terça-feira, 30 de novembro de 2021

PRÉMIO VILALVA 2022

Abriu o processo de candidaturas, com ligeiras modificações no regulamento. Têm sido premiados projetos e intervenções de reconhecido mérito.

Candidaturas até 31 de janeiro de 2022.

Ver: https://gulbenkian.pt/fundacao/premios/premio-vasco-vilalva/




segunda-feira, 29 de novembro de 2021

BOMBAIM-SUR-TAGE

Dizia-me, em tempos, um amigo, que os semáforos em Bombaim eram (ainda serão?) como as árvores de natal. Muito coloridas, muito faiscantes, mas só de efeito decorativo. E isso será só em Bombaim? Não. A tendência lisboeta nesse domínio é crescente. Já não se passa com o amarelo ou com o vermelho acabado de cair (o que não se pode, mas enfim...). É mesmo com o sinal fechado. Ontem, na Rua da Venezuela, ultrapassou-me um carro que passou por um vermelho, fechado há longo segundos. A rua estava vazia, é certo. Mas que esta moda está a ficar perigosa, lá isso está.


 

domingo, 28 de novembro de 2021

TRINTA ANOS MAIS TARDE

Hoje à tarde haverá livro, na Feira de Mértola: Relatório circunstanciado de uma vida a dois. Escrito pela Manuela. Só o vou "encontrar" na quarta-feira, quando rumar a Mértola, para um início de mês à beira-Guadiana.

Achei graça à coincidência. Repito o que já por aqui se escreveu, há muitos anos:

Eram cerca das 22.30 da última quinta-feira de Novembro de 1991, que era dia 28. O telefone do Campo Arqueológico tocou. Às voltas com um texto, para o Círculo de Leitores, cuja entrega se atrasara, trabalhava no único computador existente lá na casa. Levantei o auscultador. Reconheci, do outro lado, a voz grave do Prof. José Mattoso "sabes onde está o Cláudio?". Fiquei quase gelado. Era o texto atrasado, seguramente. O prof. José Mattoso era o diretor da obra a publicar. O Cláudio tinha ido para Córdova e ninguém sabia se já regressara. Não havia telemóveis. Tranquilizei-o "professor, se é por causa do texto fica terminado depois de amanhã" (não ficou). Que não, não era isso, tinha mesmo de falar com ele.

Só no dia seguinte quando um descontraído Cláudio Torres entrou pelo Campo Arqueológico e me atirou um "se eu te disser que sou eu o Prémio Pessoa deste ano acreditas?" é que percebi o significado da conversa da noite anterior. O telefonema fora feito de Seteais, onde o júri estava reunido.

A surpresa foi total. Na Feira do Livro de Mértola desse ano o convidado de honra era José Saramago, que ali iria estar no domingo. Toda a gente apostava que seria ele O Pessoa. Afinal não.

Trinta anos já lá vão. Espero poder repetir este texto dentro de dez.

A fotografia que aqui se mostra é do jantar da entrega do prémio, no Palácio de Queluz. No sentido dos ponteiros do relógio: Abdallah Khawli, Miguel Rego, Manuel Passinhas da Palma, Jorge Revez, Joaquim Boiça, Maria de Fátima de Barros, Virgilio Lopes, Rui Mateus, Carlos Pedro e o autor do blogue.


sábado, 27 de novembro de 2021

CANTAR DE AMIGOS

Um belo meio de tarde com muita gente na sala (50 pessoas, nos dias que correm, a um sábado à tarde assim meio frio é muita gente) com dois amigos de Mértola: o Miguel e o José Miguel. Um cantar de amigos, por entre as palavras da Liberdade. Que o mesmo é dizer por entre as palavras da Esperança. O tempo da tarde passou depressa. Espero que se repita.


sexta-feira, 26 de novembro de 2021

MÁSCARA Nº. 2: OUGUELA

 Uma máscara entre o grego e Wes Craven. Ou estarei a imaginar coisas?




















Ouguela (Campo Maior)

18.12.2020 (12:13)

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

N'A FAMÍLIA HUMANA

Não sou fotógrafo. Não tenho essa veleidade. O contacto que me foi feito pelo Jorge Calado surpreendeu-me. Para integrar uma exposição e um catálogo. "Euu, Jorge? Sim, você!". Mais fiquei quando, ao chegar a Vila Franca de Xira, me vi em ilustres companhias (António Pedro Ferreira, Kees Scherer, Pierre Verger. José Manuel Rodrigues, Édouard Boubat, etc.). Não fiquei nem vaidoso, nem orgulhoso, nem convencido que sou fotógrafo. Fiquei, só, imensamente divertido, "caramba! esta é daquelas que nunca me teria passado pela cabeça". É mesmo daqueles momentos excecionais que nos acontecem, de forma inesperada e que são mais engraçados por isso mesmo.

Ontem, fui buscar os meus exemplares do catálogo. E visitei, uma vez mais, o Museu do Neorrealismo, um espaço excelente e com uma programação que continua, sem hiatos, de calendário ou qualidade, há muitos anos. Disse isto à vereadora Manuela Ralha e não foi por simpatia de circunstância.


terça-feira, 23 de novembro de 2021

MÚSICA X 9

Começa no domingo e vai até julho de 2022. É o ciclo "Música no Panteão", com direção artística de Paulo Amorim (Conservatório Nacional). Esta é uma das três vertentes de intervenção preconizadas para o monumento: programação / infraestruturação / investigação. O concerto seguinte é já no dia 5 de dezembro.


KETTY LESTER, EM 1962

Foi um grande êxito na voz de Ketty Lester (n. 1934). Há outras versões, mas gosto mais desta. Love letters straight from your heart.



segunda-feira, 22 de novembro de 2021

ESTA LUSITANA PAIXÃO POR NOMES E NOMENCLATURAS...

A Forma e o Conteúdo. O que é importante é o nome. Pois claro. Se não se chamar Faculdade ou Universidade é porque não é sério. Nomes antigos e bonitos como Escola de Belas-Artes ou Instituto Nacional de Educação Física assim desapareceram. Durante muitos anos, a França resistiu a essa vaga e tinha escolas com nome improváveis como École des Ponts et Chaussées (literalmente Escola de Pontes e Pavimentos) ou École de Commerce (Escola de Comércio). Eram os grandes estabelecimentos de ensino gauleses. Ao primeiro já acrescentaram o "tech", ao segundo o "business school". Deve ser mais sério, assim... Resistem, ainda, a École Nationale d'Administration, a École Polytechnique (de alta qualidade, apesar de serem apenas escolas) e algumas mais. E, entre nós, o Instituto Superior Técnico, que não não se chama faculdade nem universidade...

Ah! E temos as Autoridades! Essa lusitaníssima macaqueação das Authorities amaricanas.

domingo, 21 de novembro de 2021

STARDUST MEMORIES Nº. 58: HÓQUEI EM PATINS E UM JOGO EM 1982

O jogo passivo de anteontem, entre a Espanha e a França, que tanta irritação causou, trouxe-me à memória um escândalo ocorrido no Mundial de 1982. Lembro-me, com toda a nitidez, de ter visto esse jogo. Tal como me recordo que, depois da Alemanha ter marcado o golo que lhe garantia o apuramento (tal como apurava a Áustria), e assistir depois a 80 minutos de futebol inexistente. Bola para cá, bola para lá, à espera que aquilo acabasse. O apuramento das duas implicava a eliminação da Argélia, que ganhara na primeira partida à poderosa Alemanha.

Foi no dia 25 de junho de 1982. A partida ficou conhecido como "o jogo da vergonha". Verdade se diga que não voltei a ver coisa semelhante.

Os alemães pelo meio ainda eliminaram a França nas meias-finais, com o guarda-redes (Schumacher) a quase mandar para o outro mundo, com uma entrada assassina, Battiston. Foi dentro da área, partiu-lhe dentes e costelas e nem falta foi marcada. O árbitro era Charles Corver, um vizinho holandês.


ESTA LUSITANA PAIXÃO POR EXPRESSÕES ABSURDAS...

Um concurso já não um concurso. É um procedimento concursal.

E o boletim de vacinas já não se chama assim. É uma ficha vacinal. Recebi no outro dia a minha ficha vacinal. Fiquei desvanecido com a criatividade do nome.

Pergunto-me sempre, mas sempre mesmo: quem serão os obscuros e imerecidamente desconhecidos poetas do burocratês que inventam tão sublimes expressões?

sábado, 20 de novembro de 2021

O ALCAIDE DE NOUDAR CHEGOU A LOURES

Um clássico intemporal. 

Luis D'Antas tomou posse do castelo de Noudar no dia 3 de junho de 1516. O cerimonial de entrega e o inventário que o novo alcaide fez são bem conhecidos dos historiadores e estão transcritos no texto "Auto d'uma posse do Castello de Noudar e inventário do que lá exisitia no século XVI", de Pedro de Azevedo. O texto foi publicado no vol. V de "O archeólogo portuguêz", de 1900.

Que relata Luís D'Antas?

Que "a casa que está em cima da dita torre [de menagem] está derribada e no chão, e toda a água que nela cai cala a torre e vai abaixo".
Que há um portado "com duas portas com duas armelas e sem ferrolho nem fechadura e uma delas tem a couceira quebrada".
Que há "sete armaduras de cabeças muuito antigas e quebradas".
Que há "uma faldra e gossete de malha grossa muito ferrugenta e quase podre"
Que há "seis bocetes da mesma sorte e ferrugentos".
Que há "uma alpartaz (?) de malha muito ferrugenta e podre".
Que "na primeira casa que serve da câmara [há] duas janelas com suas portas sem aldrabas (...) e esta casa [está] mal reparada do telhado". E "na dita casa [há] uma tripeça de pau da Guiné quebrada de um cabo e dois bancos velhos e um taipal velho".

E mais:
"todas as outras casas do dito castelo todas derrubadas e sem telhados" [com exceção de uma, que servia de estrebaria...].
"em todas as portas da vila não há nenhumas portas, senão uma só quebrada, que jaz no chão".


etc. etc.

Ou seja, o novo alcaide fazia um relato catastrófico do que o antecessor lhe legara. Uma forma de justificar o que vem a seguir.

Em Loures, a história repete-se, pela enésima vez. Ameaça-se com auditorias e com o Ministério Público e com supostas matérias criminais. Vou aguardar, com muitíssima curiosidade. No mínimo, muitíssima curiosidade.


sexta-feira, 19 de novembro de 2021

ARCO-ÍRIS MATISSIANO: VIOLETA

Notre-Dame, une fin d'après-midi data de 1902. Matisse viu assim a catedral. Sorte nossa, que ele viu mais e melhor que nós. Espantosamente colorida, coisa difícil no céu quase sempre cinzento daquela cidade. Uma Notre-Dame violeta e assim meio misteriosa.

O quadro está na Albright–Knox Art Gallery, um museu de arte situado em Buffalo, no extremo ocidental do estado de Nova Iorque. Site: https://www.albrightknox.org

Fecha-se o arco-íris de Matisse.

ARQUITERROR AVEIRENSE

Se uma página me causa assombro no facebook é esta:

Também está na net e podemos mandar fotografias:

Lembrei-me disto durante a rápida jornada aveirense. A Av. Lourenço Peixinho deve ter sido uma alameda extraordinária. Da estação ferroviária até à antiga capitania são 1000 metros. As fotografias antigas mostram-nos um boulevard de toque parisiense. Muita arquitetura fin-de-siècle e algumas coisas modernistas de ótima qualidade, como a Garagem Atlantic (assim mesmo) ou o prédio de habitação no nº. 29. E depois há o terror arquitetónico:

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

AMOR ELECTRO - PONTO FINAL

Acabam os Amor Electro. Gostava muito da originalidade deles e, creio, ainda mais dos covers que faziam. Como este, a partir de José Cid. Só tenho pena que não tenham gravado "O vento mudou". Ouvi essa versão deles e gostei muito.

Tiveram um grande sucesso, o "Juntos somos mais fortes". Os Amor Electro acabam agora. Isto anda tudo ligado 😉.



MULHERES MECENAS: DO COLÓQUIO À MESA-REDONDA

O colóquio da próxima semana terá, no seu encerramento, uma mesa-redonda. Com a presença de senhoras que, de uma forma ou de outra, têm responsabilidades na área do mecenato:

* Dra. Maria Cândida Rocha e Silva (Presidente do Banco Carregosa)

* Dra. Maria João Carioca (Administradora Executiva da Caixa Geral de Depósitos)

* Dra. Vera Pinto Pereira (Presidente do Conselho de Administração da Fundação EDP)

* Profª. Doutora Maria João Neto (Instituto de História da Arte - Fac. de Letras de Lisboa), que será a moderadora.

Que caminhos futuros para o mecenato? Dia 26, às 17 horas, no Palácio dos marqueses do Lavradio.

Programa completo em:

https://coloquiomulheresmecenas.dgpc.pt/


quarta-feira, 17 de novembro de 2021

LUZES, SOM... AÇÃO!

E pronto! Dezassete (17) anos depois de, pela primeira vez, ter pensado nisto, eis que o livro começa a ser impresso. Ontem, foi dia de escolher o pantone das guardas. E de corrigir, pela quinta vez, a página 52.

20 sítios visitados, numa saga de idas e vindas (porque a luz não está no sítio certo, porque foi necessário reverificar a topografia, porque não gostei da primeira versão dos enquadramentos etc.):

Alandroal - quatro deslocações

Alpalhão - três deslocações

Arronches - três deslocações

Assumar - duas deslocações

Campo Maior quatro deslocações

Castelo de Vide - quatro deslocações

Elvas - quatro deslocações

Juromenha - três deslocações

Mértola

Monforte - três deslocações

Monsaraz - quatro deslocações

Montalvão - quatro deslocações

Moura

Mourão - três deslocações

Olivença - duas deslocações

Ouguela - três deslocações

Noudar - três deslocações

Nisa - quatro deslocações

Serpa - quatro deslocações

Terena - quatro deslocações

Nem quero pensar no número de quilómetros andados.

Fotografias (sem incluir as aéreas)? 7.600...

A próxima vez que falar deste livro/projeto será na altura da sua apresentação pública (início de 2022).









terça-feira, 16 de novembro de 2021

DA TORRE 3 PARA A TORRE 4

Artur Pastor na torre 3, a infanta D. Maria no coro alto, junto à torre 4. Entre os vários passados e a construção do futuro vivemos os dias. O trabalho prossegue e tenho confiança que dê (mais) frutos.

Novembro ainda vai ter: dança contemporânea, uma conferência, um colóquio de dois dias, um recital de fado e o primeiro concerto da série "Música no Panteão". A equipa é pequena, a vontade é grande.




segunda-feira, 15 de novembro de 2021

OBJETIVO: AVEIRO

Sexta aveirense. Bem perto (a 150 metros) de um edifício que bem conheço e por onde andei várias vezes (raisparta a luz...) até o conseguir fotografar mais ou menos decentemente.

Cabe-me a intervenção inaugural do encontro. Coisa de pré-velhote 😁.
Título? Teoria e prática: quando o arqueólogo se torna autarca. O que fazer? Como preservar?


domingo, 14 de novembro de 2021

ARCO-ÍRIS MATISSIANO: ANIL

O nu chama-se azul, mas dá-me jeito que seja anil/indigo. Porque é um pouco mais indigo que vejo.

A inesgotável paleta de Henri Matisse, que cruza todo o arco-íris e vai mais além...


OS COMENTADORES, OS MONTY PYTHON E NÓS

Do blogue de Carlos Matos Gomes (https://cmatosgomes46.medium.com), e a propósito do enxame de comentadores, tudólogos e videntes que nos assombram:

Há anos, numa vinda de um papa a Portugal, vi um destes seres comentadores entrevistar um cardeal da comitiva, este com as vestes cardinalícias (um tanto ridículas para o meu gosto, mas não é esse que conta, sim o contexto). Querem acreditar qual foi a primeira pergunta ao hierarca da Igreja, em visita oficial, a criar ambiente: Belo fato! “Nice suit sir!”

Ao nível do melhor John Cleese.

sábado, 13 de novembro de 2021

PARABÉNS JOÃO LUÍS / BILORES - QUEIJO ARTESANAL

Querido amigo João Luís Baixinho Costa, um prémio a nível nacional não é uma coisa qualquer.

O mérito e o reconhecimento a quem o tem. A quem se esforça, a quem trabalha e procura (e consegue) ir mais além. Um abraço de parabéns para ti, para a tua família e para a tua equipa.


sexta-feira, 12 de novembro de 2021

A INFANTA REGRESSA AO PANTEÃO

Em resultado de uma parceria entre o Panteão Nacional e o Museu Nacional de Arte Antiga vai estar exposto, entre 16 de novembro de 18 de dezembro, o quadro A infanta D. Maria em oração à imagem e às relíquias de São Vicente.

A pintura, aqui mostrada no âmbito do V Centenário do nascimento da Infanta, foi recentemente doada ao Museu Nacional de Arte Antiga. É uma produção do ciclo maneirista, executada provavelmente cerca de 1613. A pintura, que talvez tenha como autor o pintor régio Amaro do Vale (m. 1619), é uma obra de grande interesse iconográfico sobre a infanta e sobre o culto do padroeiro da cidade de Lisboa.


MÁSCARA Nº. 1: ARGANIL

Caras na paisagem urbana. Começo de nova série.

 

















Arganil

17.9.2020 (08:57)

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

OBRIGADO, ILHA VERDE!

Os óculos tinham ficado num carro de aluguer, em S. Miguel.

Telefonei para a empresa (ILHA VERDE). Pediram-me a matrícula do carro. Lembrava-me (tenho uma memória imbatível para coisas inúteis...). Não havia óculos. Há dois dias ligaram de novo.Os óculos tinham finalmente aparecido e iam mandá-los. Uns Rayban velhíssimos (1991 ou 1992), que não valem nada, mas que são "de estimação".

Achei fantástico que a empresa tivesse anotado o meu pedido e que tivessem tido a preocupação de resolver um assunto tão insignificante. Eu ganhei os óculos, eles ganharam um cliente na próxima deslocação lá.


STARDUST MEMORIES Nº. 57: ARQUEOLOGIA, TESOUROS E UM PINTO

Apareceram 400.000 euros (!) num muro (!!!) em Penafiel. Eu pensava que coisas assim já não eram possíveis. Eis uma arqueologia rica e que vai dar pano para mangas.

Dinheiro num muro? Já nos aconteceu em Moura. Há uns bons 15 ou 16 anos. Na unidade estratigráfica 110 (um muro) encontrou-se uma moeda de ouro. Um pinto de D. João V, datado de 1728. Nada de grandes excitações, vale menos de 300 euros, em termos comerciais.

Nesse mesma unidade, o Mário Romero encontrou outro objeto, mas esse não pode ser exibido, por razões que se prendem com a moral pública.

Et in Arcadia ego...


terça-feira, 9 de novembro de 2021

MOURA - CENAS DE UMA COMÉDIA AUTÁRQUICA

1. A União de Freguesia de Moura e Santo Amador foi mal instalada. No fundo, tomou posse duas vezes. Uma vez não valeu, a outra sim. A CDU alertou para a ilegalidade da primeira "tomada de posse", em que os atropelos à lei foram mais que muitos. O PS, em especial o presidente da junta, teve de recuar. Como se lê na página do facebook da CDU Moura: "tendo em conta os acontecimentos e conscientes da necessidade de dar um rumo certo na fiscalização da atividade da freguesia, a CDU decidiu avançar com a candidatura da sua eleita Ana Rita Santos para a Presidência da Assembleia de Freguesia. Entretanto o PS retirou a sua candidatura e foi eleita por unanimidade a Mesa da Assembleia que passou a ser presidida pela CDU, com dois Secretários do PS".

2. A vereadora que foi eleita pelo CHEGA saiu do partido e agora é vereadora independente. As razões são obscuras e difíceis de perceber numa lógica cartesiana.

Cada vez mais a liderança política socialista no concelho de Moura se parece com uma comédia slapstick. Aquilo acaba tudo numa cena de tartes de creme, como nos bons velhos filmes mudos.



QUERES SAÚDE? TOMA!

É cada vez mais "à americana". Se tens dinheiro e pagares, tudo bem. Se não tens, vai morrer longe. Drópe déde.










segunda-feira, 8 de novembro de 2021

UB 40

Agora que Astro desapareceu, é o momento de recordar uma das minhas bandas de eleição - ainda hoje o é, mas era ainda mais há 40 anos, quando eu me deixava ir no doce balanço do reggae -, os UB 40. Nome que correspondia ao formulário do desemprego no Reino Unido.

O reggae e o ska andavam por cidades como Birmingham e Coventry. Eram música de diversão e de protesto, numa altura em que o thatcherismo começava a deixar claro por onde ia. Aqui fica, em homenagem a Astro, aos UB 40 e a todos os que lutam contra as oligarquias, Madam Medusa, justamente dedicado à referida senhora.

domingo, 7 de novembro de 2021

AMAPOLA FADISTA

Vinha, no outro dia a caminho da casa mertolense quando fui surpreendido, na Antena 1, por esta amapola. A canção do gaditano José María Lacalle (1859-1937) é centenária - data de 1920 - e continua a suscitar interpretações sucessivas. Gostei muito desta versão. Que é fado e não é fado.

O nome de Dulce Pontes continua a causar "ranger de dentes" dentro de portas. Vá lá a gente perceber estas coisas.



sábado, 6 de novembro de 2021

STARDUST MEMORIES Nº. 56: ARSENAL-BENFICA

Não tinha televisão em casa, nem tida ainda casa definitiva, em Mértola. Mas não foi a televisão que me levou, nessa noite, à Casa Vargas, onde era então a sede do Campo Arqueológico. Precisava de ter acesso à biblioteca, para terminar o meu texto para a "História de Portugal", de José Mattoso, e de trabalhar num computador. Havia 2 (dois) na altura, no CAM, e tinham de ser usados por turnos.

Distraidamente, liguei a televisão da sala da biblioteca e fui espreitando, naquela de "os ingleses limpam isto". Fui escrevendo, entre pilhas de fichas e de livros enquanto a ação se desenrolava no já desaparecido Highbury Stadium. Foi no dia 6 de novembro de 1991. Era uma noite fria e o meu caminho em Mértola, cheia de convicção e de esperança, tinha começado pouco antes. Faz hoje 30 anos.










Isaías acaba de rematar para o 3º. golo. Recordo-me como se fosse hoje. E sabem que mais? Tenho saudades de Gabriel Alves.

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

ARCO-ÍRIS MATISSIANO: AZUL

Mais Matisse, agora em azul. Pergunto-me até onde iria o pantone dele. Este Petit interior blue é de 1952, pouco tempo antes de o pintor desaparecer. Não é muito original usar este poema de Sophia, mas não há aqui obrigação de originalidade.

Poema azul

O mar beijando a areia
O céu e a lua cheia
Que cai no mar
Que abraça a areia
Que mostra o céu
E a lua cheia
Que prateia os cabelos do meu bem
Que olha o mar beijando a areia
E uma estrelinha solta no céu
Que cai no mar
Que abraça a areia
Que mostra o céu e a lua cheia
um beijo meu.

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

OS OLIVAIS, OS INTERMEDIÁRIOS E A CÂMARA DE MOURA

O CLDS 4G de Moura - COMPROMISSO SOCIAL anuncia oferta de emprego para operador indiferenciado. A função é a apanha da azeitona. O CLDS está enquadrado na Comoiprel, cujo presidente da direção é o Presidente da Câmara. Até aqui, tudo tranquilo.

Daqui para a frente é que se complica.

Quem seleciona é a MANPOWER, uma empresa de recursos humanos. Que seleciona quem vai trabalhar. Um dos requisitos para trabalhar é "vontade de trabalhar". Parece anedota, mas não é.

Depois, quais serão os olivais que a MANPOWER tem?

Alguns terão, uma vez que têm volumes de vendas anuais em Portugal de mais de 114 milhões de euros. Deve dar para umas courelas...

Depois, quanto é que os empregadores pagam à MANPOWER e quanto é que os trabalhadores (os tais que têm que ter "vontade de trabalhar") recebem líquido? E qual o valor da hora de trabalho? E quais os benefícios sociais?

Que uma Câmara que se diz socialista apare estes golpes diz muito sobre quem nos governa localmente. Sobre os seus valores, sobre o respeito pelos outros e pelo seu trabalho. Sobre aquilo que se entende por Condição Humana.

E ainda só vamos no primeiro mês de mandato.


ARTUR PASTOR - O POVO NO PANTEÃO

"Artur Pastor - O Povo no Panteão", é o título da exposição de fotografia de Artur Pastor (1922-1999) através da qual se procuram revelar diversas facetas do povo português captadas pela lente deste fotógrafo cujo fundo se encontra à guarda do Arquivo Municipal de Lisboa, sendo atualmente um dos mais requisitados. A inauguração terá lugar no dia 9 de novembro, às 18:30.

A exposição resulta de uma parceria da Câmara Municipal de Lisboa / Arquivo Municipal Lisboa e da Direção Geral do Património Cultural/Panteão Nacional. A esta iniciativa junta-se o lançamento do livro "Artur Pastor", publicação promovida pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e pela autarquia lisboeta, através do seu arquivo.

A exposição ficará patente ao público até ao próximo dia 6 de fevereiro.


quarta-feira, 3 de novembro de 2021

SUSANA CORREIA (1955-2021)

Conheci a Susana Correia em 1985, num restaurante à entrada do Bairro Alto (o 1º de maio, na Rua da Atalaia). Tinham combinado ir lá com um amigo e acabámos por lá encontrar a Susana, o António Carlos Silva e outros colegas do IPPC. Para mim eram já seniores, embora ainda mal tivessem entrado na casa dos 30. Eram a nova geração da Arqueologia e do Património. De esquerda e pouco formais, um bocadinho anarquistas e muito conhecedores, do ponto de vista técnico.

Simpatizei de imediato com a Susana. Inevitavelmente. Exuberante e bem disposta era, na profissão, aquilo que eu desejava ser. Poucos anos volvidos, a Susana instalava-se em Beja, para trabalhar nos Serviços de Arqueologia do Sul. O seu labor discreto, quase anónimo, está longe de ser reconhecido. Talvez um dia chegue essa ocasião.

Comecei a minha carreira em Moura, em setembro de 1986. O apoio da Susana Correia foi-me decisivo. Ela sabia disso. Várias vezes lho disse. A começar pela exposição "Moura na época romana". Durante a preparação da qual me deu vários puxões de orelhas e me obrigou a ler "A voz dos deuses" ("faz-te melhor à cabeça que essas tretas técnicas que andas para aí a ler"). Tal como depois me deu uma ajuda decisiva para o arranque da escavação do Castelo de Moura, em 1989. Que teve um episódio florentino (e do qual fico como guardião). O meu projeto de escavação foi redigido numa Philips/Magnavox VideoWriter que o Museu Regional de Beja tinha. Era uma máquina de escrever com ecrã e que funcionava com disquetes de 3.5. A Susana ia supervisando e aprovando (ou não...).

Competente e bem preparada, não dava tréguas nem facilitava. Nem dizia que sim só para ser simpática. Era ainda mais exigente com os amigos. Sei o que digo e tenho disso provas. A verticalidade profissional foi imagem de marca até ao fim.

No meio de muitas andanças, ficaram inúmeros encontros profissionais, onde a parte extra-científica era bem mais interessante que as sessões de trabalho (como um colóquio em Faro, em 1990, do qual tenho a certeza que a Filomena Barata, a Teresa Marques e o Miguel Rego se recordarão)

Ao longo da vida, muitas vezes me fui cruzando com a Susana Correia. Algo menos desde 2017, quando decidi mudar de rumo e recomeçar, de outro modo, o caminho profissional. Uma decisão sobre a qual me zurziu "acho que fazes muito mal em deixar Mértola".

Devia-lhe este texto. Devo-lhe, seguramente, muito mais que este texto.

Devo-lhe (devemos-lhe, tantos de nós) este reconhecimento e esta gratidão.

Obrigado.

Obrigado, camarada!

Obrigado, querida Susana.


terça-feira, 2 de novembro de 2021

UMA IGREJA SECRETA

Não é que seja "secreta". É muito bonita e está à vista de quem por ali passa. Está classificada. Chamam a atenção o equilíbrio das formas e antiguidade de alguns pormenores da arquitetura. Isso foi o que vi, do lado de fora. A surpresa estava dentro. Um conjunto de fantásticos frescos, de cronologia quinhentista. Em relação aos quais não encontrei nenhum estudo. Haverá, seguramente, mas não o consegui localizar. Há andaimes, porque há obras de restauro em curso. Mas queremos saber mais e ficamos frustrados porque nos falta a informação. Quem me ajuda? Onde há publicações que ajudem a enquadrar aque fantástico conjunto de pintura?

A igreja fica em S. Sebastião, na ilha Terceira.









segunda-feira, 1 de novembro de 2021

COMO SE FEZ UMA CIDADE

Os sítios não são um acaso da sorte ou do destino. Os primeiros a chegar foram, ao mesmo tempo, geólogos e geógrafos e arquitetos e urbanistas. Não sabiam que o eram, mas esse é o detalhe menos importante da História. Preferiram pontos altos e a proximidade dos rios ou da costa, para se protegerem das ameaças que conheciam e, sobretudo, das que não conheciam.

 

Isso é mais visível quando se levam para outras paragens os modos de vida dos sítios de origem. Aí, o simples ato de construção torna-se aventura, descoberta e ousadia. Foi assim em Mazagão, em Bissau, em S. Salvador da Baía, em Goa, por todos os sítios onde se andou. Várias vezes, muito menos do que gostaria, fui constatando como esse espírito empreendedor levou para outros sítios um modo de vida e uma forma de olhar o mundo. Interessa-me menos constatar a presença dos grandes modelos da arquitetura religiosa ou militar ou ver como os palácios foram transplantados. Gosto muito mais de ver como aqueles cujo nome nunca passará para a História se adaptaram a novos sítios, usaram materiais que não conheciam e passaram o espírito do lugar onde nasceram para onde haveriam de viver e de ficar para sempre.

 

Angra do Heroísmo é um desses sítios, e um dos mais fascinantes entre os não muitos que conheço. Toda a cidade velha é planeamento antigo, bem sedimentado pelo tempo, numa ligação entre terra e mar. A ribeira que cruzava a sua parte oriental desapareceu há muito, canalizada e subjugada à vontade dos homens. Pelas encostas há arquitetura vernacular de grande qualidade. Que foi moldada pelos homens e que moldou um modo de vida. Angra é um meio caminho entre dois continentes. Uma realidade física e visual. É o Brasil antes do Brasil. A escala das casas, as portas e as janelas que crescem em altura já não são o Alentejo ou a Estremadura, mas ainda não chegaram a Santo Antônio de Igarassu ou ao Rio de Janeiro. Os tons rosa, azul, verde, amarelo, cinza, já não têm a brancura algarvia. Mas estão ainda muito longe do frenesim vermelho ou anil de Olinda. O que aqui é discrição pastel, no Brasil será festa sem limites. Angra é esse meio caminho, feito de génio e mantido até hoje.


No dia 1 de janeiro de 1980 a cidade foi devastada por um terramoto. Foi rápida e duramente refeita. Recompôs-se e seguiu caminho. Em 1984 passou a ser Património da Humanidade. Uma justiça que se me confirmou nas poucas vezes que aqui vim. Uma excecionalidade feita de cultura, de persistência e de personalidade. Manifestada de forma individual e coletiva. São assim as cidades de longa História, em Portugal ou nos trópicos. Vivem numa permanente reconstrução e numa contínua reinvenção. Vivem num equilíbrio instável, entre a necessidade de prosseguir a caminhada, de inventar novos projetos, de criar novas soluções e a ameaça que gente sem escrúpulos, urbanistas pouco imaginativos e autarcas crassamente ignorantes para essas cidades constitui. Em Angra, o caminho é sólido. Em muitos outros sítios não o é, infelizmente. Para grande tristeza minha.


Crónica em "A Planície"