domingo, 28 de novembro de 2021

TRINTA ANOS MAIS TARDE

Hoje à tarde haverá livro, na Feira de Mértola: Relatório circunstanciado de uma vida a dois. Escrito pela Manuela. Só o vou "encontrar" na quarta-feira, quando rumar a Mértola, para um início de mês à beira-Guadiana.

Achei graça à coincidência. Repito o que já por aqui se escreveu, há muitos anos:

Eram cerca das 22.30 da última quinta-feira de Novembro de 1991, que era dia 28. O telefone do Campo Arqueológico tocou. Às voltas com um texto, para o Círculo de Leitores, cuja entrega se atrasara, trabalhava no único computador existente lá na casa. Levantei o auscultador. Reconheci, do outro lado, a voz grave do Prof. José Mattoso "sabes onde está o Cláudio?". Fiquei quase gelado. Era o texto atrasado, seguramente. O prof. José Mattoso era o diretor da obra a publicar. O Cláudio tinha ido para Córdova e ninguém sabia se já regressara. Não havia telemóveis. Tranquilizei-o "professor, se é por causa do texto fica terminado depois de amanhã" (não ficou). Que não, não era isso, tinha mesmo de falar com ele.

Só no dia seguinte quando um descontraído Cláudio Torres entrou pelo Campo Arqueológico e me atirou um "se eu te disser que sou eu o Prémio Pessoa deste ano acreditas?" é que percebi o significado da conversa da noite anterior. O telefonema fora feito de Seteais, onde o júri estava reunido.

A surpresa foi total. Na Feira do Livro de Mértola desse ano o convidado de honra era José Saramago, que ali iria estar no domingo. Toda a gente apostava que seria ele O Pessoa. Afinal não.

Trinta anos já lá vão. Espero poder repetir este texto dentro de dez.

A fotografia que aqui se mostra é do jantar da entrega do prémio, no Palácio de Queluz. No sentido dos ponteiros do relógio: Abdallah Khawli, Miguel Rego, Manuel Passinhas da Palma, Jorge Revez, Joaquim Boiça, Maria de Fátima de Barros, Virgilio Lopes, Rui Mateus, Carlos Pedro e o autor do blogue.


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