terça-feira, 8 de outubro de 2024
DUARTE DARMAS EM BEJA - 14ª.
segunda-feira, 7 de outubro de 2024
7.10.1969 - 55 ANOS
ANTÓNIO BORGES COELHO 96
TESTEMUNHO
Não é exagero
dizer que a leitura de "Portugal na Espanha Árabe" moldou o meu
percurso. Provavelmente, não me teria tornado historiador sem o impacto causado
pelas páginas luminosas que António Borges Coelho escreveu para a 1º. e o 3º. volumes
da primeira edição dessa obra. Só conheci o Borges Coelho anos mais tarde, já
eu era aluno da faculdade. Infelizmente, nunca fui diretamente seu aluno.
Estava de sabática, na fase final do doutoramento e tive de me contentar com
uma alternativa. Em todo o caso, ele foi um dos meus professores de eleição,
com o muito que me ensinou fora da sala de aulas.
O interesse de
António Borges Coelho pelo Islão nunca esmoreceu, sendo depois caldeado pelas
investigações sobre os Descobrimentos e, sobretudo, sobre a Inquisição,
tema da sua tese de doutoramento. Isso mesmo fica claro com as sucessivas
reedições de “Portugal na Espanha Árabe” e com a participação ativa nos
projetos “Portugal Islâmico” (1998), “Marrocos-Portugal” (1999) e Museu
Islâmico, em Mértola (2001). Uma participação solidária, empenhada e militante.
Em 1998, António Borges Coelho prefaciou “O legado islâmico em Portugal”, livro de que, em conjunto com Cláudio Tores, fui autor. Isso deu-me “pretexto” para, anos mais tarde, lhe fazer uma longa entrevista biográfica, publicada, com outros ensaios, no livro “Historiador em discurso directo” (2003), editado pela Câmara Municipal de Mértola.
Poderia repetir aqui tudo o que escrevi no parecer que a Universidade do Algarve me pediu, em 2009, no âmbito da atribuição do grau de “doutor honoris causa” a António Borges Coelho. Em especial no reconhecimento que todos lhe devemos, nos campos cívico, académico e humano.
Parabéns, neste dia do 96º. aniversário.
domingo, 6 de outubro de 2024
AMÁLIA, POR THURSTON HOPKINS
Thurston Hopkins (1913-2014) percebeu muito bem todo o dramatismo de Amália. Como lindamente se vê nesta fotografia de 1958, hoje na coleção da Caixa Geral de Depósitos.
Faz hoje 25 anos que Amália Rodrigues deixou o mundo dos vivos.
sábado, 5 de outubro de 2024
DIA DA REPÚBLICA, 2024
Dia da República no Panteão Nacional.
Assinalando o centenário da morte de Teófilo Braga (1843-1924), numa iniciativa da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Cerimónia presidida pelo Chefe do Estado e que contou com a presença do Presidente do Governo Regional dos Açores, do Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada e do Presidente do Conselho de Administração da Museus e Monumentos de Portugal.
Há dias mais "relax"..., mas tudo correu sem falhas.
sexta-feira, 4 de outubro de 2024
CAMÕES & MAPPLETHORPE
Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de
frio;
Sem causa, juntamente choro e rio,
O mundo todo abarco, e nada aperto.
É tudo quanto sinto um desconcerto:
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio;
Agora desvario, agora acerto.
Estando em terra, chego ao céu voando;
Num' hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos não posso achar um' hora.
Se me pergunta alguém porque assim ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.
Dois épicos pela manhã. Luís de Camões (1524-1580) e Robert Mapplethorpe (1942-1989). Uns têm, outros não. Por mais que queiram. E por mais que tentem.
quinta-feira, 3 de outubro de 2024
ARMINDO CARDOSO
quarta-feira, 2 de outubro de 2024
OS RIDÍCULOS
UM GENOCÍDIO SEM FIM
Não consigo explicar, racionalmente, porquê, mas esta sucessão de factos no Médio Oriente, causou-me, do ponto de vista emocional, um impacto sem precedentes. Talvez pelo facto de se não se ver um fim neste processo. A não ser o do continuado e selvático extermínio da população palestiniana.
Em vez de imagens recentes, fui buscar esta, mais antiga, de Larry Towell. Porque o massacre é permanente. Retrata a destrruição de uma campo de refugiados, em Jenin, em 2002. Mais de 4.000 pessoas ficaram sem casa, destruídas pelo exército israelita.
Quando falarem destas operações, nomeadamente no sul do Líbano, chamem-lhes incursões, ok? Invasões é noutros sítios...
O PROJETO DO MUSEU DAS DESCOBERTAS - dia 8 (EL CORTE INGLÉS)
terça-feira, 1 de outubro de 2024
NO INÍCIO DO ANO ESCOLAR
Nas semanas que antecedem o começo das aulas fico sempre na dúvida: este ano quantos alunos serão? Leciono, no primeiro semestre, uma cadeira de opção, aberta a outras licenciaturas, para além da História. Em 2021/22 houve um recorde de 41 (!), no ano passado eram 17, o número mais baixo desde que regressei à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Este ano são 28…
Nos primeiros anos, “arrancava em quarta”. Depois da apresentação do programa e da definição dos objetivos da cadeira – História do al-Andalus – iniciava as sessões, sempre às terças e quintas, sempre às 8 da manhã. Uma prática que é prática (as aulas terminam às 9.45), mas quando chego ao fim do dia o cansaço nota-se. Nos últimos dois anos – e este ano ainda de forma mais enfática – dediquei especial atenção às questões de metodologia da investigação. No fundo, como resolver na prática as questões que a investigação coloca e como se pensa, estrutura e executa um trabalho. Não são aulas exatamente “simpáticas”, mas são necessárias.
Questão nº 1: PLANEAMENTO. Falo-lhes sempre de Alfred Hitchcock, que gizava a produção dos seus filmes com tanto rigor, que depois achava a rodagem uma maçada… O planeamento tem de ser preciso e pensado com rigor geométrico (uma amiga em Moura dizia que eu era perfecionista e irascível, sendo que a primeira parte é exagerada e a segunda totalmente falsa). Mas não se começa um trabalho de investigação sem um plano, sem recolha de bibliografia (incluindo listagens de cotas em bibliotecas sff), sem um índice provisório do que vamos fazer, sem uma lista telefónica de colegas a quem recorrer.
Questão nº. 2: LOGÍSTICA E EXECUÇÃO. Tudo tem de estar preparado e, minimamente, estar previsto. “Quanto tempo vou levar em leituras?”, “de que recursos vou necessitar?”, “que impacto tem o meu trabalho?”, “como posso passar a minha mensagem?”, são questões que nos ajudam a criar uma logística interna. O improviso – “ah!, não há problema que eu desenrasco-me” –, o trabalho de terreno feito com base em meras intuições, e sem prever todas as variáveis, designadamente o que pode correr bem ou mal, é meio caminho andado para o desastre. Aconselho sempre o maior cuidado na forma de executar. E digo sempre que isso lhes será útil, quer sejam investigadores, professores ou, até, autarcas.
Questão nº. 3: AVALIAÇÃO E AUTO-AVALIAÇÃO. Peço sempre que sejam críticos e autocríticos. Que fujam das “inspirações” (insisto sempre que o sucesso de qualquer coisa é feito de 10% de inspiração e de 90% de transpiração), que se preparem, que fujam dos amadorismos e dos resultados de efeito fácil. Recordo-lhes sempre que o conhecimento é essencial e que uma visão global das coisas nos ajuda a perceber onde tivemos sucesso e onde falhamos.
Tenho estes, e outros princípios básicos que aqui não cabem, como essenciais numa atividade académica, profissional ou autárquica. São coisas de que alguns, por absoluta falta de conhecimento (e pela falta de vontade em aprender), por arrogância e por vaidade, se esquecem. Constato isso cada vez mais. O que é pena.
Crónica em "A Planície"
O IMIGRANTE QUE NÃO GOSTA DE IMIGRANTES
O rapaz é imigrante. É português mas não nasceu português. A questão da imigração mexe com ele, porque ele não é português.
Perceberam? OK, então têm mais sorte que eu...
segunda-feira, 30 de setembro de 2024
FANFARRA PARA OUTUBRO
domingo, 29 de setembro de 2024
BORJA JIMÉNEZ E NADA MAIS...
São 19:04 de sábado (ontem) e Borja Jiménez e espera o segundo touro da tarde a porta gayola. Essa lide foi razoável, mas no quinto touro esteve a grande nível. Não houve troféu porque houve pinchazo. Uma enorme pena, porque ele estava com vontade de triunfar. E tem talento para isso.
Sevilha vale sempre a pena e a noite acabou tarde, em excelente companhia, entre a Calle Adriano, a Calle Pastor y Landero e o Paseo de Colón. 2025 está já aí...
sábado, 28 de setembro de 2024
TOPS & TOPS
Não passa um dia em que uma qualquer coisa não esteja no topo do mundo...
Um vinho de dois euros que é melhor que um de mil...
Um bairro cool.
Uma cidade desconhecida.
Uma praia onde ninguém vai.
Irra!
Quem perde tempo a inventar coisas assim??
sexta-feira, 27 de setembro de 2024
NÓS, DANIEL BLAKE
quinta-feira, 26 de setembro de 2024
quarta-feira, 25 de setembro de 2024
2024-1986 = 38
terça-feira, 24 de setembro de 2024
KILL THE POOR
segunda-feira, 23 de setembro de 2024
LAUDALINO DA PONTE PACHECO
Descoberta recente (mea culpa, mea maxima culpa...), a obra de Laudalino da Ponte Pacheco (1921-1998) é, sem meias palavras, extraordinária. São milhares de fotografias feitas, ao longo de dezenas de anos, nos Açores. Não é neo-realismo, nem compromisso social (assim me parece), mas "apenas" um registo. Que é de grande beleza e que vai ser uma fonte de insubstituível informação para se estudar os Açores nos anos 60 e 70.
domingo, 22 de setembro de 2024
LXIX - CRÓNICAS OLISIPONENSES: BRUCE LEE MATUTINO
sábado, 21 de setembro de 2024
O MAR SEM FIM
Três dias - estes últimos - quase submerso e trabalhando na "engenharia" de um projeto que vai ser interessante, mas de difícil montagem. O mar é o tema e os protagonistas serão dois personagens importantes da História de Portugal.
O mar sem fim começa aqui. E projeta-se, por agora, no Centro de Artes de Sines.
Neither Out Far Nor In Deep
The people along the sand
All turn and look one way.
They turn their back on the land.
They look at the sea all day.
As long as it takes to pass
A ship keeps raising its hull;
The wetter ground like glass
Reflects a standing gull.
The land may vary more;
But wherever the truth may be
The water comes ashore,
And the people look at the sea.
They cannot look out far.
They cannot look in deep.
But when was that ever a bar
To any watch they keep?
Façamos o caminho, com as palavras de Robert Frost e com Der Mönch am Meer, de Caspar David Friedrich. O quadro está na Alte Nationalgalerie, em Berlim.
quarta-feira, 18 de setembro de 2024
27000000???
Há coisas difíceis de perceber. A arquitetura é banal, para ser simpático. Os interiores de um espantoso novo-riquismo. Não há nada de distintivo na "villa". Contudo, está à venda por 27.000.000 (isso, vinte e sete milhões de euros). Quem tiver e quiser que os gaste. Sobretudo, tendo em conta que a casa não vai ter vida longa...
Mas há uma coisa que não percebo mesmo: quem e como autorizou aquela construção?
terça-feira, 17 de setembro de 2024
FAUSTO GIACCONE, NA STET
segunda-feira, 16 de setembro de 2024
ODEMIRA, SETEMBRO DE 1974
Um amigo fez-me chegar este extraordinário excerto do Diário do Alentejo, de setembro de 1974. Uma desavença entre o pároco de Odemira, durante as Festas da Senhora da Piedade, acabou com a Banda dos Leões (Moura) tocando o "Avante, camarada". Uma cena de filme italiano. Na Sicília, não na Lombardia, claro.
domingo, 15 de setembro de 2024
AS TRÊS FACES DE SALÚQUIA
sábado, 14 de setembro de 2024
3599 - pra monilhas, compadre...
sexta-feira, 13 de setembro de 2024
PRÉMIO VILALVA 2024 - NA TARDE DE ONTEM
quinta-feira, 12 de setembro de 2024
EX
Foi, há dias, apresentada uma publicação sobre o Poder Local. Tanto quanto recebi/vi só havia ex-presidentes... Ou vi mal?
Ana Teresa Vicente, Palmela
Daniel Branco, Vila Franca de Xira
Eufrásio Filipe, Seixal
Fernando Caeiros, Castro Verde
Fernando Cruz, Montemor-o-Novo
Francisco Duarte, Castro Verde
J. Teresa Ribeiro, Vendas Novas e Crato
José Godinho, Aljustrel
José Maria Pós-de-Mina, Moura
Manuel Coelho, Avis
Santiago Macias, Moura
quarta-feira, 11 de setembro de 2024
MAROC-PORTUGAL, 1999
Confesso que só hoje me lembrei da data. Três dias depois da data...
A inauguração da exposição "Maroc-Portugal, portes de la Mediterranée" teve lugar no dia 8.9.1999, em Tânger. Foi uma bela "aventura" e uma experiência inolvidável. Na fotografia, feita em Chefchaouen num dos poucos dias em que pudemos respirar, estamos (da esquerda para a direita):
eu, Rui Patarrana, Sandra Cruz, Luís Campos, Pedro Moreira, Conceição Amaral, João Gabriel Isidoro e Cláudio Torres.
A exposição ficou magnífica. Disso tenho a certeza.
AMADORA, ANO 45
terça-feira, 10 de setembro de 2024
BROTÉRIA - PRÉMIO GULBENKIAN PATRIMÓNIO
Foi anunciado ontem; a entrega do prémio terá lugar na próxima quinta-feira.
No "Público":
O júri do Prémio Vilalva decidiu atribuir por unanimidade a distinção a este "biblioteca viva", considerando que o projecto demonstrou uma “metodologia exemplar para a inventariação, preservação, restauro e disponibilização pública” do conhecimento que ali acumula. Entre os 20 candidatos ao prémio na edição deste ano, a biblioteca da Brotéria destacou-se pelo seu trabalho de limpeza, estabilização e restauro de livros em estado crítico. Além disso, destacou o júri, “o projecto contempla ainda o estímulo à investigação científica, ao gosto pela leitura e ao debate de ideias, designadamente através da disponibilização dos espólios bibliográficos de vários investigadores, o acesso digital a fundos documentais do Arquivo Romano da Companhia de Jesus e ao Fundo “Jesuítas na Ásia” da Biblioteca da Ajuda, a abertura gratuita da biblioteca ao público e uma intensa programação”, frisa a Gulbenkian.
Este ano a Gulbenkian atribuiu ainda três menções honrosas: à recuperação do Palácio de São Roque — Casa Ásia — Colecção Francisco Capelo, em Lisboa; à reabilitação do Seminário Maior de Coimbra; e ao trabalho de reabilitação e restauro do Convento de Santa Clara, no Funchal, na Madeira.
Ver, no "Público" de hoje: https://www.publico.pt/2024/09/09/culturaipsilon/noticia/restauro-biblioteca-broteria-lisboa-vence-premio-vilalva-gulbenkian-2103419
segunda-feira, 9 de setembro de 2024
UMA TERRA SEM AMOS
Continuo a ter a firme convicção que são importantes as posições políticas que o PCP, em geral, tem. Reservas à parte quanto a algumas questões internacionais, não há força política que se lhe aproxime na defesa dos direitos do Povo Português.
Continuo também a achar que a comunicação não é o nosso forte, mas foi importante o que se disse no comício, como foi marcante a massa de gente que ali esteve.
Por ali andei no sábado e no domingo, sem programa pré-definido, pelo prazer de ali estar e de reencontrar amigos. Acontece sempre.
Por uma TERRA SEM AMOS, sempre!
JOÃO HOGAN, ALGO QUE JAMAIS TEM FIM
É a sexta exposição que organizamos, na sala de exposições, desde abril de 2021 no Panteão Nacional. Antes houve:
Artur Pastor - o Povo no Panteão
Panteão & Pantheon
O mar e o Mediterrâneo na obra de Sophia de Mello Breyner Andresen
Natureza morta - fotografias de José Manuel Rodrigues
Fausto Giaccone - o Povo no Panteão
Agora é a vez de João Hogan. Consolida-se, assim, a parceria com a Culturgest.
Para ver até dia 1 de dezembro.
domingo, 8 de setembro de 2024
MANOLO ESCOBAR!, NUMA ESQUINA NA AMORA
Regressava da Festa do Avante! quando passei por um chiringuito (e o nome adequa-se...) na esquina da Rua da Fonte de Prata com a Rua da Sociedade Filarmónica Operária Amorense. As colunas do bar debitavam, com força, um música espanhola. Pensei, cum raio! é o Manolo Escobar! Era mesmo. Por qualquer razão, os donos do bar tinham, na seleção de músicas, Viva Almeria!, uma canção com quase 50 anos. Ia apostar que nenhum dos clientes - que bradavam sonoros olés! - fazia a mais pequena ideia que música era e quem foi Manolo Escobar. Havia um senhor de chapéu mexicano que dançava e que quando tirei, discretamente, a fotografia, já se tinha sentado.
Viva Almeria! e Viva Amora!
sábado, 7 de setembro de 2024
GANGSTERISMO DE ESTADO
PRENDA MATINAL
sexta-feira, 6 de setembro de 2024
DAX, PORQUE DE MANHÃ É QUE SE COMEÇA O DIA...
Uma corrida às 11 da manhã?
E porque não?
O Real de Moura amanhã em Dax. Que me recorde, internacionais em Espanha, França e México. Sempre convosco, mesmo que não fisicamente.
LXVIII - CRÓNICAS OLISIPONENSES: A GRAVATA
8:55: cruzamento da Calçada do Cascão com a Rua do Paraíso.
Tenho visto muita coisa por estes lados. Encontrar uma gravata no chão, com nó ainda por desfazer, é um facto inédito. Ao lado, e apesar da hora matutina, o restaurante da esquina preparava a abertura. Os funcionários são asiáticos e mal falam português. Para dar o toque nacional, as colunas debitavam, bem alto, o Toda a noite hmmm hmmm, do Toy.
À entrada, uma senhora pergunta-me pela Igreja de Santa Engrácia. Veio de Angola e quer ir rezar e cumprir uma promessa. Explico que não é ali. Que há duas igrejas com o mesmo nome, separadas por 750 metros (raio de ideia, não é?), e que a ela quer é a outra. Aponto o caminho e ela parte, com um ar pouco convencido.
Se o Woody Allen sabe que estas ruas existem, ainda faz um filme sobre Lisboa...
quinta-feira, 5 de setembro de 2024
QUAL SERÁ O DIA???
São 11:37 (diz o registo da fotografia) e saí há minutos da Biblioteca Nacional.
Passa um avião de dois em dois minutos, ou coisa parecida. Não sei a que altura vão, mas diria que entre 40 e 60 metros por cima do topo do edifício. Estarei, eventualmente, a errar, mas isso pouco importa. Um veterano comandante da TAP disse-me, um dia, que o aeroporto deveria sair dali quanto antes.
Ontem, no seu twitter, João Ferreira recordava que "por mais de uma vez, Carlos Moedas votou contra propostas da CDU para que a Câmara Municipal de Lisboa defendesse junto do Governo o encerramento definitivo (ainda que faseado) do Aeroporto da Portela. Acrescente-se, em abono da verdade, que o PS também".
Esclareço que o meu amigo comandante não tem simpatias (nem por sombras, muito longe disso) pelo PCP.
Andamos nisto desde 1969...
HOJE, DE QUE LADO É?
A oportuna publicação, na página do facebook da Taberna do Liberato, de um conjunto de imagens feitas por Túlio Espanca em 1983, mostra, entre outros detalhes, uma particularidade da minha terra.
Durante muitos anos, o estacionamento era permitido, em dias alternados, de um lado e do outro da Rua da República. Dias ímpares de um lado, dias pares no outro. Isto criava ordenamento e facilitava a circulação e evitava, por outro lado, que fossem sempre os mesmos comerciantes a terem os carros à porta.
É claro que havia sempre a dúvida e ouvia, com frequência, o meu pai e o meu tio hesitarem "então hoje, de que lado é?". Na fotografia identifica-se o sinal.
quarta-feira, 4 de setembro de 2024
O ESTRANGEIRO
terça-feira, 3 de setembro de 2024
IBN SAID E A VIRGEM DOS MARINHEIROS
ALCÁÇOVAS...
Vai ser no dia 20 de setembro. Lá/cá estarei, recuperando um velho tema: o do reflexo da feudalização nas estruturas das fortificações.
Programa e demais informações em https://chul.letras.ulisboa.pt/eventos-detalhe.php?p=1722
segunda-feira, 2 de setembro de 2024
JOÃO ABEL MANTA
Há uma grande exposição sobre João Abel Manta no Palácio Anjos, no concelho de Oeiras. Um artista menos conhecido por cá do que devia. A exposição está muito bem montada, com textos curtos e legíveis (!).
Jamias se dissociará o seu percurso artístico do contributoi que nos deu em 1975/75. Inolvidável, porque genial.
Espantou-me que não houvesse uma só referência, por curta que fosse ao JAM/arquiteto. Tem obra e muito boa, e também ela muito gráfica. Como se pode ver pelo projeto (com Manuel Botelho) para a Caixa Geral de Depósitos, em Mafra.
1250 DIAS
Fotografia: Mike Brocklebank
domingo, 1 de setembro de 2024
DUAS ARQUETAS ISLÂMICAS DO CASTELO DE MOURA
Arcas de marfim, primorosamente lavradas, já tinha visto. O Tesouro da Sé de Braga tem uma, de inícios do século XI... Mas placas pintadas (mais pobres, em osso!), nunca tinha visto. Valeu-me a ajuda de Guillem Rosselló-Bordoy (1932-2024), grande erudito e homem de extrema simplicidade. Orientou-me “vê o livro de Blythe Cott e os textos de José Ferrandis; começa por aí”. Duas semanas em Madrid fizeram-me girar entre a biblioteca do Instituto Arqueológico Alemão e do Museu Arqueológico Nacional. Perplexo, reparei que as “minhas” peças nada tinham a ver com o luxo de arte de corte das siculo-arabic publicadas por Cott. E que as figurinhas humanas pintadas na arca de Moura eram muito semelhantes às representadas nas peças de cerâmica esgrafitada de Murcia. Data dos materiais murcianos? Segunda metade do século XII. Uma cronologia compatível com a que eu propunha (finais do século XII – inícios do século XIII). Há cerca de 15 anos, as escavações no Castelo de Moura “deram” mais conjuntos de painéis em osso, como idêntica decoração aos que já existiam, mas sem dúvida pertencentes a outras arquetas.
A procura de paralelos prolongou-se ao longo dos anos. Até dar, quase por acaso, com uma peça quase idêntica à de Moura, no Victoria & Albert Museum, em Londres. A datação atribuída no site, tal como no livro “Islamic Arts from Spain”, bem como a origem sugerida (sul de Portugal ou de Espanha) era, também, a que eu próprio propunha para os materiais de Moura. Intrigado, arranjei forma de entrar em contacto com Mariam Rosser-Owen, conservadora do museu londrino, para saber como chegara a tal conclusão. A resposta foi desconcertante: “datei as peças a partir de um texto que você publicou; estou de acordo com a sua datação”.
Temos dado (os meus colegas, aí em Moura, e eu) a devida divulgação às peças. Que já estiveram, nomeadamente na exposição “Guerreiros e Mártires (Museu Nacional de Arte Antiga, 2020/2021). Quanto mais o tempo passa, mais me assombra a “impossibilidade” da presença destas arquetas na nossa terra. É provável que tenham vindo de um centro de produção sevilhano. A “orientalização” – da ornamentação à representação das figurinhas humanas, vestidas com o que parece ser uma túnica ou “kaftan” – é o traço mais evidente destas pequenas joias da arte islâmica. A sofisticação da cultura mediterrânica prolongar-se-ia, em Moura, até finais do século XV, como o demonstra a Bíblia Hebraica feita na nossa terra, em 1470, e que está hoje numa biblioteca em Oxford. Mas esse é outro tema, ao qual voltarei num destes dias.
Crónica em "A Planície"