quarta-feira, 7 de setembro de 2016

DE PAREDES E FLORES

de palavras se adiam (palpam) dores
e de paredes se rodeiam flores

de flores se munem as palavras
que içam fogos
e de muros se alteiam
os lugares de amores

de dores se agasalham
palavras como flores
que não soltas vão
porque paredes ouvem

qual de nós de seiva (em sangue)
emparedadas flores.

20/5/71


Passaram 44 anos. O livro foi publicado em 1972 e causou assinalável escândalo. Reproduzo aqui um pequeno excerto, na semana em faleceu Maria Isabel Barreno, uma das autoras das Novas Cartas Portuguesas (Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa são as outras duas). Transgressão nas palavras e quase transgressão na imagem de Mário Cravo Neto (1947-2009).

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