A edição mais difícil, em 35 anos de carreira.


UM MAPA PARA A CULTURA

Um designer francês, Lucas Destrem, refez o mapa do metro de Paris, dando às estações o nome de equipamentos culturais. Se uma coisa nos faz falta é, de facto, um mapa para os equipamento. Os culturais e os outros. Com menos conversa, menos vacuidades e mais pragmatismo e mais ação de terreno. E menos discursos inclusivos teóricos, e para ficar bem na foto da montra da última moda, e mais iniciativas inclusivas práticas. Que qualquer dia, acabamos - os profissionais - falando uns com os outros, porque o público tem mais que fazer que aturar teorias sofisticadas sem que haja concretização. 

domingo, 21 de março de 2021

EQUINÓCIO NO PANTEÃO

O Panteão de Roma funciona como um gigantesco relógio de sol. Ou, melhor dizendo, como uma celebração ao sol, em forma de pedra. A forma como a luz incide está matematicamente calculada. Em função de vários dias do ano. Hoje é o dia do equinócio.









Ah, a luz, o azul, ah, Baudelaire, les fleurs du mal...


Le soleil

Charles Baudelaire

Le long du vieux faubourg, où pendent aux masures
Les persiennes, abri des secrètes luxures,
Quand le soleil cruel frappe à traits redoublés
Sur la ville et les champs, sur les toits et les blés,
Je vais m’exercer seul à ma fantasque escrime,
Flairant dans tous les coins les hasards de la rime,
Trébuchant sur les mots comme sur les pavés,
Heurtant parfois des vers depuis longtemps rêvés.

Ce père nourricier, ennemi des chloroses,
Eveille dans les champs les vers comme les roses ;
Il fait s’évaporer les soucis vers le ciel,
Et remplit les cerveaux et les ruches de miel.
C’est lui qui rajeunit les porteurs de béquilles
Et les rend gais et doux comme des jeunes filles,
Et commande aux moissons de croître et de mûrir
Dans le coeur immortel qui toujours veut fleurir !

Quand, ainsi qu’un poète, il descend dans les villes,
Il ennoblit le sort des choses les plus viles,
Et s’introduit en roi, sans bruit et sans valets,
Dans tous les hôpitaux et dans tous les palais.

Charles Baudelaire, Les fleurs du mal

sábado, 20 de março de 2021

CENTRO DE ARQUEOLOGIA DE ALMADA

Há, em Almada, um Centro de Arqueologia.

Existe há 48 anos, uma longevidade assinalável no meio.

O Centro de Arqueologia de Almada é uma ONG com trabalho técnico e científico respeitado, e que gera admiração no meio.

Edita uma revista de enorme qualidade, a al-Madan, que consulto com muita frequência e onde encontro muitos artigos de grande craveira.

O Centro de Arqueologia de Almada suspendeu as suas atividades, por falta de meios financeiros.

Não conheço os detalhes do que se passou. De uma coisa tenho, contudo, a certeza. As associações fazem parte de uma necessária e enriquecedora diversidade. Alguém consegue, por exemplo, imaginar o projeto de Mértola sem uma entidade chamada "Campo Arqueológico de Mértola"?...




sexta-feira, 19 de março de 2021

SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE - AULA PRÁTICA Nº 1

Nunca me tinha acontecido. Tive, há poucas horas, de chamar o 112. Uma velha amiga despenhou-se de uma laranjeira e ficou em má situação.

O Estado não presta! Os privados é que são! O CHEGA é que fala verdade (a Saúde deveria ser privada)! Os funcionários públicos são todos uns calaceiros. Os Bombeiros são lentos...

É assim? Não é!

Os Bombeiros chegaram pouco depois do pedido de ajuda e foram impecáveis, de profissionalismo e de simpatia. Não é só tratar dos assuntos com competência, como foi o caso, mas dar ao trabalho um toque humano.

No Centro de Saúde, tudo se passou num topo máximo de qualidade. Não sei se os equipamentos são os melhores, se podia ser assim ou assado. Sei que toda a gente - auxiliares, enfermeiros, médicos - foi de uma excecional qualidade.

A situação foi resolvida. Podia continuar a preencher páginas e páginas dizendo que o Estado está ao serviço de todos. E que num sistema privado (o Chega é que fala verdade, certo?) a minha amiga teria ficado à porta do hospital, se não tivesse (e não tem) um seguro de saúde. Não tem, por opção. Imagino o que aconteceria aos que não têm, por impossibilidade.

Aqui fica o meu público reconhecimento a Alberto Prata, a Valter Monteiro, a Helena Encarnação, a João Santos e a todos os que estavam dentro do Centro de Saúde de Moura (e que não consigo identificar porque, naturalmente, não me deixaram entrar).



quinta-feira, 18 de março de 2021

STARDUST MEMORIES Nº. 49: MONT-GROS-SUR-MER

Tentei, no outro dia, explicar a um amigo, 30 anos mais novo, como era o sítio onde hoje está o Casino de Monte Gordo.

Não é fácil explicar em palavras o que já não existe. A minha explicação também não foi grande coisas: janelões em vidro, superfícies circulares, arquitetura modernista, um edifício bonito. E os autocarros da Olhanense, vermelhos e azuis, que apanhávamos ali perto.

Quando lá passei férias, em julho de 1995, já não havia café, só Casino, desde há muito. Aqui fica, em recordação de tempos idos, este postal.



quarta-feira, 17 de março de 2021

929, A CORES E AO VIVO

Foi hoje, ao fim da tarde, na excelente companhia de Fernando Branco Correia, Rui Tavares e Diana Barbosa e de mais quase 30 "alunos", que seguem este curso sobre Portugal, uma retrospectiva. Foi um magnífico fim de tarde, com muitas perguntas, e nem todas fáceis.

Porquê 929? Como se chega a 929? Porque é que o califado é mais decisivo que a invasão? Continuam a faltar muitos dados, há fontes que precisam de tradução, há Ibn Bassam que carece de leitura. Tanta coisa...

Como diria o Dr. Jeremy Boob, "eminent physicist, polyglot classicist, prize-winning botanist, hard-biting satirist, talented pianist, good dentist too": Ad hoc, ad loc and quid pro quo. / So little time — so much to know!.

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terça-feira, 16 de março de 2021

ANDRÉ LINHAS ROXAS, A CAMINHO DA PRESIDÊNCIA

Foi, há pouco, anunciada a candidatura de André Linhas Roxas à Câmara Municipal de Moura. Primeira declaração da minha parte: é não só uma excelente escolha, como a melhor escolha possível para a Presidência da Câmara. Foi o nome dele que indiquei quando me perguntaram opinião sobre quem deveria ser o candidato da CDU à Câmara de Moura.

Não conhecia de perto o André até o convidar a vir colaborar connosco em 2010. Não só foi uma mais que acertada decisão nossa, como ficámos amigos. Falámos muito ao longo destes últimos 11 anos, incluindo estes últimos quatro.

A partir do final de 2019 comecei a "picá-lo", prepara-te que és o próximo. Porquê lho disse? Porque achava que era a solução ideal para o concelho de Moura.

1. Pela integridade do André. Um fator fundamental para quem ocupa um cargo destes. Uma integridade e uma postura humana que tem faltado naquele lugar.
2. Pela competência técnica do André. Muitas vezes pude constatar a forma como juntava competência e bom-senso, procurando soluções equilibradas.
3. Pela competência humana do André. Uma coisa é saber, outra coisa é colocar esse conhecimento ao serviço dos outros. Sem vaidades ocas, com disponibilidade para estar junto dos cidadãos, ajudando-os a resolver os problemas.
4. Pela convicção política do André. Manteve-se firme, trabalhando numa oposição que teve a qualidade que, quase sempre, faltou ao atual executivo.

Depois, e finalmente, há aquela coisa difícil de definir, mas fácil de sentir, que é o "ser de Moura". O André vive e sente a terra. É popular e tem amigos. Muitos amigos. Esteve nos escoteiros e está no movimento associativo. É de cá. Isso sente-se. E essa verdadeira empatia é fundamental na política.

Já lhe telefonei, manifestado o meu entusiástico apoio. Estarei disponível para o que ele precisar nesta caminhada. E quero estar na tomada de posse dele como Presidente da Câmara, no próximo mês de outubro.




domingo, 14 de março de 2021

VEJAM, ANTES QUE ACABE...

Pelo jeito que isto leva, qualquer dia, os filmes de Tex Avery também vão à vida.

Isto, tudo isto, se parece cada vez mais com o ambiente de um filme de ação, Demolition man, de Marco Brambilla. Na altura, achei-o um banal filme de pancadaria. Provavelmente merece uma releitura... O mundo utópico que retrata, sem palavras fora da norma, sem contacto sexual, tudo entediante, numa branca paz e harmonia, está nas entrelinhas do que nos querem impor os crescentes grupos de fanáticos. Politicamente corretos e culturalmente prepotentes.

Red Hot Riding Hood (1943) é uma obra do imortal Tex Avery (1908-1980). Uma versão muito pouco ortodoxa do capuchinho vermelho... "Slapstick" é uma designação que parece moderada, para a maior parte dos seus filmes.

Trouxe de França toda a coleção de Tex Avery, em VHS, aos meus filhos, entre 1998 e 2003. Em bom tempo, que qualquer dia proibem Tex Avery.


LEITURA PÚBLICA: 35 ANOS

Isto sai um pouco da minha caixa habitual, mas foi com muito gosto que assisti a uma sessão promovida, há dias, pela Rede Nacional de Bibliotecas Públicas.

Já passaram 35 anos desde a altura em que a rede começou a ser. Era Secretária de Estado da Cultura a Dra. Teresa Patrício Gouveia. Lembro-me muito bem de que foi o primeiro projeto em que trabalhei, quando iniciei funções, na Câmara Municipal de Moura, em setembro de 1986.

A renovação da Biblioteca Municipal de Moura começou a ser esboçado nessa altura,  com projeto da arq. Teresa Ribeiro. Um processo que não chegou a ser concluído, tendo ficado apenas pela primeira fase. A Biblioteca tomaria depois outros caminhos e transformou-se numa referência, a nível nacional.

Sobre esta história, bem como outras recentes, sairá um livro, em breve. Por agora, importa celebrar a Rede Nacional de Leitura Pública. Os seus 35 anos e a Revolução que tudo isto representou em Portugal. Sendo, ainda hoje, um frequentador assíduo de bibliotecas (silenciosas, sff!), posso testemunhar o papel que tiveram na minha vida e no meu trabalho.



sábado, 13 de março de 2021

MOURA NUMA COLEÇÃO FOTOGRÁFICA

Foi há pouco mais de uma semana. No meio da redação de um livro (quase mesmo a meio, Deo Gratias), cai na caixa um mail. Um homem das Artes, entre outras coisas crítico fotográfico - agora usa-se, quase sempre, a palavra curador, para estas circunstâncias -, está encarregue de constituir uma coleção de imagem para um conhecido museu português. Pedia-me que cedesse algumas fotografias. Já as tinha "em vista". Eram quatro. Vão ser cinco. É que vou mandar uma de Moura, também. Que vai ficar na companhia das tais outras, feitas em Bissau, em Palmyra e em Mopti.

Não sou fotógrafo. Claro que não. Mas que isto graça, lá isso tem.





















sexta-feira, 12 de março de 2021

TANCOS: 1971

No passado dia 8 telefonei ao Carlos Coutinho, antigo operacional da ARA, para o saudar pelo 50º. aniversário da operação de Tancos. Foi um dos mais duros golpes desferidos contra um regime agonizante, que ainda duraria mais três anos.

Os homens da ARA não eram terroristas. O seu combate era político. As suas operações não visavam alvos humanos. Em Tancos, cerca de 30 aeronaves ficaram destruídas ou sem préstimo. Uma ação que misturou audácia, coragem e capacidade operacional.

Não vi, com exceção de um artigo na VISÃO História, qualquer referência a um facto significativo da nossa História recente. Em breve haverá a tentação da a reescrever. Vai uma aposta?



quinta-feira, 11 de março de 2021

CANDIDATO DA CDU À CÂMARA DE MOURA - ANUNCIADO NO DIA 15, À NOITE

O nome ainda não é conhecido.
Mas o anúncio já tem hora marcada.
Moura merece MUITO MAIS que aquilo que, neste momento, tem.



 

quarta-feira, 10 de março de 2021

MARIA FILOMENA LOPES DE BARROS (1958-2021)

À hora a que escrevo estas linhas devia estar a terminar, na Faculdade de Letras de Lisboa, um encontro no qual participaria a Filomena. O encontro foi adiado, porque a Filomena partiu, muito antes do que deveria ter acontecido.

Tinhamos aprazada conversa sobre o meu último livrinho, sobre a Mouraria de Moura, que lhe tinha enviado há semanas. Contava sempre, amigável e solidariamente, com a Filomena. Tinha-a convidado para o catálogo de "Guerreiros e Mártires" e para a exposição "Lisboa Islâmica". Colaborou, claro. Nunca recusava participar. Era uma profunda conhecedora do mundo medieval e, em especial, da história da minoria muçulmana.

Não a conheci em Mértola, curiosamente. Nunca por lá coincidimos. Muitas vezes conversámos, depois disso. A Filomena tinha uma personalidade esfuziante e de enorme energia. Sempre ultrapassou assim as mais desagradáveis dificuldades.

Não houve encontro hoje, porque a Filomena já cá não está. Que pena, que terrível e funda pena.


terça-feira, 9 de março de 2021

STARDUST MEMORIES Nº. 48: FILMES COM MENSAGEM

Os da minha geração recordar-se-ão, por certo, da época em que, na hora de optar por ver um filme, se escolhia um que tivesse "mensagem". Nos anos 70 não havia arte que não fosse militante. Não havia, por certo, filme que o não pudesse ser. Cinema era combate. Muitos desses filmes estão hoje nos arquivos e terão, daqui a umas décadas, interesse arqueológico e documental. Os filmes com mensagem eram a antecâmara do proselitismo, uma forma de missionar os não crentes.

Os exploradores blablabla a opressão blablabla a luta blablabla, tudo tão denunciado como as táticas dos maus treinadores.

Confissão pessoal (passados tantos anos isto já "prescreveu"): preferia/prefiro o Dirty Harry e as sessões de pancadaria dos filmes de Sam Peckinpah.

Sala nº1 dos filmes com mensagem? O já desaparecido (há muito...) Cinema Universal.



segunda-feira, 8 de março de 2021

MORRICONE, O MAU E O VILÃO

Pausa para um texto um pouco diferente. Pausa no registo habitual. Para recordar um dos grandes filmes da História do Cinema. E para lembrar uma das melhores partituras da História do Cinema. O bom, o mau e o vilão é um western pouco convencional. Sergio Leone só rodou sete filmes. Este foi o quarto. Uma obra-prima levada do diabo, é o que é.

Morricone não ganhou prémios em forma de boneco? Não. Mas este banda sonora é para a Eternidade. Com bonecos ou sem eles.

domingo, 7 de março de 2021

PORTUGAL MAIOR

De uma assentada, três medalhas. Portugal ficou maior, em todos os sentidos, ao acolher Auriol Dogmo e Pedro Pablo Pichardo. Eles, tal como Patricia Mamona, são portugueses de bem.









FlaUErentena

O nome não é fácil de dizer, mas a ideia é fácil de perceber. Concerto à distância, a música da flauta à distância de um click, praticantes muito novos e talentosos. O evento prolonga-se por vários dias. Tem endereço no facebook:

https://www.facebook.com/flautue

E, sim, claro, tem um jovem mourense, Rui Caeiro, a participar. Deixem-me lá ser parcial de vez em quando.

https://www.facebook.com/flautue/posts/1391810841156350



sábado, 6 de março de 2021

100

Sempre gostei desta imagem. Pela cor e pelo movimento. Pela alegria e pela inquebrantável esperança no Futuro.

Fui autarca comunista durante quase 8 anos (nos outros 16 estive como independente). Gostei de ter sido autarca e, depois, de continuar como militante anónimo. Podia usar aqui extensas laudas a dizer a razão pela qual entrei, e também porque estou e porque estarei. Limito-me, hoje, a celebrar os 100 anos do PCP.

Estes 100 anos do PCP foram decisivos para o País e para as classes trabalhadoras. Querem ler uma síntese, que diz muito melhor do que eu diria? Deixo-vos a de Miguel Esteves Cardoso, saída hoje no "Público".

Já agora, e porque é dia de festa e isso inclui a diversão e o riso, aqui vai um episódio, verdadeiramente verdadeiro:

Quando deixei a presidência da Câmara de Moura telefonaram-me de um órgão de comunicação social nacional. Queria(m) saber de havia alguma coisa a contar que pudesse ser de interesse público (não perguntei o seria de interesse público, mas imaginei que quereria saber se eu tinha sido "despachado", se eu seria da "linha mole", se eu seria de "pereskoisa", "dissidente" etc.). Disse que não, que tinha sido uma opção pessoal. Devidamente explicada ao Partido. Desliguei o telefone e dei comigo a rir às gargalhadas. E a pensar "são todos iguais...". Eles, não nós.











sexta-feira, 5 de março de 2021

EXPOSIÇÕES - REVISÃO DA MATÉRIA

Não são muitas, as exposições / núcleos museológicos onde participei com responsabilidades (parciais ou globais). Em todo o caso, são estas (17), entre 1988 e 2020. Em 2021 estão previstas duas, e há uma que está adiada sine die. Até pode ser que seja este ano...

http://www.santiagomacias.org/expos.php

Moura na época romana - 1988
Basílica paleocristã - 1993
Memórias árabe-islâmicas em Portugal - 1997
Portugal islâmico - 1998
Marrocos- Portugal - 1999
Museu Islâmico - 2001
Discover Islamic Art - 2004
Mértola: último porto do Mediterrâneo - 2006
Lusa - a matriz portuguesa - 2007
Do Gharb ao Algarve - 2010
Arquitetura de Mértola entre Roma e o Islão - 2011
Moura - torre de menagem - 2012
Alcaria dos Javazes - 2012
Água - património de Moura - 2015
Casa dos poços - 2017
Moita Macedo - diálogo na Sé - 2020
Guerreiros e mártires - 2020



quinta-feira, 4 de março de 2021

O VOO DE JOSÉ AURÉLIO

Já uma vez, há anos, falei aqui de José Aurélio, a propósito das gárgulas da Torre do Tombo, peças invulgares e acima de muitas outras.

Uma das minhas obras escultóricas preferidas de José Aurélio está numa ignota rotunda na Amadora, a curta distância do Estado-Maior da Força Aérea. Vivo a menos de um quilómetro deste voo de pássaro. Já ali fui várias vezes, para tentar fotografar a escultura. Nada feito... O viaduto do IC19 de um lado, a ausência de escala do outro, a poluição visual por toda a parte. Nada feito. Fiquemos com o google.

Antes o voo da Ave

Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto, 
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão. 
A ave passa e esquece, e assim deve ser. 
O animal, onde já não está e por isso de nada serve, 
Mostra que já esteve, o que não serve para nada. 
A recordação é uma traição à Natureza, 
Porque a Natureza de ontem não é Natureza. 
O que foi não é nada, e lembrar é não ver. 
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar! 

Alberto Caeiro - "O Guardador de Rebanhos (poema XLIII)





quarta-feira, 3 de março de 2021

ESCOLA DE VALORES E AMIZADE

“Vereador, venha jantar com a gente”. O convite era feito, informal e amigavelmente, da trincheira para a barreira, no final da corrida. Ia, claro. A princípio (2009, 2010...) pouco à vontade, não conhecia a maior parte dos moços, tinha estado muitos anos fora e a rapaziada na casa dos 20 era um grupo desconhecido. O Pedro Acabado primeiro, o Valter Rico depois, encarregaram-se de me fazer sentir em casa.

Entre 2009 e 2019, assim foi. Primeiro, oficialmente, depois oficiosamente. Uma dezena de anos de contactos regulares deram solidez à amizade. “Valores e amizade” é um símbolo do grupo. Ou melhor, escola de valores e amizade. Palavras que são mais que palavras. Isso fui constatando, ao longo destes anos. Os valores da solidariedade e da entrega total, a profunda união nos bons e nos maus momentos, uma juventude vibrante, animada e respeitadora, com disciplina e com capacidade de trabalho. Um grupo que ganhou o meu respeito e admiração. Para dizer o mínimo.

Em 2019 desafiaram-me para uma deslocação a Soustons, em França. Quase envergonhado fui – muitos moços são mais novos que os meus filhos... – e depois dei por bem empregue cada minuto. O elixir da juventude concentrado em três dias. O ano passado, antes da pandemia, assumi o papel de "fotógrafo" e fui acompanhar o treino dos Forcados de Moura. Foi na Herdade do Barroso. Com o S. Pedro e a serra bem à vista e com o Sobral ali a três quilómetros.Foi uma manhã verdadeiramente extraordinária, onde deu para perceber o que é a densidade e a seriedade de um treino destes. E o nível de preparação e de coordenação que ser forcado comporta.

No ano passado integraram a Comissão de Festas de Nossa Senhora do Carmo. Um grande grupo, de atuais forcados, de antigos forcados e de amigos que nunca vestiram a jaqueta. O assumir de responsabilidades de forma convicta e orgulhosa. O trabalho, a fé e a convicção feitos estilo de vida. Mobilizaram-se por várias vezes, em atitudes de solidariedade e de entrega, quando a pandemia tudo devastou. Se houver justiça, o resto deste ano correrá bem e poderão festejar o aniversário a que têm direito. 50 anos é sempre uma efeméride bonita.

Logo se vê de que forma as coisas vão correr. Haverá, certamente, 51 e 52 e 53. A escola de valores e amizade se encarregará que as coisas perdurem. Por tudo isto, e além de serem um excelente grupo, merecem que os apoiemos. Eles não estão ali por eles. Estão ali por nós. Em nome da nossa terra, da nossa cultura. Em nosso nome.

Crónica em "A Planície"



terça-feira, 2 de março de 2021

O REVELIM DO MATADOURO

De vez em quando, acontecem(-me) coisas assim. Estava eu muito sossegado quando me alertam para um ataque de que estava a ser alvo num grupo no facebook. Que teria promovido, ou permitido que acontecesse, um ataque ao Património e a destruição de uma parte da fortificação de Moura, datada do século XVII. Em concreto, que uma determinada obra tinha causado danos irreparáveis num revelim.

Um revelim é, em termos técnicos (e uso um dicionário), "uma fortificação externageralmente triangularque cobre ou defende uma cortina entre dois baluartes de uma fortificação". Ou seja, houve, em tempos, um revelim entre a Muralha Nova e um desaparecido meio-baluarte, cujo limite coincidiria com a Rua da Estalagem.

Acontece que a plataforma onde o antigo matadouro está instalado não é um revelim. É um aterro, muito provavelmente construído em finais do século XIX. Ou mesmo já no século XX.

Ao contrário do que o autor da proposta sustenta, o eixo do revelim estava organizado de forma perpendicular à muralha. Supor uma implantação na diagonal é, no mínimo, um absurdo. E esbarra com a cartografia setecentista e oitocentista. Os desenhos feitos por Miguel Luiz Jacob (1755) e por João Cordeiro (1854) mostram o revelim perfeitamente enquadrado com a muralha. Tal como já o fizera o plano esquiçado por Nicolau de Langres, em meados do século XVII.

Detalhe - o traçado proposto da muralha que aparece na tal página do facebook é, de facto, um trabalho meu, datado de 2005. Não está citado, mas é.










1. Localização do revelim (a vermelho), enquadrado na muralha (a azul).









2. A suposta localização do revelim.









3. O revelim num desenho de 1755.








4. O revelim num desenho de 1854.

segunda-feira, 1 de março de 2021

WWW.SANTIAGOMACIAS.ORG - RENOVAÇÃO E PUBLICAÇÕES ONLINE

Tudo precisa renovação. Agora, foi altura de dar um retoque na minha página pessoal - www.santiagomacias.org
O que há de novo?
A página de entrada et pour cause.
Fotografias e documentação sobre as últimas exposições ("Moita Macedo - diálogo na Sé" e "Guerreiros e Mártires").
Dois livros e um artigo para download (o catálogo "Moita Macedo - diálogo na Sé", o livro sobre a Mouraria de Moura e o texto para o catálogo da exposição "Guerreiros e Mártires").
Versão revista do CV (TWIMC).