domingo, 14 de dezembro de 2025

ANDRÉ CHENIER

Figura trágica da Revolução Francesa, André Chénier (1762–1794) foi imortalizado numa tela de Charles Louis Müller (1815–1892) e pela ópera, com o seu nome, de Umberto Giordano (1867–1948), composta em 1896.

Nunca tinha assistido a uma representação de Andrea Chénier. Aconteceu ontem. Com duas portentosas interpretações da búlgara Sonya Yoncheva e do polaco Piotr Beczała.

sábado, 13 de dezembro de 2025

UM OLHAR DISTANTE

Obra de José Canudo, deste ano de 2025.

Para ficar num lugar amado, e mais a sul.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

OS BERBERES DO LAOS E CLÁUDIO TORRES

Uma peça do Laos, do princípio do século XX. Está na Casa da Ásia - Coleeçao Francisco Capelo. O entramado geométrico faz lembrar o padrão das cerâmicas berberes e as mantas da região de Mértola. O meu amigo Cláudio Torres dava-nos, nas aulas (1983... 1984...) uma interessante perspetiva teórica sobre os modos de produção e o seu reflexo nas artes tradicionais. Infelizmente, nunca passou à escrita essas estimulantes ideias.



quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

GREVE GERAL

A pichagem da GREVE GERAL, fotografada às 18:01 de dia 4 de dezembro, remete para as letras do cartaz da primeira greve geral, a de 12.2.1982 (foi no meu primeiro ano de faculdade e lembro-me bem do impacto que teve...).

Vivam os direitos dos trabalhadores.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

MERCOLEDÌ DI LERENO

A iniciativa da Embaixada de Itália recupera a memória das sessões de outrora, realizadas naquele mesmo local (o fantástico Palácio dos Condes de Pombeiro) e dinamizadas por Domingos Caldas Barbosa (Lereno Selinuntino).

Ao longo de seis quartas-feiras assim foi. Os convidados são "desafiados" a participar ativamente. Ontem (a quarta foi à terça, excecionalmente) coube-me "atuar". Apresentei uma obra quase esquecida do escultor italiano Quirino Ruggeri, que se encontra numa ilha tropical e que deve ser uma das últimas obras mussolinianas ainda existentes.














terça-feira, 9 de dezembro de 2025

O BANDO DOS QUATRO

Eram uma vez um francês, um italiano, um norte-americano e um iraniano. Parece o começo de uma daquelas anedotas, mas não é. Estes quatro senhores são os únicos que ganharam os mais prestigiados prémios do Cinema: Leão de Ouro (Veneza), Urso de Ouro (Berlim) e Palma de Ouro (Cannes). Quando e com que filmes?

Henri-Georges Clouzot (1907-1977):

Manon (1949) - Veneza

O salário do medo (1953) - Berlim e Cannes

Michelangelo Antonioni (1912-2007)

A noite (1961) - Berlim

Deserto vermelho (1964) - Veneza

História de um fotógrafo (1967) - Cannes

Robert Altman (1925-2006)

M.A.S.H. (1970) - Cannes

Bufallo Bill e os índios (1976) - Berlim

Short cuts (1983) - Veneza

Jafar Panahi (n. 1960)

O círculo (2000) - Veneza

Taxi (2015) - Berlim

Foi só um acidente (2025) - Cannes

Pela parte que me toca, sou um convicto altmaniano! Embora "Foi só um acidente", ontem visto, seja poderoso.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

QUASE NA IDADE ADULTA

O blogue existe há 17 anos (!). A partir de janeiro mudarei o registo.

Hoje é dia de continuar e de preparar a semana.


 

domingo, 7 de dezembro de 2025

MARTIN PARR (1952-2025)

Martin Parr faleceu ontem. Sem disso saber, escolhi uma das suas fotografias para ilustrar um texto meu.

Volto a Parr, ao seu maravilhoso sentido da cor e ao seu olhar sardónico sobre os britânicos.

O MELHOR VINHO DO MUNDO

Tem-se tornado quase fastidiosa a chuva de melhores disto e melhores daquilo: a melhor praia, a melhor bica, o melhor pastel de natal, a melhor marisqueira, o melhor por do sol, o melhor trail etc. Um pesadelo de coisas melhores.

Fui, há meses, a uma cidade muito conhecida, um pouco longe daqui. No regresso “foste ao sítio tal? E ao bar xis?” E eu não, nem a um nem a outro, sou pouco de andar em rebanho. E isto agrava-se com a idade.

Qual é o melhor vinho do mundo?, eis a questão. Há vinhos astronomicamente caros, isso sim. Uma garrafa de Romanée-Conti, de 1945, foi vendida por 480.000 euros; uma garrafa do norte-americano Screaming Eagle, de 1992, chegou aos 455.000 euros. Preços obscenos. Ao pé deles, o Barca Velha a 900 euros quase parece uma coisa de saldos.

Não sou grande bebedor – embora já tenha dado jeito a algumas pessoas dizer o contrário… - e também não sou um conhecedor. Gosto dos vinhos de Penedès, dos alentejanos, dos da Beira Interior, dos durienses, dos californianos, de alguns exotismos madeirenses e açorianos e por aí se fica a minha geografia…

Vem isto a propósito do mais extraordinário vinho que bebi até hoje. Fui há muitos anos, mais de 30, na Corte Azinha, uns cinco quilómetros a nordeste da Corte do Pinto, no concelho de Mértola. Várias vezes me tenho perguntado o que esperávamos encontrar, o Miguel Rego e eu, na Corte Azinha. Era inverno e o dia estava frio. A pessoa com quem fomos falar – porque teria informações sobre sítios arqueológicos, mas afinal não tinha nada por aí além... – recebeu-nos com calorosa cordialidade. Era um “homem do campo”. Parecia-me muito velho mas, provavelmente, seria mais novo do que eu sou hoje. Não me lembro da face, mas recordo-me que era magro, morenamente mediterrânico e, porque é que lembro disto?, usava chapéu. Convidou-nos a entrar e fez questão de nos oferecer um copo de vinho. Foi buscar um garrafão, sim!, à maneira antiga, e encheu-nos os copos com a delicadeza e a cerimónia de quem está a servir um Romanée-Conti. Do vinho recordo-me com nitidez, sim, lembro-me do tom carrascão, de marcada rudeza. Mas a simpatia e a boa vontade em nos ajudar fez com que aquele vinho simples se transformasse no melhor dos nectares. A conversa continuou, mansamente, às vezes com poucas palavras, com o gosto de falar de coisas da vida, com o vinho a temperar a manhã fria. Da arqueologia pouco se adiantou, mas o calor do vinho chegou-nos à alma. Tenho-me lembrado muitas vezes desses momentos.

Falei há dias com o Miguel sobre esta nossa improvável expedição. Os anos vão passando e, com firmeza, se me vai vincando a certeza de que aquele foi o melhor vinho que já bebi. Não me falem em castas, nem em “frutados”, nem em “finais prolongados”. Sem o calor humano não há vinhos que valham a pena. Aquele vinho, um pouco áspero, foi o melhor vinho do mundo. Continua, pelo fator e pelo calor humanos, a sê-lo. Até hoje.

A crónica saiu em "A Planície". A fotografia data de 1999 e é de Martin Parr. Intitula-se Reines de la Nuit (sipping wine). É a melhor fotografia de alguém a beber um copo de vinho.


sábado, 6 de dezembro de 2025

O CADUM, O ROLEX E A TROTINETA

Em Portugal, quase tudo tem um toque revisteiro ou de farsa.

Recordo um episódio do início dos anos 70. Houve um assalto a uma igreja em Lisboa (na Sé Catedral, se não me falha a memória). Roubaram a caixa das esmolas. À saída, lavaram as mãos na pia da água benta com sabonete Cadum. Nem numa comédia de Mario Monicelli se imagina algo assim.

Há seis meses (foi em 6 de junho) assaltaram uma ourivesaria e fugiram numa trotineta. Até hoje.






sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

SOMOZA

Faz hoje um século que nasceu um dos mais completos facínoras da América Central, Anastacio Somoza Debayle (1925-1980).

Somoza, que era presidente e filho e irmão de ex-presidentes, tinha o apoio dos norte-americanos. Até ao dia em um dos elementos da sua Guarda Nacional assassinou, a sangue frio, um jornalista da cadeia ABC. O acontecimento, ocorrido em 20.6.1979, foi filmado e difundido em todo o mundo. Anastacio Somoza  durou menos de um mês no poder. Os sandinistas não lhe perdoaram e foram atrás dele. No dia 20 de setembro de 1980, em Asunción, no Paraguai, atacaram o carro com bazucas. O primeiro tiro falhou, o segundo acertou. Não sobrou grande coisa...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

COR NUM DIA CINZENTO

Recordando a cor de Trinidad. Com saudades de Trinidad e de Havana...

Que o sol de lá é melhor que a chuva de cá.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

MÁSCARA Nº. 31: LISBOA

Aqui bem perto (270 metros, em linha reta, a partir do Panteão), na Rua Leite de Vasconcelos. Uma máscara algo sínica.

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

NO LIVRO SOBRE O PARTIDO DOS FACHOS

Uma amiga da Coimbra telefona-me "então és citado no livro sobre o partido dos fachos?". Pois não fazia a mínima ideia. Mandou-me um fotografia. O texto tem um par de incorreções (y como no?, diz-se em Espanha...), a começar pelo facto de a pessoa que migrou para o Chega ter sido "assessora dos vereadores". Nunca foi tal. Dava apoio administrativo a quem secretariava as reuniões de câmara. Algo de muito diferente.

"não gostou da gestão do sucessor, Santiago Macias", leio no livro. Fiquei feliz com o desgosto.

"Por dentro do Chega" é um livro de Miguel Carvalho. Para ser lido dentro de dias.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

LXXIV - CRÓNICAS OLISIPONENSES: NA CIDADE DOURADA

Há várias coisas que nunca percebi num célebre (e muito bom) filme de Alain Tanner. Uma delas é o título... A imagem mais forte que tenho de Lisboa é a cor dourada. Um amarelo ouro e palha que se vê ao final do dia. Uma amiga que hoje foi para norte mandou-me esta fotografia, dizendo ter sido a mais bela descolagem de sempre. Há momentos assim. E recordo este mesmo tom, num final de tarde da primavera de 1992, ao chegar de Roma. Que não é menos dourada, diga-se.



domingo, 30 de novembro de 2025

SOBRE A LUZ BRANCA DAS ESTEVAS

Nos campos de Mértola II

Sobre a luz branca das estevas
corre o silêncio quebrado
pelo voo das aves
e o sopro do pulsar da terra.

Flores brancas roxas amarelas
cobrem as raízes dos chaparros
enfeitavam
os lenços
das camponesas
teciam os mantos  
das santas e das deusas.

De colina em colina
de brejo em brejo
aspirando o aroma das estevas
procuras o quê?
aloendros vermelhos?

De repente os olhos caem
na fenda do rio.
Está lá baixo
quieto vivo
um retângulo de água
num tabuleiro de pedra.

Esquálidas de sede
amendoeiras descem a encosta
mas as raízes ficam presas no xisto.
As casas os muros as torres
estremecem na água

À noite chegam as vozes dos astros
no silencio dos mortos e dos vivos.


Foi este o poema que António Borges Coelho me dedicou, no livro editado em agosto deste ano. Seria o derradeiro.

A dedicatória é, para mim, uma pequena-grande condecoração.


.




sábado, 29 de novembro de 2025

EM MIRANDÊS NOS ENTENDEMOS

É uma proposta um pouco "improvável"? Admito que sim. Mas a verdade é que nunca gostei das coisas "prováveis".

O reconhecimento da língua mirandesa está na Lei n.º 7/99 de 29 de janeiro. Cumpra-se, portanto, a lei. É por isso que o folheto do Panteão Nacional está também disponível em mirandês. Veja-se este excerto:

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

MESQUITA CENTRAL

Aula de segunda-feira, dia 24, na mesquita central de Lisboa. Um pouco antes da quarta oração do dia Com o particular privilégio de ter como guia o bem humorado e cordialíssimo sheik David Munir. Poucos alunos, cerca de 50% dos que costumam ir às aulas. Eis algo que me intriga profundamente. Nao temos de estar fechados nas salas? Certo. Devemos escapar à lógica de debitar matéria? Ainda mais certo. Então...





quinta-feira, 27 de novembro de 2025

CAMÕES

Dar visibilidade a uma peça quase "invisível". A tapeçaria encontra-se, normalmente, numa zona de acesso restrito de Caixa Geral de Depósitos. Vai agora ser vista, no Panteão Nacional, por milhares de pessoas (estimamos entre 30 a 35.000). Celebremos Camões e celebremos a Arte de José de Guimarães.

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

BRYAN PYNTO

Olhei para a fotografia pensando "isto faz-me lembrar qualquer coisa... mas o quê?". Ao fim de um minutos, as sinapses estalaram os dedos e lembraram-se de uma capa de um disco de 1977...

Os cartazes de rua do candidato fazem lembrar uma versão loja-dos-300 de um velho disco de Bryan Ferry.



terça-feira, 25 de novembro de 2025

AS PORTAS QUE ABRIL ABRIU

O que muitos deles queriam mesmo, mesmo, era o Dia da Raça. Isso é que era... Mas, por muitas voltas que o mundial dê, isso já não volta!

VIVA O 25 DE ABRIL!

Bom dia e viva o 25 de abril!


segunda-feira, 24 de novembro de 2025

JERASH

O sítio da fotografia fica a 4.103 kms. do local onde me encontro. Quando estive em Jerash, há muitos anos, convenci-me que Roma se torna mais esplendorosa quanto mais para oriente caminhamos.

Jerash fará parte - não com esta imagem - de um livro há muito prometido (a mim mesmo) e que agora, finalmente, avança.

Viva Roma!


domingo, 23 de novembro de 2025

A VIAGEM DE GARRETT

Uma sessão notável, de Victor Caetano, com dramaturgia de Gisela Cañamero. Almeida Garrett andou pelo coro baixo do Panteão Nacional. Entre as Viagens na minha terra e Shakespeare se construiu um percurso original.

Última sessão no próximo domingo.


sábado, 22 de novembro de 2025

PAVILHÃO DAS CANCELINHAS - 10 ANOS

Este sítio foi, há dias, tema de conversa.

A inauguração, na Amareleja, teve lugar há 10 anos, precisamente. Um dia inesquecível. As centenas de pessoas que encheram o pavilhão deram-me ânimo para continuar com um ritmo de trabalho que era/foi intenso.

Tal como intensa tem sido a utilização do sítio.

Na fotografia, da esquerda para a direita: José Pós-de-Mina (Presidente da Câmara 1997-2013), eu, Manuel Ramalho (Presidente da Junta 2001-2009) e Victor Mestre (autor do projeto).

Uma década volvida tenho a certeza que, ao avançar, tomámos a decisão certa. E continuo com a convicção que o projeto deveria ter prosseguido e sido concluído.

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

PIO XII

Digitalizações em curso.

Não tenho a data precisa desta fotografia, mas o negativo é, certamente, de final de junho de 2009.

A representação de Pio XII parece-me quase fantasmagórica. É um trabalho do escultor Francesco Messina (1900-1995) e está no Vaticano.




quinta-feira, 20 de novembro de 2025

FRANCO (1892-1975)

O franquismo, na sua tremenda violência, foi muito mais longe do que o salazarismo. E deixou marcas mais fundas. A todos os níveis.

Estava em Madrid quando o carro de Carrero Blanco foi pelos ares. Lembro-me da agonia de Franco. E tenho uma ideia, mais difusa, do patético comício de 1 de outubro de 1975.

Na infância, olhava para a moeda de uma peseta com que ia comprar cromos à tienda ao fundo da Calle Calvo Sotelo, intrigando-me aquela do "caudillo de España por la gracia de Dios"...

Depois da sua morte, os ultras continuaram a marcar presença. A marca do saudosismo - a que o bronco CHEGA dá por cá expressão - teve em Espanha outros registos: a Fuerza Nueva e, noutro estilo, o PP. E, agora, o VOX.

Uma coisa é certa: o passado nunca regressa da mesma forma.


terça-feira, 18 de novembro de 2025

FICHAS TÉCNICAS

Podia ser pior...

É uma das minhas manias inofensivas: fotografar as fichas técnicas das exposições e dos museus. Ante o olhar sempre um pouco desconfiado dos meus alunos, explico sempre que é uma das formas de recolher informações: quem faz, quem são os técnicos, quais são as empresas, quem trata disto e daquilo. Ainda na semana passada repeti o gesto. Mais uma vez recolhi dados de interesse.


segunda-feira, 17 de novembro de 2025

VIVA O PAVILHÃO DAS CANCELINHAS!

Fizeram-me chegar esta fantástica fotografia.

O grande Trail Terra do Sol, na Amareleja, reuniu mais de 600 participantes.
A organização foi da SFUMA Sports.
O final foi celebrado no Pavilhão das Cancelinhas.
(informação e fotografia "Jornal Terras do Sol")

Dez anos após a sua conclusão (2015) continua a servir a freguesia.

Que era o micro-ondas;
Que a Junta, na altura (PS/independentes), iria fazer uma coisa muito, muito melhor;
Que aquilo, o pavilhão, era uma porcaria e não servia para nada.

Vê-se que não serve para nada.

Já lá dizia o outro "são verdes, não se podem tragar..."

domingo, 16 de novembro de 2025

UM ROUBO EM GUIMARÃES - 16.11.1975

Faz hoje 50 anos. Até hoje permanece o mistério. Ninguém foi preso.

Transcrevo de https://www.guimaraesdigital.pt/index.php/informacao/cultura/42799-66090:

audacioso assalto ao Museu de Alberto Sampaio registado a 16 de Novembro de 1975 continua a inquietar a memória dos vimaranenses. E se os culpados que foram julgados e condenados não chegaram a ser encarcerados e a pagar as indemnizações, os seus actos não foram esquecidos pelo crime hediondo de 'lesa-Pátria'. Foram roubadas peças e jóias de incalculável valor, num "golpe protagonizado por um casal que teve a colaboração de outro na fuga que empreenderam de automóvel".

O crime desse domingo de outono é descrito pelo jornal O Comércio de Guimarães, na sua edição de 22 de Novembro de 1975. "Na hora de encerramento o principal funcionário Fernando Cunha foi violentamente agredido e manietado, enquanto os assaltantes roubavam as peças e jóias valiosíssimas que constituíam grande riqueza do tesouro de Nossa Senhora da Oliveira".

"O golpe obedeceu a um plano devidamente estudado, com estratagemas e foi posto em prática a hora que os assaltantes julgaram a mais propícia, como realmente era. Foram roubados os seguintes valores: - Coroa de Nossa Senhora da Oliveira, de ouro e pedras preciosas, do século XVIII; peitoral em prata dourada e peças preciosas, também do século XVIII; meada de ouro puro, com 32 metros; do século XVIII; passador de prata, século XIV; rosário de ouro, também do século XIV, cordão de ouro também do século XVII; orilhão de ouro, século XVII; cruz de ouro (indiana) do século XVII; e outra peça de prata do século XIV".

Os autores do crime pertenciam a um comando do Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP), movimento de resistência à crescente influência do Partido Comunista Português e dos vários grupos de Extrema-Esquerda, criado após o 11 de Março de 1975 e extinto a seguir ao 25 de Novembro desse ano, em que a frágil democracia enfrentou o denominado «Verão quente».

O casal composto pelo ex-primeiro-tenente fuzileiro José Maria da Silva Horta, desertor das Forças Armadas após a falhada intentona do 11 de Março, e por Maria Alice da Silva Marques, antiga Secretária de um dirigente do chamado Partido do Progresso.

Houve quem qualificasse o assalto como um "crime de lesa-Pátria". Os autores nunca foram encarcerados. O ex-tenente Silva Horta desapareceu sem deixar rasto, embora tivessem circulado informações de que teria sido identificado no Brasil, e Maria Alice chegou a ser detida em Cascais, mas conseguiu fugir do Hospital Miguel Bombarda, onde estava internada sob prisão. Ambos foram julgados e condenados à revelia, em 1987, a 20 e 15 anos de prisão e ao pagamento de um milhão de contos.

As jóias nunca foram recuperadas, havendo versões de que teriam sido vendidas ao desbarato em diversos lugares.  Oxalá, tal não tenha acontecido e que o tesouro continue algures intacto. 

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

BRASIL / BRASIS

Fui ontem à inauguração da exposição "COMPLEXO BRASIL". Vou ter de lá voltar, e certamente mais do que uma vez.

Uma exposição complexa, literalmente, e interessante. O que Eliane Brum diz (cf. infra) não é exatamente o que o Expresso diz que disse (v. aqui)... Lá terei de comprar o catálogo... Em todo o caso, este jogo do perdoa-me não faz muito o meu estilo.

De que mais gostei? Desta pintura de Djanira da Silva Rocha, deste Largo do Pelourinho, de 1955 [não encontrei referências a esta pintora; será erro na legenda?].




quinta-feira, 13 de novembro de 2025

STARDUST MEMORIES Nº 84: NOUTRO PAÍS

No meio das eternas arrumações, fui dar com esta imagem, com mais de cinco anos, e que fez parte do verão (o de 2020) mais insólito da minha vida. Mais de 16.000 quilómetros de carro em dois meses, mais viagens a quatro ilhas e 11.000 fotografias feitas.

A mais estranha das fotografias (esta e não teve nada a ver com o projeto em que trabalhava), algures no extremo norte do Continente:

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

DE LOURES PARA O PANTEÃO

A autora deste desenho chama-se Sara Cardoso. É um dos 19 exemplares que compõem o catálogo "Panteão, um olhar". Um edição do Panteão Nacional / Museus e Monumentos de Portugal que resultou da exposição desses trabalhos. Que foram um projeto do Clube de Línguas do Agrupamento de Escolas 4 de outubro, de Loures.

O catálogo contou com a inspiradíssima produção gráfica de Miguel Brás.

terça-feira, 11 de novembro de 2025

ANGOLA 50 ANOS

José Afonso gravou este tema para o disco "Enquanto há força", de 1978. É uma canção claramente comprometida politicamente. Há o apoio ao MPLA e há a esperança no homem novo. Angola completa hoje 50 anos como País independente. Que diria o genial Zeca, o homem de todas as utopias, dos dias que se vivem em Angola?



segunda-feira, 10 de novembro de 2025

OS ECOS DELES

Uma publicação digital promoveu uma sessão com os candidatos à Presidência da República. Decidiram também quem são os que são candidatos. António Filipe e Catarina Martins ficaram de fora.

Eles dão eco a quem querem. Estamos entendidos com quem se entendem.



domingo, 9 de novembro de 2025

TRÊS FRASES SOBRE A ÓPERA

Do filme "Pretty woman":

People's reactions to opera the first time they see it is very dramatic; they either love it or they hate it. If they love it, they will always love it. If they don't, they may learn to appreciate it, but it will never become part of their soul.

Uma verdade total. Lembrei-me disto ontem à tarde, durante "La bohème", transmitida a partir de Nova Iorque.


sábado, 8 de novembro de 2025

AI A IA...

Recebi uma notificação do site academia. É o "local" onde investigadores de todo o mundo alojam os seus textos, para que outros possam ler. O que dizia a notificação? Que a inteligência artificial tinha transformado um texto meu - sobre a islamização do território de Beja, publicado na "Análise Social", em 2005 - em banda desenhada. Trata-se de um texto teórico, dificilmente "traduzível" em imagens. Fui ver a proposta inicial. É esta imbecilidade que aqui vos mostro. O que eu a seguir disse, no mais puro vernáculo, é impublicável. 

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

POR TERRAS DE SÃO VICENTE

Momento inédito. Não me recordo de ter assistido à tomada de posse de uma assembleia de freguesia. Aconteceu ontem, a convite da Freguesia de São Vicente (a minha, falando do Panteão Nacional).

Valeu a pena ter ido, mais alguns contactos feitos e o acerto de uma visita do novo Presidente da Junta, André Biveti, ao monumento.

Mantenho o mesmo estilo de proximidade e de "ir a todas" que tive noutras funções. E que, de um modo ou de outro, sempre tive. É uma (a minha) maneira de ser, por mais que me digam que "isto não faz sentido".

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

RABAT 1999

Não vou jurar que a inauguração foi a 6 de novembro, mas deve ter andado por aí perto. Uma empreitada inesquecível, em terras magrebinas. Depois de Tânger (em setembro), foi a vez de Rabat. Há um vídeo desses dias. Aqui vão três imagens: Cláudio Torres, Maria da Conceição Amaral e eu; a Qasbah des Oudayas, magnífico cenário da exposição; memória da montagem, com um momento de grande risco (eu a fazer trabalhos manuais...).

quarta-feira, 5 de novembro de 2025

RANGEL 45 ANOS

Não é o meu meio habitual, mas o convite para estar presente nas celebrações dos 45 anos do Grupo Rangel deu-me oportunidade para, durante algumas horas, entrar noutra realidade. O percurso do fundador do grupo, o Comendador Eduardo Rangel é, no mínimo, invulgar. Pudesse a tenacidade ser clonada.


terça-feira, 4 de novembro de 2025

REVIVER O PASSADO NO LUMIAR

Rever episódios ocorridos há 45 anos... Algo que não me passaria pela cabeça há uns tempos. Foi ontem, num estúdio televisivo algures no Lumiar, onde fui entrevistado. Um passeio pela memória, pela carreira no cinema que não aconteceu, por um documentário que ficou 33 anos por concluir, pela mais difícil das minhas exposições, por muita coisa que aconteceu e que recordei com gosto.

Ficarei a aguardar o resultado com redobrado interesse.