terça-feira, 23 de agosto de 2022

DO CINZA CLARO AO CINZA ESCURO

Isto está a ficar chato... Todos os dias aparece uma nova "teoria". Há dois dias surgiu este texto de Joana Fonte, icenciada em Ciências da Linguagem, mestranda em Ensino de Português e militante do Bloco de Esquerda (assim se apresenta).

Qual o título?

E se fizéssemos uma revisão ao programa de Português?

Qual o foco?
A Mensagem, de Fernando Pessoa, recupera o famoso mito do Quinto Império — um suposto novo império civilizacional, que acreditava ser o português — e, assim como Os Lusíadas, exalta a acção humana no domínio dos mares e a superação dos limites humanos pelos heróis portugueses.

E segue:

Ao longo dos três anos que compõem o ensino secundário, há alunos que perdem o gosto pela disciplina de Português – se algum dia o tiveram. Se programa actual é defendido com unhas e dentes por muitos, por outros e outras é visto como antiquado. Os e as estudantes lutam por conseguir identificar-se com a linguagem de Fernão Lopes, Gil Vicente, Almeida Garrett, Eça de Queirós, Luís de Camões e Fernando Pessoa.

Deve-se ressalvar que não está em causa o mérito dos autores, mas sim a importância que estas obras detêm para a actualidade. Se a disciplina se destina aos estudantes, a ensinar e educar a aprender o gosto pelo português e pela leitura, não deve então ser nossa obrigação apresentar um programa actualizado e com o qual o nosso público-alvo realmente se identifique? Não deve este programa estar revestido por obras que representam os valores actuais da nossa sociedade?

Na verdade, o texto é uma crítica ácida a três obras: Os Maias, Os Lusíadas e a Mensagem.

A conclusão é esta:

Afinal, o programa e a disciplina de Português destinam-se a quem? Aos alunos e às alunas ou aos autores? A disciplina de Português serve para quê? Para homenagear autores ou para transmitir a paixão pela leitura às próximas gerações?

E pronto. Nem uma proposta alternativa, nem uma sugestão de leitura, nem uma palavra sobre como despertar a paixão pela leitura.

Não há nada como uma prédica matutina explicar o que devemos ou não ler, como devemos ou não gostar. "Refugio-me" na frase de um velho amigo: "o passado quase nunca foi democrático".

Ou seja, pelos parâmetros Joana Fonte temos a "Odisseia" em perigo. Frederico Lourenço, que fez uma versão para a juventude, ainda vai ser acusado de coisas descabeladas...



Sem comentários: