terça-feira, 21 de junho de 2016

MAE WEST NA MOAGEM

Não será bem Mae West numa moagem antiga de Moura, mas aquele quadro elétrico há muito desativado sugere bem uma antropomorfização (bolas, que custa a dizer...).  A visita, ontem de manhã, a um local que, há muitos anos, me foi familiar fez-me retornar ao passado. Ouvi, juro!, as máquinas a funcionar como em tempos que já lá vão.

A sugestão é, também, esta:

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno! 
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! 
Em fúria fora e dentro de mim, 
Por todos os meus nervos dissecados fora, 
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto! 
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos, 
De vos ouvir demasiadamente de perto, 
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso 
De expressão de todas as minhas sensações, 
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas! 

In Ode Triunfal (Álvaro de Campos)

O original de Salvador Dalí pertence ao Art Institut of Chicago.


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