Um clássico intemporal.
Luis D'Antas tomou posse do castelo de Noudar no dia 3 de junho de 1516. O cerimonial de entrega e o inventário que o novo alcaide fez são bem conhecidos dos historiadores e estão transcritos no texto "Auto d'uma posse do Castello de Noudar e inventário do que lá exisitia no século XVI", de Pedro de Azevedo. O texto foi publicado no vol. V de "O archeólogo portuguêz", de 1900.
Que relata Luís D'Antas?
Que "a casa que está em cima da dita torre [de menagem] está derribada e no chão, e toda a água que nela cai cala a torre e vai abaixo".
Que há um portado "com duas portas com duas armelas e sem ferrolho nem fechadura e uma delas tem a couceira quebrada".
Que há "sete armaduras de cabeças muuito antigas e quebradas".
Que há "uma faldra e gossete de malha grossa muito ferrugenta e quase podre"
Que há "seis bocetes da mesma sorte e ferrugentos".
Que há "uma alpartaz (?) de malha muito ferrugenta e podre".
Que "na primeira casa que serve da câmara [há] duas janelas com suas portas sem aldrabas (...) e esta casa [está] mal reparada do telhado". E "na dita casa [há] uma tripeça de pau da Guiné quebrada de um cabo e dois bancos velhos e um taipal velho".
E mais:
"todas as outras casas do dito castelo todas derrubadas e sem telhados" [com exceção de uma, que servia de estrebaria...].
"em todas as portas da vila não há nenhumas portas, senão uma só quebrada, que jaz no chão".
etc. etc.
Ou seja, o novo alcaide fazia um relato catastrófico do que o antecessor lhe legara. Uma forma de justificar o que vem a seguir.
Em Loures, a história repete-se, pela enésima vez. Ameaça-se com auditorias e com o Ministério Público e com supostas matérias criminais. Vou aguardar, com muitíssima curiosidade. No mínimo, muitíssima curiosidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário