quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

E O VENTO?

A expectativa era grande. Tão grande quanto o desapontamento. O documentário que ontem passou na televisão sobre a ligação entre Fellini e a psicanálise tinha um ponto de partida estimulante. Mas foi quase sempre um flop, envolto numa insuportável pedanteria de discursos. Algumas das mais notórias obsessões de Fellini não foram tocadas. Repisaram-se caminhos e ideias. E ninguém falou daquele vento sibilante e misterioso que surge em todos os seus filmes.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

AMERICAN DRIM

É um pequeno clip de um filme com 54 anos. Frederick Wiseman, o seu realizador, tinh, na altura 40. O filme é uma denúncia do sistema social do american drim.

Bem entendido que hoje, com todos os ratos brancos da burocracia dos érre-gê-pê-dês à espreita, este filme não seria hoje possível. Benditos os "bárbaros tempos" em que se faziam filmes assim.

"Hospital" data de 1970. Passou aqui pelo blogue há 10 anos.


domingo, 28 de janeiro de 2024

CRÓNICAS DO 54 - Nº. 3: O DENSO MISTÉRIO DO 3599

É uma daquelas coisas sofisticadas, que funciona catolicamente: quando Deus quer...

Refiro-me ao 3599, o serviço de SMS da Carris, que nos avisa do horário de passagem dos autocarros. No 54, ao fim do dia, é quando calha. Primeiro diz que passa daí a 5 minutos, depois 4, depois 3, depois não passa e é só daí a 36 minutos. Em noites de frio e/ou chuva dá um jeitão. Mas que é moderno, lá isso é.

sábado, 27 de janeiro de 2024

DOMINGOS SEQUEIRA

Um quadro de Domingos Sequeira foi comprado pelo Estado, em 2015, por 600.000 euros.
Outro quadro, pertencente ao mesmo conjunto, foi autorizado a sair do País, segundo afirma o "Expresso" contra a opinião abalizada de especialistas. Está à venda por 1.200.000 euros.

A notícia é esta. E agora?, é a pergunta que cabe fazer.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

CARRO PRETO

Hoje, é dia de recordar este sucesso com umas décadas. Não por causa da letra, mas por causa de um certo e determinado carro preto.

O êxito de Jorge Ferreira tem quase 40 anos!




quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

TRATADO DO ELISEU

A data do Tratado do Eliseu foi assinalada no Panteão Nacional

Deslocaram-se ao Panteão Nacional, no passado dia 22, as embaixadoras da França, Hélène Farnaud-Defromont, e da Alemanha, Julia Monar, que assinalaram simbolicamente a data do tratado do Eliseu colocando uma coroa de flores junto à placa de homenagem de Aristides de Sousa Mendes.
Estiveram ainda presentes no ato descendentes do cônsul de Bordéus.


quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

HOJE, NÃO SE FALA DE OUTRA COISA...

Não é para "ser diferente", mas esta campanha publicitária suscita-me muitas reservas.

A ideia é engraçada? É.

Mas, enquanto potenciais clientes, fixamo-nos na "piada" e não no objeto. Alguém se recorda do nome da estante? Assim, qual o fito deste campanha? Na verdade, a IKEA torna-se participante (in)voluntária no momento político...


terça-feira, 23 de janeiro de 2024

NO DIA EM QUE CAMÕES NASCEU...

Aparentemente, pode ter nascido no dia 23.1.1524. Faz hoje 500 anos. Os dados são menos que poucos, mas investigadores da Universidade de Coimbra pensam ter achado a data precisa, por causa de uma referência a um eclipse, num poema. E porque não? 


O dia em que eu nasci, moura e pereça
Não o queira jamais o tempo dar,
não torne mais ao mundo e, se tornar,
eclipse nesse passo o sol padeça.

A luz lhe falte, o sol se escureça,
mostre o mundo sinais de se acabar,
nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,
a mãe ao próprio filho não conheça.

As pessoas pasmadas, de ignorantes,
as lágrimas no rosto, a côr perdida,
cuidem que o mundo já se destruiu.

Ó gente temerosa, não te espantes,
que este dia deitou ao mundo a vida
mais desgraçada que jamais se viu.


segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

ILHA DE MOÇAMBIQUE

Há iniciativas algo bizarras... Como esta exposição, de Susana Rapazote. Que vi anunciada em duas páginas, no facebook. E que não encontrei em mais lado nenhum. Numa das páginas lá se referia que as fotografias estavam ao fundo da rua principal da LxFactory. O site da LxFactory nada diz.

Era domingo e a exposição estava fechada... Está patente ao público no 1º. andar de uma loja de roupa. Lá consegui ver a exposição, sobre um dos meus "sítios míticos" (talvez lá consiga ir um dia...): a ilha de Moçambique. E depois acontece que a exposição vale a pena. É pena toda aquela descoordenação...




domingo, 21 de janeiro de 2024

OS MONTY PYTHON E JAIME NOGUEIRA PINTO

Há frases de grande efeito, mas que não querem dizer coisa nenhuma (ou quase...) e baralham quem ouve um programa. Ontem, na Antena Um, em "Radicais livres", Jaime Nogueira Pinto teve esta tirada: "toda a gente sabe que os sítios que foram colonizados pelos romanos são hoje os mais desenvolvidos" [um modo fofinho de justificar os colonialismos]. Os interlocutores nada disseram e a conversa seguiu.

Ora bem, a afirmação é falsa. Veja-se a lista de países que não foram romanizados (15 no top 20 do índice de desenvolvimento humano). Ainda assim, a Alemanha e o Reino Unido foram-no apenas parcialmente. E a romanização é menos relevante na Bélgica ou no Luxemburgo do que noutros países.

Viva a Frente do Povo da Judeia! 




sábado, 20 de janeiro de 2024

LXIV - CRÓNICAS OLISIPONENSES: SETE RIOS

Primeiro, foi o desatino da mudança do nome das estações:
Palhavã > Praça de Espanha
Sete Rios > Jardim Zoológico
Rotunda > Marquês de Pombal
Socorro> Martim Moniz
Saímos do metro no Jardim Zoológico, mas continuamos a apanhar o comboio em Sete Rios...
Uma escultura de José Aurélio, já com um quarto de século assinala a estação da CP. Os rios lá estão e a imponência do obelisco não deixa que ninguém se perca.
Constatação: as esculturas de José Aurélio não são fáceis de fotografar...


sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

FOTOGRAFIA: 1970-2016

Pequenas perplexidades: o livro apresenta-se como da revolução ao presente, mas inclui quatro livros anteriores ao 25 de abril (Tad Wakamatsu - 1970, Neil Slavin - 1971, Eduardo Gageiro - 1971, Édouard Boubat - 1974...). A explicação é a seguinte: "são obras que permitem estabelecer uma ligação visual e temática entre a representação a nível nacional e internacional". Um frase que justifica tudo e coisa nenhuma. A seleção termina em 2016.

É um livro do gosto "en petit comité". Define-se como sendo um livro que "apresenta os melhores livros editados em Portugal nos últimos cinquenta anos". Bem sei que há sempre seleções e é, sempre, uma questão de gosto... Mas livros como os de Nuno Calvet ou Inês d'Orey são assim tão descartáveis? Ou o "Eden"?




quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

MÉRTOLA, AINDA

O projeto do Campo Arqueológico de Mértola começou em 1978. Vai fazer 46 (!) anos. Não tarda muito estaremos a assinalar os 50 anos. Como será?

Fragmento
Adélia Prado

Bem-aventurado o que pressentiu
quando a manhã começou:
não vai ser diferente da noite.
Prolongados permanecerão o corpo sem pouso,
o pensamento dividido entre deitar-se primeiro
à esquerda ou à direita
e mesmo assim anunciou o paciente ao meio-dia:
algumas horas e já anoitece, o mormaço abranda,
um vento bom entra nessa janela.


quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

MÚSICA NO PANTEÃO - 3ª. TEMPORADA

No dia 28 de janeiro recomeça o ciclo de "Música no Panteão".

Hoje de manhã, entrevista na "Antena 2" ao jornalista Paulo Guerra, em conjunto com Paulo Amorim, responsável pela programação.


terça-feira, 16 de janeiro de 2024

ORTIZ-ECHAGÜE

José Ortiz-Echagüe (1886-1980) foi uma figura "especial" do século XX espanhol. Engenheiro e gestor de grande relevo, destacou-se também como fotógrafo. O seu pictorialismo é profundamente castelhano. Um tenebrismo muito próximo dos pintores do seu país.

As fotografias de Ortiz-Echagüe causam-me sentimentos contraditórios. Admiro o trabalho dele. Mas muitas imagens causam arrepios. E não são arrepios bons.

A fotografia que aqui se publica é de Berlanga de Duero.



segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

OLAVI VIRTA

Nunca, até sábado à noite, tinha ouvido falar em Olavi Virta. Fiquei sentado, enquanto passavam os créditos finais do maravilhoso "Folhas caídas", de Aki Kaurismäki. Não me livrei do comentário divertido de uma velha amiga "não me digas que estás a pensar aprender finlandês" (ou algo assim).

Nem por isso. Esperava apenas que surgisse o nome do cantor que interpretava várias músicas no filme. Era Olavi Virta (1915-1972), muito popular na década de 50. Cantava, em finlandês, êxitos internacionais da época, entre outras coisas. Como este “Les feuilles mortes”, interpretado por Yves Montand no filme “Les portes de la nuit”, de Marcel Carné (1946).

O filme de Aki Kaurismäki está cheio de referências cinéfilas. Esta é uma delas.



domingo, 14 de janeiro de 2024

LUSITÂNIA, ANOS 70

Aquela repartição do Estado representava um padrão que hoje já quase não existe. Para compor os salários baixos (muito mais baixos que hoje...), muitas funcionárias tinham esquemas "alternativos". Um belo dia, o diretor-geral abriu um armário, para ser submergido por uma avalanche de caixas de soutiens. Uma das trabalhadoras tinha um micro-negócio de roupa interior e era ali o seu micro-armazém.

A melhor história desses tempos é, porém, a da senhora que trouxe para viver com ela o pai, até ali um pequeno agricultor da serra algarvia. Um belo dia, ao chegar a casa, foi confrontada com um aviso "Gertrudes, tens de ver aquela manteiga que tens no frigorífico... Untei com ela um papo-seco e acho que está rançosa". Lá tinha à vida um boião de creme Avon, com que a senhora melhorava o fim do mês.

Era uma Lusitânia de baixos recursos, a daquele tempo. Mas tinha toques e tiques que hoje já não existem. Tinha coisas mais divertidas, isso é certo...


sábado, 13 de janeiro de 2024

CAMARATE

"Podia dar-te para pior". É uma afirmação que ouço, com regularidade, a amigos e familiares. Hoje, a meio da tarde, resolvi ir à procura de um sítio. O local onde onde se deu o acidente do Cessna na noite de 4 de dezembro de 1980. Um parêntesis para deixar claro que a ideia do atentado nunca me pareceu ter pernas para andar. O que sempre me pareceu inacreditável é que seja possível o primeiro-ministro e o ministro da defesa (e acompanhantes) entrarem num aeronave com um registo de segurança pouco recomendável. Coisas tipicamente lusitanas que, naquela noite, acabaram em tragédia.

É extraordinário que tivesse de andar às apalpadelas para encontrar o sítio. Não está referenciado em parte nenhuma (nem no google). Recorri a métodos impressionistas, pouco científicos, mas que deram resultados. Sabia que o avião tinha descolado da pista 17/35, hoje desativada, e que se despenhara pouco depois. Quando vi uma placa indicando Bairro das Fontainhas fez-se-me luz "é este o sítio". Numa rua estreitinha abordei um morador que me apontou uma placa numa parede, explicando "foi aqui mesmo". Eu tinha passado pela placa sem a ver...

Tenho uma convicção antiga. Sempre lidámos mal com a(s) memória(s) neste nosso Portugal.





sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

MARGEM SUL E MARGEM NORTE

Manhã nos Capuchos, na Caparica. O papel das autarquias na Arqueologia e no Património. Agora que celebramos os 50 anos do 25 de abril, convém recordar que há claramente um antes e um depois na Cultura. Coube-me um papel neutro, o de moderador numa das sessões. Cada vez me impressiona mais a diversidade, pertinência e qualidade dos projetos que, em todo o País, vão tendo lugar.

Ao fim da tarde, passagem pela banca dos jornais para comprar a "Visão - História". Muitos séculos da história de Lisboa. Com referência a uma intervenção do poder cordovês na cidade, que teve lugar no ano 985 d.C..




quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

PECADO ORIGINAL E VIDA AUTÁRQUICA

Li, há muitos (muitos, mesmo) anos uma entrevista em que o dr. Sá Carneiro dizia que um político só podia apontar o dedo ao passado nos primeiros seis meses de governação.

Tive hoje acesso a um post do atual presidente da câmara de Moura em que justifica o presente com decisões tomadas em 2007/2008 (!). Ainda o hei-de ver acusar Adão e Eva como desculpa para o amadorismo da sua atuação como autarca.

Reafirmo o que escrevi em dezembro de 2022, e aqui reafirmo!, não me desculpo:

Na última Assembleia Municipal voltei a ser tema. Porque não pagava impostos no concelho de Moura (julgo não ter sido o único e agora haverá outros na mesma situação, mas isso agora já não interessa...) e porque não terei respondido a uma pergunta (não especificada...) numa qualquer Assembleia. É fantástico que todo este tempo passado tenham de recorrer a mim para justificar todo o rol de incapacidades e de incompetências que têm caracterizado estes tristes anos. Confesso que ficaria vaidoso, se não fosse a situação em que vai/vão mergulhando o concelho de Moura.

Dizia o Dr. Francisco Sá Carneiro que as "desculpas" com antecessores só têm seis meses de validade. Parece que há quem faça disso modo de vida.

Uma coisa tenho como certa: SEI que, por mais que se esfolem, nunca conseguirão chegar onde nós chegámos. Nem em termos de obras, nem de concretizações, nem de presença humana junto das populações. E SEI que sabem isso. Tal como SEI que isso os deixa furiosos.

Diverte-me (mesmo, a sério, e com prazer) que usem para promover o concelho as obras que nós concretizámos entre 1997 e 2017. E que não tenham uma só que mereça ser a pena ser citada. O Centro Náutico é uma ilusão, o Centro de Alto Rendimento outra, o Convento do Carmo naufragou na ignorância e na incompetência... Etc.

Não pagava impostos em Moura? Não, mas deixei lá tudo, a pele, a saúde, os melhores anos da minha vida. É para lá que voltarei. É lá que estou, todos os dias. De momento, faço a minha vida profissional na direção do Panteão Nacional. Um dia, a Moura regressarei.

Aos que fazem a sua vida pessoal, profissional e política, de promessas, só posso dizer: coitados...

A imagem é da Capela Brancacci, em Florença. Uma imagem que está num livro, cuja leitura foi decisiva para decidir a minha vida escolar.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

COR OU NÃO

Mark Rothko é cor. Nem sempre.

Este trabalho de 1950 (Nº. 10) é um das suas muitas pinturas a preto e branco. A ideia de corte, de fronteira, e de limite entre as superfícies pintadas fez-me lembra um poema de Sylvia Plath que já por aqui passou, há mais de 10 anos. Também em torno de fronteiras e da cor negra.


















Crossing the Water

Black lake, black boat, two black, cut-paper people. Where do the black trees go that drink here? Their shadows must cover Canada. A little light is filtering from the water flowers. Their leaves do not wish us to hurry: They are round and flat and full of dark advice. Cold worlds shake from the oar. The spirit of blackness is in us, it is in the fishes. A snag is lifting a valedictory, pale hand; Stars open among the lilies. Are you not blinded by such expressionless sirens? This is the silence of astounded souls.

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

ZECA, SEMPRE!

Um bonito memorial a Zeca.
Muito bonito. Ainda que demasiado inspirado em Marco Cianfanelli e na sua homenagem a Nelson Mandela.
Quanto ao resto... Zeza, sempre!




ROMA È ADESSO!

Começo agora a esquiçar, assim muito de-va-ga-ri-nho, o oitavo livrinho da série, depois de:

  • Síria (2005)
  • Mar do meio (2009)
  • Moura-Bissau (2010)
  • Casas do Sul (2013)
  • Mesquitas (2019)
  • Bolama (2021)
  • Mértola (2023)

O tema é Roma. Que marcas perenes deixou Roma nos sítios, nas paisagens e nas memórias de todos nós? O desafio é esse. Edição sem data marcada. O texto será bilingue, português-latim.

domingo, 7 de janeiro de 2024

É-ME DIFÍCIL EXPLICAR EXPLICAR O DESPREZO QUE SINTO POR CAMILO LOURENÇO...

Soube hoje, pelo TikTok, que faço parte do maior problema de Portugal. Não percebi exactamente porquê. E que sou "gentinha". Também não percebi exactamente porquê. Bom, grisalho estou. Tal como o sr. Camilo Lourenço.

Sou funcionário público há 37 anos, 3 meses e 12 dias. Tenho o orgulho de estar, há quase quatro décadas, ao serviço da República Portuguesa.

Este tipo de "discurso" merece-me o mais completo e radical desprezo. Porque não tem bases, nem consistência. E porque o único conteúdo ideológico é o ódio ao Estado.





QUANDO O FOGO CHIAVA

Quando o lume da lareira começava a chiar, a minha avó Joaquina do Ó (1909-1975) dizia "estão dizendo mal da gente" e arengava (quando só havia mulheres presentes, bem entendido):

Três folhas de alho porro, arre putas não me corram

e cuspia para o lume.

Isto foi-me contado há dias. Nunca tal tinha ouvido. E fiquei com a convicção que o "não me corram" era a versão suave de algo bem mais forte.




sábado, 6 de janeiro de 2024

EUSÉBIO, DEZ ANOS SE PASSARAM

Dez anos se passaram. O tempo voa. Recordo perfeitamente o momento em que soube que Eusébio tinha falecido, a poucos dias de completar 72 anos.

Os seus restos mortais repousam hoje no Panteão Nacional.

A Benfica TV passou ontem um extenso trabalho onde assinala a data. Foi uma honra ter podido participar.



sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

MÁSCARA N°. 16: BOLAMA

A casa é colonial e ficou mesmo em frente ao porto. Uma cidade europeia nos Bijagós. Mais uma cara num edifício.




quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

RÁDIO SAUDADE

E a pergunta que me foi dirigida (e não só por uma pessoa...) foi "mas não tens mais nada que fazer"? Pois, devo ter, mas a ideia de um curto (12 a 15 mins.) programa de rádio semanal diverte-me. E acho que pode ser interessante divulgar músicas e músicos que podem andar um pouco esquecidos.

Vou estar na Rádio Planície todas as semanas. Começa no domingo, às 12h. Repete às quartas, às 19h.

Dias 7 e 10 de janeiro - José Coelho

Dias 14 e 17 de janeiro - Amália Rodrigues

Dias 21 e 24 de janeiro - José Coelho

Dias 28 e 31 de janeiro - Nuccia Bongiovanni

92.8 FM (para quem está em Moura) ou em

https://rp.radioplanicie.com

 

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

25 ABRIL. 50 ANOS. O PS SONHA SER DONO DA DATA?

Resultado da luta e da resistência do povo português ao fascismo, a revolução de Abril e os acontecimentos de 1974 e de 1975 foram a sequência mais importante da História portuguesa do século XX. Em pouco mais de ano e meio, tiveram lugar as mais radicais mudanças que seria possível conceber num país que vivia, nos mais variados níveis (social, político, cultural, económico...) num impensável atraso. Um artigo destes é curto para listar tudo o que aconteceu, tudo o que começou a ser preparado e que tornou possível que, em poucas décadas, Portugal desse um salto significativo em termos de desenvolvimento com grandes implicações a nível social. Estamos em crer que muito mais teria sido possível fazer com uma maior presença do Partido Comunista Português em áreas decisivas do poder político. É uma luta que se trava continuamente, e que não está, nunca estará terminada. Como no período de 2015 a 2019, em que o PCP pode ter alguma influência em aspetos da melhoria das condições de vida dos trabalhadores. É por isso o PCP incontornável para soluções que valorizem o trabalho e os trabalhadores e que promovam o bem-estar e a igualdade.

Desse Portugal de abril faz parte uma das mais belas conquistas da Revolução: o poder local democrático. Desde 1976 e até à data já tiveram lugar 13 eleições para os órgãos autárquicos. Moura teve nove presidentes de câmara, dos quais estão vivos cinco, incluindo o atual e os três signatários deste texto. O contributo dos municípios para o desenvolvimento do País foi/é decisivo. Apesar das sucessivas tentativas do Poder Central de esvaziar a capacidade de iniciativa das autarquias, transformando-as, cada vez mais, em entidades subsidiárias ou complementares do Governo.

Não há comparação entre o concelho antes de 1976 e o atual, isso é certo e para isso foi decisiva a intervenção dos eleitos do poder autárquico que nas Câmaras Municipais, nas Assembleias Municipais e as Juntas e Assembleias de Freguesia para isso deram o seu melhor. E entre esses eleitos há, no concelho de Moura, muitas centenas de cidadãos eleitos nas listas da CDU (e da FEPU e da APU, coligações que a antecederam).

Estamos em 2024, o ano em que Portugal comemora os 50 anos da Revolução de Abril. Em Moura, o atual poder autárquico – tanta porta aberta, tanto diálogo... – resolveu apropriar-se das comemorações, excluindo antigos eleitos autárquicos do Partido Comunista e ignorando por completo anteriores presidentes de câmara. Parece-nos importante registar essa atitude, numa altura em que precisamente se celebra a Liberdade. E sendo que nesse processo democrático tem lugar de destaque (o mais importante?) o poder autárquico. Quando seria desejável que o programa das comemorações fosse amplo e diversificado, que servisse para debater passado e futuro do concelho, para pensar o futuro da Democracia no País e no concelho, o poder autárquico em Moura faz exatamente o contrário. Faz-se da data um imenso folclore, sem substância, nem significado político. Pior do que isso, numa atitude digna dos tempos da outra senhora, o PS autonomeia-se dono das comemorações. Como diz um amigo nosso, “as pessoas fazem o que sabem fazer; se não sabem mais...”. Pois, em Moura o poder autárquico do PS quer mostrar que não sabe mesmo mais. O que é pena, porque o nosso concelho merece muito mais. Merece de certeza muito melhor. Estamos seguros que terá muito melhor! E continuará sempre a contar com o nosso modesto contributo em termos de intervenção cívica e política. E por isso também deixamos aqui o apelo ao envolvimento nas comemorações do 25 de Abril. 25 de Abril Sempre.

António Lamas de Oliveira (militante do PCP, presidente da câmara entre 1985 e 1989)

José Maria Pós-de-Mina (militante do PCP, presidente da câmara entre 1997 e 2013)

Santiago Macias (militante do PCP, presidente da câmara entre 2013 e 2017)


Texto publicado no jornal "A Planície" deste mês.


terça-feira, 2 de janeiro de 2024

AS FESTAS DO CONCELHO E A CÂMARA MUNICIPAL

A Rádio Planície anunciava, no seu site e sua página no facebook, no dia 26 de dezembro: “O evento anual na cidade [Festas de Nossa Senhora do Carmo] terá apenas as celebrações religiosas por não ter sido apresentada nenhuma lista para integrar a Comissão de Festas 2023/2024”. Ditas as coisas desta forma, há três possibilidades: uma, a festa limita-se à parte religiosa e haverá, eventualmente, um ou outro concerto pelas nossas bandas filarmónicas; segunda, mobilizam-se as boas vontades para haver uma comissão e faz-se a festa nos moldes habituais, com maior ou menor espavento; terceira, a Câmara Municipal toma conta da festa.

 

Em 2016, houve uma destas costumeiras pequenas crises. Quando chegámos ao início do ano, ainda não havia Comissão. Começou a pressão em cima da autarquia “a Câmara é que devia tratar disto”. Entendi que isso seria um “sprint” em direção ao precipício. E isto porque as comissões de festas que existem em todo o concelho, felizmente à margem do poder político-partidário!, são um dos melhores exemplos de capacidade de organização e de mobilização daquilo que hoje se chama “sociedade civil”. E têm as comissões uma flexibilidade e uma informalidade que uma estrutura pesada como uma Câmara Municipal jamais poderá almejar.

 

Não havia comissão. Isso não era, e era!, um problema da Câmara Municipal. Fiz um par de contactos e falei com um grupo de antigos festeiros. Tinham de “repegar” na festa. Houve uma reunião na sala de sessões. O ambiente era de fria simpatia. Não queriam voltar a fazer o duro percurso que já conheciam. Mas também não queriam deixar Moura sem festa. Depois de muita insistência, lá se avançou. A Comissão arrancou. Com calma e pragmatismo. Era um grupo grande, unido pela amizade. E pela competência. A partir de certa altura pensei “temos Festa”. Tivemos. Com um orçamento muito mais baixo que em anos anteriores. Mas não com menos brilho e não com menos entusiasmo. Mais ainda, depois daquele esforço todo e daquela contenção toda, ainda deixaram dinheiro em caixa para a comissão seguinte. A experiência que tive com aquela Comissão de Festas foi coisa inédita. Nunca tal me tinha acontecido. Nem voltou a acontecer.

 

Que defendo? Como sempre, que as autarquias devem estar em pano de fundo, para apoiar. Mas não devem querer assumir o papel de “donas do concelho”. Não podem, nem devem, tudo querer controlar. Devem criar espaço para que as pessoas, autonomamente, se organizem. Caso contrário, a partir do momento em que a Câmara assumir a organização deste tipo de celebração, isso será o fim da festa, tal como a conhecemos. E deixará no ar outra pergunta: se é assim em Moura, também poderá ser assim em todas as localidades do concelho... É isso que queremos?


À memória do José João Correia, que fez (e fará sempre) parte dessa inolvidável Comissão de 2016.


Crónica em "A Planície"




segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

www.museusemonumentos.pt

A nova entidade que vai gerir cerca de três dezenas de museus, monumentos e palácios faz-se anunciar no primeiro dia do ano 

Site já temos e é sempre bom começar bem. Os próximos dias trarão mais novidades.


DOZE MOMENTOS DE 2023

Do ano de 2023 escolhi uma dúzia de momentos marcantes, de entre os que passaram aqui pelo blogue. As datas são as verdadeiras. Nem sempre coincidem com o dia da publicação.

27.02 - Trabalho no "Público" sobre o projeto em torno de Duarte Darmas.
09.03 - Apresentação do catálogo "Thalassa! Thalassa!".
18.04 - Apresentação de seis clips musicais gravados no Panteão.
27.04 - Entrevista, por Manuel Carvalho, no "Encontro Fora da Caixa".
21.05 - Lançamento, no Festival Islâmico, do livro "Mértola".
20.06 - Entrevista, na TSF, para o programa "Encontros com o Património".
22.06 - Participação no programa "Grande Reportagem".
26.06 - Emisão do programa "Sociedade Civil", gravado no Panteão.
17.07 - Jantar dos Forcados de Moura, na Festa de Nossa Senhora do Carmo.
19.07 - Conversa sobre Moita Macedo, na Galeria Mun. Vieira da Silva, em Loures.
21.11 - Dia em que se atingiu um novo recorde de visitantes anual no Panteão.
23.11 - Publicação, na "Hesperis-Tamuda", de um ensaio sobre as vias no Gharb.

Veremos como será 2024.

SEXTA-FEIRA, 24 DE NOVEMBRO DE 2023

PANTEÃO NACIONAL: 171.309

Foi na terça-feira, ao fim da tarde. Chegámos ao visitante 171.309. O que quer dizer que é o melhor ano de sempre do Panteão Nacional, em termos de entradas. O objetivo nº. 1 não é/nunca foi a questão dos recordes. Mas é bom vermos que o público corresponde e que, pela primeira vez, se superou a fasquia dos 40.000 visitantes nacionais.



QUINTA-FEIRA, 23 DE NOVEMBRO DE 2023

OS CAMINHOS DO OCIDENTE EM ÉPOCA ISLÂMICA

Em outubro de 2022 recebi um convite de Patrice Cressier para escrever um texto sobre as vias islâmicas no Gharb al-Andalus (grosso modo, os atuais centro e sul de Portugal) para ser publicado na revista marroquina Hesperis-Tamuda. Um processo mais longo do que eu esperaria (por culpa minha, nada mais), que foi publicado hoje mesmo. É bom ver que faço grupo com velhos amigos dos tempos de Lyon como Jean-Pierre Van Staëvel e Abdallah Fili.

Se tenho propostas "polémicas"? Lá isso tenho. De tal maneira que estou a pensar alargar o trabalho e passar das 30 páginas deste trabalho para um pequeno livro.

Aqui ficam o link da revista:

https://www.hesperis-tamuda.com/fascicule/2023002/articles

E o do meu artigo:

https://www.hesperis-tamuda.com/Downloads/2020-2029/2023/Fascicule-2/4.pdf



QUARTA-FEIRA, 19 DE JULHO DE 2023

GETTING TO KNOW MR. MOITA MACEDO 

Dá-me jeito picar o título original de um livro de Graham Greene para explicar o que se passou ontem à tarde, em Loures.

O livro é sobre a história de uma amizade. A sessão de ontem resultou do cruzamento de várias amizades. O final da tarde foi preenchido com várias intervenções: a de José Fanha, que leu poemas, a de Francisco Simões, que falou da amizade, fraternidade e camaradagem com Moita Macedo; a minha, sobre a feitura de um filme, que tem muito a ver com amizade; a de Joaquim Caetano, pedagógica e informada, e que enquadrou a produção artística de Moita Macedo no seu tempo.

Em pano de fundo esteve o empenhado e incansável trabalho de Paulo Macedo para divulgar a obra do seu pai, de forma digna e sempre com exposições e livros com qualidade.

Dezenas de pessoas encheram a Galeria Municipal de Loures. E ajudaram a que um bonito final de tarde ganhasse outra luz.



QUARTA-FEIRA, 19 DE JULHO DE 2023

À FLOR DA PELE

6:20 da manhã do passado dia 17. Nascia o sol em Moura, quando a fotografia foi feita. Ia cantar-se o hino do Real Grupo de Forcados Amadores de Moura. Faltava um.

O dia foi tenso. No fardamento, deu-se pela falta dele. Um amigo faltou na corrida, mas esteve presente todo o tempo. As emoções estiveram à flor da pele, numa tarde e numa noite que não esquecerei.

O ambiente dos forcados é marcado por uma forte união, por solidariedade e por fraternidade. Não é por acaso que se tratam por irmãos. Não é por acaso que agem como tal. A lesão do José André, no domingo à noite, foi causada pela nobre atitude de ir proteger um amigo que ficara na arena, depois de uma pega mal sucedida.

Os grupos funcionam assim, todos como um só. Num misto de adrenalina, paixão e amizade funda. O Valter Rico protagonizou tudo isso. Com a coragem, a amizade e a autoridade de quem dirige. Isso ficou claro ao assumir a primeira pega. Tal como ficou clara a atitude de cavalheirismo ao entregar o prémio, que acabara de receber, ao Grupo de Évora. São pequenos-grandes gestos que fazem a diferença. E que, sem palavras, explicam o que é liderar.

Em pano de fundo esteve a figura ímpar do Cláudio Pereira. Fiz questão de dizer, durante o jantar, que aqueles que verdadeiramente podem falar no Cassiano, com conhecimento e proximidade, são os que com ele partilharam os treinos, as pegas e os momentos de confraternização. Nós, os outros, aqueles que, como eu, nunca foram forcados, participamos e comungamos daquele espírito. Acompanhamos, mas quem verdadeiramente sente as coisas são eles. Como foi visível nos últimos dias.

No final da noite, senti uma indefinível confiança no futuro. Na mesa do lado, a dos novos, havia uma pequena multidão de jovens forcados. Imagino que o Cláudio se sentiria orgulhoso de saber que o exemplo que deu vai passar pela construção de uma nova geração.

Naquele começo de manhã em que ele já não esteve fisicamente, a sua presença fez-se sentir em cada gesto, em cada palavra e em cada história. Foi nesse misto de melancolia e esperança que seguimos os nossos caminhos.



SEGUNDA-FEIRA, 26 DE JUNHO DE 2023

PANTEÃO NACIONAL NA SOCIEDADE CIVIL

Hoje, a partir das 14 horas, na RTP2.

Neste primeiro programa estaremos, para além do jornalista Luís Castro, o deputado Pedro Delgado Alves, o professor catedrático Carlos Reis e eu, na qualidade de diretor do monumento.



QUINTA-FEIRA, 22 DE JUNHO DE 2023

GRANDE REPORTAGEM: MUSEU DAS DESCOBERTAS

Hoje e amanhã, no final do "Jornal da Noite", haverá "Grande Reportagem" sobre o Museu das Descobertas ou Museu dos Descobrimentos. Um projeto que capotou por variadíssimas razões. Quando estive na Câmara de Lisboa, entre abril de 2018 e dezembro de 2019, tive esse dossiê em mãos. A partir de determinada altura, percebi que não iria em frente. E não foi.

Quando a jornalista Amélia Moura Ramos me contactou, no início, a minha surpresa foi enorme. Queriam falar comigo no âmbito de um programa (este) a propósito do projeto do museu. Serão pequenos excertos dessa conversa que irão para o ar hoje e/ou amanhã.



TERÇA-FEIRA, 20 DE JUNHO DE 2023

HOJE, GRAVANDO NA TSF

Encontros com o Património, na TSF, na excelente companhia de Manuel Vilas-Boas, de Miguel Gomes Martins e de (nos estúdios do Porto) Mário Barroca. Difusão já no próximo domingo.

Tema? Duarte Darmas! A "saga" continua.



DOMINGO, 21 DE MAIO DE 2023

LIVRO DEZ

Foi o décimo de uma série iniciada em 2005, numa edição da Câmara Municipal de Mértola para o Festival Islâmico.

A apresentação teve lugar hoje, ao final da manhã.

Próximo festival: 2025.






QUARTA-FEIRA, 26 DE ABRIL DE 2023

AMANHÃ, À CONVERSA COM PEDRO ABRUNHOSA

Será amanhã, às 17:30, em Santarém, com transmissão direta nas redes sociais da Caixa Geral de Depósitos:

Linkedin https://www.linkedin.com/company/caixageraldedepositos/

Facebook https://www.facebook.com/caixageraldedepositos

A conversa não tem agenda prévia. Mas Moura autárquica, o Panteão, a arqueologia islâmica, o Património estarão, seguramente, em pano de fundo.


QUARTA-FEIRA, 19 DE ABRIL DE 2023

INSPIRAÇÕES SONORAS: CÂNDIDA MATOS & SPINETTINO

Primeiro vídeo de uma série de seis.

Cândiada Matos interpreta, num spinettino, um trecho de uma peça musical de Joan Dalza (??? - 1508). Uma forma diferente de promover o monumento.

O vídeo foi produzido pela videoteca da Câmara Municipal de Lisboa.



QUINTA-FEIRA, 9 DE MARÇO DE 2023

O PRÓXIMO LIVRO É HOJE: THALASSA! THALASSA!

Vai ser a quarta publicação em menos de dois anos. A apresentação, logo às 18 horas, estará a cargo de José Manuel dos Santos. 27 poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen, traduzidos para grego por Nikos Pratsinis, e 31 obras de arte da coleção da CULTURGEST num pequeno catálogo (design gráfico de Sónia Teixeira Pinto) com que quisemos homenagear a poetisa. O texto de introdução é da autoria de Maria Andresen.


SEGUNDA-FEIRA, 27 DE FEVEREIRO DE 2023

DUARTE DARMAS - HOJE, NO "PÚBLICO"

Duas páginas na edição de hoje do "Público", num belo e rigoroso trabalho de Lucinda Canelas, vêm, hoje, ampliar bastante a divulgação que tem sido feito deste projeto sobre os desenhos de Duarte Darmas na fronteira alentejana.

A caminhada prossegue. A exposição encerra amanhã em Serpa, para reabrir, logo de seguida, em Mértola. A vila do Guadiana é o sexto ponto de paragem.