Era uma vez um designer, um vereador e um historiador. Era uma vez um projeto de um pequeno museu de armaria.
Tinha sido contratado um designer de equipamento para conceber aquele espaço. A Câmara Municipal aceitara, sem especial entusiasmo, a proposta do jovem historiador. Alguns meses mais tarde, o designer, algo excêntrico, apareceu na Câmara para apresentar a sua proposta. Fê-lo com inquestionável entusiasmo. Conta quem ouviu que o moço pegou na maqueta de uma das vitrines e explicou ao vereador, pessoa respeitável mas sem percurso académico: "esta vitrine é um cálice! é o cálice do Santo Graal! é a fonte da vida!". E, virando-se para o seu interlocutor, questionou: "o que é nós vamos colocar dentro deste símbolo da vida? armas! e as armas são o quê?" Pausa teatral com toda a gente suspensa, para depois rematar "as armas são o símbolo da morte". Virou-se para o vereador e concluiu "está a ver a ironia? vamos colocar a morte dentro do Santo Graal". O vereador chamou o jovem historiador para lhe perguntar, em voz baixa, "ele tem algum problema na cabeça?". O moço viu a vida a andar para trás e pensou que era o fim da sua carreira.
A carreira, errática, do jovem historiador não ficou por ali. O designer tornou-se uma celebridade no meio. O vereador reformou-se anos depois. O museu levou mais de de duas décadas a concretizar.
História real de um País irreal, num sábado dado ao ócio. E ao retomar do blogue...
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