terça-feira, 13 de maio de 2025

STARDUST MEMORIES Nº 83: OS PEQUENOS VAGABUNDOS

Todos os da minha idade, mas rigorosamente TODOS, viram/vimos os oito episódios de "Os pequenos vagabundos", uma série de co-produção internacional, rodada em 1970 e que passou por cá em 1971 ou 1972. Em oito episódios, seguidos religiosamente, quando a tv era a preto e branco.

Havia de tudo: aventura, mistério, templários, bandidos, polícias e jovens que eram destemidos e que todos nós TODOS queríamos copiar.

A série foi várias vezes reposta, mas já não era a mesma coisa, claro. O suspense e o mistério tinha desaparecido.


segunda-feira, 12 de maio de 2025

BREVEMENTE, NUM CINEMA PERTO DE SI...

Acham que isto dá vontade de rir?

Acham que estamos "imunes"?

Pois não estamos, nem tem graça. A atitude de um governo ante as universidades, e os erros de uma carta (não, não foi o reitor de Harvard que a devolveu, sublinhada, mas isso é o menos relevante) são apenas os sinais e o começo da barbárie. O que vem a seguir é tristemente previsível.

domingo, 11 de maio de 2025

E ASSIM SE PASSARAM DEZ ANOS

Era isso que se ouvia num velho (1945!) bolero de Rafael Hernández (1891-1965). Foi o que me veio à memória, ao constatar que passaram 10 anos sobre a memorável exposição de uma Feira de Maio. Talvez a melhor de todas.

Pop-art rural. O tempo torna melhor o que já era bom.


sábado, 10 de maio de 2025

PANTEÃO DIGITAL

Desde a passada quarta-feira que o Panteão Nacional tem disponíveis, em versão digital, e de forma gratuita para os visitantes, os novos folhetos informativos.

Copio das redes sociais:

Os visitantes podem obter, localmente, informações detalhadas sobre o monumento a partir de códigos QR.
Os folhetos estão disponíveis em oito idiomas: português, espanhol, francês, inglês, italiano, alemão, caboverdiano e mirandês.
O projeto Panteão Digital foi concretizado graças ao apoio da Caixa Geral de Depósitos e contou ainda com a participação do Município de Miranda do Douro , do Centro Cultural de Cabo Verde, do Istituto Italiano di Cultura di Lisbona e do Instituto Cervantes.



sexta-feira, 9 de maio de 2025

O MÉTODO DE HONDT E AS MATEMÁTICAS DA TRETA...

Tanto wishful thinking que por aí anda... A conta mais divertida é que a soma dos votos AD + IL dá maioria absoluta (partindo do princípio que a AD será a força mais votada). Ainda no outro dia, expliquei numa aula como funciona o método de Hondt. Que favorece a constituição de maiorias absolutas a partir dos 42-43% (às vezes menos, dependendo da dispersão dos votos e da forma como eles se concentram em determinados círculos). Mas aqui 2+2 não são 4. E a soma de duas forças políticas, mesmo superando esse patamar pode ficar longe de uma maioria absoluta. Dois exemplos práticos:

2015 - 42,50 = 105 (PS+BE)

2005 - 45,05 = 120 (PS)

No dia 18 se farão as contas. Não antes, por muita sofreguidão que por aí haja, da parte da multidão de "comentadores".




quinta-feira, 8 de maio de 2025

NORTE JÚNIOR

Escrevi aqui no blogue, em outubro de 2020, "não sendo grande entusiasta da obra de Norte Júnior (1878-1962) - tudo me parece demasiado parisiense... - gosto muito deste edifício art deco da Horta". Vale a pena relativizar, porque há edifícios que valem bem uma missa.

A Casa Malhoa, hoje museu nacional, é um desses edifícios. Mas há outros, que são casas particulares, que são merecedores de justificada cobiça.


quarta-feira, 7 de maio de 2025

PASCOAL VILHETE

Não gostei nada da exposição, mas esta pintura é fantástica. Intitula-se "Tragédia do Marquês de Mântua" ou ""Tchiloly" e é obra d Pascoal Viana de Sousa Almeida Viegas Lopes Vilhete ("Canarim"), são-tomense, nascido em 1894 e falecido nos anos 70.

O quadro tem legenda explicativa, numa lógica de ex-voto.

terça-feira, 6 de maio de 2025

SAFARIS NOS TRANSPORTES PÚBLICOS

Vamos ver o povo
Que lindo é
Vamos ver o povo.
Dá cá o pé.

Vamos ver o povo.
Hop-lá!
Vamos ver o povo.

Já está.

Mário Cesariny de Vasconcelos (1923-2006) in Nobilíssima Visão (1959)


Arrancou o safari, "ai, eu vou ver como é povo no seu habitat natural". Em 7 (sete) anos de transportes públicos na cidade e na periferia, não me lembro de ter visto políticos por lá. Quando vivia em Queluz ia muitas vezes no mesmo autocarro de Vitor Dias (PCP), que ia a caminho da Soeiro.

Bom, verdade se diga que moro na Buraca e essa zona não é muito trendy, na ótica de quem manda. Já sou quase um veterano do 27, do 28, do 50, do 54, do 64, do 99... São, com exceção do 28, carreiras eminentemente populares. Tal como o metro, em determinados segmentos.

Se há coisa que destesto é este tipo de espetáculos, na busca de uma proximidade que é artificial. São da linha daquele snob que dizia: "sempre, sempre ao lado do povo; o povo de um lado, nós do outro...".


segunda-feira, 5 de maio de 2025

MÁSCARA N°. 25: LISBOA, SANTA ENGRÁCIA

Segue a "série" das caras urbanas: agora muito perto da Calçada dos Barbadinhos. Há boa arquitetura dos anos 30 e 40 por aquelas bandas...

TARDE DE PROCISSÃO

O percurso foi curto, um pouco menos de 900 metros: subir parte da Calçada dos Barbadinhos, virar para a Fernão de Magalhães, depois subir a Rua Washington, depois a Afonso Domingues, virar à direita para a Rua Capitão Humberto de Ataíde e voltar a descer a Calçada dos Barbadinhos.

A igreja de Santa Engrácia (que não é a do Panteão) alberga uma relíquia de mártir, que o pároco transporta, na fotografia.

A Comissão de Festas em Honra de Santa Engrácia convidou a estar presente nas festividades. Uma atitude de grande simpatia. Fui, claro. Há práticas que não se perdem.


sábado, 3 de maio de 2025

MINUTO DE SILÊNCIO

O recente apagão trouxe-me à memória um episódio ocorrido há uns bons 25 anos, numa sessão da Assembleia Municipal. Faltara a luz em todo o sul, e havia uma sessão nessa noite, na Casa do Povo da Amareleja. Cheguei ao local com poucas esperanças de que houvesse sessão. "Como é que isto vai ser?", perguntei-me. A dúvida durou pouco, quando vi um decidido José Maria Pós-de-Mina carregar um caixote com velas. A sessão da Assembleia ia ser à luz da vela! Uma solução pouco habitual, mas assim seria.

Tinha falecido por aqueles dias um conhecido político, pelo que foi proposto um minuto de silêncio no início da sessão começar. Toda a gente se levantou, enquanto eu, como presidente do órgão, controlava o tempo.

Mal me sentei, recebi uma SMS do presidente da câmara, que dizia algo como: "isto foi um bocado caricato; quem entrasse e nos visse de pé, em silêncio, numa sala iluminada por velas, pensaria que estava a decorrer algum tipo de ritual esotérico".

Memórias da vida autárquica...


sexta-feira, 2 de maio de 2025

O MUNDO AGORA ANDA PARA TRÁS...

Durante a realização de um projecto para um determinado edifício foi-me proposto que parte das chaves fossem substituídas por cartões e por chips. Opus-me, dizendo que preferia manter o sistema convencional, chaves e fechaduras mecânicas. Nem um chip para amostra, por favor. Fui alvo de alguma ironia, por parte de um engenheiro "ah! pois, agora o mundo anda para trás...". Claro que não anda. Mas há coisas de que, com o passar dos anos (esta coisa sacana da idade...), me habituei a desconfiar. Desfiei, de seguida, as minhas razões:

1. O descontinuar dos sistemas;

2. As atualizações de software (se, por alguma razão, se falham os pagamentos, pára tudo...);

3. Os bugs ("ah, isso quase nunca acontece"; pois, pois...)

4. E mais importante, a solução proposta não fazia falta.

Optei por continuar com as fechaduras clássicas para as quais, quando é necessário, nos podemos socorrer de um carpinteiro do bairro.

E não me lembrei eu dos apagões... 


quinta-feira, 1 de maio de 2025

VIVA SALAZAR???

Foi esse comentário de um mourense nas redes sociais que me chamou a atenção. Viva Salazar!, alguém escreveu. Viva Salazar! Claro que viva. Viva Salazar, o que lançou toda uma juventude para o braseiro das guerras em África. Viva Salazar!, sobre quem pesa a morte de 10 mil militares portugueses, que pereceram nessas guerras, “mortos ao serviço da Pátria”. Viva Salazar!, o da PIDE, o dos campos de concentração do Tarrafal e de S. Nicolau. Viva Salazar!, o que prendeu dezenas de milhares de pessoas por razões políticas. O que cortou vidas, que expulsou do Ensino Superior gente distinta, que mandou matar pessoas às mãos cheias (os entusiastas de Salazar saberão quem foram Catarina Eufémia, Bento Gonçalves, Humberto Delgado, José Dias Coelho?). Viva Salazar!, o melífluo que chegou a catedrático sem ter defendido uma tese de doutoramento. Viva Salazar!, o que empurrou para a emigração em França cerca de um milhão de portugueses. Viva Salazar!, o que empurrou os nossos compatriotas para os “bidonvilles”. Viva Salazar!, o tacanho, que promoveu e manteve a Censura, a tal que proibia jornais, livros, filmes e peças de teatro. Viva Salazar!, pois claro. Viva a taxa de analfabetismo de 26% em 1971 (3% em 2021). Viva a Educação do fascismo, em que o Ensino Superior era só para alguns: 49.500 estudantes no Ensino Superior em 1971 (433.000 em 2021). Viva a taxa de mortalidade infantil de 52 por mil em 1971 (4 por mil em 2021). Viva Salazar!, o que deixou um país atrasado e sem infraestruturas. Viva Salazar, mais a taxa de cobertura de esgotos de 17% em 1971 (86 % em 2021). E mais a taxa de cobertura de rede de águas ao domicílio, que era de 40% em 1971 (96% em 2021). Viva Salazar!, e todos estes exemplos do país atrasado e sem condições que nos deixou. Viva Salazar!, mais uma Saúde que era pior, mas muito pior!, do que é hoje. Viva Salazar!, mais um Portugal em que havia 94 médicos por 100.000 habitantes (564 por 100.000 habitantes em 2021). Viva Salazar!, cujo regime garantia, em 1971, 66 anos de esperança de vida (82 anos em 2021). Viva Salazar!, pois claro! Tantas razões que há para celebrar o regime fascista, não é verdade? Ah, mas havia respeito e era tudo gente séria! Então não era... Podemos começar pelo escândalos de pedofilia nos anos 60. E podemos continuar com a promiscuidade entre empresas e Estado. Com a “pequena” diferença que era tudo abafado e trabalhado às escondidas. Viva Salazar? Repito o que já aqui escrevi: poderia falar no número de gimnodesportivos, na prática desportiva, nos equipamentos culturais, no ensino da música, na investigação científica, na qualidade das publicações universitárias, no papel do poder autárquico desde 1974. Poderia falar, e detalhar, a melhoria das condições de vida das pessoas.

 

A Democracia é isto: as pessoas poderem dize disparates sem sentido como “Viva Salazar”. E uma pessoa poder escrever o que entende sem ir parar a Caxias, ao Aljube, a Peniche ou ao Tarrafal. Perceberam, caros saudosistas?


Fotografia (Alfredo Cunha): Amadora, antes do 25 de abril

Crónica em "A Planície"


quarta-feira, 30 de abril de 2025

SEM LUZ, EM GAZA

O apagão, cá pelas nossas terras, durou 10 horas. Em Gaza dura, por decisão do governo de Israel, há 40 dias. São quase 1.000 horas.
O apagão de Gaza afeta 2.000.000 de pessoas.
Gaza é a vergonha de todos nós.

segunda-feira, 28 de abril de 2025

O POVO É QUEM MAIS ORDENA

Nunca gostaram do 25 de abril. Nunca.

Todos os motivos são suficientes para "adiar".

Não se adia a Liberdade.

A resposta foi dada nas ruas.

domingo, 27 de abril de 2025

NOVILINGUA

Ela bué tipo não fala mal. É a cena dela.

(ouvido no metro)


sábado, 26 de abril de 2025

HOJE, EM CORUCHE

Hoje, em Coruche, temos o Povo numa exposição que recorda dias felizes, em 1975.

Foi daquelas empreitadas - a exposição e o catálogo - que me deixou marcas positivas e recordações gratificantes.

O Povo, do Panteão para o Ribatejo.


sexta-feira, 25 de abril de 2025

CÍRCULOS ELEITORAIS DE MOÇAMBIQUE E DE MACAU

A soma dos deputados desta lista soma 248.

Faltam dois. Quais? O do círculo da emigração (que foi para o PPD) e de Macau (que foi para a ADIM). O qu eu não tinha mesmo ideia é de ter havido um círculo eleitoral em Moçambique (!). Esse país estava a cinco meses da independência.

As primeiras eleições verdadeiramente livres da História de Portugal foram há 50 anos. Votei pela primeira vez em abril de 1983, há 42 anos. Em quem votei? Na coligação UDP-PSR. Que foi um flop total...

quinta-feira, 24 de abril de 2025

QUANDO A CORJA TOPA DA JANELA

Viva o 25 de abril!
Viva Zeca, sempre!
Aqui com a voz do recentemente desaparecido Nuno Guerreiro.
E apesar da estúpida censura à palavra merda.


quarta-feira, 23 de abril de 2025

CELEBRAR MATTOSO

A inauguração foi ontem. Foi um bom e feliz reencontro com colegas e amigos, antigos alunos de José Mattoso na licenciatura, no mostrado ou no doutoramento. A exposição, entre o pessoal e o académico, é um notável percurso pela vida de uma personalidade marcante. Somo, na minha vida profissional e em diferentes graus, "um par" de felizes cruzamentos: Cláudio Torres, Christophe Picard, Pierre Guichard, José Pós-de-Mina, José Mattoso, António Rosa Mendes, Iria Gonçalves, Paulo Macedo...

A exposição vai estar patente até 17 de junho. Pode ser que o autor do execrável obituário que saiu no "Público" tenha a oportunidade de ir á Torre do Tombo e de perceber que há coisas especiais na vida. Como a aprendizagem com pessoas como José Mattoso.

https://antt.dglab.gov.pt/exposicao-jose-mattoso-fazer-a-historia-repensar-o-arquivo/


terça-feira, 22 de abril de 2025

GUERRA JUNQUEIRO & VASCO DA GAMA - até 27.4

Últimos dias de duas importantes exposições, no Panteão Nacional:

Guerra Junqueiro e o capricho da Arte

Tesouro de Nossa Senhora das Salas

PORTUGAL ISLÂMICO: ANTES E DEPOIS DE 1974

Algumas pistas sobre as narrativas em torno do Islão (período medieval, neste caso), no Seminário Permanente de Estudos Islâmicos da Universidade Lusófona, organizado por Fabrizio Boscaglia. Dia 24, às 18 horas, online.

https://videoconf-colibri.zoom.us/j/88353084579


segunda-feira, 21 de abril de 2025

JUSTIÇA

Um pedido aos leitores do blogue (sem ironia):

Será que alguém me consegue explicar como é que um cidadão, seja ele quem for, toma conhecimento de que está a ser objeto de uma investigação por parte do Ministério Público através da comunicação social? Se nada lhe ter sido comunicado.

Fico desde já muito agradecido.

domingo, 20 de abril de 2025

TRUMP, SARA BONGIORNI E NÓS

Uma jornalista e a sua família tentaram, há cerca de duas décadas, viver sem usar produtos fabricados na China. A "aventura" está contada num livro. No final, houve muitas entrevistas e muitas declarações. Numa delas, Sara Bongiorni rematou, dizendo:

WERTHEIMER: Did you decide at the end of the year that you were still going to boycott China? Did you move on? 

Ms. BONGIORNI: Well in the end we had to find a way to come to terms with the world as it is. We couldn't live like this forever. I mean it really did become an all-consuming project. So we found a middle ground at the end, and yes, we do buy things from China again.

Quando ouço babacas afirmarem, em debates televisivos, que vão restringir as importações da China, estão a falar de qu??

https://www.npr.org/2007/07/18/12056295/life-without-goods-made-in-china-a-challenge


sábado, 19 de abril de 2025

JOSÉ FILIPE (1959-2025)

Este é um texto de homenagem a um colega e amigo, que hoje partiu, de forma inesperada. Vim a Mértola à sua festa de despedida, quando se aposentou, no passado mês de dezembro. Voltei a encontrá-lo no passado mês de março, quando o Passinhas passou à reforma.

Conheci o Chola (nome de guerra) num já distante mês de setembro de 1983. Foram mais de 40 anos de uma amizade firme. Era daqueles colegas com quem se podia contar, sempre e a qualquer hora. Quando, nas infindáveis montagens dos museus, era preciso ficar, sem saber a que horas se iria terminar, ele estava lá. Sempre. A bonomia e um modo tranquilo de trabalhar iam a par com a discrição e com um jeito silencioso de estar. No trabalho de campo era exemplarmente dedicado e metódico. Não sabia dizer "não!". Estava sempre disponível para ajudar e para melhorar o trabalho dos outros. Escavava de forma inteligente e exemplar. Quantas vezes olhou para o que eu estava a fazer com ar pesaroso (os trabalhos manuais nunca foram o meu forte) aproveitando um qualquer pretexto para dizer "deixa estar que acabo". Ou seja, ia deixar o terreno em condições.

Tive dele ajudas decisivas - silenciosas e discretas, como sempre - nos meus trabalhos de investigação. As recolhas de materiais osteológicos que consumiram boa parte do inverno de 1990/91 fizeram parte dessa saga. Quando lhe agradecia, dizia-me, encolhendo os ombros "tão, isto tem que ser, não?...". Foi com pessoas como o Chola que se fez o Campo Arqueológico e se construiu o projeto de Mértola. Agora, que os anos passaram (o Campo vai com 47 anos!) firma-se-me essa certeza.

No almoço de dia 15 de março disse-lhe "agora, no festival islâmico, temos que tomar uns birinaites". Riu e respondeu "e a gente toma".

Não voltarei a estar com ele. E vou ter saudades do homem simples, humilde e bondoso que conheci durante mais de 40 anos. Dele recordarei sempre a generosidade e a entrega. E como ele já há muito poucos. Cada vez menos.

Aqui fica uma imagem da "velha guarda" (estamos dois no serviço ativo, e nem o Miguel nem eu em Mértola), feita na noite de 21.12.2024.

sexta-feira, 18 de abril de 2025

PÁSCOA Ω: CRUCIFICAÇÃO

De alfa para ómega. Mais um desenho de Moita Macedo.

Do Evangelho segundo S. Mateus:

Morte de Jesus (Mc 15,33-41; Lc 23,44-49; Jo 19,25.28-30) – 45A partir do meio-diafizeram-se trevas sobre toda a terra, até às três horas da tardeg46Pelas três horas da tarde, Jesus bradou com voz forte, dizendo: «Elí, Elí, lemá sabakhtáni?»isto é, «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?»h47Alguns dos que ali estavam, ao ouvirem isto, diziam: «Está a chamar por Elias». 48E um deles foi imediatamente a correr apanhar uma esponja e, depois de a embeber em vinagre, pô-la numa cana e dava-lhe de beberi49Os outros, porém, diziam: «Deixa! Vejamos se Elias o vem salvar». 50Mas Jesus, bradando de novo com voz forte, entregou o espíritoj.

51Entãoo véu do templo rasgou-se em dois, de alto a baixo; a terra tremeu e as rochas fenderam-se. 52Os sepulcros abriram-se e muitos corpos de santos que já tinham adormecido ressuscitaram 53e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesusl, entraram na cidade santa e apareceram a muitosm54O centurião e os que com ele guardavam Jesus, ao verem o terramoto e o que estava a acontecer, ficaram cheios de medo e disseram: «Ele era verdadeiramente Filho de Deus!».


quinta-feira, 17 de abril de 2025

NOUTRO TEMPO, NOUTRO LUGAR

Ao ver isto ontem, até pensei que se tratasse de uma montagem.

Foi em novembro de 1975. Uma prova de que nem todas as contradições são contraditórias.

PÁSCOA Α: ÚLTIMA CEIA

A última ceia é um tema pouco frequente na obra de Moita Macedo. Um trabalho fantástico, que já esteve em exposição na Sé de Lisboa. Este, e outro desenho de temática pascal, foram-me oferecidos há uns 40 anos. Têm lugar especial lá em casa.

Do Evangelho segundo S. Marcos:

A ceia do Senhor (Mt 26,20-29; Lc 22,14-23; Jo 13,2.21-26; 1Cor 11,23-25) – 17Ao cair da tarde, chegou com os Doze. 18E, enquanto estavam reclinados à mesa e comiam, Jesus disse: «Amen vos digo: um de vós, que come comigo[4], me há de entregar». 19Começaram a entristecer-se e a dizer-lhe, um após outro: «Não sou eu, pois não?». 20Mas Ele disse-lhes: «É um dos Doze, o que põe comigo a mão no prato[5]21Porque o Filho do Homem parte, tal como está escrito acerca dele, mas ai daquele homem por quem o Filho do Homem é entregue! Melhor seria para esse homem não ter nascido».

22Enquanto eles comiam, tomou um pão e, pronunciando a bênção, partiu-o, deu-lho e disse: «Tomai, este é o meu corpo». 

23Tomando, então, um cálice e dando graças, deu-lho e todos beberam dele. 24E disse-lhes: «Este é o meu sangue da aliança[6], derramado em favor de muitos[7]25Amen vos digo: não mais beberei do fruto da videira, até àquele dia em que o hei de beber, novo, no reino de Deus».


terça-feira, 15 de abril de 2025

EAST OF PECOS

Lê-se no "Público" de hoje:

Presidentes dos EUA e El Salvador recusam libertar Kilmar Abrego Garcia, imigrante enviado para prisão salvadorenha por “erro administrativo”. Trump admite enviar também norte-americanos para o CECOT.

Não é muito surpreendente, este texto. O juiz Roy Bean dizia ser ele a justiça a oeste de Pecos. Agora, há outro "justiceiro" a este de Pecos. E é mais letal que o dito Roy Bean...

segunda-feira, 14 de abril de 2025

PARADA DE ESTRELAS

Numa das salas da Gare de Alcântara há um registo com personalidades que passaram por Lisboa, a caminho da segurança norte-americana, nos anos de 1940-1941. É uma verdadeira parada de estrelas. Passaram por um país tão parolo e tão tacanho como o próprio Salazar. Nenhum deles quis cá ficar, naturalmente. Ficavam a fazer o quê?

Na parede oposta, há uma fotografia com refugiados empunhando a bandeira americana. Sinais de outros tempos.


Alfred Döblin

Alma Mahler

Antoine de Saint-Exupéry

Gala Dalí

Hannah Arendt

Jean Renoir

Josephine Baker

Joan Miró

Madeleine Lebeau

Man Ray

Marc Chagall

Marcel Dalio

Marcel Duchamp

Patricia Highsmith

René Clair

Salvador Dalí

Saul Steinberg


domingo, 13 de abril de 2025

GARE DE ALCÂNTARA

Finalmente abertas! As gares marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos podem ser visitadas. Todo o talento de Porfírio Pardal Monteiro e de Almada-Negreiros à nossa frente. Em especial na de Alcântara (a outra fica para daqui a umas semanas), onde há um centro interpretativo que enquadra a gare na história portuguesa e nas obras do arquiteto e do artista plástico. Há entrevistas curtas muito boas em imagens e há filmes muito bons sobre a obra de Almada em Lisboa.

O pior disto? A gare continua emparedada entre contentores... E para lá chegar temos de fazer uma gincana entre rotundas improvisadas e pavimentos em mau estado.


sábado, 12 de abril de 2025

PS e PSD EM CAMPANHA ELEITORAL

 Tem sido mais ou menos isto...

sexta-feira, 11 de abril de 2025

PRIVATIZADORES IMPLACÁVEIS

Privatizam tudo. Ou querem privatizar tudo e mais alguma coisa. O problema deles não é o Estado. É o Estado não ser deles! De forma exclusiva e absoluta, como o senhor da imagem.

O meu profundo e absoluto desprezo por estas criaturas só é comparável ao meu empenho em as combater. Tenho uma minha carreira de 38 anos, 6 meses e 17 dias como funcionário público. Faço desse percurso ao serviço da República parte do meu combate.


quinta-feira, 10 de abril de 2025

AMOR E SOCIALISMO

Chega-se, manhã cedo, e dá-se com isto. Quem terá sido?, interrogo-me. Fazendo figas para que seja esta a face boa do turismo.

Havia aquela marchinha do "Me beija, que eu não sou fascista"... Lembram-se?

quarta-feira, 9 de abril de 2025

A CIDADE, LÁ LONGE...

Era um grupo com tantos alunos negros como brancos. Pensei instintivamente: "Amadora, Loures, Seixal...". Não me enganei. Era, de facto, uma escola de um subúrbio, com larga presença de jovens de ascendência africana.

Nunca tinham vindo ao Panteão. O professor que orientava o grupo comentou: "nunca aqui tinham vindo e, para eles, Lisboa é quase outro mundo; conhecem mal Lisboa". A escola deles fica a menos de 1000 metros do limite da capital. Que é para eles, e no essencial, um sítio que fica noutra galáxia...

Dá que pensar, embora não tenha ficado nada surpreendido.


terça-feira, 8 de abril de 2025

NATURALISMO LUSITANO

Não tinha uma ideia muito precisa da pinacoteca da Casa-Museu Anastácio Gonçalves. O edifício é hoje invisível, depois da construção da Torre FPM 41. Chegar lá é um zigue-zague, numa paisagem urbana que já se quis parisiense e que hoje não é coisa nenhuma.

Lá dentro há naturalistas. Há João Vaz e há Silva Porto (cf. infra). Quanto mais olho, mais gosto. Fico sempre, talvez de forma errada, com a sensação de estar ante uma geração que ficou meio perdida e que não tem o destaque que merece.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

SOLIDARIAMENTE, EM BORBA

Participação na sessão que ontem teve lugar, no Celeiro da Cultura, em Borba. Coube-me a tarefa de apresentar o meu camarada e amigo Jorge Pinto no arranque da sua campanha em direção à presidência da câmara. Acho que não me saí mal na tarefa. Mas, mais importante, ele saiu-se muito bem.

PIRÂMIDES

Sob o signo do sol. O deus RA é o deus do sol e, assim se , a mais importante divindade do panteão egípcio. Foi RA a inspirar Rui Toscano, que nos mostra luz e as pirâmides na exposição na galeria Cristina Guerra. O que me leva a evocar outra fotografia - literalmente inesquecível - de Paulo Nozolino.

https://www.cristinaguerra.com


domingo, 6 de abril de 2025

BONSOIR, TRISTESSE

O final de tarde estava assim. Os edifícios do Bom Pastor têm um "toque berlinense" e fazem-me lembrar o Wohnhaus Schlesisches Tor, desenhado por Siza Vieira na primeira metade da década de 80. A luz e o tempo, às 20:18 de sexta, estavam assim, também com um toque nórdico. Final de uma semana longa... A que vem será ainda mais densa.

sábado, 5 de abril de 2025

IN MEMORIAM - AMADOU BAGAYOKO

Agora que Amadou Bagayoko (1954-20125) partiu, recordo-o com este texto, que resultou de uma já distante viagem ao Mali.


BAMACO


DIMANCHE À BAMAKO

É assim que se chama o disco, Dimanche à Bamako. E nós ficamos a imaginar como será o dimanche à Bamako. Haverá acácias e belas mulheres à sua sombra, nos domingos de Bamako? As águas do Níger trarão frescura aos domingos de Bamako? Correrá um pouco do harmattan, o terrível vento do deserto, nas ruas dos domingos de Bamako? Soprará esse vento sobre as águas do Níger, por entre as acácias e as belas mulheres? Que oásis haverá?

Há poucos oásis em Bamako. A planta da cidade vista só em planta é um enredo de ruas direitas e há até guias que falam nas árvores dos bairros de Sogoniko ou de Badalabougou. Foi talvez assim um dia, e agora temos pena de não termos conhecido esses dias e esses domingos de Bamako. Agora os dias são de caos, há fumo, meu Deus, há fumo e mais fumo. A cidade vive envolta em fumo. Dos carros com carburadores asmáticos, do lixo a arder ao lado dos hotéis e dos campos de golfe, do lume dos restaurantes, digamos que são restaurantes, que aparecem por toda a parte. Afinal o vento não sopra em Bamako e por isso o fumo não viaja, ficando a pairar sobre a cidade. A cidade colonial é uma miragem curta nesta parte do Sudão e as glórias passadas fenecem por entre destroços.

Nos dias que não são dimanche há mais trânsito e nota-se muito mais o fumo. Há mais carros, mais motoretas e maquinetas. Nesses dias um milhão de pessoas cruza o gigantesco bairro da lata que Bamako é, e nós ficamos sem perceber nada. De que vivem todas aquelas pessoas? De que vivem os vendedores se não há ninguém para comprar ou, pelo menos, ninguém parece comprar coisa alguma? Quando é dimanche à Bamako respira-se um pouco melhor, sem o travo do gasóleo a arder nas narinas e na garganta. Quando é dimanche podemos fugir mais ao fumo.

Aos domingos podemos esgueirar-nos um pouco mais à vontade, por entre as latas das barracas, por entre os montes de lixo semeados à toa. Para quem gosta dos mercados, há o novo mercado, nos guias lê-se que é novo mas parece já ter nascido com muitos anos. Mais longe, na margem do Níger, uma sugestão de jardim dá um pouco de placidez aos domingos de Bamako.

Há uns séculos atrás ninguém passeava ao longo do Níger nas tardes de domingo porque a cidade ainda não existia. Nesses dias havia pirogas que passavam por entre as ilhotas onde agora os poucos pássaros vão pousar. Mas as pirogas partiram e o rio é agora um deserto de água. Nesses dias lá longe os caminhos do Níger levavam para Tombouctu e para Gao. É para aí que iremos um dia, porque lá onde estão não há fumo, de certeza que não, nem um milhão de pessoas amontoadas, como nesta aldeia de homens e mulheres gentis.

Agora é Inverno em Bamako, aceitemos que 35º possam ser Inverno, e por isso o tempo é muito seco. O calor ainda vem longe e mais longe ainda está a chuva. Tenho dificuldade em imaginar como serão esses domingos de Verão, com a chuva que não pára, o calor terrível, o fumo dos carburadores asmáticos e a maior parte das ruas a serem pasto da lama e dos mosquitos.

Na próxima vez vou chegar a um domingo. Vai ser num dos beaux dimanches cantados por Amadou e Mariam. Nesse domingo haverá, decerto, menos fumo e menos gente perdida a deambular pelas ruas. Haverá, decerto, belas mulheres cujas pulseiras rivalizam, por entre as acácias, com a curva da corrente do Níger.