sexta-feira, 30 de setembro de 2011

CURRO DÍAZ

Este texto devia ter saído há dias, mas o estado em que o blogue tem andado levou-me a um adiamento. Devia, sobretudo, ter saído logo a 25, o dia em que a distância entre Sevilha e Barcelona se encurtou.


Fui a Sevilha, com o jovem Manuel, que deixou de lado a desconfiança inicial para depois se impressionar com o silêncio que corre a Maestranza durante a lide. E que se entusiasmou com o desempenho de Curro Díaz no primeiro touro (uma orelha que deviam ter sido duas) e com o de El Julí no segundo (que só não foi premiado com duas orelhas por ter falhado no momento decisivo).


Foi uma tarde curta - nem todos os touros estavam à altura do sítio - mas bem justificada ainda assim. E Curro Díaz é artista, isso sim.


Curro Díaz dando volta à arena


Blogue do toureiro: http://currodiaz.blogspot.com/

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

BENALÚA DE GUADIX

Guardava de Benalúa, uma aldeia seis quilómetros a norte de Guadix, uma memória difusa. Passei lá dois longos dias, na primavera de 1996, recolhendo informações para um texto que a revista “Grande Reportagem” publicaria, meses mais tarde, com o sugestivo título “No coração da terra”.

Que me levava a tal sítio? O interesse pelas casas escavadas na rocha e o ar insólito que esses espaços deixavam supor, com fachadas iguais a todas as outras, detrás das quais se escondiam grutas que eram, afinal, lugares habitados. Ouvira falar dessa arquitetura, então em decadência, e achei que o tema podia dar um texto interessante. Chegar a Benalúa foi um golpe de sorte. O contacto foi-me proporcionado pela Teresa de Castro, uma colega da Universidade de Granada cujos tios viviam na aldeia. Pude assim visitar a casa-gruta onde moravam, bem como outras que Pepe, um pedreiro especializado, se encarregava de recuperar. As casas eram/são excecionais dos pontos de vista térmico e acústico. A argila garantia uma total impermeabilização, pelo que o alto dos cerros servia de telhado às casas. Ainda assim, o folclorismo associado às grutas e a classificação deste tipo de habitat como “troglodítico” causava uma certa rejeição, em especial por parte de quem já tinha iniciado um percurso de ascensão social. Ouvi a opinião de várias pessoas, moradores e técnicos camarários, pedreiros, investigadores e empresários turísticos. Foram especialmente úteis as indicações da Maryelle Bertrand, que fizera uma tese de doutoramento sobre este tipo de casas e que vivia numa “cueva”. Um bloco de apontamentos cheio de notas e de desenhos esquemáticos, que mais tarde me ajudaram a completar a reportagem, foi o resultado desses dois dias de entrevistas. No fim do trabalho encontrei-me com os amigos de Granada numa taberna mítica da cidade: La Sabanilla. A noite acabou com brindes aos “periodistas” (o António Cunha e eu) e em ambiente farrista.

Apesar das ameaças, as “cuevas” de Benalúa não morreram. As casas escavadas na rocha passaram por um processo de modernização muito semelhante à da arquitetura vernacular das nossas aldeias. Fachadas modernaças cobrem agora a entrada nas grutas. Um estilo um pouco mais tradicional persiste ainda nos bairros altos de Benalúa e de Guadix, onde vivem quase só ciganos. Talvez as “cuevas” atuais não sejam tão bonitas como as antigas. Mas o espírito do lugar não se perdeu. Está afinal aí, nessas ideias de permanência e de transmissão, o essencial das coisas.

O tempo passou e o tema desse trabalho ficou no baú das recordações. Regressei a Benalúa há duas semanas. Foi-me fácil constatar agora, quinze anos depois, como quase tudo mudou. A aldeia transformou-se, apesar de haver mais gente a morar em “cuevas”. O resto pertence ao passado. A revista “Grande Reportagem” já não existe. A Teresa partiu para a Austrália há dez anos e vive para os lados de Adelaide. A Maryelle faleceu há tempos. Do Pepe não voltei a ter notícias. O La Sabanilla fechou e não voltará a abrir.



Crónica publicada em "A planície" de 15.9.2011

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

PARES II: O INEXISTENTE SENHOR ORMSSON

Já antes aqui referi esta exposição de João Penalva.

O espaço mais divertido é o que se reporta à coleção de Loftur Ormsson. Ormsson é um personagem ficcionado, com biografia, casamento e morte. Convincentemente ficcionado.

O que é a Colecção Ormsson? Um conjunto de peças marcadas pelo "o desejo de, para cada objecto adquirido, lhe encontrar o seu par". Peças antigas e outras recentes. A casualidade de alguma involuntária arte do quotidiano à mistura com peças pensadas com minúcia. O resultado é divertido, imaginativo e estranhamente borgesiano. Um jogo de espelhos onde me reverei antes de 9 de outubro, último dia em que a exposição abre as portas ao público, no CAM da Gulbenkian.

No meio da coleção fica a originalidade de João Penalva.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

MIGUEL RELVAS

Poderia chamar-se Dâmaso Salcede. Na verdade chama-se Miguel Fernando Cassola de Miranda Relvas.


Eis o currículo:


Licenciado pela Universidade Lusófona;

Secretário-geral da JSD (1987-1989);

Deputado à Assembleia da República (1991-2009);

Presidente da Assembleia Municipal de Tomar (1997-2009);

Presidente da Região de Turismo dos Templários (2001-2002);

Secretário de Estado da Administração Local (2002-2004);

Secretário-Geral do PSD (2004-2005 e desde 2010);

Ministro dos Assuntos Parlamentares.


Fiquei deveras impressionado. E elucidado. É nas mãos de gente assim, com vasta experiência profissional, empresarial, académica etc. que está o nosso futuro. É de cérebros destes que brotam leis fascizantes, como a nova legislação da Administração Local. Em suma, estamos tramados...

domingo, 25 de setembro de 2011

ATAQUE


Tenho o blogue sob ataque.

Irei suspender a atividade até às 24 horas de 3ª feira, para procurar ajuda qualificada (isto de resolver problemas informáticos ainda não está nas minhas competências de funcionário público) e poder continuar as publicações sem prejudicar terceiros.

Até já.

UM QUARTO DE SÉCULO MAIS TARDE

Faz hoje 25 anos que entrei para a Função Pública. Era uma quinta-feira de sol.

Toda a minha carreira foi feita em "funções públicas", como agora se chamam, depois de uma intervenção de mais um iluminado (neste caso João Figueiredo, que deixou em cacos esta área, convencido que tinha salvo a Pátria). Fui, entre 1986 a 2001 de técnico superior de 2ª a Assessor Principal (primeiro em Moura, depois em Mértola). Hoje estou num escalão que é um número e não me lembro qual é. Pouco importa também, nestes dias que correm.

Um quarto de século mais tarde, e sob ataque furioso da direita (a quem esta coisa do Público sempre causou enormes pruridos), continuo a ter orgulho em ser funcionário público. E em estar ao serviço da República. E desafio alguns do privado, sempre tão lestos a darem lições, a provarem-me que os "de lá", nas minhas funções, fazem melhor que os "de cá".

O DAVID, O BORIS E AS CENTRAIS DE INFORMAÇÃO

A história é conhecida, mas só agora me apeteceu publicá-la. David Cameron e Boris Johnson entretinham-se, nos seus tempos de estudantes em Oxford, a partir montras à pedrada. Um relato mais circunstanciado pode ser lido em resistir.info. A história veio a lume na altura em que a racaille partia montras nos arredores de Londres. Claro que a racaille queria era aparelhagens de alta-fidelidade, espalharam aos quatro ventos as centrais de informação dependentes do poder. Era apenas vandalismo, nada de fúria de viver nem de um modelo de sociedade que, a cada dia que passa, se torna mais opressivo.

Sublinhe-se que o ataque às montras da racaille era uma coisa feita à bruta. Uma coisa sem maneiras. Não tinha o sentido poético e estetizante do espatifar vitrinas da upper class.

Ouvi um magnate britânico dizer uma vez num programa televisivo: "daddy never works... nor do I...". Boa parte da explicação está aí.


sábado, 24 de setembro de 2011

CONTRADIÇÃO





Poema sobre la contradicción



Si extiendo una mano encuentro una puerta
si abro la puerta hay una mujer
entonces afirmo que existe la realidad
en el fondo de la mujer habitan fantasmas monótonos
que ocupan el lugar de las contradicciones
más allá de la puerta existe la calle
y en la calle polvo, excrementos y cielo
y también ésa es la realidad
y en ésa realidad también existe el amor
buscar el amor es buscarse a sí mismo
buscarse a sí mismo es la más triste profesión
monotonía de las contradicciones
allí donde no alcanzan las leyes
en el corazón mismo de la contradicción
imperceptiblemente
extiendo la mano
y vivo.





As palavras de Aldo Pellegrini (1903-1973) são contraditórias? A fotografia com uma mulher desnudada e outra demasiado vestida não o é menos. Curiosamente, este conhecida imagem de Hector Acebes (n. 1921) foi obtida em Casablanca (Marrocos), em 1948.

Hector Acebes tem site.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

ALGURES NO ANO DE 1973 - POST MOURENSE

A imagem anda por aí há algum tempo, no facebook. Foi tirada em 1973, ano em que fiquei em Moura a fazer a 4ª classe. Muito provavelmente no dia 23 de Abril, que foi a 2ª feira de Páscoa nesse ano.

Uma parte do grupo (a maioria) vive em Moura. Os mais velhos são o José Manuel Alvarinho Reis, embora poucos o conheçam por esse nome, e o autor do blogue, abraçado ao futuro empresário Rui Ferreira.

Creio que o sítio é Vale Carvão...



Em primeiro plano (sentados), da esquerda para a direita: Jorge Turíbio, João Acabado Rato, Pedro Estevas, Ana Sofia Limpo, Miguel Ângelo Ferreira e Sofia Reis.


Em segundo plano, e pela mesma ordem: Pedro Capa, José M. Alvarinho Reis, Santiago Macias e Rui Ferreira.

RELATO

O som acompanhou-me Alentejo dentro: Santiago do Cacém-Aljustrel-Castro Verde-Mértola. Depois do excelente encontro organizado pela Liga dos Amigos do Sítio Arqueológico de Miróbriga decidi que não ficaria a ver o Porto-Benfica em casa de um amigo. Recuei aos tempos em que os jogos na tv eram uma miragem (às vezes, lá muito de quando em quando, aparecia uma miraculosa "reportagem do exterior", expressão que nunca consegui decifrar, até por ignorar o que seja uma "reportagem do interior").

Vim ouvindo o relato. Uma coisa de homens. Pelo menos na família todas as mulheres detestam os relatos do futebol. A mim entusiasmam-me imenso. São um reduto das línguas ibéricas, atingindo expressões de paroxismo em países como o Brasil ou o México. Gosto dos relatos gritados, com energia e fibra, com o coração ao pé da boca. Gosto de ouvir berrar goooooolo durante 15 segundos (sim, já cronometrei), com o radialista a ficar sem fôlego e com a voz a tremer Com o som ligeiramente alto os relatos são melhores e dão mais emoção. Nesse sentido são, ou convém que sejam, um prazer solitário.

O jogo acabou à passagem por Alcaria Ruiva. 2-2 foi um resultado aceitável.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

CIDADES VIVAS / CIDADES MORTAS

À boleia da página no facebook da Liga dos Amigos de Miróbriga:

Na sociedade contemporânea são cada vez maiores os conflitos entre as necessidades e os requisitos da vida moderna e a presença e as memórias do património e do passado, a que comummente se designa de Património Cultural Edificado.Apesar de existir, cada vez mais, uma consciência mais acentuada acerca da abordagem e da preservação do património e, mais concretamente, dos testemunhos históricos, as exigências técnicas, sociais e... políticas são igualmente crescentes, por vezes agudizando um diálogo que é, habitualmente, muito complexo.Assim, é de crucial importância reflectir e tornar este diálogo em algo frutuoso e que permita a investigação e o conhecimento do passado, o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida futura e a fruição e usufruto no presente.O Núcleo de Arquitectos do Litoral Alentejano, em conjunto com a Liga dos Amigos do Sitio Arqueológico de Miróbriga, pretende convidar autarcas, arqueólogos, arquitectos, urbanistas e técnicos autárquicos (preferencialmente do Alentejo) para reflectir e dialogar, com o objectivodeste diálogo entre as cidades vivas e as cidades mortas seja profícuo e valorizador.Integrado nas Jornadas Europeias do Património, este primeiro encontro, de um conjunto de dois, terá o seguinte programa (ainda provisório)




09.00 – Recepção e confirmação de inscrições



09.30 – Inicio dos trabalhos



09.45 – Apresentação:

Presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém – Vítor Proença

Presidente da Ordem dos Arquitectos – Arq. João Rodeia

Directora Regional de Cultura do Alentejo – Prof. Dra. Aurora Carapinha *



10.15 – 1ª Sessão

Dr. Santiago Macias – Vereador Câmara Municipal de Moura

Arq. Ricardo Pereira – Câmara Municipal de Sines

Representante da ERA Arqueologia



11.15 – Coffee break



11.30 – 2ª Sessão

Representante da Câmara Municipal de Santarém *

Eng. João Appleton *

Arq. Victor Mestre

Representante Câmara Municipal de Mértola *




13.00 – Almoço livre



14.30 – 3º Sessão

Dr. Rui Fragoso/Arq. Carmen Pinela

Arq. Pedro Alarcão – FAUP

Dra. Conceição Lopes

Dra. Filomena Barata



15.15 – Coffee break



15.30 – 4ª Sessão

Arq. Pedro Paredes – Presidente Câmara Municipal de Alcácer do Sal

Dra. Elena Moran – Câmara Municipal de Lagos

Dra. Manuela Deus - IGESPAR *



16.45 – Conclusões

Dr. Sérgio Pereira Bento


17.00 – Encerramento

17.15 – Visita a Miróbriga

18.45 – Jantar volante em Miróbriga.





O que quer dizer que amanhã passarei o dia em Miróbriga em boa companhia. Será a oportunidade para apresentar resultados preliminares das escavações arqueológicas no castelo de Moura.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O ALENTEJO NOS SÉCULOS VIII E IX

Segunda-feira foi dia de estreia. Nunca antes tinha estado na Faculdade de Letras de Lisboa, a casa onde licenciei, para integrar um júri. Neste caso, como arguente de uma dissertação de mestrado sobre o sudoeste peninsular nos séculos VIII e IX. Um trabalho corajoso de Ana Luísa Sérvulo Miranda, que se lançou numa investigação sobre o elemento tribal na sociedade andaluza do Gharb. Tenho, pessoalmente, as maiores reservas quanto à orientalização precoce do ocidente. Território onde o fator indígena tem, até épocas muito tardias, peso considerável.


Socorro-me de uma passagem da minha tese:


Cerca de 50 quilómetros a leste de Beja, a componente mullawad continua a marcar presença preponderante: Ibn Hayyan assinala a revolta de Faraj b. Khayr al-Tutaliqi, que se rebelou em 234/848-849 contra o emir Abd al-Rahman II a partir de Aroche e de “Dnhkt”, topónimo não identificado. Vencido pelas tropas do emir, põe-se ao serviço deste e é nomeado para diversos cargos, nomeadamente o de governador de Beja. O sobrinho ou sobrinho-neto desta personagem, Abd al-Malik b. Abı l-Jawwad, terá um papel importante na região no final do século IX. Bakr b. Salama, rebelde na região do Gharb e descendente de Faraj b. Khayr al-Tutaliqi, tinha também aparentemente uma relação com Ibn Maslama al-Arushi. Teria levado socorro em 284/897 aos muwalladun de Mont-Maior na província de Niebla. As ligações familiares e a componente muwallad continuavam nesta época a marcar os acontecimentos no limite oriental da kura de Beja.


Aparentemente, as importantes minas de prata de Tutaliqa dependiam dos Banu Tutaliqi, mas nada permite afirmá-lo de modo definitivo. As questões sem resposta são, de momento, numerosas : quem explorava as minas e como eram organizados os locais de exploração? O facto de serem exploradas “secretamente”, como afirmava al-Razi, confere algum sentido à ideia que estas minas eram controladas por uma família. Neste caso, não poderemos pensar que a sua exploração era confiada a pequenas comunidades autónomas? Continuamos sem saber, e nesse domínio apenas a arqueologia poderá dar respostas, qual o tipo de povoamento da região.


Tutaliqa ou Totalica seria a zona em torno de Santo Aleixo, no concelho de Moura. A prata terá, até meados do século XI, sido a garantia da riqueza da região e o fator essencial que permitiu que grupos familiares solidamente enraizados no território constituissem, usando frequentemente alianças matrimoniais, verdadeiros governos autónomos.

Com ou sem História, a tarde e a noite de hoje serão passadas em Santo Aleixo.



Galena argentífera

terça-feira, 20 de setembro de 2011

SOBRAL, E SANTO ALEIXO TAMBÉM

Em princípio não haverá manif's. Mas estamos, isso sim, 100% à esquerda. Daí a proximidade às pessoas e a necessidade da democracia direta. Desde ontem e até dia 30 - ver programação completa aqui - estaremos nas freguesias de Santo Aleixo e de Sobral da Adiça. É mais uma edição do Primeiro o Local.


A reunião de Câmara de dia 21 será em Santo Aleixo (às 18 horas).

A sessão da Assembleia Municipal terá lugar no Sobral, no dia 30 (às 21 horas). Caso ainda não tenha mencionado o assunto é provável que se fale na Ribeira da Perna Seca.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

RIBEIRA

Pouca passava das onze da manhã quando a consignação da obra de regularização da ribeira da Perna Seca, no Sobral da Adiça, foi assinada.


Falo muitas vezes desta intervenção no blogue? É verdade. E muitas mais falarei, até a obra estar concluída. Até porque não permitirei/não permitiremos que venham outros depois reivindicar méritos que não tiveram.


José Maria Pós-de-Mina, Presidente da Câmara de Moura,

intervindo após a assinatura do documento

RIBERA

Concierto a puertas cerradas

Con estas manos hechas para ti
quiero
uno a uno tocar
los instrumentos de tu cuerpo

al palparte
me salen tonos
partituras
música en fin
de todas partes

se precisa un golpe
de batuta
para tocarte sin desafinar

estás llena de violines
en ti los pájaros ensayan
sus últimas canciones
en ti debuta una alta fidelidad
que termina
entre mis dedos
haciéndote fraterna

amo tus instrumentos
cuando me inundas de sonidos
cuando tu cuerpo me nombra
el músico más grande

que nadie se sienta herido
– ni bach ni beethoven
ni los trompetistas del juicio final –

eres un concierto
que sólo yo puedo tocar.

Tomás Castro Burdiez



Admito que seja um pouco maldoso associar o nome e o tenebrismo de José Ribera (1591-1652) à sensualidade de Tomás Castro (n. 1959). Ribera surgiu-me neste dia em que tanto pensei numa ribeira... E a sua Maria Madalena não fica mal com estas palavras...

domingo, 18 de setembro de 2011

Ó DIABO...


Serão os mesmos?

LIBIAMO



Num domingo que se prevê tranquilo (hoje não há Conselho de Ministros, pelo que deveremos ter um relativo descanso) aqui fica um excerto de La traviata, uma ópera muito popular. E que faz parte da programação da Gulbekian para a próxima temporada. E que, claro, já está esgotada.

Esta foi a encenação preparada para o Festival de Salzburgo, em 2006. Cantam Anna Netrebko e Rolando Villazón.

Libiamo, pois. Mas não tão cedo. Lá para as três da tarde será melhor.

sábado, 17 de setembro de 2011

A PERCENTAGEM

Alberto João Jardim continua a fazer troça das instituições. E de todos nós.

Escondeu uma dívida de 1.100.000.000 de euros. Um jornalista da RTP informava, há pouco, que a penalidade por tal "omissão" era de 15.000 euros. Concluía depois que esse valor era uma pequena percentagem da dívida.

15.000 euros são 0,0014% do valor que foi "escondido". Já agora, alguém quer fazer a fineza de nos explicar qual o valor da dívida "desescondida"? E os especialistas poderão fazer umas projeções de quanto custarão os desvarios de Jardim no futuro?

FANTÔMETTE

Ao passar ontem pela Biblioteca Municipal de Mértola lembrei-me dos livros da Fantômette. Há memórias que não têm grande justificação e esta súbita recordação de livros lidos há cerca de 40 anos intrigou-me. Porquê a Fantômette, uma improvável heroína adolescente de identidade secreta, cujo primeiro livro foi publicado em 1961? As histórias eram bem escritas e divertidas. Isso deve ter contado para me interessar. Aparentemente, o público alvo era feminino, coisa cujas razões nunca entendi.

Os livros e os momentos que ficaram lá para trás são, muitas vezes, decisivos. Daí que a eles tantas vezes recorra, como no outro dia me fez notar o João Feliciano.

Que memórias tenho dos livros de Fantômette? Uma apenas: num dos livros a heroína é atingida no peito por uma flecha, caindo prostrada. Ao levantar-se arranca a flecha de um livro de Victor Hugo, que trazia preso ao peito. A ideia da literatura que salva vidas parece-me bem, ainda hoje.

Aqui vai, 50 anos depois da publicação da primeira obra, uma saudação a Fantômette e a Georges Chaulet (n. 1931).


Os livros de Fantômette já não estão disponíveis nos dias de hoje. O que é pena. Fantômette chamava-se, na realidade, Françoise.

MAIS PORNOGRAFIA

A poesia erótica ou alguma fotografia menos convencional marcam presença neste blogue. Que isso justifique a classificação de "pornográfico" ao avenida da salúquia 34 parece-me ligeiramente exagerado. Na CCDRA pelos vistos é assim. É uma questão de coerência (v. aqui):


A imagem foi-me enviada por um amigo que se diverte com estas situações.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

PERESTROIKA

Francisco José Viegas perdeu-se num labirinto. E aderiu aquela lógica tonta de suprimir instituições como forma de combate à crise.

FJV, cuja experiência política é nula, limita-se, por enquanto, a fazer de contabilista e de serventuário da troika. Bastar-lhe-ia ter olhado para a história do Instituto Português do Património Cultural para, rapidamente, ver que o desmembramento do IPPC acompanhou o ritmo de uma sociedade cada vez mais rápida e cada vez mais exigente. A criação de institutos na área dos museus e do património não correspondeu a um capricho, mas à necessidade de tornar o IPPC (que, burocraticamente, tinha no início a tutela das bibliotecas, dos arquivos, dos museus, do património construído, da arqueologia etc.) mais operativo.

Vinte anos depois de terem sido dados passos importantes recua-se. Funde-se e burocratiza-se. Atafulham-se entidades de novas responsabilidades, cortando pessoal e recursos. Não sei o impacto de tudo isto na diminuição da dívida, embora gostasse de ver os números. De uma coisa tenho a certeza. A capacidade de resposta e a eficácia das instituições vai ser reduzida à mínima expressão. Se a ideia é tudo parar vamos no caminho certo.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

RIBEIRA DA PERNA SECA: 19.9.2011

A consignação da obra de regularização da Ribeira da Perna Seca, no Sobral da Adiça, vai ter lugar naquela localidade, na próxima segunda-feira, às 11 horas.

Quase 14 (catorze!) anos depois da tragédia de 5 de novembro de 1997 têm início as obras. No meio de um processo longo, complexo e cheio de entraves burocráticos a Câmara Municipal de Moura ficou sozinha, com o projeto em mãos, e sem ter a possibilidade de recorrer a fundos comunitários. O Poder Central virou as costas ao problema. Os deputados do PS pelo distrito votaram contra a atribuição de verbas a esta obra. Peripécias e mais peripécias de algo que deveria ter tido um tratamento muito expedito. Assim não foi, porque as malhas da burocracia a todos apanham. As Câmaras Municipais a elas não escapam, bem entendido... O que se passou ao longo destes anos daria para um romance (sugiro a leitura do que se publicou aqui).

A Câmara Municipal decidiu, e bem, avançar sozinha para esta obra. Enquanto mourense e enquanto vereador responsável pelo desenvolvimento do processo da Ribeira da Perna Seca desde finais de 2005 sinto particular satisfação por ver este gravíssimo problema em vias de ser resolvido.

No dia 19 estarei, bem entendido, no Sobral da Adiça. Com um sentimento de dever cumprido e com argumentos para prosseguir outros combates.

NB: não serão publicados comentários sobre este texto.


Fotografia: Frederica Rodrigues (http://olharsobreadica.blogspot.com)

LUGARES COMUNS

Um dos programas mais interessantes da rádio portuguesa faz-se ouvir na Antena Um, de 2ª a 6ª feira, às 8.58 e às 20.58. Chama-se Lugares Comuns e explica porque dizemos as coisas que dizemos. Expressões como "riso sardónico" (esta foi uma das últimas e de explicação muito curiosa) ou "amigos de Peniche" são descodificadas por Mafalda Lopes da Costa. Numa altura em que o valor da palavra se reduz ao efeito do momento é importante entender as raízes daquilo que dizemos correntemente.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

THE BLUES BROTHERS

O cinema tem lugar cativo neste blogue, já várias vezes o disse. Gosto de partilhar pequenos excertos de que gosto, por uma razão ou por outra.




As escolhas são marcadas pela heterodoxia. Nos dias que passam, e em que tudo se arrisca a ir por água abaixo, lembrei-me do filme The blues brothers (O dueto da corda, em Portugal). Realizado por John Landis em 1980, conheceu assinalável sucesso. Gosto de comédias e gosto de blues. O João, 26 anos mais velho, foi comigo ao cinema, desconfiado de que seria "mais uma americanice". Talvez seja, mas a história dos dois irmãos empenhados em salvar uma instituição de caridade através do contributo de uma banda de música tem de tudo um pouco. Filmado ao jeito de uma "slapstick comedy", The blues brothers contém algumas das mais hilariantes cenas do cinema contemporâneo: as minhas preferidas são a da ida ao restaurante (pode ser vista aqui, ainda que a qualidade seja má), e esta, em que atiram um bando de nazis para dentro de um rio.

Já agora, o João riu estrepitosamente do primeiro ao último minuto.





terça-feira, 13 de setembro de 2011

PARES I: NACHTWEY E McCURRY

Abre-se lugar no blogue a uma série de textos sobre o tema "pares". O primeiro é óbvio, mas sem outra referência que não a fotográfica. Dois olhares, duas formas de ver de dois grandes fotógrafos: James Nachtwey (imagem de cima) e Steve McCurry (em baixo).




ALÍVIO

Hoje de manhã, na Antena Um, o economista Ricardo Reis (um belo nome!), da Columbia University, opinava e previa. Disse que a Grécia estava em má situação, que dentro de dois meses ficava sem dinheiro e que isso acarretaria problemas terríveis. Depois, sossegou os portugueses: estamos muito melhor porque, no caso do nosso País, não enfrentaremos a possibilidade de falência nos próximos seis meses. Fiquei aliviadíssimo e cheguei a Moura de sorriso rasgado.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

NÚMEROS

Nos últimos dias temos sidos bombardeados com números.


Para os que gostam de números, aqui ficam estes:


20% da mortalidade infantil, em África, deve-se à malária;

A cada 30 segundos morre uma criança com malária (poupo-vos as contas, são 1.051.200 crianças por ano).

domingo, 11 de setembro de 2011

FEIRA DE MOURA: CONCURSO DE PETISCOS

Terminou há pouco a cerimónia de distribuição de prémios do concurso de petiscos, evento que as entidades levam a sério. Algumas muito a sério mesmo, a avaliar por alguns comentários que ouvi. E isto quando as provas são anónimas...


Aqui vão os premiados:


1º - Casa do Benfica de Moura


2º - Núcleo Sportinguista de Moura


3º - Moura Atlético Clube


Menção Honrosa - Comissão de Festas de S. Sebastião de Moura


Membros do júri (três painéis com cinco elementos cada)

CMM – Santiago Macias
AMM – João Guerreiro
AMPEAI – Amílcar Mourão
EPM – Ana Luísa Dimas
DCPD da CMM – Jorge Pais

CMM – Maria José Silva
AMM – Sandra Santana
AMPEAI – Francisco Cerejo
EPM – Fátima Peças
DCPD da CMM – José Pelica

CMM – José António Oliveira
AMM – Isabel Migas
AMPEAI – Francisco Gorjão
EPM – Teresa Santos
DCPD da CMM – Zélia Parreira

CMM - Câmara Municipal de Moura
AMM - Assembleia Municipal de Moura
AMPEAI - Associação de Micro, Pequenos e Médios Empresários do Alentejo Interior
EPM - Escola Profissional de Moura
DCPD - Divisão de Cultura, Património e Desporto

sábado, 10 de setembro de 2011

FORCADOS AMADORES DE MOURA: 40 ANOS

O Real Grupo de Forcados Amadores de Moura fez ontem 40 anos. Uma efeméride importante e que foi devidamente assinalada pela Câmara Municipal, por proposta que tive o prazer de apresentar e que foi aprovada por unanimidade na reunião do passado dia 7. Logo à noite, na corrida, não vai deixar de pairar sobre o autor do blogue a sombra do tempo: assisti, no dia 9 de setembro de 1971, à apresentação do grupo, na Praça de Touros de Moura...


SAUDAÇÃO


Considerando:
1. O relevante papel desempenhado pelo Real Grupo de Forcados Amadores de Moura na defesa das tradições taurinas e da cultura da nossa região;
2. O facto do RGFAM projetar para além das fronteiras do concelho o nome da nossa terra;
3. O longo, coerente e prestigiado percurso que este grupo de forcados tem percorrido;


A Câmara Municipal de Moura saúda o Real Grupo de Forcados Amadores de Moura na passagem do seu 40º aniversário e formula votos de continuação num caminho que tem tanto de difícil quanto de engrandecedor.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

CASAS DA NOSSA CIDADE

A iniciativa é da COMOIPREL e integra-se na programação da Feira de Moura. Inclui uma exposição, da qual mostrarei depois imagens e um colóquio, que ocupará toda a tarde de amanhã.


Eis o programa:

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

MAPPING JOURNEY

"Em Portugal, na primeira Liga de futebol, 58 por cento dos jogadores são estrangeiros e o sucesso que conseguiram é a demonstração que neste domínio, em matérias do número de jogadores estrangeiros, algo está errado no futebol português" (Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República Portuguesa).


Deixando de lado a perversão absoluta de muitos aspetos do futebol a declaração do Presidente Cavaco Silva é, a todos os títulos, lamentável. A pátria do Homem é o planeta Terra, dizia-me o meu querido amigo Miguel Urbano Rodrigues.


As palavras do Miguel ecoaram várias vezes na minha cabeça quando vi o vídeo de Bouchra Khalili (n. 1975) na Gulbenkian. Homens do Maghreb explicavam, num mapa, a sua via sacra para chegarem à Europa. Conciso e comovente. E profundamente perturbador. O périplo destes homens levanta a questão "o que é ser estrangeiro?". E outra "quando é que somos estrangeiros?".


Já agora, Cavaco Silva incluirá nestes estrangeiros que assolam o nosso desporto o níveo Francis Obikwelu?



terça-feira, 6 de setembro de 2011

FINDING FORRESTER

Por nenhum motivo em especial aqui ficam estes breves instantes de um filme que particularmente me agrada: Finding Forrester, ao qual em tempos já aludi (v. aqui). É uma obra simples, baseada na vida de J.D. Salinger, e à qual a maturidade de Sean Connery dá um charme particular.


A história (o rapaz culto vindo do ghetto que consegue estabelecer uma relação de amizade e de cumplicidade com um escritor recluso) é mais que improvável. Mas que importa isso?


As imagens pertencem à cena da festa na casa da menina rica e branca que se está a apaixonar pelo rapaz pobre e negro. Um conto de fadas telenovelesco. O que se segue - e que não vemos - tem uma forte carga erótica, sem que haja um só beijo. A subtileza do que não se mostra é, como bem se sabe, elemento essencial.


O filme (Descobrir Forrester, na tradução portuguesa) custa 9,99 euros em www.fnac.pt. O preço não é desculpa.



ALGO QUE JULGAVA ESQUECIDO

Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "MÉRTOLA: 2001-2011":

Muito boa tarde Vereador Santiago,relativamente á arqueologia , neste caso em Moura como funcionária(o) desta Câmara Municipal, e sendo o vereador o responsável pelas escavações do Castelo de Moura, é um pouco vergonhoso que... [denúncia] . Sendo o Vereador uma pessoa rígida, como lhe passam estas coisas sem que você se aperceba … como havemos de evoluir assim … boa tarde e umas boas escavações. Eu sei que não vai publicar isto, mas eu tambem não fiz para tal, foi só uma forma para que se aperceba do que muitas pessoas fazem...



As denúncias anónimas são um nicho de mercado (acho que é assim que se diz) inesgotável. Sobretudo quando o autor do blogue tem responsabilidades políticas, ainda que num pequeno município do interior. Por norma, vão parar ao lixo. Abro mais uma exceção, pelos divertidos equívocos a que se alude. Um/a suposto/a funcionário/a da Câmara Municipal de Moura resolveu denunciar o absentismo nas escavações arqueológicas. Dou-me ao trabalho de esclarecer:




1. Não sou responsável pelas escavações realizadas junto ao convento, mas sim membro da equipa científica (a coordenação é do Dr. José Valente);


2. As referidas escavações foram interrompidas no dia 27 de agosto;


3. Na(s) data(s) que o/a anónimo/a refere a equipa de escavação estava de férias;


4. Já agora, e uma vez que o assunto parece interessar algumas pessoas, essas férias foram acertadas entre toda a equipa, de forma a retomarmos os trabalhos na alcáçova (por mim coordenados) a partir de dia 12 de setembro.


5. A única coisa que me deixa sentido é que me classifique como "pessoa rígida". Tá mal.


6. Sempre achei muito curioso o inusitado interesse que as escavações por mim dirigidas em Moura suscitam. É coisa que remonta a 1990, sabia?








Tullius Detritus, o intriguista criado por Goscinny e Uderzo para um dos livros de Astérix

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

FEIRA 2011

E aproxima-se, a passos largos, a Feira de Setembro. Um vasto programa de iniciativas preenche os quatro dias. A organização é da Câmara Municipal de Moura e conta com a colaboração da COMOIPREL, da APIVALE e da ADCMoura. E com o apoio do Turismo de Portugal, da Associação Transfronteiriça dos Municípios das Terras do Grande Lago Alqueva e do IEFP. O certame é patrocinado pela empresa J.P.A. Silva Lda. Eis o programa:

Dia 8 (Quinta-Feira)
21:00 h - Sessão de Inauguração da Feira
Animação dos Pavilhões de Exposição e Espaço das Tasquinhas com:
Grupo Coral e Etnográfico do Ateneu Mourense
Grupo Musical «Margem Esquerda» (Moura)

Dia 9 (Sexta-Feira)
14:30 h - Colóquio: Casas da Nossa Cidade (Auditório da COMOIPREL)
17:00 h - Chá das 5 – Conversas acompanhadas com chá aromático e sabores locais: «Um cabaz PROVE em Moura - fruta e legumes de proximidade», pela ADCMOURA
(Pavilhão 2)
19:00 h - Animação dos Pavilhões de Exposição e Espaço das Tasquinhas com:
Grupo Coral «As Papoilas em Flor» (Stº. Aleixo da Restauração)
Grupo Coral «Brisas do Guadiana» (Moura)
21:00 h - Animação dos Pavilhões de Exposição e Espaço das Tasquinhas com:
Grupo de Acordeonistas «Alentejo em Melodia» - C.R.A.M. «Os Leões»
22:00 h - Espectáculo com Projecto PUCARINHO

Dia 10 (Sábado)
9:30 h - Fórum: Escola Nacional de Caça, Pesca e Biodiversidade (Auditório da COMOIPREL)
10:00 h - XVIII Concurso de Méis (Edifício da COMOIPREL)
Encontro de produtores e outros profissionais da fileira das plantas aromáticas e medicinais (Edifício da COMOIPREL – Sala 1)
10:30 h - Assembleia Geral da APIVALE – Associação dos Apicultores do Vale do Guadiana (Edifício da COMOIPREL)
Assinatura de Protocolos com a Herdade da Contenda, EM e com a APIGUADIANA
14:00 h - Encontro de produtores e outros profissionais da fileira das plantas aromáticas e medicinais (cont.) (Edifício da COMOIPREL – Sala 1)
15:00 h - Entrega de Prémios do Concurso de Méis
Colóquio: Falemos de Apicultura - Própolis e Pólen, com a presença do Sr. Francisco
Rogão (Macmel) (Auditório da COMOIPREL)
17:00 h - Chá das 5 – Conversas acompanhadas com chá aromático e sabores locais: «O porco de raça alentejana - do montado à mesa», pelo Dr. Alberto Franco e pelo Sr. Manuel Fialho (Pavilhão 2)
19:00 h - Animação dos Pavilhões de Exposição e Espaço das Tasquinhas com:
Grupo Coral Feminino da Casa do Povo de Safara «Trigueiras do Alentejo»
Grupo Coral da Casa do Povo de Amareleja
22:00 h - Espectáculo com VIRGEM SUTA

Dia 11 (Domingo)
10:00 h - Oficina de tinturaria natural (Pavilhão 2)
16:30 h - Chá das 5 – Conversas acompanhadas com chá aromático e sabores locais: «As Plantas no dia-a-dia – como melhorar a sua saúde», pelo Dr. Filipe Rocha e pela Técnica Maria Ferreira (Tinatural) (Pavilhão 2)
17:00 h - Concurso de Doçaria Azeite e Mel
18:00 h - Animação dos Pavilhões de Exposição e Espaço das Tasquinhas com:
Grupo Coral «Espigas Douradas» (Amareleja)
19:00 h - Espectáculo com GRUPO ROCIERO DE HUELVA (Sevilhanas e Flamenco)
Entrega dos Prémios do Concurso de Petiscos e do Concurso de Doçaria Azeite e Mel

Durante os dias da feira:
Exposição Fotográfica - «Casas da Nossa Cidade», pelos alunos da turma de Multimédia da Escola Profissional de Moura (entrada da Feira)
Exposição - «A Prova dos 9 - Aromas e sabores de Moura» (Pavilhão 2)
Exposição - «Inovação e boas práticas nos aromas e sabores» (Pavilhão 2)
Concurso de petiscos, nas tasquinhas

Horário dos Pavilhões de Exposição:
Quinta-feira: 21:00 – 24:00 horas
Sexta-feira e Sábado: 10:00 – 13:00 horas; 15:00 – 01:00 horas
Domingo: 10:00 – 13:00 horas; 15:00 – 22:00 horas

domingo, 4 de setembro de 2011

SCIROCCO


Na luz oscilam os múltiplos navios
Caminho ao longo dos oceanos frios

As ondas desenrolam os seus braços
E brancas tombam de bruços

A praia é lis e longa sob o vento
Saturada de espaços e maresia

E para trás fica o murmúrio
Das ondas enroladas como búzios.



Estranhamente, ou talvez não, o poema, de Sophia de Mello Breyner Andresen, que esta fotografia me recordou intitula-se praia. O jogo de palavras com a areia da tempestade seria demasiado fácil. A palavra que me ocorre, nas palavras e na imagem dos homens que caminham penosamente no vento é abandono. Ou solidão.

A fotografia data de 1964, intitula-se scirocco e é um trabalho absolutamente excecional de um fotógrafo não profissional. Chamou-se José Ortiz Echagüe (1886-1980) e foi engenheiro militar, piloto, industrial e presidente da SEAT, nem mais nem menos. Começou a fotografar na adolescência, tendo publicado vários livros de inestimável importância artística e etnográfica. A leitura que faz da luz é originalíssima e a sua cultura visual é, sem margem para dúvidas, tributária de El Greco, Goya e Ribera. Nesse sentido, os trabalhos de Echagüe são profundamente hispânicos.

sábado, 3 de setembro de 2011

SANTA IGLESIA CATEDRAL DE CÓRDOBA

Regresse-se, então, ao ponto chave desta curta peregrinação andaluza. A minha eterna distração levou a que andasse uns bons minutos, em parafuso, à procura do site da mesquita de Córdova. Que, claro, não se chama "mesquita de Córdova". Mas sim "Santa Iglesia Catedral de Córdoba". A parte que conta, na realidade, como Iglesia Catedral é uma obra banal de princípios do século XVI. Construção de forte cariz ideológico - a própria mesquita não o fora menos - pouco acrescenta à História da Arte.

Visite-se, então, a mesquita (o bilhete esclarece que estamos a visitar a catedral...) e celebre-se o humor dos que criaram, nos anos 20, a cerveja La Mezquita: "o Alcorão proibe-a, mas é tão requintada..."

Total de quilómetros percorridos: 1298


Site da mesquita, ou seja da catedral: http://www.catedraldecordoba.es/
Sobre cervejas de Espanha: http://bancodecervezas.blogspot.com/

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

LA SABANILLA

Uma passagem por Granada podia ser motivo para muitas coisas: o Alhambra blablabla o Corral del Carbon blablabla o Albaícin e mais o Bañuelo e a Puerta de Elvira etc etc.

Limitei-me a perguntar ao Alberto por colegas e amigos. Arrisquei uma pergunta fatal, em voz baixa: "ainda existe o La Sabanilla?". Já não, disse-me em tom pesaroso. Fechou. Lembrei-me dos tristes momentos finais do Cinema Paraíso. Houve de tudo, até movimentos de cidadãos e coisas do género. Mas fechou mesmo. Parece que vai haver investimentos imobiliários e haverá um bar no mesmo local. Não poderá ser como o La Sabanilla. Era chique? Nem por sombras. Confortável? Muito pouco. Organizado? Pelo contrário, só me ocorre a expressão "caos absoluto". Era no La Sabanilla de há muitos anos que passávamos horas perdidas falando das coisas que queriamos e iamos fazer na vida. O Alberto, a Adela, a Teresa, a Sonia, o Abdallah, Baco, eu e outros cujos nomes agora me escapam. Uma nuvem de fumo envolvia-nos e perseguia-nos Granada fora, quando a taberna fechava. Um sítio único e momentos únicos.

Ficava na Calle Tundidores e era o bar mais antigo de Granada. Já não existe.

Quilómetros percorridos: 840


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

CUEVAS DE GUADIX

Voltar a um sítio quinze anos mais tarde comporta sempre riscos. Foi o que aconteceu no regresso a Benalúa de Guadix, a vilória onde fiz, em tempos, uma reportagem para uma revista já desaparecida. Darei conta do que então se passou e do que hoje constatei dentro de umas semanas.


Mais extraordinária que a evolução da forma de olhar o chamado habitat troglodítico (em toda a região de Guadix é frequente as pessoas viverem dentro de grutas) foi a modernização e a recuperação que as cuevas tiveram. O que, ainda não há muito tempo, era visto como um modo de vida em extinção passa hoje por um renovado, ainda que discutível, vigor. É interessante notar que a forma de apropriação estética não difere muito da transição arquitetura tradicional-casa de emigrante que as nossas vilas e aldeias tão bem conhecem.


A imagem de baixo é, evidentemente, tirada de memórias passadas.


Quilómetros percorridos: 780




OS MELLOS, OS QUINAS E OUTROS TUBARÕES

Desde a Constituinte que a UDP (União Democrática Popular, de extrema-esquerda e vaga inspiração maoista) estava representada no Parlamento. A Américo Duarte (creio não me equivocar no nome) sucedeu Acácio Barreiros. Jovem, irreverente e sem papas na língua, Barreiros tornou-se uma das estrelas da Assembleia. Os seus discursos, sempre debitados em tom furibundo, faziam as delícias da imprensa.


No debate de um programa de governo investiu contra as grandes fortunas do País que, na altura, estavam a anos-luz da atualidade. O texto foi em crescendo, para crescente desagrado do presidente da Assembleia (seria Vasco da Gama Fernandes?). Para meu gáudio, aquilo estava a passar em direto na TV, como era costume na altura. A dada altura Acácio Barreiros desata aos gritos contra os Mellos, os Quinas e outros tubarões. Foi-lhe retirada a palavra, no meio de enorme "animação".


Acácio Barreiros acabaria assimilado e bisonho. Os Mello voltaram, os Quina nem por isso e tubarões não faltam por aí. O slogan da UDP de então os ricos que paguem a crise foi recuperado. Pelos ricos. Ironicamente. É bom que queiram dar uma mão nesta crise. Caso contrário, e se isto afunda de vez, ficam sem mercado. A UDP pode cantar vitória.